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DOCENTE:
ST PM Socorro Vasconcelos
“A gestão de conflitos exige equilíbrio emocional, atitude positiva e, quando bem conduzida,
resulta em consenso e produz engajamento.”
LUCIANA SELUQUE
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Conflitos:
- Entendendo os conflitos: conceitos e reflexões;
- Estilo de manejo de conflitos.
Métodos autocompositivos de solução de conflitos (MASCs):
- Métodos autocompositivos de solução de conflitos (MASCs);
- Diferenças entre a conciliação e mediação;
- O sistema multiportas.
Mediação de conflitos:
- Aspectos introdutórios sobre o tema;
- Modelos e técnicas de mediação;
- Procedimentos da mediação de acordo com a lei nº 13.140/2015
O mediador:
- O mediador e a lei nº 13.140/2015;
- Aspectos da formação do mediador;
- A ética do mediador.
Simulação de cenários.
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INTRODUÇÃO
No final da década de 90, por meio da Resolução nº 26/1999, o Conselho
Econômico e Social das Nações Unidas recomendou fortemente que os Estados
desenvolvessem, ao lado dos respectivos sistemas judiciais, a promoção das chamadas
Resoluções Alternativas de Disputas (ADRs).
A utilização desses métodos contribuem para a desconstrução dos conflitos (atuais
e potenciais), a restauração da relação entre as pessoas e a construção de uma solução. Além
disso, no contexto da segurança pública, propiciam a cidadania ativa e auxiliam a
transformação e a contenção da escalada de conflitos interpessoais em sua origem (a
comunidade), evitando a eclosão de episódios de violência e de crime e auxiliando na
construção da paz.
Num contexto de ênfase ao policiamento comunitário, a ação do policial está mais
voltada para as relações interpessoais e, desta forma, conceitos como os de mediação e
resolução de conflitos, prevenção da violência e outros deverão estar presente em seus
estudos.
Buscaremos criar condições para que você possa estudar distintas abordagens e
técnicas de resolução de conflitos, detendo-se com maior profundidade na perspectiva da
mediação, com base na Lei nº 13.140 de 26 de junho de 2015 (Dispõe sobre a mediação
entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de
conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei n° 9.469, de 10 de julho de 1997, e
o Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972; e revoga o § 2° do art. 6° da Lei no 9.469, de 10
de julho de 1997.)
OBJETIVOS
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1. ENTENDENDO OS CONFLITOS: CONCEITOS E REFLEXÕES
1.1 O que é conflito?
Conflito pode ser definido como:
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b. Conflito X briga
Um conflito pode ser definido como a diferença entre duas metas, sustentadas por
agentes de um sistema social.
É justamente a não aceitação dos conflitos que provoca a violência, pois esta busca
resolver o conflito, negando o outro. Todavia, quando se aprende a lidar com o conflito de
forma não-violenta, ele deixa de ser encarado como o oposto da paz e passa a ser visto
como um dos modos de existir em sociedade.
De acordo com Seidel (2007, p. 11), pode-se falar de três caminhos fundamentais
em relação ao conflito:
• Prevenção do conflito - desenvolvendo a sensibilidade à presença ou potencial de
violência e injustiça (sistemas de alerta prévio) e a capacidade de análise do conflito;
• Resolução do conflito, ou seja, o enfrentamento do problema e a busca de
mecanismos institucionais;
• A transformação do conflito - em vista de estratégias para mudança, reconciliação
e construção de relações positivas;
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2. ESTILO DE MANEJO DE CONFLITOS
2.1. Evolução dos norteadores para resolução de conflitos
Segundo Moscovici (1997, p. 146), “antes de pensar numa forma de lidar com o
conflito, é importante e conveniente procurar compreender a dinâmica do conflito e suas
variáveis.” Schimidt e Tannenbaum (1992 apud MOSCOVICI, 1997, p. 146) chamam a
atenção para três variáveis que devem ser observadas ao se fazer um diagnóstico de uma
situação de conflito. Veja quais são elas:
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Figura 1 – Manejo de Conflitos Interpessoais
Fonte: Kilmann-Thomas (1975) adaptada por ISA-ADRS e do MEDIARE (2007).
Veja a seguir como os processos se apresentam para cada um dos campos de força.
Processos
Abordagem da Competição Abordagem da colaboração
envolvidos
Comunicação truncada, com Comunicação clara, aberta com
Comunicação informações escassas. informações relevantes.
Os participantes negam a fala um Os participantes se empenham para
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do outro. Estão interessados em trocar informações.
mostrar que o outro está errado. Há diálogo.
Há monólogo.
Fazem questão de mostrar as
Se preocupam em verificar quais
diferenças e fazem pouco caso da
são os
percepção do outro.
Percepção interesses comuns.
Estimulam o sentimento de
Estimulam a convergência. Deixam
oposição: “Eu estou certo e você
claros a suas crenças e valores.
errado.”
Atitude hostil, podendo ser Atitude amistosa. Se preocupa em
Atitudes para agressiva. responder as dúvidas do outro de
com o outro Responde negativamente as forma
solicitações do outro. amigável.
Orientação Só aceita os resultados se Os resultados são analisados
para o favorecer a ele. mutuamente.
resultado do Utilizam a coerção e a força para Utilizam a colaboração para auxiliar
problema influenciar o outro. diante de percepções divergentes.
As outras duas formas de manejo apresentam a negação do conflito ou a anulação de uma
das partes envolvidas, apresentando ausências de assertividade e de cooperação.
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Diante dessa realidade e da necessidade de que as controvérsias fossem
resolvidas de forma mais rápida, com a participação das partes e com resultados
satisfatórios para elas, novos métodos foram progressivamente construídos pela
humanidade, destinados à administração de conflitos.
Importante!
Importante!
Os MASCs não devem ser encarados numa dimensão privatista, substitutiva do Judiciário,
nem tampouco como terapia ou política pública, devotados a resolverem o déficit da
justiça judiciária pelo lado da demanda. A finalidade dos MASCs não é diminuir o número
de processos. Isso até pode acontecer, mas o seu alcance é muito mais relevante.
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Os MASCs são de amplo alcance social porque propõem a desconstrução dos
conflitos (atuais e potenciais) e a restauração da relação entre as pessoas e a construção de
uma solução.
Segundo Slandale (2007 apud ISA –ADRS e MEDIARE, 2007, Anexo), os métodos de
resolução de conflitos ocupam um lugar especial no processo de modernização da justiça,
permitem a desjudicialização da solução de alguns conflitos e a descentralização dos serviços
oferecidos.
Permitem avaliar e adequar os métodos aos temas que motivam a sua procura;
Ampliam a atuação preventiva no que se refere a combates futuros e a relações
interpessoais;
Viabilizam o aumento do leque de ofertas de métodos cooperativos não adversárias;
Possibilitam a resolução de conflitos em tempo real;
3.3.1 Conciliação
Não se deve confundir conciliação com acordo entre duas partes, nem com o seu
sentido literal de harmonização de litigantes ou pessoas desavindas que fazem as pazes,
nem tampouco com a negociação.
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Esse instrumento pode ser indicado nos casos em que os envolvidos não se
conheçam, não tenham relações continuadas ou, se as têm, quando não há possibilidade de
uma intervenção mais aprofundada para administração do conflito. Exemplos típicos são as
conciliações judiciais nos Juízos Trabalhistas ou nos Juizados Especiais Cíveis e Penais - Lei nº
9.099/95.
Exemplo:
Este exemplo é baseado na conhecida narrativa que reproduz a situação não judicial do slice
and choice (“corta e escolhe”). Um pai, diante de duas crianças que brigam pela última fatia
de um bolo de chocolate, propõe-lhes que decidam amigavelmente entre duas
possibilidades: uma criança corta o pedaço em duas partes e a outra escolhe primeiro uma
das partes.
3.3.2 Mediação
Por ser objeto da disciplina, esta alternativa será estudada mais a fundo mais adiante.
Contudo, é importante que você compreenda a mediação como descrita no parágrafo único,
do artigo 1º, da Lei nº 13.140 de 26 de junho de 2015, a qual entrou em vigor 180 dias após
a sua publicação oficial, ou seja, em dezembro de 2015.
Art. 1º
(...)
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Parágrafo único - Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro
imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula
a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
3.3.3 Negociação
Negociar faz parte das nossas relações humanas. Negociar, ainda que sem o
rigor e a sofisticação de técnicas destinadas a otimizar os seus resultados, constitui
expressão cotidiana das relações interpessoais, na qual, de modo pacífico, busca-se a
composição das pretensões e expectativas de todos nós.
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Na negociação existem algumas etapas que podem ser seguidas, mas que não
necessitam ser encaradas de forma rígida, apenas um norte para sistematização do
processo. São elas:
Preparação/ abertura
Exploração
Clarificação
Ação final
Avaliação
O negociador deverá:
Conciliação Mediação
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- Construção de um acordo; O objetivo da mediação não é apenas a
- Oferece o enquadramento hipótese de um acordo*, mas a
legal; transformação do padrão de comunicação
- Esclarece sobre o direito; e relacionamento dos envolvidos, com
- Propõe possibilidades de vistas ao entendimento.
acordo permitindo ao *Lei nº 13.140/2015, Art. 20. (...)
Objetivo
conciliador: opinar, sugerir, Parágrafo único. O termo final de
apontar vantagens e mediação, na hipótese de celebração de
desvantagens; acordo, constitui título executivo
- O acordo é construído para o extrajudicial e, quando homologado
tempo presente, baseado em judicialmente,
acontecimento passado. título executivo judicial.
O mediador será designado pelo tribunal
Confere voz às partes e aos seus
Partes ou escolhido pelas partes. (Lei nº 13.140,
representantes.
art. 4º)
Quadro 2 – Conciliação X Mediação
Fonte: ISA -ADRS e MEDIARE, 2007 (atualizado pelo conteudista com base na Lei n°13.140)
5. O SISTEMA MULTIPORTAS
De acordo com Slandale (apud ISA - ADRS e MEDIARE, 2007, Anexo), multiportas é
um conceito baseado na oferta de métodos de resolução de conflitos complementares aos
serviços habitualmente oferecidos pelo judiciário.
Os convênios e parcerias com o poder público revelam que a promoção dos MASCs
pode e deve ser vista como política pública de justiça não judiciária, mas o fato de não ser
judiciária não quer dizer que não possua com o judiciário nenhuma forma de
relacionamento institucionalizado.
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A exemplo das experiências de outros países, também estamos vivendo o que os
autores denominam de surto de juridificação, que consiste na expansão, na diversificação e
na sofisticação dos mecanismos jurídicos pelos quais o poder público passou a interferir em
relações sociais, histórica e originariamente concebidas como pertencentes ao domínio do
mercado ou da tradição.
Contudo, cabe ressaltar o que foi destacado por Andrighi e Foley (2008) no artigo
publicado na Folha de São Paulo em 24 de junho de 2008.
A atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que,
escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções
consensuais para a controvérsia. (Lei 13.140/2015, art. 1º)
Observe que a definição apresentada deixa claro que a mediação considera as partes
como autoras das soluções que deverão ser compostas de forma consensual.
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A autonomia da vontade das partes está relacionada entre os princípios da
mediação, descritos no artigo 2º, da Lei 13.140/15. São eles:
I - imparcialidade do mediador;
III - oralidade;
IV - informalidade;
VI - busca do consenso;
VII - confidencialidade;
VIII - boa-fé.
Importante!
Segundo Seidel (2007), as partes devem ser entendidas como sujeitos do processo.
São elas que devem controlar o conteúdo da mediação e definir a natureza do acordo.
Os direitos disponíveis são aqueles em que o titular pode abrir mão diante da sua
autonomia de vontade. Exemplo: um bem imóvel. Já, os direitos indisponíveis dizem
respeito aos direitos que uma pessoa não pode abrir mão ou para os quais a lei impõe
restrições de disponibilidade. Exemplo: direito à vida, à liberdade, à saúde etc.
Quanto ao processo
• É confidencial.
Quanto à metodologia
(protagonismo).
• Não existe julgamento ou oferta de soluções. As saídas são encontradas no consenso das
partes.
Importante!
Art. 9º. Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a
confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de
integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se.
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo menos dois
anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e
que tenha obtido capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores,
reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados -
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ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho
Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.
Mediação forense: Refere-se aos processos de mediação realizados nas unidades do poder
judiciário.
Mediação penal: Realizada em alguns países como forma de resolver problemas existentes
nos presídios, como a superlotação carcerária.
É importante destacar que essas divisões são apenas didáticas, pois, na prática,
muitas vezes os modelos se associam. Veja alguns exemplos hipotéticos:
Importante!
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toda intervenção de terceiro em um conflito, sendo o termo
“conciliação” um objetivo natural do mediador. (arcos.org. br).
• Modelo transformativo
Esse modelo foi criado a partir da teoria de Robert Bush e Joseph Folger e o objetivo
não é única e exclusivamente o acordo, mas as diversas possibilidades advindas da
mediação. Sua orientação é o futuro, ou seja, o que for estabelecido como solução auxiliará
no futuro da relação entre as partes.
• Modelo Circular
Esse modelo criado por Sara Cobb busca unir os modelos tradicional-linear e
transformativo, pois foca tanto nas relações das pessoas envolvidas no conflito, quanto no
acordo. De acordo com o modelo, o conflito, as pessoas e o contexto (história) não podem
ser vistos de forma isolada, mas sim de forma inter-relacionada.
Importante!
Cada um dos modelos que você estudou no item anterior traz um conjunto de
técnicas, alinhando a natureza do conflito ao foco que se propõe a alcançar, ao processo e a
formação do mediador.
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Modelo tradicional – linear
Modelo transformativo
Modelo circular
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Cabe observar nas técnicas descritas que, independente do modelo, o diálogo entre
as partes é estimulado. Seja para rever as causas do conflito ou para verificar as
possibilidades de soluções.
De acordo com UCB (2009), autores mais contemporâneos apostam num modelo de
mediação híbrido e flexível, no qual o mediador seja um facilitador, ou seja, o mediador guia
as partes, buscando o equilíbrio de poder e o compartilhamento de responsabilidades, por
meio dos processos de comunicação e cooperação para que as partes, em conjunto
construam um acordo ou entendam o conflito.
PRÉ- MEDIAÇÃO
Modalidade Extrajudicial
Modalidade Judicial
O mediador será designado pelo tribunal. (Redação com base no art. 4º). E não estarão
sujeitos à prévia aceitação das partes, observado o disposto no art. 5° desta Lei. (Art.25).
INÍCIO
Modalidade Extrajudicial
Art. 21. O convite para iniciar o procedimento de mediação extrajudicial poderá ser feito por
qualquer meio de comunicação e deverá estipular o escopo proposto para a negociação, a
data e o local da primeira reunião.
Parágrafo único. O convite formulado por uma parte à outra considerar-se-á rejeitado se não
for respondido em até trinta dias da data de seu recebimento.
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Modalidade Judicial
MEIO
Art. 4 (...) § 1º O mediador conduzirá o procedimento de comunicação entre as partes,
buscando o entendimento e o consenso, e facilitando a resolução do conflito.
Uma vez iniciada a mediação, as reuniões posteriores com a presença das partes somente
poderão ser marcadas com a sua anuência. (Art.18).
As partes poderão ser assistidas por advogados e defensores públicos. (Art. 10).
FIM
O procedimento de mediação será encerrado com a lavratura do seu termo final,
quando for celebrado acordo ou quando não se justificarem novos esforços para a obtenção
de consenso, seja por declaração do mediador nesse sentido ou por manifestação de
qualquer das partes. (Art. 20).
Modalidade Extrajudicial
Modalidade Judicial
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Art. 28. O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até sessenta dias,
contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum acordo, requererem sua
prorrogação.
Importante!
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aplicando-se aos seus servidores a obrigação de manterem sigilo das informações
compartilhadas nos termos do art. 198 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código
Tributário Nacional.
Art. 31. Será confidencial a informação prestada por uma parte em sessão privada,
não podendo o mediador revelá-la às demais, exceto se expressamente autorizado.
Importante!
De acordo com o art. 46, da lei nº 13.140/2015, “a mediação poderá ser feita pela internet
ou por outro meio de comunicação que permita a transação à distância, desde que as
partes estejam de acordo.”
QUEM É?
Modalidade extrajudicial
Qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer
mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou
associação, ou nele inscreverse. (Art. 9º).
Modalidade judicial
Pessoa capaz, graduada há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de
instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em
escola ou instituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os
requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o
Ministério da Justiça. (Art. 11).
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O mediador é designado pelo tribunal.
O QUE FAZ?
Modalidade extrajudicial
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as partes,
em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as informações que
entender necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas.
Modalidade judicial
Art. 19. No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se com as partes,
em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as informações que
entender necessárias para facilitar o entendimento entre aquelas.
OBSERVAÇÕES
Modalidade judicial
Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de
revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância que possa
suscitar dúvida justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito,
oportunidade em que poderá ser recusado por qualquer delas.
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10. ASPECTOS DA FORMAÇÃO DO MEDIADOR
10.1 Conhecimentos, habilidades e atitudes
Conhecimentos sobre:
Conflito e gerenciamento de conflitos;
Relações interpessoais;
Processo comunicacional;
Técnicas de resolução pacífica de conflitos;
Metodologia do processo de mediação; e
Legislação pertinente à mediação.
Habilidades para:
Promover a reflexão e o diálogo;
Escutar e refletir;
Gerenciar conflitos;
Identificar impasses; e
Identificar interesses comuns.
Atitudes para agir de forma:
Imparcial;
Competente;
Ética; e
Sigilosa.
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10.2 Ferramentas de comunicação para auxiliar no processo
Com base em Seidel (2007), podem ser destacadas duas ferramentas a serem
utilizadas pelo mediador para auxiliá-los no processo de mediação. São elas: Escuta Ativa e
Questionamento Criativo.
Qual o objetivo?
Garantir a atenção das partes durante o processo, possibilitando que tenham uma
visão do conflito a partir de alguns elementos técnicos, como a paráfrase*.
* Recurso de comunicação que consiste em repetir com as suas palavras a mensagem dita
pelo outro. Esse mecanismo auxilia na compreensão mútua da mensagem, fortalecendo a
comunicação e favorecendo que “outro” possa escutar-se a partir de outra pessoa.
Como fazer?
• Pergunte à primeira pessoa: O que aconteceu? Parafraseie: Você está dizendo que
aconteceu...
• Pergunte à primeira pessoa: Como você está se sentindo? Parafraseie: Você está se
sentindo...
• Pergunte à segunda pessoa: O que aconteceu? Parafraseie: Você está dizendo que
aconteceu...
• Pergunte à segunda pessoa: Como você está se sentindo? Parafraseie: Você está se
sentindo...
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10.2.2 Questionamento criativo
Qual o objetivo?
Como fazer?
Perguntar à primeira pessoa: O que você poderia ter feito de forma diferente?
Parafraseie.
Perguntar à segunda pessoa: O que você poderia ter feito de forma diferente?
Parafraseie.
Perguntar à primeira pessoa: O que você pode fazer aqui e agora para ajudar a
solucionar o problema? Parafraseie.
Pergunte à segunda pessoa: O que você pode fazer aqui e agora para ajudar a
solucionar o problema? Parafraseie.
Importante!
Utilize o questionamento criativo para uma maior aproximação entre as pessoas a fim de
uma solução.
Alguns cuidados devem ser tomados pelo mediador antes, durante e após ter desenvolvido
as etapas do processo de mediação. São eles:
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Possui legitimidade para atuar como um terceiro imparcial, ou seja, se é aceito pelas
partes, naquele conflito, ou foi indicado judicialmente.
Durante o processo de mediação, de acordo com a UCB (2009), devem ser tomados pelo
mediador os seguintes cuidados:
Saiba quando interromper uma discussão não apropriada, sem ofender as partes.
Nesse sentido, o mediador deve sempre usar uma linguagem neutra, desprovida de
reprovação.
Importante!
Importante!
O mediador tem a obrigação de zelar pelo equilíbrio entre as partes. Este equilíbrio
envolve:
Importante!
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Tânia. Mediação de conflitos: um meio de prevenção e resolução de controvérsias
em sintonia com a atualidade. Disponível em:
<http://www.mediare.com.br/08artigos_13mediacaodeconflitos.html> Acesso em: 25 ago
2015.
CALADO, Maria dos Remédios. A autocomposição: uma análise das modalidades usuais e dos
elementos processuais e não processuais na resolução dos conflitos. Disponível em:
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id
=9419> Acesso em: 25 ago 2015.
CORDEIRO, Bernadete M. P.; SILVA, Suamy. S. Direitos humanos: referencial prático para
docentes do ensino policial. 2. ed. Brasília: CICV, 2005.
LIBÂNEO. José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. (Coleção Magistério)
SEIDEL. Daniel [org.] Mediação de conflitos: a solução de muitos problemas pode estar em
suas mãos. Brasília: Vida e Juventude, 2007.
SOUZA, Luciane Moessa de. Resolução consensual de conflitos coletivo envolvendo políticas.
Brasília: Fundação Universidade de Brasília, 2014.
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