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Conflitos
APRESENTAÇÃO
O Estado não está dando conta da sua função de pacificar os conflitos por meio da jurisdição.
Cada vez mais, a sociedade quer a solução de seus conflitos com mais agilidade, porém se sabe
que a demora na solução deles é uma das maiores causas para que o Estado não consiga efetivar
suas funções, além da onerosidade dos processos.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá a importância das formas consensuais de solução de
conflitos para sociedade, bem como a importância atual dada às formas consensuais de solução
de conflitos. Além disso, diferenciará a mediação de conciliação para, ao final, analisar a
mediação e a conciliação judiciais e extrajudiciais.
Bons estudos.
DESAFIO
Imagine a seguinte situação: certa vez, sua colega Cristiane relatou para você, estudante de
direito, que comprou uma sandália em uma loja extremamente cara em um shopping próximo à
sua casa.
Dito isso, Cristiane perguntou a você se saberia orientá-la. Como você a orientaria?
INFOGRÁFICO
No capítulo Formas Consensuais de Solução de Conflitos, que faz parte do livro Teoria Geral
do Processo e é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você verá o que são formas
consensuais de solução de conflitos, a sua importância atual, bem como a mediação e
conciliação, que são exemplos de meios consensuais. Verá também que o ordenamento jurídico
brasileiro possibilita a utilização da medição e a conciliação de forma judicial e extrajudicial em
busca de soluções mais adequadas para os conflitos sociais.
Boa leitura.
TEORIA GERAL
DO PROCESSO
Rosana Antunes
Formas consensuais de
solução de conflitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você estudará as formas consensuais de solução de con-
flitos e aprenderá as diferenças entre a conciliação e a mediação para, ao
final, analisar a mediação e a conciliação judiciais e extrajudiciais.
A crise da justiça tem sido muito discutida nos últimos anos. Atual-
mente, queixa-se da ausência de justiça ou da morosidade, bem como
da ineficácia das decisões.
Resolver essa crise é um desafio a ser vencido. No entanto, não há
fórmulas mágicas para a solução desses problemas apontados, mas se
reconhece a vocação dos meios consensuais como uma alternativa.
Os meios consensuais, também chamados de meios autocompositi-
vos, são métodos não adversariais de solucionar conflitos de interesses
e estão intimamente ligados ao acesso à justiça material.
O acesso à justiça é um direito humano fundamental que não vem
sendo efetivado de forma satisfatória pelos órgãos tradicionais judiciais,
por essa razão há a necessidade de buscar novos métodos ou formas
de efetivar a justiça.
A partir dessa constatação, políticas públicas começaram a ser
implementadas no sentido de incentivar e valorizar os métodos não
adversariais. Atualmente, a primeira política efetiva se deu com a Re-
solução 125 do Conselho Nacional de Justiça (política judiciária de
2 Formas consensuais de solução de conflitos
Outro dado alarmante é trazido pelo relatório da pesquisa Justiça em Números: o tempo
médio de tramitação de um processo.
O tempo de baixa no processo de conhecimento é de 0,9 anos (11 meses), enquanto
o tempo de baixa na execução gira em torno de 4,3 anos (quatro anos e três meses).
O lapso temporal decorrido entre o protocolo e o primeiro movimento de baixa do
processo revela a dificuldade que o Poder Judiciário vem enfrentando para fazer frente
à realização dos direitos do cidadão.
Por tudo que foi dito até o momento, percebe-se que as leis têm evoluído no
sentido verdadeiro da civilidade. Com isso, tem-se buscado formas eficazes,
céleres e menos dispendiosas de resolver os conflitos de interesse, haja vista
que um processo judicial apresenta custos temporal e financeiro, os quais,
muitas vezes, as partes não conseguem cobrir. É cada vez mais importante a
utilização dos meios consensuais para resolução de conflitos.
6 Formas consensuais de solução de conflitos
O acesso à justiça deixou de ser sinônimo de acesso aos Tribunais, exigindo algo mais:
o acesso ao Direito.
Na nova concepção de acesso à justiça, o Estado deve se comprometer a resolver
conflitos, aplicando diversos mecanismos de resolução, estimulando práticas coope-
rativas e não mais exclusivamente pelos Tribunais de Justiça.
Mediação e conciliação
Inicialmente, vale ressaltar que o incentivo para solucionar os conflitos de
interesse, de forma consensual, no Brasil tem assento Constitucional, come-
çando pelo preâmbulo da Constituição Federal de 1988, o qual afirma que
estamos comprometidos com soluções de controvérsias de forma pacífica
interna e externamente.
Dessa forma, os métodos não adversariais, como a mediação e a conciliação,
estão inseridos no comando constitucional, uma vez que estes resolvem as
controvérsias de forma pacífica e cooperativa e com foco na harmonia e na paz.
Diversos são os mecanismos que visam à obtenção da autocomposição. A
mediação e a conciliação são exemplos de meios autocompositivos. Cada um
dos mecanismos mencionados se apresenta e se desenvolve com métodos e
técnicas diferentes, porém, com o mesmo objetivo, há a composição autônoma
de conflitos pelo resgate do diálogo.
Formas consensuais de solução de conflitos 7
Mediação
A mediação é caracterizada pela participação de um terceiro imparcial, o
qual deve ser neutro, sem qualquer poder de decisão, que irá aproximar as
partes envolvidas no conflito, incentivando o diálogo para a realização de
uma composição mutuamente aceitável. É um procedimento voluntário e
confidencial, com métodos próprios, e informal, mas também é coordenado.
No que se refere às escolas de mediação, as doutrinas nacional e interna-
cional apontam três escolas clássicas:
Conciliação
A conciliação é umas das formas mais conhecidas de resolução adequada de
conflitos, a qual pode ser empregada quando há uma dificuldade de encontrar
uma solução entre as partes. Ela é caracterizada pela existência de um terceiro
conciliador, que é quem auxilia na resolução do impasse. A conciliação tem,
no método, a participação mais efetiva desse terceiro na proposta da solução,
tendo como objetivo a solução do conflito que lhe é apresentado na petição
das partes.
Pode-se recorrer a ela na fase pré-processual, antes da propositura da
ação, e na fase processual, quando já existe um processo. Nesse último, a
conciliação se dá depois da citação, com a finalidade de extinguir o processo
e resolver o litígio.
O método de conciliação é muito aplicado pelo Poder Judiciário, pois já se
trata de um meio tradicionalmente usado na fase de instrução e julgamento,
em que as partes são chamadas a compor a audiência de conciliação, a fim
de obter solução do litígio, conciliando os conflitantes.
O conciliador, em regra, é o condutor da conciliação. Contudo, não é órgão
jurisdicionado, ele é um auxiliar da justiça (BRASIL, 2015, arts. 165 a 175).
Formas consensuais de solução de conflitos 9
Na conciliação, o conciliador tem uma postura mais ativa para sugerir o acordo entre
as partes e apresentar propostas e ideias de solução. A conciliação é recomendada nos
casos em que você não tem a possibilidade de restaurar ou preservar algum vínculo
que as partes tenham, como na batida de um carro.
Na mediação, a atuação do mediador é de aproximar as partes para o início do
diálogo. Quase sempre existe a necessidade de preservar um vínculo anterior ou um
relacionamento, como as relações de família e consumo, por exemplo.
Formas consensuais de solução de conflitos 11
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS. AMB lança pesquisa inédita sobre o
uso da Justiça e a concentração do litígio no Brasil. 2015. Disponível em: <https://goo.
gl/Qq5mAv>. Acesso em: 06 jun. 2018.
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE DEFENSORES PÚBLICOS. Diferenças regionais no acesso à
justiça chegam a 1.000% no Brasil, aponta PNUD. 2015. Disponível em: <https://goo.
gl/5NLJqb>. Acesso em: 06 jun. 2018.
BRASIL. Ministério da Justiça. Brasil ganha Atlas de Acesso à Justiça. [201-]. Disponível
em: <https://goo.gl/HP2313>. Acesso em: 06 jun. 2018.
CABRAL, M. M. Os meios alternativos de resolução de conflitos: instrumentos de am-
pliação do acesso à justiça. Porto Alegre: TJRS, Departamento de Artes Gráficas, 2013.
CALMON, P. Fundamentos da mediação e da conciliação. Brasília, DF: Gazeta Jurídica,
2015.
CAPPELLETTI, M. Conferência proferida no Plenário da Assembleia Legislativa do
Rio Grande do Sul. Traduzido por Tupinambá Pinto de Azevedo. Revista do Ministério
Público do Rio Grande do Sul, n. 35, 1995.
DIDIER, JR, F.; CUNHA, L. C. da. Curso de direito processual civil. 12. ed. rev. atual. Salvador:
JusPodivm, 2018. v. 4.
GRINOVER, A. P. Os fundamentos da justiça conciliativa. Revista de Arbitragem e Me-
diação, ano 4, n. 14, p. 16-21, 2017.
12 Formas consensuais de solução de conflitos
A crise da justiça tem sido muito discutida na atualidade. Há ausência de justiça ou morosidade,
bem como a ineficácia das decisões. Resolver essa crise é um desafio a ser vencido. Não há
fórmulas mágicas para a solução desses problemas apontados, mas atualmente se reconhece a
vocação dos meios consensuais como uma alternativa.
Na Dica do Professor, você verá um pouco sobre o Tribunal Multiportas. O estudo sobre esse
assunto é muito interessante porque nos faz entender os motivos pelos quais ele tem inspirado o
legislador brasileiro.
EXERCÍCIOS
A) Mediação e Arbitragem.
B) Conciliação e Arbitragem.
C) Mediação e Conciliação.
A) é um método de resolução de conflitos que ainda não está regulamentado no nosso sistema
jurídico.
B) é um método de solução de conflitos heterônomo exatamente como a arbitragem.
C) Parcialidade e oralidade.
NA PRÁTICA
O apelante ministerial sustenta, em síntese, que a matéria acerca da qual houve homologação
judicial, dizendo respeito a direitos indisponíveis, envolvendo criança, cuja incapacidade civil é
absoluta, é imprescindível à prolação de sentença homologatória do acordo, ao menos, a
realização de audiência de ratificação, na presença de Juiz de Direito, de órgão do Ministério
Público e mediante a regular representação processual das partes. Requer, em preliminar, o
recebimento do apelo e, no mérito, o integral provimento para desconstituição da sentença e
realização de audiência de ratificação.
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Neste link, você terá acesso a um vídeo da Advocacia-Geral da União que explica como a
Administração Pública pode resolver conflitos por meio de Câmaras de Mediação e Arbitragem,
ou seja, sem judicializar.
Neste link, você terá acesso a um vídeo que explica a diferença entre mediação, conciliação e
arbitragem.
Neste link, você terá acesso a um artigo que trata da adequação da resolução consensual dos
conflitos de consumo.