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AUDIÊNCIAS DE CUSTÓDIA

● Primeira Parte – ADVERTÊNCIAS

1) Informar que a Audiência de Custódia é gravada e tem a finalidade de averiguar a


legalidade e as circunstâncias da prisão

2) Informar que será assegurado ao Flagranteado todos os seus direitos constitucionais,


inclusive o de permanecer em silêncio, salvo na etapa de qualificação pessoal

● Segunda Parte – MANIFESTAÇÕES

1) Perguntar a Qualificação do Flagranteado – nome completo, endereço, filiação, data de


nascimento / idade, estado civil, se tem filhos ou dependentes (se sim, quantos e quem
ficou responsável pelos mesmos), profissão, se já foi preso ou processado antes

2) Perguntar ao Flagranteado como ocorreram as circunstâncias da prisão

3) Perguntar ao Flagranteado se sofreu eventual agressão policial (se sim, quando, onde
e como; se eram policiais militares ou civis e determinar a amostragem na câmera)

4) Abrir para questionamentos e manifestações das partes, na ordem legal, MP e Defesa

● Terceira Parte – DECISÃO JUDICIAL

HOMOLOGAÇÃO DO APF E CONVERSÃO EM PRISÃO PREVENTIVA

Ante a presença dos seus requisitos extrínsecos e intrínsecos e a inexistência de vícios


formais e/ou materiais, concluo pela legalidade do procedimento administrativo, razão
pela qual homologo o auto de prisão em flagrante delito.

Quanto aos requisitos da custódia cautelar dispostos no artigo 312 do Código de


Processo Penal, verifica-se a existência da materialidade delitiva e dos indícios mínimos
de autoria, conforme se depreende das peças e elementos extraídos deste auto de prisão.

| Ordem Pública | Em continuidade, para além do preenchimento das conjecturas do


princípio da contemporaneidade e da admissibilidade da segregação cautelar em vista do
preenchimento dos ditames previstos no artigo 313, do Código de Processo Penal,
comprova-se o perigo gerado pelo estado de liberdade por intermédio das circunstâncias
graves do delito e do fato, assim como por intermédio dos registros criminais negativos, o
que, à vista disso, apesar de não ser suficiente para formar o juízo de culpa, constituem a
patente possibilidade da reiteração criminosa, justificado-se a segregação cautelar para
proteger a ordem pública e social, desarticular possíveis atividades de organizações
criminosas, impedir novas práticas criminais, além de garantir a credibilidade da justiça,
diante da extrema indignação popular e, por derradeira consequência, inviabilizando-se a
substituição por qualquer outra medida cautelar diversa da prisão prevista no artigo 319
do Código de Processo Penal, ante a ausência de demonstração da concretude e
eficiência processual manifestada no artigo 282 do Código de Processo Penal.
| Aplicabilidade da Lei Penal | Outrossim, para além do preenchimento dos
pressupostos de admissibilidade previstos no artigo 313 do Código de Processo Penal,
comprova-se o perigo gerado pelo estado de liberdade do agente por intermédio da nítida
evasão à aplicabilidade da lei penal, especialmente porque pelo desrespeito deliberado às
ordens judiciais de medidas cautelares, o que constitui motivo mais que suficiente para a
decretação da prisão preventiva, com o fito de assegurar a proteção da vítima vulnerável,
caso, desde logo, não se prenda o agente.

| Prisão de Ofício – Possibilidade | Por conseguinte, embora os recentes precedentes


judiciais prevejam a impossibilidade do magistrado decretar a prisão cautelar ex officio em
qualquer fase da persecução penal, inclusive no contexto de audiência de custódia, sem
haver prévia, necessária e indispensável provocação do Ministério Público ou da
Autoridade Policial ou, quando for o caso, do Querelante ou do Assistente Ministerial,
constato que a disposta posição é oriunda, tão somente, de ações autônomas de
impugnação, sem qualquer caráter vinculatório, uma vez que a temática não foi decidida
nas hipóteses processuais de eficácias obrigatórias previstas no artigo 927 do Código de
Processo Civil. Ante a ausência de posicionamento pacífico na jurisprudência e a
caracterização de controvérsias substanciais acerca da temática, utilizo-me da técnica de
distinção do caso concreto para me posicionar de acordo com a divergência
consubstanciada na possibilidade do magistrado, mesmo sem provocação da autoridade
policial ou da acusação, ao receber o auto de prisão em flagrante, quando presentes os
requisitos previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, converter a prisão em
flagrante em preventiva, em cumprimento ao disposto no artigo 310, inciso II, da Lei
Adjetiva, sem haver violação aos princípios norteadores da Lei Adjetiva, até porque, como
já devidamente fundamentado nos autos, as circunstâncias do caso concreto são
peculiares e indicam a necessidade de recolhimento cautelar pelo preenchimento dos
requisitos e pressupostos disposto nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal.
Além disso, a imposição de medidas cautelares de natureza pessoal, de fato, dependem
de prévia e indispensável provocação dos atores processuais, como manifestado no
artigo 282 do Código de Processo Penal. Porém, a escolha da ordem cautelar adequada
cabe ao convencimento motivado do magistrado, mesmo que a decisão seja a prisão
preventiva; entender de forma diversa seria vincular a decisão do Poder Judiciário aos
pedidos formulados pelos atores processuais, de modo a transformar o julgador em mero
chancelador de suas manifestações, ou de transferir a escolha do teor de uma decisão
judicial (STJ. 6ª Turma. RHC 145.225-RO, Rel. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
15/02/2022).

Por tais motivos, homologo a prisão em flagrante delito e a converto em prisão


preventiva, fundado no artigo 310, inciso II, do Código de Processo Penal.

PRISÃO DOMICILIAR

Quanto ao requerimento de prisão domiciliar, | Indeferimento da Prisão Domiciliar –


Ausência de Comprovação do Art. 318 do CPP | não está demonstrada nos autos a
prova idônea do alegado, razão pela qual se recomendam a manutenção deste no
cárcere pelo não preenchimento dos requisitos legais dispostos no artigo 318, do Código
de Processo Penal. | Indeferimento da Prisão Domiciliar – Gravidade Concreta do
Fato | Outrossim, as peculiaridades do caso examinado refutam a substituição da
custódia cautelar por prisão domiciliar, especialmente as circunstâncias pessoais do
agente, o qual já ostenta registros criminais relacionados a crimes da mesma natureza,
assim como as circunstâncias fáticas relacionadas à apreensão de vultosa quantidade de
material ilícito, o que, à vista disso, constituem a conjuntura da gravidade concreta dos
fatos, da anormalidade da conduta e da alta periculosidade, justificando-se, como já
mencionado, a impossibilita de substituir a custódia preventiva pela prisão domiciliar, vez
que aquele não é merecedor da benesse legal e, ainda, há a necessidade de impedi-lo na
reiteração criminosa, a fim de resguardar a ordem pública e social.

Ante o exposto, indefiro o requerimento de prisão domiciliar, fundado nos artigos 312, 313
e 316 do Código de Processo Penal.

Quanto ao requerimento de prisão domiciliar, | Deferimento da Prisão Domiciliar | o


agente comprova o disposto no artigo 318 do Código de Processo Penal e, ainda,
preenche o trinômio basilar, fazendo jus, portanto, a substituição prevista no artigo 317 do
Código de Processo Penal mediante a aplicação da medida cautelar de monitoração
eletrônica, prevista no artigo 319, inciso IX, do Código de Processo Penal, com o fito de
evitar a prática de novas infrações criminais, de salvaguardar a continuidade do processo
e de efetivar o cumprimento deste benefício legal.

Ante o exposto, substituo a prisão preventiva por prisão domiciliar, fundado nos
artigos 317 e 318 do Código de Processo Penal, mediante a medida cautelar de
monitoração eletrônica, consoante previsto no artigo 318-B do Código de Processo
Penal, observando-se os critérios previstos na Resolução n. 412/2021 do Conselho
Nacional de Justiça

HOMOLOGAÇÃO DO APF E CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA

Ante a presença dos seus requisitos extrínsecos e intrínsecos e a inexistências de vícios


formais e/ou materiais, concluo pela legalidade do procedimento administrativo, razão
pela qual homologo o auto de prisão em flagrante delito.

Quanto aos requisitos da custódia cautelar dispostos no artigo 312 do Código de


Processo Penal, verifica-se a existência da materialidade delitiva e dos indícios mínimos
de autoria, conforme se depreende das peças e elementos extraídos deste auto de prisão.

| Circunstâncias Pessoais e Delitivas Positivas | Todavia, embora presentes os


pressupostos de admissibilidade previstos no artigo 313 do Código de Processo Penal,
não constato efetivamente demonstrado o eventual perigo gerado pelo estado de
liberdade do agente, especialmente porque as suas circunstâncias pessoais e da infração
penal não determinam o preenchimento dos requisitos previstos no artigo 312 do Código
de Processo Penal, assim como as medidas cautelares diversas da prisão são suficientes,
adequadas e necessárias para evitar a prática de novas infrações criminais, salvaguardar
a continuidade do processo e resguardar a colheita de provas.

| Ausência dos Pressupostos do artigo 313 do CPP | Apesar da comprovação do


perigo gerado pelo estado de liberdade do agente, especialmente pelos registros
negativos de antecedentes criminais e/ou através da gravidade concreta do delito,
certifica-se a impossibilidade de converter este auto de prisão em flagrante em prisão
preventiva, em razão do não preenchimento dos pressupostos legais previstos no artigo
313 do Código de Processo Penal.

| Prisão de Ofício – Impossibilidade | Apesar da comprovação do perigo gerado pelo


estado de liberdade do agente, especialmente pelos registros negativos de antecedentes
criminais e/ou através da gravidade concreta do delito, verifica-se que a Autoridade
Policial e o Órgão Ministerial não atenderam à obrigação legal disposta no artigo 311 do
Código de Processo Penal, impossibilitando-se a conversão deste auto de prisão em
custódia preventiva, ante a impossibilidade do magistrado decretar a prisão preventiva “ex
officio” em qualquer fase da persecução penal, inclusive no contexto de audiência de
custódia, sem que haja prévia, necessária e indispensável provocação do Ministério
Público ou da Autoridade Policial ou, quando for o caso, do Querelante ou do Assistente
Ministerial.

Por tais motivos, fundado no artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal,
homologo a prisão em flagrante delito e concedo a liberdade provisória sem fiança
mediante aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, advertindo que o
descumprimento de quaisquer obrigações poderá ensejar na decretação de prisão
preventiva, consoante artigo 282 do Código de Processo Penal.

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA DE CUMPRIMENTO DE MANDADO DE PRISÃO

Constato que o mandado de prisão expedido nos autos de origem preencheu as


formalidades legais, ante a presença de seus requisitos extrínsecos e intrínsecos e
a inexistências de vícios formais e/ou materiais, razão pela qual concluo pela
legalidade do ato prisional do custodiado.

● Quarta Parte – DELIBERAÇÕES FINAIS

Caso existente indícios de tortura e/ou maus tratos, determinar o encaminhamento dos
autos à Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial e as respectivas
corregedorias para cumprimento das providências dispostas no artigo 11 da Resolução n.
213/2015 – CNJ.

Por fim, indicar que as demais deliberações estão previstas nesta ata de audiência de
custódia.

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