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APLICAÇÃO DA LEI

PROCESSUAL
1. NO TEMPO
 Direito Material: a Lei nova se aplica imediatamente, salvo disposição em contrário
e se aplica imediatamente – ressalvado ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito
adquirido.

 Direito Processual: A Lei Processual se aplica imediatamente, ressalvados os atos


que tiverem se iniciado e já tiverem sido concluídos com base na Lei anterior.

 Se aplica imediatamente resguardando os atos já praticados e aqueles em


curso.
 Exemplo de ato em curso na modificação da Lei processual: prazo

 Se tinha uma legislação que estabelecia que o prazo era de 05 dias e


surge uma Lei nova estabelecendo que o prazo é de 10 dias – a
Legislação do novo prazo só vai ser aplicada para os prazos que se
iniciarem sob a sua vigência, os já iniciados na contagem de 05 dias
não serão afetados pela Lei Nova.

 Com a Reforma houveram mudanças prejudiciais ao trabalhados, principalmente no


que se refere ao Acesso à Justiça.

 Hoje há a obrigatoriedade do pagamento de custas, de honorários


advocatícios e periciais.

 Diante do embate entre a proteção do hipossuficiente e aplicação da lei processual


no tempo, o TST para amenizar os efeitos negativos da Reforma Trabalhista em
matéria processual – sobre os processos que já estavam tramitando na Justiça, o
TST editou a Instrução Normativa 41/2018 TST modulou a aplicação da Lei
Processual no tempo sobre os seguintes temas:

A) Honorários Advocatícios:

Art. 791-A,CLT: Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários
de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15%
(quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. 

 TST: Os honorários advocatícios, ou seja, a possibilidade do Juiz condenar


em honorários adv. passou a valer apenas para os processos DEPOIS de 11
de nov. de 2017 (data que a Reforma entrou em vigor)

 Assim, nenhum processo ajuizado antes dessa data terá condenação em


honorários advocatícios.

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B) Prescrição Intercorrente:

Art. 11-A,CLT: Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de 02


anos.
§1º: A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente
deixa de cumprir determinação judicial no curso da execução.

§2º: A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de


ofício em qualquer grau de jurisdição.

 A prescrição intercorrente se trata da perda do direito, pelo transcurso do


tempo, em razão da inércia do titular, que não toma iniciativa no sentido de
praticar os atos processuais necessários para a execução da dívida.

 Tal prescrição surgiu no Processo do Trabalho com a Reforma, antes não


existia porque se trata de um crédito especial, com natureza alimentar – seria
em tese imprescritível.

 Com a prescrição o Trabalhador não pode mais movimentar o processo,


impulsionar a execução, ir atrás de bens do devedor – a dívida prescreveu.

 TST: a prescrição intercorrente só vai ser aplicada para decisões proferidas


DEPOIS de 11 de nov. de 2017.

C) Decisões que fixem custas:

Art. 789, CLT: Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas ações e
procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como nas demandas propostas
perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas ao
processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de
R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas:

I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor


II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou julgado totalmente
improcedente o pedido, sobre o valor da causa;
III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e em ação constitutiva,
sobre o valor da causa.
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.

 TST: Tais decisões aplicáveis apenas às sentenças proferidas DEPOIS da


Reforma – o foco não é o ajuizamento, como nos honorários adv., mas sim a
sentença.

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D) Obrigação do pagamento de honorários periciais:

Art. 790-B, CLT: A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte
sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.  

 TST: só se aplica aos processos iniciados após a Reforma.

 A ideia é que quem for sucumbente no objeto da perícia – não na ação – é


quem paga os honorários sucumbenciais.

 Antes da Reforma havia um “fundo” no TRT de onde se retirava o pagamento


dos peritos.

 Hoje, o fundo é utilizado em última instância caso o empregado sucumbente


no objeto da perícia não tenha a possibilidade de arcar com o pagamento
desses honorários.

E) Multa por Dano Processual:

Art. 793-C, CLT: De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-fé a


pagar multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento)
do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a
arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. 

 Inicialmente entendia-se que se o trabalhador litigasse em juízo mentindo/fato


que sabidamente não era verdadeiro o trabalhador seria condenado
ao pagamento de uma multa/indenização por dano processual, seria a
utilização temerária do processo para fins que não são lícitos.

 Mas são inúmeras as causas na CLT que ensejam o pagamento do dano.

Ex: Se o trabalhador fizer um pedido e este for julgado improcedente.

 TST: a aplicação de multa por dano processual é só para os processos


iniciados após a Reforma.

F) Condenação em custas por ausência em Audiência:

Art. 844, CLT: O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento


da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão
quanto à matéria de fato.

 TST: vale só para processos ajuizados depois da Reforma.

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2. NO ESPAÇO: Território Nacional

Art. 763, CLT: O processo da Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios individuais e
coletivos e à aplicação de penalidades, reger-se-á, em todo o território nacional, pelas normas
estabelecidas neste Título.

 A Lei Processual decorre da Jurisdição do Estado e por isso é aplicada apenas em


território nacional.
 Não há extraterritorialidade do D. Processual, mas sim do D. Material

3. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA

Art. 769, CLT: Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito
processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

3.1 CPC: aplica o CPC naquilo que a CLT for omissa, havendo compatibilidade.

 Omissão é lacuna normativa e lacuna ontológica - que é quando há um


dispositivo sobre o tema, mas ele não é mais atual e não está mais de acordo
com a realidade do processo.

 Compatibilidade: o instituo do Proc. Civil deve ser compatível com o Proc.


Trabalho, de modo que este último visa a celeridade processual;
simplificação e uniformização do procedimento; concentração de atos
processuais.

 Assim, tudo que venha do NCPC que faça com que o processo
demore ou torne o ato processual mais complexo – será incompatível
com o Proc. Trabalho.

 No Código Proc. Civil de 73 havia uma multa para o réu que não
cumprisse a sentença espontaneamente e entendeu-se para o Proc.
Trabalho que apesar de a CLT não estipular uma multa para o
cumprimento de sentença, o cumprimento de sentença do CPC não
era compatível com a CLT pois esta tem um capítulo específico
tratando da Execução e não há que se falar em lacuna normativa,
mas sim um procedimento distinto do CPC.

 O que mais se aplica do Proc. Civil ao Proc. Trabalho:

 Requisitos da petição inicial; pressupostos processuais; prática de


atos processuais; parte da Execução; ordem de preferência dos bens
a serem penhorados; julg. antecipado da lide, conexão, continência,
litispendência.

3.2 Execução

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 Na Execução trabalhista a legislação a ser aplicada de forma subsidiária é a
Lei de Execução Fiscal, pois todo crédito trabalhista tem uma parte tributária.

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