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TERMO DE AUDIÊNCIA – SENTENÇA https://www.trt5.jus.br/subsistemas/jurisprudencia/modelo/AcordaoCons...

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 5ª REGIÃO
Processo nº 0001070-24.2013.5.05.0134 RTOrd

4ª VARA DO TRABALHO DE CAMAÇARI/BA

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
PROCESSO 0001070-24.2013.5.05.0134 RTOrd
RECLAMANTE: SULAMITA ARAUJO RIBEIRO
RECLAMADO: ITAÚ UNIBANCO S.A.
JUÍZA: ANA CAROLINA MARCOS NERY SOUZA

SULAMITA ARAUJO RIBEIRO, Reclamante, qualificado, ajuizou


reclamação trabalhista em desfavor de ITAÚ UNIBANCO S.A., Reclamada,
igualmente qualificada, narrando os fatos e formulando os pedidos
descritos na petição inicial. A Reclamante juntou procuração e
documentos.

Audiência realizada; primeira proposta de conciliação rejeitada.


Deferida juntada de defesa pela reclamada acompanhada de documentos.
Manifestação do reclamante sobre os documentos. Produzida prova
documental e oral no feito. Sem mais provas, pelo que foi determinado
o encerramento da instrução. Segunda tentativa de conciliação
rejeitada. Razões finais remissivas ao alegado e provado. É o
relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

DO DIREITO INTERTEMPORAL. DA JUSTIÇA GRATUITA. DOS HONORÁROS


SUCUMBENCIAIS.

Ab initio, cumpre-nos analisar os eventuais efeitos da novel Lei


13.467/2013 (Reforma Trabalhista)sobre o presente feito. Pois bem.
Importante ressaltar que a presente ação trabalhista foi proposta
antes da vigência da citada Lei, sendo certo que a instrução também
teve seu encerramento antes da “Reforma Trabalhista” entrar em vigor.

O cenário em análise invoca a aplicação do artigo 5º, inciso XXXVI da


CF/88, no qual se estabelece como garantias fundamentais que a lei

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não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a


coisa julgada . O escopo de tal cláusula pétrea é efetiva o princípio
da segurança jurídica, caro à promoção da paz social.

Sob a luz de tal ditame constitucional o novel CPC dispôs sobre o


direito intertemporal, resguardando de matéria expressa as situações
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada, a teor do
quanto disposto nos artigos 14, 1.046 e 1.047 do CPC, ex vi:

(…) Art. 14. A norma processual não retroagirá e será


aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as
situações jurídicas consolidadas sob a vigência da
norma revogada. (…)

Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas


disposições se aplicarão desde logo aos processos
pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de
janeiro de 1973.

§ 1o As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro


de 1973, relativas ao procedimento sumário e aos
procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-
se-ão às ações propostas e não sentenciadas até o
início da vigência deste Código.

§ 2o Permanecem em vigor as disposições especiais dos


procedimentos regulados em outras leis, aos quais se
aplicará supletivamente este Código.

§ 3o Os processos mencionados no art. 1.218 da Lei nº


5.869, de 11 de janeiro de 1973, cujo procedimento
ainda não tenha sido incorporado por lei submetem-se
ao procedimento comum previsto neste Código. (...)

Art. 1.047. As disposições de direito probatório


adotadas neste Código aplicam-se apenas às provas
requeridas ou determinadas de ofício a partir da data
de início de sua vigência.

Note-se que, evidentemente, as regras supra indicam a adoção do


sistema de isolamento dos atos processuais, procedimento que deverá
também se estender ao processo do trabalho, por força do artigo 15 do
CPC. Consoante tal inteligência, forçoso se entender que os pleitos
relacionados à Justiça Gratuita se regem pela lei vigente à época da
propositura da ação, porquanto tal benefício é pleiteado na peça
inaugural, aperfeiçoando-se situação jurídica consolidada, porquanto
encerrado o contraditório e a instrução quanto a tal tema. Da mesma
forma, entendo que as novas regras relativas aos honorários

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sucumbenciais somente poderiam ser aplicáveis aos processos que se


iniciaram sob a égide da nova Lei, na medida em que não previstos
pelas partes à época e, portanto, sequer discutidos.

Nossa conclusão é corroborada pela regra disposta no artigo 10 do


novel CPC, pela qual se repele qualquer decisão surpresa sobre temas
em que não fora promovido o contraditório, dispositivo que reflete a
moderna visão do processo à luz constitucional.

Não é do desconhecimento desta Magistrada a existência de


jurisprudência do STJ elegendo o momento da sentença como marco para
incidência dos honorários sucumbenciais (vide REsp 1.465.535/SP).
Contudo, não há como comparar a situação fática ali tratada ao quanto
vivenciamos na Justiça do Trabalho nos dias de hoje. Isso porque, em
sede de processo civil, vislumbrou-se somente uma alteração na da
sistemática dos honorários sucumbenciais, inexistindo surpresa para
as partes, porquanto cientes desde o início do feito sobre a despesa
em epígrafe. De outra sorte, no âmbito da nova lei trabalhista, houve
criação de hipótese de pagamento de nova verba no bojo do processo,
sobre a qual não havia qualquer previsão no início do processo e, por
essa mesma circunstância, não foi oportunizada às partes qualquer
possibilidade de análise de risco ou defesa. Destarte, a situação
posta em análise não se enquadra ao leading case tratado pelo STJ.

Abaixo transcrevemos respeitável doutrina a corroborar o entendimento


fixado neste decisum, in literis:

Tratar-se-ia, pois, de uma situação fática e jurídica


peculiar no ordenamento jurídico brasileiro, a qual
recomenda, em vista da aplicação dos princípios
constitucionais da segurança e da igualdade em sentido
formal e material, além do próprio conceito
fundamental de justiça, que se garanta a incidência
dos efeitos processuais do diploma normativo novo
somente para as ações protocoladas a partir do dia 13
de novembro de 201 7 . (A reforma trabalhista no
Brasil : com os comentários à Lei n. 13.467/2017,
Mauricio Godinho Delgado, Gabriela Neves Delgado. -
São Paulo : LTr, 2017 p. 372)

Na mesma esteira, professo José Affonso Dallegrave Neto entende pela


aplicação das normas em comento somente para os processos ajuizados
após a entrada em vigor da Lei 13.467/17, sendo certo que adiro
integralmente a seus argumentos abaixo transcritos:

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(...)

Com efeito, haverá regras processuais novas que se


aplicarão desde logo aos processos em curso, a exemplo
da contagem em dias úteis, introduzida pelo art. 775
da CLT, a partir da Lei 13.467/17. Outras regras
heterotópicas, como os honorários de sucumbência
recíproca, previstos no art. 791-A, § 3º, da CLT,
somente incidirão sobre as ações ajuizadas a partir da
vigência da nova lei, vez que se reportam aos atos
processuais complexos, com efeitos diferidos e além da
órbita processual.

Não se pode aplicar honorários de sucumbência em ações


trabalhistas iniciadas sob o pálio da lei velha, a
qual regulava de forma diversa os requisitos da
petição inicial e do valor da causa, sobretudo quando
(a lei velha) nada determinava acerca dos encargos de
sucumbência às partes.

O cabimento de honorários advocatícios na Justiça do


Trabalho é novidade que afeta atos processuais
complexos e desdobrados, iniciando-se pela
quantificação dos pedidos da inicial, fixação de rito,
contestação e sentença. Logo, os honorários de
sucumbência somente se aplicam aos processos cujas
ações iniciaram sob a égide do regramento novo.
(DALLEGRAVE NETO, José Affonso. (IN)APLICABILIDADE
IMEDIATA DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA NO
PROCESSO TRABALHISTA.Fonte:https://www.apej.com.br
/single-post/2017/08/08/Aplica%C3%A7%C3%A3o-imediata-
dos-honor%C3%A1rios-de-sucumb%C3%AAncia-rec%C3
%ADproca-no-processo-trabalhista

Por fim, ressalto que em situação análoga, o C. TST já decidiu pela


aplicação da sistemática relativa a honorários sucumbenciais
previstas à época do ajuizamento da ação, a saber:

Orientação Jurisprudencial n. 421 da SDI-1 do C. TST.


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS E MATERIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO
OU DE DOENÇA PROFISSIONAL. AJUIZAMENTO PERANTE A
JUSTIÇA COMUM ANTES DA PROMULGAÇÃO DA EMENDA
CONSTITUCIONAL Nº 45/2004. POSTERIOR REMESSA DOS AUTOS
À JUSTIÇA DO TRABALHO. ART. 20 DO CPC. INCIDÊNCIA.

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Ante todo o exposto e notadamente em defesa dos princípios


constitucionais do devido processo legal e segurança jurídica (artigo
5o incisos LV e XXXVI da CF/88, respectivamente), reconheço
aplicáveis ao feito as regras para concessão do benefício da Justiça
Gratuita vigentes à época da propositura da ação e, por esse motivo,
afasto no caso a aplicação dos dispositivos previstos na Lei
13.467/2017 nesse particular. Sob o mesmo fundamento, reconheço
igualmente inaplicável no presente feito a sistemática disposta no
artigo 791-A da CLT, introduzido pela Lei n. 13.467/2017.

DA JUSTIÇA GRATUITA.

Nos termos do §3º do artigo 99 do CPC, concedo a gratuidade de


justiça ao reclamante. Destarte, as custas fixadas nesta sentença
ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão
ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em
julgado deste decisum decisão, restar demonstrado que deixou de
existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais
obrigações do reclamante (artigo 98, §3º do CPC).

DO VALOR DA CAUSA.

No Processo do Trabalho, o valor atribuído à causa presta-se tão


somente para fixação de rito, não vinculando o Juiz quando da fixação
do valor provisório da condenação. Assim, valerá como valor da causa
aquele fixado ao final desta sentença. Assim, sua falta não implica
vício relevante que importe no indeferimento da petição inicial.

Assim, REJEITO a preliminar.

DA PRELIMINAR DE INÉPCIA.

A inicial preenche integralmente os requisitos do art. 840 da


CLT, § 1°, apresentando uma breve exposição dos fatos que resulte o
dissídio, não sendo constatada nenhuma das hipóteses de inépcia
descritas no CPC, art. 330, §1º. Destarte, faz-se plenamente possível
deduzir, a causa de pedir suficiente de cada pedido. Nenhum prejuízo
à defesa foi verificado, o que se pode verificar pelo simples fato de
que o pedido que, em princípio, pretendia ser tido como inepto foi
refutado especificamente em defesa. Nesses termos, REJEITO a
preliminar de inépcia.

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DA PRESCRIÇÃO.

Acolhe-se a prescrição quinquenal arguida pelo reclamado com


fulcro no artigo 7 º, inciso XXIX, da Constituição Federal, para
declarar prescritos os efeitos pecuniários das parcelas anteriores a
19.07.2008.

DA DOENÇA OCUPACIONAL.

A prova pericial válida produzida pelo expert médicos afasta, de


forma uníssona, doença de natureza ocupacional. Pontuo que o trabalho
dos peritos contou com zelo e compreendeu escopo e análises
suficientes para o esclarecimento da controvérsia, de modo que as
conclusões esposadas no laudo será adotadas para fins de formação de
nosso convencimento.

Frise-se que os perito fizeram uma análise criteriosa do quadro


de saúde da autora, com desempenho compatível ao mister que lhe fora
transmitido. Ademais, pontuo que, havendo divergência entre as
conclusões do perito do Juízo para com outras provas, aí incluídos
pareceres de assistentes técnicos, prova documental e oral, deve-se
prestigiar o laudo oficial, porquanto o auxiliar do juízo
corresponder a terceiro imparcial, equidistante do interesse das
partes.

Ante o exposto, reputo inexistente doença ocupacional, razão pela


qual julgo IMPROCEDENTES os pleitos “a”, “b”, “c”, “d” e “e” da
exordial e demais consectários. Diante do quanto decidido, rejeito as
arguições de nulidade aventadas pela reclamada.

DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL. DA FUNÇÃO.

Diante da negativa lançada pela reclamada, cabia ao reclamante


comprovar os fatos constitutivos de seus direitos. Inteligência do
artigo 818 da CLT c.c. artigo 373 do CPC.

Pois bem. A prova válida constituída não confirma a identidade


de funções entre reclamante e modelos, tampouco trazendo fatos aptos
à conclusão sobre desvio de função ou mesmo substituição com a
frequência indicada na exordial.

Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTES os pleitos “k”, “l”, “m”,


“n” e “o” da exordial.

DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL. DO VALOR DE COMISSÕES. DAS DIFERENÇAS DE

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CAIXA. DAS DIFERENÇAS DE GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. DO VALE TRANSPORTE.

O Reclamante não logrou êxito em demonstrar, de forma


específica, a ausência ou inexatidão das verbas em comento sequer em
um único mês da sua relação de emprego em relação aos documentos
juntados pela Reclamada.

Não tendo apontado as diferenças com precisão, presume-se a


inexistência, vez que era ônus do Autor demonstrar especificadamente
o inadimplemento dos seus créditos, não devendo o Juiz postergar esta
tarefa para o processo de execução, que por vezes resulta vazio.

Destarte, julgo IMPROCEDENTES os pleitos “p”, “q”, “r”, “t”,“u”


e “x”. da exordial.

DA INTEGRAÇÃO DA AJUDA ALIMENTAÇÃO.

Entende esta Magistrada que qualquer utilidade fornecida pelo


empregador somente poderá ser considerada salarial, caso seja
diretamente meio de contraprestação pelos serviços prestados. No caso
em tela, o benefício oferecido à reclamante não ostenta natureza
salarial, mas é verdadeiro benefício social, posto que comprovado nos
autos que o Banco reclamado está vinculado ao Programa de
Alimentação do Trabalhador – PAT. Inteligência da Lei 6.321/1976.

Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTE o pleito “s” e demais


consectários.

DO ASSÉDIO MORAL.

A reclamante logrou êxito em comprovar situação de assédio. Com


efeito, a testemunha da reclamante confirma que a reclamante teve sua
imagem exposta por um gerente de forma negativa perante os colegas
(vide testigo).

Ante o exposto, julgo PROCEDENTE EM PARTE o pleito “w” para


condenar a reclamada ao pagamento de indenização por danos morais no
valor de R$5.000,00 (cinco mil reais). Frise-se que a indenização foi
arbitrada considerando as condições socioeconômicas das partes, o
grau de culpa da reclamada, a gravidade do dano, o caráter pedagógico
e efeito reparador da condenação, bem como a proporcionalidade e a
razoabilidade.

DA JORNADA DE TRABALHO. DO INTERVALO INTRAJORNADA. DO INTERVALO


PREVISTO NO ARTIGO 384 DA CLT.

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A prova testemunhal comprova a invalidade dos horários apontados


nos controles de frequência (vide fls. 639-verso/640-verso). Nesse
diapasão, reconheço a veracidade dos horários apontados pela autora
em exordial para julgar PROCEDENTES os pleitos “f”, “g”, “h”, “i” e
“j” e demais consectários. Valores a serem liquidados por cálculos.
Para fins de cálculo, serão adotados os seguintes parâmetros: a)
divisor de 220; b) adicional de horas extras, previsto em convenção
coletiva, durante o período de vigência, ou, em sua ausência, o
mínimo legal de 50%; c) observe-se a variação salarial do autor; d)
devem ser excluídos da apuração das horas extras e do adicional
noturno os dias em que foi comprovado nos autos que o Reclamante
esteve afastado do serviço, como em férias, por exemplo, ou qualquer
outro motivo.

DA MULTA NORMATIVA.

O autor formula pedido de pagamento de multa normativa.


Despreocupou-se, no entanto, em demonstrar de forma específica o
fundamento de direito que embasa o referido pedido, deixando de
indicar de forma taxativa a norma coletiva eventualmente inobservada.
Configura-se, dessa forma, pedido genérico. Assim, julgo IMPROCEDENTE
o pleito em epígrafe.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Presente a necessária assistência sindical – condição sine qua


non prevista no art. 14 da lei 5.584/70, julgo PROCEDENTE o pedido
“y” para condenar a Reclamada a pagar honorários advocatícios na
razão de 15% (quinze por cento) sobre a condenação, em favor do
Sindicato da categoria profissional. Enunciados 219 e 319 do C.TST.

DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.

No caso em tela, verifica-se que as partes indicadas como


devedoras na relação jurídica processual podem estar, abstratamente,
vinculadas à relação jurídica de direito material. Desta forma, caso
os pleitos da Reclamante sejam, eventualmente, acolhidos, poderão
produzir efeitos na órbita jurídica de todas as Reclamadas, o que nos
leva a conclusão de sua legitimidade para figurar no pólo passivo da
lide. Ademais, a discussão em tela se relaciona ao reconhecimento de
responsabilidade solidária/subsidiária, matéria atinente ao mérito da
causa, pelo que, com este deverá ser decidida. Assim, REJEITO a

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preliminar.

DA APLICABILIDADE DA CONVENÇÃO COLETIVA.

O critério geral para o enquadramento sindical no Direito do


Trabalho Pátrio tem como principal premissa a atividade preponderante
do empregador e em razão da base territorial em que o empregado
prestou serviços.

Pelo princípio da territorialidade a aplicabilidade da norma


coletiva restringe-se à base territorial de representação dos
sindicatos convenentes.

Na hipótese dos autos, entendo aplicável a norma coletiva


colacionada pela reclamada, considerando o a atividade da acionada e
local de prestação serviços, assim como pelo fato de haver na
rescisão contratual elaborada pela reclamada menção de homologação a
ser realizada pelo referido Sindicato (vide TRCT).

Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTES os pleitos calcados nas normas


coletivas trazidas pelo autor, notadamente aquele trazido no item “n”
da exordial.

DO ACÚMULO DE FUNÇÕES.

Diante da negativa lançada pela reclamada, cabia à reclamante


comprovar os fatos constitutivos de seus direitos. Inteligência do
artigo 818 da CLT c.c. artigo 373 do CPC.

A prova produzida nos autos não revela qualquer elemento que


corrobore as pretensões obreiras, razão pela qual julgo IMPROCEDENTE
o pleito “b” da exordial.

DA RESCISÃO INDIRETA.DO DANO MORAL.

Em contraponto ao pleito de rescisão indireta, a reclamada sustenta


que a reclamante fora dispensada por justa causa em 22.11.2016.
Ademais, a acionada nega ter incorrido em qualquer dos atos ilícitos
descritos na peça inaugural.

Da análise da prova produzida, forçosa é a conclusão da validade da


rescisão operada pela reclamada. Isso porque, para além de não haver
comprovação do assédio relatado pela reclamante, a reclamada
comprovou ter aplicado as penalidades de forma gradual e imediata
(vide Ids 2fccbd1 e 5040d85. Frise-se que a reclamante não foi hábil

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em desconstituir a validade dos referidos documentos trazidos pela


reclamada à colação.

Ante o exposto, reputo válida a rescisão por justa causa procedida


pela demandada, ao passo que afasto a tese de assédio moral aventada
em exordial. Nesse diapasão e considerando o pagamento das verbas
rescisórias pertinentes (vide Id 5c60e20 - Pág. 1), julgo
IMPROCEDENTES os pleitos “a”, “c”, “d”,”e”, “f”, “g” e “h”.

Por fim, considerando inexistir prova do registro da rescisão em


CTPS, defiro o pleito “o” da exordial para determinar que a Reclamada
providencie as anotações na CTPS do obreiro em 15 dias após o
trânsito em julgado conforme dados de admissão, demissão e função
fornecidos na inicial e salários fixados nesta sentença. Para tanto,
o Reclamante deverá juntar aos autos sua CTPS em 10 dias a partir do
trânsito em julgado, independentemente de nova intimação. Na inércia
do Reclamado, providencie a Secretaria anotações, nos termos do
artigo 39 da CLT.

DA JORNADA DE TRABALHO.

Em apertada síntese, alega o autor que laborava na seguinte


jornada: (...) nos quinze primeiros meses das 07:00h às 15:00h e o
restante do vinculo das 09:00h às 17:00h extrapolando em media três
vezes por semana cerca de duas horas a mais por jornada, de segunda a
domingo, inclusive feriados, com uma folga semanal, com intervalo de
uma hora para refeição. (...) – Id cf2ac5f - Pág. 2. Por
consequente, pleiteia o pagamento de horas extras e consectários
legais.

Pois bem. Compulsando-se os autos, verifica-se que a reclamada


não colacionou os cartões de ponto relativos a vários períodos de
labor do autor. A situação em comento atrai a aplicação do
entendimento da Súmula 338 do C. TST, invertendo-se o ônus da prova
em desfavor da acionada. Nesse diapasão, com relação aos períodos em
que não há o respectivo cartão de ponto colacionado ao feito
reconheço ter o reclamante laborado nos horários por ele confessados
na peça inaugural.

Ante o exposto, julgo PROCEDENTES os pedidos “i”, “j” e “k” da


exordial. Valores a serem liquidados por cálculos. a) horas extras,
assim consideradas as excedentes da oitava diária e quadragésima
quarta semanal, estas últimas desde que não computadas no excesso
diário; b) reflexos de horas extras, considerando que estes, por
habituais, refletem em repousos semanais remunerados (calculados à
razão de 1/6), e todos incidem no cálculo de aviso prévio, férias
acrescidas do terço constitucional, décimos terceiros salários e FGTS

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acrescido da multa de 40%. Valores à liquidação por cálculos.

Para fins de cálculo, serão adotados os seguintes parâmetros: a)


divisor de 220; b) adicional de horas extras, previsto em convenção
coletiva, durante o período de vigência, ou, em sua ausência, o
mínimo legal de 50%; c) observe-se a variação salarial do autor; d)
devem ser excluídos da apuração das horas extras e do adicional
noturno os dias em que foi comprovado nos autos que o Reclamante
esteve afastado do serviço, como em férias, por exemplo, ou qualquer
outro motivo; e) jornada a ser apurada nos cartões de ponto e, na
falta do documento, observar a jornada supra reconhecida.

DA MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT.

Julgo IMPROCEDENTE o pedido “l” relativo à multa do artigo 467


da CLT, uma vez que não havia, à época da audiência inaugural,
parcelas rescisórias incontroversas.

DA MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT.

Diante da confirmação do pagamento das rescisórias no prazo


hábil (Id 5c60e20 - Pág. 1), julgo IMPROCEDENTE o pleito “m” da
exordial. Não há que se falar também em multa por diferenças no
pagamento das rescisórias. No mesmo sentido:

MULTA PELO ATRASO NO PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS –


INDEVIDA – O pleito de diferenças de verbas rescisórias,
porque o empregador não teria considerado a maior
remuneração auferida pelo empregado, ainda que acolhido,
não dá ensejo à condenação em multa pelo atraso no
pagamento das verbas rescisórias, de que trata o artigo
477, § 8 º, da CLT. (TRT 4ª R. – RO 01571.731/98-9 – 4ª
T. – Rel. Juiz Fabiano de Castilhos Bertoluci – J.
19.09.2001)

MULTA DO PARÁGRAFO 8 º DO ART. 477 DA CLT – EXISTÊNCIA DE


DIFERENÇAS – A multa do parágrafo 8º do artigo 477 da CLT
é devida por atraso no pagamento de verbas rescisórias e
não pela existência de diferenças de verbas rescisórias,
como pretende o autor na inicial. A multa é, portanto,
indevida. (TRT 2ª R. – RO 19990458955 – (20000474554) – 3ª
T. – Rel. Juiz Sérgio Pinto Martins – DOESP 26.09.2000).

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

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Ausente a necessária assistência sindical – condição sine qua


non prevista no art. 14 da Lei 5.584/70, não há lugar para a
condenação em verba honorária. Enunciados 219 e 319 do C.TST.
Destarte, julgo IMPROCEDENTE o pedido “q” da exordial.

DOS REQUERIMENTOS.

Em apreciação aos requerimentos das partes, considerando as


particularidades do feito e, respeitado o já decidido neste decisum,
determino sejam observados os seguintes :

Das Deduções. Não há compensação a ser deferida, porque não consta


dos autos prova de débitos trabalhistas (Súmula 18 do TST) do
Reclamante para com a Reclamada. Quanto às deduções, para que seja
evitado o enriquecimento indevido, devem ser deduzidos os valores e
consectários comprovadamente pagos ao mesmo título, mês a mês.
Consideram quitados os valores indicados nas fichas de financeiras e
contracheques colacionados aos autos.

Da Evolução Salarial. A liquidação das verbas deverá observar a


evolução salarial do reclamante.

DOS HONORÁRIOS PERICIAIS. PERÍCIA MÉDICA.

Considerando-se a sucumbência do reclamante quanto aos pleitos


de doença do trabalho, bem como a complexidade da matéria envolvida e
o labor dispensado pelos d. peritos, arbitro os honorários
definitivos de cada perito oficial responsável pela perícia em
R$1.202,57 (mil duzentos e dois reais e cinquenta e sete centavos),
quantia que deverá ser preferencialmente repassado e liberado ao
perito, deduzidos os honorários provisionais recebidos, os quais
deverão ser devolvidos ao segundo reclamado. Diante da concessão dos
benefícios da Justiça Gratuita ao reclamante, dispenso-o do pagamento
das verbas, as quais deverão ser quitadas na forma do Provimento GP
n.º 02/2010 e alterações.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, e considerando o que mais dos autos consta e o


direito aplicável, a 4ª. VARA FEDERAL DO TRABALHO DE CAMAÇARI decide
julgar PROCEDENTE EM PARTE a reclamatória ajuizada por SULAMITA
ARAUJO RIBEIRO em face de ITAÚ UNIBANCO S.A. para condenar a
reclamada, a cumprirem e pagarem as obrigações e verbas deferidas de

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acordo com a fundamentação supra, que passa a integrar este


dispositivo como se aqui estivesse transcrita.

Os valores serão apurados em regular liquidação de sentença, por


simples cálculos, observando-se os parâmetros traçados na
fundamentação, aplicando-se juros de 1% ao mês, pro rata die, desde a
distribuição do feito (art. 39, Lei 8.177/91); e correção monetária
tomando-se por época própria o mês subsequente àquele em que os
serviços forma prestados, observando-se, ainda, a Súmula n.º 200 do
C. TST. Nos termos do entendimento do STJ e do C. TST, em se tratando
de indenização por dano moral decorrente de ato ilícito, o prazo para
incidência da correção monetária sobre o valor fixado começa a contar
da data em que se deu a condenação.

A reclamada também deverá comprovar o recolhimento integral das


parcelas previdenciárias, em cinco dias do trânsito em julgado,
ficando autorizada a deduzir do crédito do Reclamante os valores de
sua cota-parte. Em atendimento à CLT, art. 832, §3º, o juízo declara
que apenas têm natureza indenizatória as verbas deferidas não
consideradas como salariais pelas Leis 8.542/92, 8.620/93, provimento
01/96 da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho, e art. 832, § 3º
da CLT (redação da Lei 10.035/00) - SDI n.º 32 e 141, quais sejam:
reflexos sobre FGTS + 40% e férias indenizadas acrescidas do terço
constitucional; indenização por danos morais.

Deverá a reclamada proceder também aos recolhimentos fiscais, em


caso de incidência, observando as tabelas e alíquotas próprias a que
se referem os rendimentos tributáveis, devendo o cálculo da retenção
ser feito a partir do valor recebido e dos meses correspondentes ao
pagamento, conforme Instrução Normativa da RFB, nº 1.127, de
07.02.2011, suportado pelo reclamante.

Custas pelo reclamado no valor de R$800,00 (oitocentos reais),


calculadas sobre o valor de R$40.000,00 (quarenta mil reais),
provisoriamente arbitrado à causa.

Nos termos do Ofício nº 88/AGU e Portaria do Ministério da


Fazenda n. 176/2010, publicada no DOU de 23/2/2010 e alterações,
determina-se a intimação do INSS caso a condenação ultrapasse o valor
de R$20.000,00 (vinte mil reais).

A fim de evitar dilações no feito por conta de eventual


interposição de embargos declaratórios protelatórios, os quais ficam
sujeitos às penas previstas em lei, pontua-se, desde já, o
entendimento desta Magistrada no sentido de que o juiz não está
adstrito a fundamentar sua decisão citando, um a um, todos os
argumentos aduzidos na inicial e defesa. Ademais, a contrariedade da
parte quanto à conclusão sobre provas não pode ser solucionada em
sede de recurso horizontal, devendo ser dirigida a irresignação por

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meio de remédio processual adequado. Nada mais. Encerrou-se. Intimem-


se as partes.

Camaçari-BA, 21 de janeiro de 2018.

ANA CAROLINA MARCOS NERY SOUZA

JUÍZA DO TRABALHO

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