Você está na página 1de 18

Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo

Código de Processo Civil

OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBÊNCIAIS E O NOVO CÓDIGO


DE PROCESSO CIVIL
The attorney’s fees borne by defeated party and the new brazilian Civil Procedure Code
Revista de Processo | vol. 258/2016 | p. 61 - 83 | Ago / 2016
DTR\2016\22275

Anderson Cortez Mendes


Juiz de Direito. Mestrando em Direito Processual Civil na Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo. andersonmendes@usp.br

André Shinji Tokashiki


Escrevente técnico judiciário. andre.tokashiki@hotmail.com

Emílio Frederico Perilo Kühl


Assistente judiciário. Pós-graduando em Direito Civil na Escola Paulista da Magistratura.
efpk.sp@gmail.com

Área do Direito: Processual


Resumo: O presente artigo aborda a disciplina dos honorários advocatícios de
sucumbência, que foi alterada substancialmente no Código de Processo Civil de 2015.
Trata do seu conceito, da sua natureza, dos princípios incidentes e da sua casuística,
assim como dos critérios de sua fixação, mirando, sobretudo, na novidade insculpida no
seu art. 85, § 11, que consagra a possibilidade de majoração dos honorários em grau
recursal. Busca, então, concluir se o novo regramento vem ao encontro do interesse da
sociedade ou se sua estipulação foi movida, exclusivamente, no interesse da classe dos
advogados.

Palavras-chave: Honorários advocatícios de sucumbência - Novo CPC.


Abstract: The following research analyses the regulation of the attorney’s fees borne by
defeated party, which was considerably modified by the New Brazilian Code of Civil
Procedure. Overcoming the study of its concept, legal nature, principles, casuistry, and
criteria for fixing the due amount, the research emphasizes the novelty brought by the
article 85, § 11. The referred article authorizes the increase of the attorney’s fees by the
appellate instance. Finally, the research put together all the information provided and
tries to conclude if the above-mentioned stipulation benefits the society or if it was
implemented exclusively in attorney’s class interests.

Keywords: Attorney’s fees borne by defeated party - New Brazilian Civil Procedure
Code.
Sumário:

1Introdução - 2Honorários advocatícios - 3Honorários advocatícios em grau de recurso -


4Conclusão - 5Referências bibliográficas

1 Introdução

O novo Código de Processo Civil alterou substancialmente a disciplina dos honorários


advocatícios de sucumbência. A regulamentação antes expressa no art. 20 e nos seus
cinco parágrafos, agora, vem inserida no art. 85 e nos seus dezenove parágrafos.
Sobrevieram diversas novidades e alterações no regramento então vigente. Destaca-se,
sobretudo, a inovação trazida no art. 85, § 11, que impõe ao tribunal, ao julgar o
recurso, majorar os honorários fixados em primeiro grau de jurisdição.

Algumas questões sumuladas no seio do Superior Tribunal de Justiça foram positivadas,


muitas outras ganharam disciplina diversa daquela consolidada no órgão responsável
pela uniformização da interpretação do direito infraconstitucional federal. As novas
Página 1
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

regras aplicam-se, imediatamente, aos processos em curso, na linha do exposto pelo art.
14 e pelo art. 1.046, caput, que regulamentam, respectivamente, a eficácia da lei
processual em geral no tempo e, especificamente, a eficácia das normas insertas no
novel diploma.

O presente artigo tem por objetivo examinar a disciplina dos honorários advocatícios à
luz do novo Código de Processo Civil. Para tanto, procederá ao estudo do seu conceito,
da sua natureza, dos princípios incidentes e da casuística, assim como dos critérios de
sua fixação. A seguir, abordará os honorários de sucumbência em grau recursal. Por fim,
buscará concluir se o novo regramento vem ao encontro do interesse da sociedade ou se
sua estipulação foi movida, exclusivamente, no interesse da classe dos advogados.
2 Honorários advocatícios

2.1 Conceito e natureza

Os honorários advocatícios consistem na remuneração recebida pelos advogados.


Assumem duas espécies: contratuais e sucumbenciais, as quais não se confundem.

Os honorários advocatícios contratuais têm natureza de contraprestação. Decorrem,


portanto, do contrato firmado entre o advogado e aquele em favor do qual prestará seus
serviços. Podem, assim, ser livremente pactuados como corolário da autonomia da
1
vontade, inclusive por meio da estipulação de cláusula quotalícia, e, na ausência de
estipulação em contrário, segundo o art. 22, § 3.o, da Lei 8.906/1994, são devidos, um
terço no início da prestação do serviço, outro terço até a decisão de primeiro grau e o
restante ao final de todas as fases do processo, incluindo, se havida, a fase de
cumprimento de sentença. Na ausência de sua prévia estipulação ou posterior acordo
entre os contratantes, os serviços prestados pelo advogado não podem deixar,
evidentemente, de ser remunerados. Então, far-se-á necessário seu arbitramento em
processo judicial, como, aliás, deixa claro o art. 22, § 2.o, da Lei 8.906/1994,
estabelecendo, ainda, como piso o importe estabelecido em tabela organizada pelo
conselho seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.

Os honorários advocatícios de sucumbência, por sua vez, têm natureza de efeito oriundo
da lei, de natureza material, que impõe àquele vencido em sua pretensão, ainda que
2
parcialmente, já que não mais admitida compensação (art. 85, § 14), a obrigação de
3 4
pagar ao advogado da parte contrária. Independe de pedido expresso das partes. Toda
5
a sentença, na generalidade dos processos de conhecimento e cautelar, deve ostentar
6
um capítulo regulando o custeio do processo, incluindo os honorários sucumbenciais,
7
ainda que conclua pela ausência de sua atribuição a qualquer das partes. Atuando o
advogado em prol de um das partes ou em causa própria, entendeu o legislador fazer o
profissional jus ao pagamento em seu favor de montante em dinheiro pela parte que
8
venha restar vencida no desfecho do processo judicial. Não têm os honorários
advocatícios de sucumbência de natureza contratual, não correspondendo à
contraprestação pelo trabalho desempenhado, atuando, em verdade, o profissional
contra o vencido. Tampouco se consubstanciam em indenização por responsabilidade
civil do vencido, o qual, aliás, age no exercício regular de um direito de deduzir sua
pretensão em juízo ou de se opor à pretensão contra si exercida.

Com o advento da Lei 8.906/1994, os honorários advocatícios sucumbenciais perderam


sua índole de ressarcimento pelo vencido do vencedor em razão dos gastos que suportou
9
com a contratação de advogado, via de regra, indispensável ao exercício de uma
10
pretensão em juízo. De fato, dizia o art. 20 do Código de Processo Civil de 1973 que a
“sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor” os honorários advocatícios, não ao
seu patrono. Entretanto, seus claros termos não mais subsistiam frente ao disposto pelo
art. 23 da Lei 8.906/1994, segundo o qual os “honorários incluídos na condenação, por
11
arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado”. Agora, se ainda havia quem
debatia a natureza dos honorários advocatícios de sucumbência, o art. 85, § 14, do novo
Código de Processo Civil estanca qualquer dúvida a respeito ao proclamar que os
Página 2
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

“honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos


privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho”.

Com caráter alimentar, a impenhorabilidade de vencimentos, subsídios, soldos, salários,


remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios, quantias
recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
família, ganhos de trabalhador autônomo e honorários de profissional liberal, tampouco
da quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de quarenta salários
mínimos, pode ser levantada contra o pagamento dos honorários advocatícios, como se
12
extrai do art. 833, § 2.o Obviamente, há que se preservar a dignidade do devedor e de
sua família, o que, ordinariamente, admitirá a constrição de 1/3 das verbas arroladas
13
pelo inciso IV do dispositivo. O numerário poupado, porém, deve ser empregado
integralmente na satisfação do advogado tanto quanto de qualquer outro credor
alimentar.

Os honorários de sucumbência podem ser objeto de execução nos próprios autos do


processo em que arbitrados em favor do advogado, conjuntamente com o crédito de seu
14
cliente, em conformidade ao art. 24, § 1.o, da Lei 8.906/1994. Há legitimidade
concorrente para a execução dos honorários pela parte, pelo advogado e, agora, com o
art. 85, § 15, pela sociedade de advogados, desde que conste expressamente na
15
procuração outorgada ou ostente anuência dos advogados titulares do direito, embora
16
por meio de prévia cessão. Ostentando a titularidade do direito, que não se confunde
com aquele reconhecido em favor da parte que patrocina, a transação, nos moldes do
art. 840 do Código Civil (LGL\2002\400), somente pode ser levada a efeito pelo próprio
17
advogado, o que deixa extreme de dúvidas o art. 24, § 4.o, da Lei 8.906/1994. Pela
mesma razão, inadmissível a compensação do crédito do advogado com o débito de seu
cliente para com o adversário, vez que os integrantes dos polos da relação jurídica de
direito material não se identificam, afastando a aplicação do art. 368 do Código Civil
(LGL\2002\400). Como corolário da sua qualidade de direito autônomo ao da parte que
patrocina, conquanto o recurso seja interposto em nome desta, quando pretende,
exclusivamente, a fixação ou majoração da verba honorária em seu favor, ao advogado
compete o recolhimento do preparo. Nessa mesma ordem de ideias, a assistência
judiciária outorgada em favor do seu constituinte não se lhe aproveita, competindo ao
advogado, se o caso, comprovar que se enquadra na situação definida pelo art. 5.o,
18
inciso LXXIV, da Constituição Federal e pela Lei 1.060/1950.

Agora, com o advento do art. 85, § 18, omissa a decisão transitada em julgado acerca
da fixação dos honorários de sucumbência, o advogado tem direito autônomo de ação
19
para o exercício da pretensão de sua apuração e cobrança. Antes era necessário
expresso pronunciamento judicial, ficando obstado ao advogado do vencedor executar o
20
vencido pelos honorários advocatícios, sob o fundamento de condenação implícita.
Cuidando-se, no entanto, de mera majoração, mas não a instituição de verba autômona,
olvidada a exasperação quando do julgamento do recurso interposto, é defeso após o
21
trânsito em julgado ao advogado postular valor suplementar em nova ação.

A assistência judiciária, agora nominada gratuidade da justiça, não elide a condenação


ao pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono do vencedor. Entretanto,
a condenação fica com sua execução suspensa por até cinco anos, contados do trânsito
em julgado, extinguindo-se então, ressalvada a comprovação de que o vencido não mais
padece da situação de insuficiência de recursos que propiciou a outorga da benesse em
seu favor. A disciplina tem previsão no art. 98, §§ 2.o e 3.o. Vencedora a parte que goza
da gratuidade da justiça, os honorários são devidos, sem qualquer condição, ao seu
22
patrono.

A pretensão de execução dos honorários de sucumbência tem prazo prescricional de


cinco anos, como se extrai do art. 25, caput, da Lei 8.906/1994, contados do trânsito em
julgado da decisão que os fixou, segundo a letra do inciso II do mesmo dispositivo legal.
O entendimento é consagrado na Súmula 150 do Supremo Tribunal Federal, segundo a
qual “prescreve a execução no mesmo prazo da prescrição da ação”. Logo, não seguemPágina 3
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

os honorários de sucumbência a mesma disciplina da prescrição que regula a pretensão


executiva de seu cliente, seja o prazo para o exercício desta maior ou menor.
2.2 Princípios incidentes e casuística na fixação dos honorários sucumbenciais

A fixação dos honorários sucumbenciais observa a duas regras, normalmente taxadas


pela doutrina de princípios: sucumbência e causalidade. Segundo a sucumbência,
havendo resistência à pretensão exercida, a parte que restou vencida deve pagar
23
honorários em favor do advogado da parte adversa. De seu turno, pela causalidade, na
ausência de resistência, a parte que deu causa à instauração do processo paga os
honorários devidos ao patrono do adversário.

A sucumbência é aferida objetivamente, isto é, não se exige perquirir da existência de


24
culpa do vencido. Incorrendo em litigância de má-fé o vencedor, o direito de seu
patrono auferir honorários não é afetado, sem prejuízo da aplicação das sanções
25
processuais em desfavor do representado. Não se exige o sucesso integral, com o
acolhimento ou rejeição de todos os pedidos, bastando que o decaimento do adversário
seja substancial para que seja obrigado a pagar os honorários (art. 86, parágrafo único).
Ocupando mais de um vencido o polo da relação processual, todos respondem, com base
no art. 87, caput, na proporção de sua sucumbência, pelo pagamento dos honorários
advocatícios, que deve estar expressa na sentença ou se presumirá a solidariedade,
como exposto nos §§ 1.o e2.o do art. 87. Vencido o assistindo, o assistente responde
pelos honorários advocatícios na proporção de sua participação no processo, segundo o
art. 94.
26
A sucumbência prepondera sobre a causalidade. A questão é de lógica. Se há
resistência, todas as partes deram causa ao processo, uma vez que não acordaram na
composição de seus direitos e obrigações. O renitente perdedor, por conseguinte, deve
suportar o pagamento dos honorários. De fato, a regra principal consubstanciada na
sucumbência está inserida no caput do art. 85 do novo Código de Processo Civil, ao falar
de “vencido” e “vencedor”, o que só faz sentido ao se pressupor resistência. Concordes
os litigantes acerca da regulação de seus direitos e obrigações, não se pode falar em
vencedor e vencido, a despeito da tutela jurisdicional vir a ser outorgada a um deles. Na
ausência de resistência, então deverá se perquirir quem provocou a instauração do
processo. Assim sendo, em que pese acolhida sua pretensão, a parte pode vir a ser
27
obrigada ao pagamento de honorários. A causalidade, pois, é regra acessória. Logo, só
28
há de se aplicar quando inaplicável a regra principal.

Nessa esteira, em caso de indeferimento petição inicial ou de extinção do processo, sem


resolução de mérito, já tendo sido triangularizada a relação processual, com a integração
do réu, devidamente representado por advogado, o autor deve pagar honorários a este.
Revel o réu e não tendo constituído advogado, resultando vencedor do processo,
honorários advocatícios não são devidos pelo autor. Nesta hipótese, revestindo-se da
natureza de efeito da lei a ensejar a remuneração do advogado, a ausência de sua
constituição no processo torna inviável a fixação da verba.

Ensejam, ainda, a fixação de honorários o julgamento da reconvenção, a instauração da


29
fase de cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, e o início do processo de
execução fundado em título executivo extrajudicial, ofertando, ou não, resistência a
parte executada. A liquidação do julgado, tratando-se de fase inerente à prolação de
sentença condenatória ilíquida e não ostentando proveito econômico, não gera direito ao
30
advogado do seu requerente de auferir honorários.

A reconvenção, pois, gera direito autônomo à percepção de honorários. Assim sendo,


tanto quanto a decisão da demanda inicial e a decisão da demanda reconvencional, os
honorários advocatícios correspondentes originam dois capítulos diversos de mérito na
31
sentença, cada qual tendo por base de cálculo a respectiva condenação, proveito
econômico ou valor da causa.

Na fase de cumprimento de sentença, o art. 523, § 1.o, afasta qualquer dúvida acerca
Página 4
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

do cabimento de honorários advocatícios ao patrono do exequente, após o decurso do


prazo de quinze dias para pagamento espontâneo previsto em seu caput. Diz o seu § 2.o
que são os honorários devidos no importe de 10% sobre o débito exequendo
inadimplido, ou seja, havendo pagamento parcial, terão como base de cálculo o
montante remanescente. A despeito da ausência de variação do seu percentual, salutar
a indicação da sua incidência quando da intimação do executado para cumprir a
sentença, em conjunto com a multa de 10%, a fim de aclarar as consequências da
persistência do inadimplemento da obrigação que lhe foi imposta na fase de
conhecimento. Provisório ou definitivo o cumprimento de sentença, a disciplina dos
honorários é idêntica à luz do art. 520, caput. Anulada ou modificada a sentença no seu
cumprimento provisório, como se depreende dos incisos II e III do dispositivo, na
medida da alteração, fica sem efeito a execução e, portanto, os honorários advocatícios
32
arbitrados, sem que surja ao patrono do executado direito a sua percepção.
33
O sucesso da impugnação, ainda que parcial, gera direito à verba honorária para o
patrono do executado e, por conseguinte, suprime ou reduz aquela do patrono do
34
exequente. A rejeição da impugnação não altera a disciplina dos honorários, porquanto
já houve sua fixação ao patrono do exequente depois de expirado o prazo para
35
pagamento espontâneo. Há que se ressalvar, no entanto, a hipótese de sucessão de
incidentes infundados provocados pelo executado, desencadeando maior necessidade de
atuação do advogado do exequente do que aquela ordinariamente prevista e tomada em
conta quando da fixação da verba honorária no início da fase de cumprimento de
sentença, a exigir sua majoração sempre adstrita ao teto legal de 20% sobre o valor do
débito exequendo, que se trata do proveito econômico inerente ao exercício da
36
pretensão executiva, aplicando-se analogicamente o art. 827, § 2.o.

No processo de execução fundado em título executivo extrajudicial, os honorários são


fixados no seu início, sempre no importe de 10% sobre o débito exequendo (art. 827,
caput), remunerando o advogado pelos atos de constrição judicial voltados à satisfação
da parte exequente, conquanto o executado contra a pretensão executiva não se
oponha, seja por meio da ação autônoma de embargos à execução, seja se defendendo
no bojo dos próprios autos. Pago o débito integralmente no prazo de três dias, os
honorários são reduzidos pela metade (art. 827, § 1.o). Em que pese não opostos
embargos à execução, a provocação de inúmeros incidentes pelo executado, a
ultrapassar o que ordinariamente previu o legislador, permite ao final do procedimento a
majoração do percentual dos honorários do advogado da parte adversa para até 20%
(art. 827, § 2.o).

O julgamento dos embargos à execução implica na estipulação de honorários ao


advogado do vencedor, que, em se tratando do embargante e resultando na extinção da
execução, elidem os honorários fixados em favor do advogado do embargado no
processo de execução. De fato, mal sucedido o exercício da pretensão executiva, sob
qualquer aspecto se justifica remunere o executado o patrono do exequente. Os
honorários advocatícios em desfavor do executado, tomando-se em conta o processo de
execução e os embargos, não podem suplantar 20% do débito exequendo (art. 827, §
2.o).

Na hipótese de vencedor no julgamento dos embargos à execução o embargado, deve se


dar a execução dos honorários, necessariamente, em conjunto com o débito exequendo
37
no processo principal, o que se sucede, igualmente, nas fases de cumprimento de
sentença com os honorários do advogado do exequente. Se o advogado, por qualquer
motivo, não executou seus honorários em conjunto com a parte, pode acrescer seu
crédito ao do seu cliente posteriormente. Extinta a fase de cumprimento de sentença ou
o processo de execução fundado em título executivo extrajudicial, no entanto, deve
instaurar novo processo, obviamente, arcando com o adiantamento da correspondente
taxa judiciária.

Na hipótese de perda do objeto do processo, quem deu causa à sua instauração deve
suportar o pagamento de honorários advocatícios, segundo a regra do § 10 do art.Página
85 do 5
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

novo Código de Processo Civil. Entretanto, se com a perda do objeto, não é possível a
identificação de quem deu causa ao processo, não há que se falar na fixação de
honorários sucumbenciais para quaisquer dos advogados das partes, os quais,
obviamente, mantêm o direito de percepção dos honorários contratualmente pactuados.
38
A solução a ser adotada é idêntica nos procedimentos de jurisdição voluntária e nos
39
processos necessários para a regulação dos direitos e obrigações das partes, quando
40
não há oferta de resistência. Do mesmo modo, indevidos os honorários na fase de
cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que não tenha sido impugnada, uma
vez que vedado o pagamento espontâneo, o que deixa extreme de dúvidas o art. 85, §
7.o, sendo necessária a observância do regramento insculpido no art. 100 da
Constituição Federal.

Nas hipóteses de desistência da ação, renúncia ao direito ou reconhecimento do pedido,


embora parcial, o art. 90 diz que a parte que desistiu, renunciou ou reconheceu arca
com os honorários do advogado do adversário na proporção do seu ato. O
reconhecimento do pedido cumulado com a imediata satisfação do titular do direito
implica na redução dos honorários advocatícios pela metade, na linha do § 4.o do
dispositivo.

Pode-se concluir, portanto, que a sucumbência e a causalidade não resolvem todas as


41
questões afetas à fixação dos honorários sucumbenciais. Quando inevitável o processo
ou impossível a constatação de quem deu causa à sua instauração, não são devidos
honorários de sucumbência aos advogados que intervieram no seu bojo. Do contrário, se
instaurará situação de injustiça para com uma das partes com o que o direito não se
compraz. Evidentemente, o advogado não ficará sem remuneração, uma vez que terá
garantido o recebimento dos seus honorários contratuais.
2.3 Critérios de fixação dos honorários sucumbenciais

Cuidando-se de sentença de improcedência ou procedência e, assim, condenatória


líquida ou ilíquida, constitutiva ou declaratória, ou, ainda, de sentença terminativa,
extinguindo o processo sem resolução de mérito, imperativo o arbitramento de
honorários de sucumbência. O novo Código de Processo Civil, para todas as hipóteses
42
não regulamentadas em lei específica, traz percentual e base de cálculo que devem ser
estritamente observados na sua fixação, como se constata do art. 85, §§ 2.o e 6.o.
Todavia, não só nas sentenças os honorários sucumbenciais comportam fixação. De fato,
decisões interlocutórias que retratam hipóteses do art. 485 e do art. 487, também
exigem que o juiz fixe honorários ao advogado da parte ainda que parcialmente
vencedora, na proporção do seu sucesso, o que, evidentemente, engloba as decisões
43
parciais de mérito do art. 356.

A fixação dos honorários de sucumbência deve observar o importe entre 10% e 20%
sobre, em ordem de preferência, o valor da condenação, ou do proveito econômico
44
obtido ou, na impossibilidade de se aferi-lo, da causa. Não observados os percentuais
ou a base de cálculo impostos pela lei, submetem-se os honorários advocatícios a
controle do Superior Tribunal de Justiça, dando-se a redução da aplicação da sua Súmula
45
7 nesta seara. O critério legal não comporta derrogação por disposição contratual entre
as partes que pré-fixe o montante dos honorários de sucumbência em caso de futuro
46
litigo. O art. 85, § 9.o, manda que, nas demandas voltadas à indenização por ato ilícito
praticado contra pessoa, o que se deve entender por física ou jurídica, que envolvam o
pagamento de prestações futuras, por ocasião da formação da base de cálculo dos
honorários advocatícios, deve se somar doze prestações vincendas ao montante atingido
pelas prestações vencidas até a prolação da sentença. Obviamente, caso inferior a doze,
o número de prestações vincendas deve ser observado. Afora esta exceção legal, o valor
da condenação ou proveito econômico que serve de base de cálculo à fixação dos
47
honorários advocatícios é o pretérito e o atual, nunca o futuro. Em caso de alegação de
ilegitimidade passiva ad causam, instado pelo juiz em quinze dias, o autor pode emendar
sua petição inicial, para a substituição do réu, arcando com as despesas e pagando os
honorários do procurador do substituído, que serão fixados entre 3% e 5% do valor Páginada
6
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

causa ou, se irrisório, com aqueles arbitrados nos termos do art. 85, § 8.o.

No estabelecimento do montante devido, deve-se tomar em conta, em conformidade aos


48
incisos do dispositivo, o grau de zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a
natureza e a importância da causa; o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço. A única possibilidade de arbitramento judicial desprovido de
parâmetros objetivos verifica-se nos processos em que for inestimável ou irrisória a
condenação, assim como caso o proveito econômico ou o valor da causa forem muito
49
baixos, na letra do art. 85, § 8.o. Nesses casos, o juiz fixará o valor dos honorários por
apreciação equitativa, à luz disposto pelo art. 85, § 2.o, vedado, porém, o emprego do
50 51
salário mínimo como critério (art. 7o, inc. IV, da Constituição Federal). Não há piso,
devendo, no entanto, o juiz sempre se atentar ao seu arbitramento em dimensão
condigna ao trabalho exercido pelo advogado.

Nos processos em que a Fazenda Pública é parte, na esteira do art. 85, §§ 3.o e 4.o,
inciso III, o percentual dos honorários altera-se segundo o relevo do valor da
condenação, do proveito econômico ou da causa, o qual deve ser apurado, se ilíquida a
sentença, por ocasião de sua liquidação, segundo o § 4.o , inciso II, do dispositivo legal.
Assim, varia de 10% a 20% até duzentos salários mínimos; de 8% a 10% acima de
duzentos salários mínimos até dois mil salários mínimos; de 5% a 8% acima de dois mil
salários mínimos até vinte mil salários mínimos; de 3% a 5% acima de vinte mil salários
mínimos até cem mil salários mínimos; de 1% a 3% acima de cem mil salários mínimos.
O salário mínimo a considerar é aquele vigente quando da prolação da sentença líquida
ou da decisão que vem a liquidá-la, consoante ao § 4.o, inciso IV, do dispositivo legal. O
§ 5.o impõe que a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e,
52
naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente.

Quando do seu arbitramento em valor fixo, os juros moratórios incidentes sobre os


honorários advocatícios têm como termo a quo o trânsito em julgado, como se
depreende do § 16 do art. 85, ao passo que a correção monetária flui a partir da data da
decisão que os estabeleceu. Se a base de cálculo for o valor da causa, os honorários
53
devem ser corrigidos monetariamente desde a data do ajuizamento da ação, enquanto
54
os juros de mora ostentam como termo inicial, igualmente, o trânsito em julgado. Caso
tenham como base de cálculo o valor da condenação, os honorários seguem as regras de
juros moratórios e correção monetária do débito exequendo, incidindo o percentual
fixado quando da sua apuração. Mais razoável seria, porém, na disciplina da mora, o
estabelecimento pelo legislador da incidência de juros na execução provisória dos
honorários advocatícios, com sua aplicação após o desfecho do prazo para pagamento
espontâneo. Evitando incidentes na fase de seu cumprimento, a sentença, no capítulo
que dispõe sobre o custeio do processo, deve expressamente disciplinar a correção
monetária e os juros de mora que se aplicam sobre à custa de despesas processuais e
honorários advocatícios, como, aliás, impõe o art. 491, caput.
3 Honorários advocatícios em grau de recurso

Em conformidade ao art. 85, § 11, o “tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários


fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal,
observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2.o a 6.o, sendo vedado ao tribunal, no
cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar
os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2.o e 3.o para a fase de conhecimento”.

Agora, por conseguinte, o sistema processual estabelece o dever de majoração dos


honorários advocatícios arbitrados quando do julgamento de recurso,
55
independentemente de se tratar de decisão colegiada ou monocrática, unânime ou
majoritária. Empregando o legislador a expressão “majorará”, resta extreme de dúvidas
que a elevação dos honorários não é mera faculdade, mas dever do órgão julgador, em
segundo grau jurisdição e nos tribunais de sobreposição. Contudo, sua consumação não
se verifica na totalidade dos casos em que interposto recurso.
Página 7
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

Há que se fixar, como premissa, que a razão que dá substrato ao art. 85, § 11, do
Código de Processo Civil de 2015 é apenar o recorrente que, sem fundamento, vem a
56
interpor recurso diante da decisão contra si proferida. Não se sustenta, pois, a tese de
que a fixação de honorários tem por esteio a remuneração dos serviços exercidos pelos
57
advogados constituídos no processo. Ora, o advogado do vencedor não atua em favor
do vencido, não lhe podendo exigir qualquer contraprestação. Ao contrário, age em
contraposição ao interesse da parte adversa ao seu constituinte. Evidentemente, faz jus
a uma contraprestação pelo exercício do mandato, mas esta corresponde aos honorários
contratualmente devidos pelo seu mandante. Honorários advocatícios sucumbenciais,
como efeitos produzidos pela lei, observam, estritamente, a disciplina por ela
estabelecida, não comportando exegese ampliativa.

Logo, como se almeja apenar quem se vale infundadamente de um recurso, incabível a


majoração no reexame necessário, que não depende da vontade da parte, no caso, da
Fazenda Pública, e, assim, não ostenta natureza recursal. Parcial a apelação, os capítulos
não impugnados da sentença são devolvidos ao tribunal por conta da remessa
necessária. Nessa linha de ideias, não bastasse a letra do § 2.o, o § 1.o do art. 496 deve
ser lido em consonância ao caput, no sentido de que todos os capítulos das sentenças
retratadas nos seus incisos I e II, que não se enquadrem nas exceções dos §§ 3.o e 4.o,
sujeitam-se ao duplo grau de jurisdição. O que torna desnecessária a apelação parcial é
a remessa dos autos de ofício pelo julgador de primeiro grau ou sua avocação pelo
presidente do tribunal respectivo.

Os honorários advocatícios fixados em grau de recurso não se tratam de verba


autônoma, mas de mero acréscimo àqueles devidos pelo vencido em sua pretensão em
favor dos advogados da parte adversa. Com a adoção do verbo “majorar”, claro o
intento do legislador de que não se trata do arbitramento de nova verba. Assim, não
merecem fixação os honorários em todos os recursos, mas tão-somente naqueles que
impugnam decisões que tem por conteúdo uma das situações do art. 485 ou do art. 487.
58
Em consequência, não há que se falar em majoração de honorários em agravos ou
59
embargos de declaração. Excepcionalmente, o julgamento do agravo pode resultar na
extinção do processo ou exclusão de litisconsorte, contudo, a verba honorária não será
majorada, sim, arbitrada inicialmente, o que, aliás, já ocorria na vigência do Código de
60
Processo Civil de 1973.

Recorrendo aquele que restou substancialmente vencedor (art. 86, parágrafo único), não
há que se falar em majoração de honorários em desfavor do advogado da parte adversa.
61
Do mesmo modo, a elevação do montante fixado quando da prolação da sentença
deve se realizar somente em desfavor do recorrente que não teve conhecido seu recurso
62
ou restou integralmente vencido na sua pretensão recursal. Se o recurso ostentava
63
parcial fundamento, não há razão a sancionar aquele que dele se utilizou. Caso
vencedor o recorrente no processo, a verba sucumbencial será fixada em caráter inicial,
claro, tendo em vista o trabalho desenvolvido pelo seu advogado em ambos os graus de
jurisdição. Assim sendo, não fixa o tribunal duas verbas honorárias autônomas, uma
pelo trabalho desenvolvido em primeiro grau e outra por aquele desempenhado na
64
instância recursal.

O tribunal fica adstrito ao montante máximo cabível para arbitramento dos honorários na
fase de conhecimento. O teto de 20% não se estende à fase de cumprimento da
sentença que, instaurada por conta da ausência do adimplemento da obrigação retratada
65
no julgado, dá ensejo, aí sim, a fixação de verba honorária autônoma. Destarte, o
percentual dos honorários advocatícios não pode suplantar 20% sobre, em ordem de
preferência, o valor da condenação, o proveito econômico obtido e o valor da causa
66
atualizado (art. 85, § 2.o). Caso já fixados em seu importe máximo, a negativa de
provimento ao recurso não resultará em majoração. Nos processos em que inestimável
ou irrisório o proveito econômico ou quando o valor da causa for muito baixo, os
honorários já arbitrados em valor fixo serão sempre elevados.

A majoração de honorários para a hipótese de negação de provimento ao recurso, não


Página 8
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

implica em restrição ao duplo grau de jurisdição. A via de acesso aos tribunais


permanece aberta e sequer vem a ser condicionada. Há mera aplicação de sanção
àquele que interpõe recurso infundado, postergando o desfecho do trâmite processual.
Raciocínio inverso levaria à conclusão de que os honorários arbitrados em primeiro grau
em desfavor do vencido restringiriam o acesso à justiça.

O acréscimo dos honorários devidos pelo recorrente integralmente vencido não implica
em reformatio in peius. Efeito da lei não tem como consequência a piora da situação do
recorrente à luz da sua pretensão. Produz em seu desfavor um resultado prático
desvantajoso, entretanto, se acolhida esta concepção de reformatio in peius, há que se
concluir pela sua expressa permissão legal.

Não obstante, a majoração deve guardar relação de proporcionalidade com a


condenação ao pagamento de honorários, objeto da decisão a quo. De fato, inexistindo
recurso contra o capítulo que fixa os ônus de sucumbência, os parâmetros de fixação dos
honorários em primeiro grau de jurisdição não podem ser alterados, comportando
majoração o montante em razão tão-somente do trabalho desenvolvido pela interposição
do recurso. Destarte, a elevação deve guardar relação de grandeza com o valor e
trabalho despenhados anteriormente. Isto é, o grau de zelo do profissional, o lugar de
prestação do serviço, a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo
advogado e o tempo exigido para o seu serviço considerados em primeiro grau apenas
podem suportar alteração se houve a interposição do recurso com a finalidade especifica
de impugná-los, pleiteando a reforma do capítulo da decisão que arbitrou originalmente
os honorários advocatícios. Ao revés, haverá reformatio in peius, o que não admite o
sistema recursal.

A fim de cumprir o objetivo da norma insculpida no art. 85, § 1.o, do novo Código de
Processo Civil, como regra, o percentual dos honorários advocatícios fixados em primeiro
grau de jurisdição deve limitar-se a 10%, merecendo majoração de 5% quando da
tentativa de reforma mal sucedida no tribunal local e de 2,5%, sucessivamente, nos
tribunais superiores. Ou seja, a negativa de provimento da apelação, do recurso especial
ou do recurso extraordinário, acrescerá, respectivamente, 5%, 2,5% e 2,5%. A oposição
de embargos de divergência é excepcional, entretanto, se interpostos o importe de 2,5%
cuidaria de elevação proporcional ao trabalho desempenhado. Percentual maior somente
teria arbitramento indicado quando o montante que resultar da sua aplicação à base de
cálculo não se mostrar suficiente a remunerar dignamente o advogado.

O grau da ausência de fundamento do recurso interposto ou seu caráter eminentemente


protelatório não interferem no arbitramento do quantum da majoração, que deve se
ater, exclusivamente, ao grau de zelo do profissional, ao lugar de prestação do serviço, à
natureza e à importância da causa e ao trabalho realizado pelo advogado e ao tempo
exigido para o seu serviço (art. 85, §§ 2.o e 11). Definitivamente, a postergação do fim
do processo, por meio da interposição de recurso manifestamente infundado, deve fazer
incidir a pena respectiva, a qual não se confunde com a elevação dos honorários em
grau recursal, mas com estes se cumula como qualquer outra sanção processual
aplicada em desfavor da parte (art. 85, § 12).

Titular do direito ao recebimento dos honorários, o advogado que recorre, embora


adesivamente, para majorar aqueles fixados e não obtém sucesso, torna-se devedor de
honorários em favor dos patronos da parte contrária ao seu constituinte. Em nenhuma
hipótese, admite-se a transferência da responsabilidade pelo pagamento à parte que
patrocinava.
4 Conclusão

Os honorários advocatícios de sucumbência consistem na remuneração devida ao


advogado da parte vencedora pela vencida em sua pretensão exercida em juízo, ainda
que parcialmente. Tem a natureza de efeito oriundo da lei, não de contraprestação por
um serviço prestado ou indenização por responsabilidade civil. São de titularidade
Páginado
9
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

advogado que atuou no processo e, assim, a transação realizada exclusivamente pelas


partes não tem o condão de abarcá-los. Ostentam caráter alimentar, de modo que, na
sua execução, a impenhorabilidade dos bens do executado limita-se a 2/3 de seus
vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria,
pensões, pecúlios e montepios, quantias recebidas por liberalidade de terceiro e
destinadas ao seu sustento e de sua família.

A fixação dos honorários sucumbenciais observa as regras da sucumbência e da


causalidade. A sucumbência impõe, havendo resistência à pretensão exercida, que a
parte que restou vencida deve pagar honorários em favor do advogado da vencedora. Na
ausência de resistência, a causalidade obriga a parte que deu causa à instauração do
processo que pague os honorários devidos ao patrono da adversária. A causalidade é
regra acessória, somente prevalecendo quando inaplicável a regra da sucumbência.
Contudo, como se constata da casuística analisada no decorrer do presente estudo, a
sucumbência e a causalidade não resolvem todas as questões afetas à fixação dos
honorários sucumbenciais, concluindo-se que, quando inevitável o processo ou
impossível a constatação de quem deu causa à sua instauração, não são devidos
honorários de sucumbência aos advogados das partes.

Devem ser arbitrados honorários advocatícios nas sentenças de procedência,


improcedência e terminativas nas ações de conhecimento e cautelar; nas decisões
interlocutórias que retratam hipóteses do art. 485 e do art. 487; na instauração da fase
de cumprimento de sentença, provisório ou definitivo; e no início do processo de
execução fundado em título executivo extrajudicial, ofertando, ou não, resistência a
parte executada. Seu percentual e sua base de cálculo devem observar, estritamente, o
art. 85, §§ 2.o e 6.o. Logo, devem alcançar o importe entre 10% e 20% sobre, em
ordem de preferência, o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, na
impossibilidade de se aferi-lo, da causa, englobando a reconvenção eventualmente
objeto de julgamento. De seu turno, nas demandas voltadas à indenização por ato ilícito,
praticado contra pessoa que, envolvam o pagamento de prestações futuras, por ocasião
da formação da base de cálculo dos honorários advocatícios, deve se somar doze
prestações vincendas ao montante atingido pelas prestações vencidas até a prolação da
sentença. O arbitramento judicial desprovido de parâmetros objetivos limita-se às
hipóteses em que inestimável ou irrisória a condenação, ou diminutos o proveito
econômico ou o valor da causa.

Entre as principais novidades trazidas pelo Código de Processo Civil de 2015, no que
toca aos honorários sucumbenciais, é permitida a execução dos honorários pela
sociedade de advogados, contanto anuente o advogado que patrocinou a parte
vencedora. Caso omissa a sentença revestida do manto da coisa julgada material sobre
a fixação dos honorários de sucumbência, o advogado tem direito autônomo de ação
para o exercício da pretensão de sua apuração e cobrança. Cuidando-se de vários
vencidos, na ausência de fixação do percentual de sua sucumbência, todos respondem,
solidariamente, pelo pagamento dos honorários.

A mais significativa alteração introduzida, entretanto, corresponde à imposição de


majoração dos honorários advocatícios arbitrados quando do julgamento de recurso, que
fica circunscrita ao montante máximo cabível para arbitramento dos honorários na fase
de conhecimento, o que não limita o duplo grau de jurisdição, tampouco implica em
reformatio in peius. Almeja o sistema processual apenar o recorrente que, sem
fundamento, vem a interpor recurso diante da decisão contra si proferida, não,
evidentemente, remunerar os serviços exercidos pelos advogados constituídos no
processo. Portanto, os honorários advocatícios recursais não se tratam de verba
autônoma, mas de mero acréscimo àqueles devidos pelo vencido em sua pretensão em
favor dos advogados da parte adversa. Aplicam-se, pois, somente aos recursos que
impugnam decisões que têm por conteúdo uma das situações do retratadas no art. 485
ou no art. 487, o que afasta sua incidência em agravos ou embargos de declaração. No
mesmo diapasão, a exasperação da verba honorária restringe-se ao recorrente que não
Página 10
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

teve conhecido seu recurso ou restou integralmente vencido na sua pretensão recursal.

Com efeito, o exercício da advocacia é reconhecido constitucionalmente, no art. 133,


como essencial à administração da justiça. A afirmação constitucional não é retórica,
gerando aos advogados direitos e, sobretudo, obrigações. Estando entre os seus direitos
os honorários de sucumbência, o Código de Processo Civil de 2015 não é módico em
garanti-los, em larga extensão, aos advogados. De fato, atendeu o legislador, sem
parcimônia, aos reclamos da classe.

Não obstante, as modificações introduzidas pelo novo diploma, sobretudo, a


possibilidade de majoração dos honorários de sucumbência em grau recursal, tendem a
desestimular a litigiosidade, ou ao menos, o número de irresignações recursais, tornando
ainda mais oneroso o custeio do processo por aquele que não tem razão, opondo-se
infundadamente contra uma pretensão legítima. Constata-se que, resistindo na fase de
conhecimento e na fase de cumprimento da sentença, o vencido poderá arcar com
acréscimo de até 40% do proveito auferido pelo vencedor em favor do advogado deste.

Logo, pode-se concluir que, em matéria de honorários advocatícios sucumbenciais, as


disposições do Código de Processo Civil de 2015 mostram-se consentâneas não só ao
interesse da classe dos advogados, mas sim de toda a sociedade.
5 Referências bibliográficas

BARBOSA MOREIRA, José Carlos, Ações cumuladas. Necessidade de julgamento explícito


de todas. Temas de direito processual, 2. série. 2. ed. São Paulo, Saraiva, 1988.

CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. 4. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011.

CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil.
Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015.

_____. Os honorários de sucumbência recursal no novo CPC (LGL\2015\1656). Novas


tendências do processo civil, estudos sobre o projeto do novo Código de Processo Civil.
Alexandre Freire et al. (organizadores). Salvador: Jus Podium, 2013.

CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e prática dos juizados especiais cíveis. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Capítulos de sentença. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2009.

JORGE, Flávio Cheim. Os honorários advocatícios e o novo CPC (LGL\2015\1656): a


sucumbência recursal. Disponível
[www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI220863,11049-Os+honorarios+advocaticios+e+o+novo+CPC
(LGL\2015\1656)+A+sucumbencia+recursal]. Acessado em: 01.06.2015.

LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Honorários no novo Código de Processo Civil e as
Súmulas do Superior Tribunal de Justiça. Honorários Advocatícios. Marcus Vinícius
Furtado Coêlho, Luiz Henrique Volpe Camargo (coordenadores), Editora Jus Podium,
2015.

MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 20. ed. Rio de Janeiro:


Forense, 2011.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei no 13.105/2015.
São Paulo: Método, 2015.

SICA, Heitor Vitor Mendonça. O advogado e os honorários sucumbenciais no novo CPC


(LGL\2015\1656). Disponível
[www.academia.edu/17570016/2015_-_O_advogado_e_os_honor%C3%A1rios_sucumbenciais_no_novo
Acessado em: 15.01.2016.

THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil, v. I. Rio de Janeiro:


Página 11
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

Forense, 2010.

TJÄDER, Ricardo Luiz da Costa. Cumulação eventual de pedidos. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 1998.

1 Sem embargo da validade da participação do advogado no proveito econômico


auferido pelo seu constituinte, o percentual estabelecido contratualmente não pode ser
abusivo, por conta da sua desproporcionalidade ao serviço prestado, impondo, se o caso,
sua redução aos limites do razoável (cf. CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. 4.
ed. São Paulo: Ed. RT, 2011, p. 308).

2 Cai por terra a primeira parte da Súmula 306 do Superior Tribunal de Justiça, que se
fundava no art. 21, caput, do Código de Processo Civil de 1973 (“Os honorários
advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca,
assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a
legitimidade da própria parte”).

3 O art. 23 do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil veio a retirar a natureza de


ressarcimento ao vencedor dos honorários advocatícios de sucumbência. Os valores
pagos ao seu advogado continuam comportando, obviamente, indenização, em
consonância ao art. 398 combinado com o art. 389 e com o art. 404, caput, todos do
Código Civil (LGL\2002\400) (cf. STJ, REsp 1134725/MG, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, julgado em 14.06.2011, DJe 24.06.2011). É necessária, porém, a
formulação de pedido no bojo do processo em curso ou por meio da propositura de nova
demanda. Contra CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. 4. ed. São Paulo: Ed.
RT, 2011, p. 304.

4 Cf. STF, Súmula 256 (MIX\2010\1981); CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves
comentários ao Novo Código de Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al.
(coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 306; THEODORO JUNIOR, Humberto.
Curso de direito processual civil, v. I. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 104; TJÄDER,
Ricardo Luiz da Costa. Cumulação eventual de pedidos. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 1998, p. 28.

5 Nos processos de execução, voltados à prática de atos concretos de coerção para o


cumprimento da obrigação ou de constrição patrimonial contra o seu devedor, a
sentença, como regra, limita-se a declarar a satisfação do credor. Por conseguinte, os
honorários advocatícios são fixados por ocasião da decisão que determina a citação do
executado (art. 827).

6 Cada capítulo do julgado corresponde a uma unidade autônoma do decisório da


sentença, “no sentido de que cada um deles expressa uma deliberação especifica; cada
uma dessas deliberações é distinta das contidas nos demais capítulos e resulta da
verificação de pressupostos próprios, que não se confundem com os pressupostos das
outras” (DINAMARCO, Cândido Rangel. Capítulos de sentença. 4. ed. São Paulo:
Malheiros, 2009, p. 34).

7 A sentença possui, portanto, ao menos dois capítulos: um julgando a pretensão


exercida e outro decidindo sobre os encargos de sucumbência.

8 A regra beneficia aos advogados particulares em geral, salvo exceção legal, como a
prevista Lei 12.016/2009, que disciplina o mandado de segurança (art. 25). Contudo,
sua incidência em favor dos advogados públicos deve ser objeto de regulação em lei
própria, o que, em muitos casos, já se verifica. Veja-se, por exemplo, a Lei
Complementar 80/1994, que organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal
e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos Estados, proibindo
Página 12
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

o recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de honorários, percentagens


ou custas processuais, em razão de suas atribuições (art. 46, inc. III, art. 91, inc. III e
art. 130, inc. III). Os honorários sucumbenciais são depositados em fundos geridos pela
Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, ao seu aparelhamento e à capacitação
profissional de seus membros e servidores (art. 4º, inc. XXI). Daí proclamar o Superior
Tribunal de Justiça que “os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública
quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença” (cf. Súmula
421) ou “contra pessoa jurídica de direito público que integra a mesma Fazenda Pública”
(cf. REsp 1199715/RJ, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, julgado em
16.02.2011, DJe 12.04.2011), já que a esta cabe a manutenção da sua estrutura. Caso
diverso o ente federativo, porém, os honorários sucumbenciais são devidos à Defensoria
Pública (cf. REsp 1108013/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em
03.06.2009, DJe 22.06.2009). Veja-se, também, a Lei Complementar do Estado de São
Paulo 93/1974, cujo art. 55 ainda permanece em vigor após o advento da Lei
Complementar do Estado de São Paulo 478/1986, que organiza a Procuradoria Geral do
Estado, e estipula que os honorários sucumbenciais destinam-se à Procuradoria Geral do
Estado, dando-se apenas a distribuição de percentual aos seus integrantes.

9 Cf. CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. 4. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011, p.
364-365.

10 Há dispensa do patrocínio por advogado na jurisdição trabalhista (art. 791, caput, da


Consolidação das Leis do Trabalho) e no âmbito dos juizados especiais cíveis, nas causas
com valor igual ou inferior a vinte salários mínimos (art. 9.o, caput, da Lei 9.099/1995).

11 O art. 99, § 1.o, Lei 4.215/1963, que dispunha sobre o anterior Estatuto da OAB
(LGL\1994\58), a despeito de declarar que em se tratando “de honorários fixados na
condenação, tem o advogado ou o provisionado direito autônomo para executar a
sentença nessa parte”, dizia respeito à fixação, no contrato de honorários da cláusula
quotalícia, como se depreende do seu caput, reconhecendo a possibilidade de execução
direta pelo profissional do percentual do proveito econômico que lhe cabia.

12 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
330-331.

13 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
331.

14 A opção pelo litisconsórcio não impede seu oportuno fracionamento para recebimento
por meio do regime de requisição de pequeno valor (art. 100, §§ 3.o e 4.o, da
Constituição Federal), embora o crédito do seu cliente tenha que observar o regime de
precatórios (cf. STF, RE 564132, Relator Min. Eros Grau, Relatora p/ Acórdão: Min.
Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 30.10.2014; STJ, REsp 1347736/RS, Rel.
Ministro Castro Meira, Rel. p/ Acórdão Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção,
julgado em 09.10.2013, DJe 15.04.2014). O exercício do direito, no entanto, deve se dar
antes da expedição do precatório (cf. STF, mais uma vez, Relator Min. Eros Grau,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 30.10.2014; e RE
141639, Relator Min. Moreira Alves, Primeira Turma, julgado em 10.05.1996).

15 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
333.

16 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015.
São Paulo: Método, 2015, p. 91.
Página 13
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

17 Todavia, em razão da sua natureza patrimonial e disponível, o advogado pode


transacionar seus honorários de sucumbência, inclusive com seu próprio constituinte (cf.
STF, ADI 1194, Relator Min. Maurício Corrêa, Relatora p/ Acórdão: Min. Cármen Lúcia,
Tribunal Pleno, julgado em 20.05.2009).

18 Cf. STJ, REsp 903.400/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em
03.06.2008, DJe 06.08.2008.

19 Não mais se sustenta, pois, a Súmula 453 do Superior Tribunal de Justiça (“Os
honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não
podem ser cobrados em execução ou em ação própria”).

20 Cf. BARBOSA MOREIRA, José Carlos, Ações cumuladas. Necessidade de julgamento


explícito de todas. Temas de direito processual, 2. série. 2. ed. São Paulo, Saraiva,
1988, p. 138.

21 Contra CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de


Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT,
2015, p. 322.

22 Continua válida, pois, a regra proclamada na Súmula 450 do Supremo Tribunal


Federal.

23 Houve supressão no novo diploma da hipótese consagrada no art. 22 do Código de


Processo Civil de 1973, segundo a qual o advogado do réu vencedor perdia o direito de
percepção de seus honorários por não arguir na sua resposta fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor, dilatando o julgamento do processo.

24 Cf. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil, v. I. Rio de


Janeiro: Forense, 2010, p. 100.

25 Contra THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil, v. I. Rio de


Janeiro: Forense, 2010, p. 105.

26 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
303; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei
13.105/2015. São Paulo: Método, 2015, p. 85. Contra Yussef Said Cahali, para quem há
relação de continente e conteúdo entre ambas. Assim, a sucumbência seria “um dos
indícios da causalidade; outros indícios seriam a contumácia, a renúncia ao processo e,
conforme o caso, a nulidade do ato a que a defesa se refere” (Honorários advocatícios.
4. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011, p. 36).

27 Atente-se, por exemplo, à hipótese de embargos de terceiro voltados ao


levantamento de penhora sobre bem imóvel compromissado à venda, sem registro do
instrumento. Não se opondo o embargado ao acolhimento da pretensão do embargante
e tendo requerido a constrição judicial sem conhecimento da transferência dos direitos
sobre o bem pelo executado, quem deu causa ao processo é aquele que não deu a
devida publicidade ao negócio jurídico entabulado, devendo, pois, efetuar o pagamento
de honorários ao advogado da parte adversa. O entendimento é acolhido na Súmula 303
do Superior Tribunal de Justiça, ao aduzir que, “em embargos de terceiro, quem deu
causa à constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios”.

28 Como aduz Carlos Maximiliano, “se uma disposição é secundária ou acessória e


incompatível com a principal, prevalece a última” (Hermenêutica e aplicação do direito.
20. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 111).

29 Na vigência do Código de Processo Civil de 1973, o Superior Tribunal de JustiçaPágina


havia14
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

consolidado entendimento no sentido de que, impugnadas ou não, competia o


arbitramento dos honorários advocatícios depois de escoado o prazo para pagamento
voluntário expresso no art. 475-J, caput, nas fases de cumprimento definitivo de
sentença (cf. Súmula 517; REsp 1134186/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, julgado
em 01.08.2011); contudo, não eram devidos nas fases de cumprimento provisório de
sentença (cf. REsp 1291736/PR, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial,
julgado em 20.11.2013).

30 Contra CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de


Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT,
2015, p. 309; SICA, Heitor Vitor Mendonça. O advogado e os honorários sucumbenciais
no novo CPC (LGL\2015\1656), p. 5.

31 Cf. STJ, REsp 1113175/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Corte Especial, julgado em
24.05.2012, DJe 07.08.2012. Capítulos processuais cuidam dos pressupostos de
admissibilidade do julgamento do mérito: pressupostos de constituição e
desenvolvimento válido e regular do processo, condições da ação, nulidades,
pressupostos negativos, prescrição e decadência. Capítulos de mérito tratam dos pedidos
mediatos. Cada bem da vida ou cada nova situação jurídica pleiteada enseja a formação
de novo capítulo quando do seu julgamento na sentença. Alguns efeitos decorrentes da
lei, os quais independem de pedido pela parte e, assim, tratam-se de exceções à regra
da congruência, adstrição ou correlação com a sentença, como correção monetária,
juros, honorários advocatícios e outros encargos gerados pela sucumbência, parcelas
vincendas, sanção por litigância de má-fé, entre outros, quando objeto da sentença, dão
forma, igualmente, a novos capítulos de mérito.

32 Contra CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de


Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT,
2015, p. 312. Entretanto, a sucumbência havida é aquela da fase de conhecimento.
Causalidade, por sua vez, não se conforma ao exercício, no caso, regular de um direito.

33 Cf. REsp 1134186/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, julgado em
01.08.2011, DJe 21.10.2011.

34 Cf. SICA, Heitor Vitor Mendonça. O advogado e os honorários sucumbenciais no novo


CPC (LGL\2015\1656), p. 5.

35 Na vigência do novo Código de Processo Civil, permanece válida a disciplina da


questão assentada na Súmula 519 do Superior Tribunal de Justiça.

36 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
309.

37 A razão de ser da disposição do art. 85, § 13, é evitar a oneração do aparato


jurisdicional com a formação de incidentes e duplicação de atos de execução.
Evidentemente, assumindo natureza alimentar, via de regra, os honorários advocatícios
devem ser satisfeitos com precedência ao crédito da parte exequente.

38 Arts. 719 a 770 do novo Código de Processo Civil.

39 Veja-se, por exemplo, a exigência imposta pela Lei 12.965/2014 de decisão judicial
para quebra do sigilo do fluxo de comunicações e de comunicações privadas
armazenadas, bem como para conhecimento dos dados dos usuários guardados pelos
provedores e supressão do conteúdo veiculado na internet (arts. 7.o, incisos II e III, 10,
§§ 1.o e 2.º, 13 § 5.o, 15 § 3.o, 19, caput, e 22).

40 Cf. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil, v. I. Rio de


Página 15
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

Janeiro: Forense, 2010, p. 107.

41 Cf. CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. 4. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011, p.
36-37; STJ, REsp 1.068.904/RS, Rel. Min. Massami Uyeda, j. em 07.12.2010; TJSP,
Apelação 0103300-52.2012.8.26.0100, Rel. James Siano, j. em 15.04.2015.

42 Assim se verifica no art. 27, § 1.o, do Decreto-Lei 3.365/1941, que dispõe sobre
desapropriações por utilidade pública.

43 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
305-306.

44 Na vigência do Código de Processo Civil de 1973, já se defendia que “à forca do


princípio igualitário que se impõe no tratamento das partes no processo, mesmo em
hipóteses típicas de sentença em que não há condenação, como aquela que julga
improcedente a ação, os honorários advocatícios a cargo do vencido devem ser
calculados, ainda assim, com base no art. 20, § 3.º, tendo em vista uma ‘hipotética
condenação’ se vitoriosa a demanda, e que consubstancia o valor patrimonial buscado
pelo autor desatendido em sua pretensão” (CAHALI, Yussef Said. Honorários
advocatícios. 4. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011, p. 295-296).

45 Cf. LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Honorários no novo Código de Processo Civil
e as Súmulas do Superior Tribunal de Justiça. Honorários Advocatícios. Marcus Vinícius
Furtado Coêlho, Luiz Henrique Volpe Camargo (coordenadores), Editora Jus Podium,
2015, p. 241.

46 Cf. CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. 4. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011, p.
316-317.

47 Cf. Súmula 111 do Superior Tribunal de Justiça. Contra CAMARGO, Luiz Henrique
Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. Teresa Arruda Alvim
Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 320; SICA, Heitor Vitor
Mendonça. O advogado e os honorários sucumbenciais no novo CPC (LGL\2015\1656),
p. 4.

48 A aceitação pelo advogado de prestação do serviço em comarca diversa daquela onde


exerce sua profissão não implica não majoração do percentual. Deve somente ser
considerada a necessidade da prática dos atos processuais fora do juízo no qual tramita
o processo (cf. CAHALI, Yussef Said. Honorários advocatícios. 4. ed. São Paulo: Ed. RT,
2011, p. 342).

49 No Código de Processo Civil de 1973, a apreciação equitativa era a regra, como se


verifica do art. 20, § 4.o, aplicando-se os percentuais e base de cálculo do seu parágrafo
3.o somente às sentenças condenatórias líquidas (cf. STJ, REsp 1155125/MG, Rel.
Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 10.03.2010, DJe 06.04.2010;
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil, v. I. Rio de Janeiro:
Forense, 2010, p. 105). No novo diploma processual, assim, houve “drástica redução da
‘apreciação equitativa do juiz’” (SICA, Heitor Vitor Mendonça. O advogado e os
honorários sucumbenciais no novo CPC (LGL\2015\1656), p. 2).

50 Cf. a Súmula 201 do Superior Tribunal de Justiça.

51 Nem o valor do salário mínimo precisa ser observado. Este é a remuneração mínima
no Brasil para o trabalho mensal de quarenta e quatro horas semanais, o que não
necessariamente o processo exigiu do advogado (contra CAMARGO, Luiz Henrique Volpe.
Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et
al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 319). Página 16
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

52 A disposição vem a acarretar desarrazoada dificuldade na fixação, liquidação e


execução dos honorários advocatícios, exigindo complexos cálculos. Se o objetivo, que
parece claro, é garantir o que se julga a adequada remuneração do advogado atuante no
processo, melhor seria a elevação dos seus percentuais, suprimindo a incidência
escalonada sobre as diferentes bases de cálculo.

53 Cf. Súmula 14 do Superior Tribunal de Justiça.

54 Contra CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de


Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT,
2015, p. 334. Não há, entretanto, qualquer razão, no caso, para afastamento da regra
estabelecida pelo art. 85, § 16.

55 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
322; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil – Lei
13.105/2015. São Paulo: Método, 2015, p. 87.

56 Na mesma direção, já se disse que a “norma pode funcionar como um saudável


mecanismo de desestímulo ao recurso temerário” (SICA, Heitor Vitor Mendonça. O
advogado e os honorários sucumbenciais no novo CPC (LGL\2015\1656), p. 3).

57 Contra CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de


Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT,
2015, p. 320; Idem. Os honorários de sucumbência recursal no novo CPC
(LGL\2015\1656). Novas tendências do processo civil, estudos sobre o projeto do novo
Código de Processo Civil. Alexandre Freire et al. (organizadores). Salvador: Jus Podium,
2013, p. 365-367.

58 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
321-322.

59 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Novas tendências do processo civil, estudos
sobre o projeto do novo Código de Processo Civil. Alexandre Freire et al.
(organizadores). Salvador: Jus Podium, 2013, p. 372.

60 Os embargos de declaração acolhidos nunca resultam na extinção do processo. Com


a correção da omissão, contradição, obscuridade ou do erro material, podem implicar na
modificação da decisão que merecia aclaramento. Todavia, é esta que vem a ser
retificada e extingue, de fato, o processo.

61 Contra JORGE, Flávio Cheim. Os honorários advocatícios e o novo CPC


(LGL\2015\1656): a sucumbência recursal, p. 3.

62 Em sentido contrário, Luiz Henrique Volpe Camargo, para quem os honorários devem
ser fixados em caso de não provimento, provimento total ou parcial do recurso (Breves
comentários ao Novo Código de Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al.
(coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 323).

63 Esta, aliás, é a interpretação do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995 vigente no sistema
dos juizados especiais cíveis (cf. Enunciado uniforme 31 do Conselho Supervisor do
Sistema dos Juizados Especiais Cíveis do Estado de São Paulo; CHIMENTI, Ricardo
Cunha. Teoria e prática dos juizados especiais cíveis. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p.
318).

64 Contra CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Novas tendências do processo civil, estudos
Página 17
Os honorários advocatícios sucumbênciais e o novo
Código de Processo Civil

sobre o projeto do novo Código de Processo Civil. Alexandre Freire et al.


(organizadores). Salvador: Jus Podium, 2013, p. 367; JORGE, Flávio Cheim. Os
honorários advocatícios e o novo CPC (LGL\2015\1656): a sucumbência recursal, p. 1.

65 Cf. CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. Breves comentários ao Novo Código de Processo
Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier et al. (coordenadores). São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
321.

66 Nos processos em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários respeita
ao regramento diverso previsto no art. 85, § 3.o, do novo Código de Processo Civil.

Página 18

Você também pode gostar