Você está na página 1de 11

AGRAVO DE INSTRUMENTO

AGRAVANTES: MAURO PAUPITZ E MATIKO OGATA

AGRAVADOS: LUIZ DIAS SANTIAGO

Processo Nº 0027310-21.2020.8.26.0053

RAZÕES DE RECURSO

Colendo Tribunal

Temos narrado e denunciado à saciedade as


violações constantes e sistemáticas aos nossos direitos, máxime as
desconsiderações dos contratos de honorários contratados e das
legislações pertinentes: §14º, art. 85, §1º, art. 489, III, art. 927,
do CPC e §4º, art. 22, Lei 8.906/94.
Com efeito, em 1.997 fomos contratados para dar
seguimento à ação de Obrigação de Fazer em que os Agravados e
demais autores promovem contra a Fazenda Pública Estadual em
curso pela egrégia 10ª Vara da Fazenda Pública, processo
0619225-13.1991.826.0053, atualmente, em fase de cumprimento
de sentença.
Nosso ingresso no processo deu-se por causa do
falecimento do advogado originário, Dr. Ubirajara Silveira, no
ano de 1.998, que ajuizara a referida ação. Podemos dizer assim
que a ação teve duas etapas: conhecimento e execução.

Diante do fato natural e da inconclusão do trabalho e


ex vi do julgado, que está consubstanciado no venerando acórdão
nº AI 230.482-5/00, a verba honorária contratada pelo causídico
originário, fora reduzida.
Ficando assim distribuído: ao espólio a título de
honorários contratados, coube e cabe o percentual de 25% (vinte
cinco por cento); para nós 20% (vinte por cento) e aos demais
advogados que substituíram o falecido 5% (cinco por cento).
Aliás em despacho de 15-07-2019, o Dr. Otávio Tioti Tokuda da
10ª Vara Privativa da Fazenda reafirmou a disposição contida no
v. acórdão e contratos, in verbis:
“Vistos. 1. Na r. Decisão de fls. 3973/3974,
mantida pelo v. Acórdão acostado as fls.
7058/7062, ficou definitivamente decidido
que caberia ao espólio de Ubirajara Silveira o
percentual de 25% (vinte e cinco por cento) e
5% aos demais advogados, se outro não fosse
o ajuste feito. Daí se supera a primeira
questão: os procuradores Mauro Paupitz e
Matiko Ogata celebraram contratos nos quais
estipularam o percentual de 20% (vinte por
cento) a título de honorários advocatícios.
Sendo este o ajuste, não podem requerer o
resíduo do percentual do contrato original,
pois claramente foi diverso a seu ajuste com
os exequentes. Deverá, portanto, ficar retido o
valor de 25% (vinte e cinco por cento) devido
ao espólio de Ubirajara Silveira, comunicando-
se ao Juízo do inventário, e mais 20% (vinte
por cento) sobre aqueles que celebraram novo
contrato com os procuradores Mauro Paupitz e
Matiko Ogata, conforme lá previsto. 2. Ainda,
segundo o mesmo acórdão, a partir da morte
do procurador originário (Ubirajara),
extinguiu-se também os poderes
substabelecidos, não tendo validade os atos
praticados por aqueles advogados.
Considerando que as procurações foram
outorgadas ao advogado e não à sociedade a
que pertencia, não faz jus ao recebimento o
procurador Rubens Ferreira ou qualquer outro
que tenha sido contemplado com
substabelecimento do falecido procurador. 3.
Segundo consta dos atestados de óbito de fls.
13061, 13083, 13154, 13280 e 13294, os
falecidos exequentes deixaram bens a
inventariar. Anotem-se como espólio e
aguardem-se informes acerca dos necessários
inventários/arrolamentos.”
Pois bem, dito isso, a executada, em
cumprimento à execução, efetuou depósitos àqueles
detentores das prioridades.
Foram então elaborados os mandados
de levantamentos eletrônicos, MLEs.
Nesse intervalo entre os depósitos e a
autorização de seus levantamentos, alguns
exequentes, impacientes e por necessidades
urgentes, cederam seus créditos, com grandes
deságios.
Importante destacar e deixar patente
que essas cessões foram feitas à nossa revelia, só
tomamos conhecimento a partir das juntadas dos
referidos instrumentos de créditos.
Ao cederem seus créditos, o Juízo a quo
entendeu que houve transmudação, perdendo assim
aqueles, créditos, o caráter alimentar, em razão
disso, determinou a devolução ao DEPRE de 100%
(cem por cento) dos depósitos, incluindo aí, os
nossos honorários contratados, despacho anexo.
Não percamos de vista, que os
honorários tem igualmente natureza alimentar
privilegiado, di-lo mesmo o §14, Art. 85 do CPC, in
verbis:
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm
natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos
oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência parcial.
Se isso só não bastassem, os contratos que
realizamos, são daqueles denominados de contrato de
risco, ou seja “ad exitum” e sobre ele pende a cláusula
suspensiva, cuja condição fora implementada pelos
depósitos realizados devedora, portanto, aquela condição
suspensiva, foi superada.
Dessa maneira, cabia ao douto Magistrada,
ante apresentação dos contratos de honorários juntados,
determinação da reserva da verba honorária.
Transcrevemos excerto do acórdão do Recurso Especial nº
1.337.749/MS:

"É certo que, nos contratos de prestação de


serviços advocatícios ad exitum, a vitória
processual constitui condição suspensiva (artigo 125
do Código Civil), cujo implemento é obrigatório para
que o advogado faça jus à devida remuneração. Ou
seja, o direito aos honorários somente é adquirido
com a ocorrência do sucesso na demanda" (REsp
1.337.749/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 14/02/2017, DJe de
06/04/2017).
Di-lo o § 4º, artigo 22, da Lei nº
8.906/94, in verbis:
§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de
honorários antes de expedir-se o mandado de
levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe
sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser
recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os
pagou.
Como se vê no r. despacho impugnado isso
foi olvidado, porque não dizer ignorado.

OFENSA AOS § 1º, INCISO VI, ARTIGO


489 E INCISO III, ARTIGO 927, AMBOS DO CPC
E AO ACÓRDÃO DE RESOLUÇÃO DE DEMANDA
REPETITIVA EM JULGAMENTO DE RECURSO
EXTRAORDINÁRIO Nº 631537
No r. do despacho a douta Juíza tem
entendido que a relação entre as partes é de
natureza privada e a cessão do crédito a terceiro
transmudou o caráter alimentar desse, perdendo
consequentemente, a qualidade de prioridade e
ordenou a devolução de 100% (cem por cento) dos
depósitos ao DEPRE.
Entretanto o r. despacho contraria ao
decidido pelo Supremo Tribunal Federal, no RE
631537, em 22/05/2020, de repercussão geral,
onde se lê que a cessão de crédito alimentício não
implica alteração de sua natureza, permanecendo
mesmo tendo sido transferindo a terceiro, pois
trata-se de obrigação ambulante, veja ementa:
Ademais o espólio do patrono originário
tem sido favorecido e priorizado no recebimento dos
honorários em nosso detrimento.
Isto é. Conforme despacho de fl. e certidão
de objeto e pé, item final, foi determinado a reserva e
encaminhamento ao processo de inventário, dos honorários
contratados pelo patrono originário.
Diante disso, o espólio não submeteu a
determinação do douto Juízo de remeter os valores ao
DEPRE.
Se se isso não bastasse, há determinação
em alguns incidentes de execução para que se repasse ao
espólio o percentual de 5% (cinco por cento), v.g:
0003673.41.2020.8.26.0053, exequente Valdemar
Valencio Barbosa, contrariando o v. acórdão que reduziu
os honorários contratados pelo patrono original. É de
estranhar!
Fizemos pedidos reivindicando o
percentual acima referido, os quais foram rechaçados pelo
e. Juízo a quo sob a fundamentação de que outro foi
ajuste.
Não esqueçamos que após o óbito do
advogado originários fomos contratados por alguns autores
para que finalizássemos a ação, que de fato sucedeu.
Trata-se essa ação de litisconsorte
voluntário, de sorte que aqueles que não nos outorgaram
procurações, foram beneficiados pelo trabalho por nós
implementado, havendo um enriquecimento sem causa,
artigo 884, CC: “Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se
enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários.”
No venerando acórdão está expresso que
faz jus ao percentual de 5% (cinco) os demais advogados que
substituíram os originários e não condicionou a ajustes feitos
anteriormente.
Admitindo assim a interpretação de que
o percentual não se estenderiam aos contratos, em que outros
ajustes foram feitos, então, a contrario sensum os demais
autores que se beneficiaram dos nossos trabalhos e que não
nos contrataram e nenhum ajuste foram celebrados conosco e
não nós remuneraram, enriqueceram e ainda estão
enriquecendo a nossas custas, o que é legalmente proibido.
Motivo esse que fazemos jus ao
percentual 5% (cinco por cento), se não daqueles que fizemos
ajustes, mas dos que não fizemos e foram favorecidos pelos
nossos trabalhos
Posto isso, requeremos a esta egrégia
câmara a reforma do respeitável despacho impugnado e que,
também, seja determinando ao Juízo a quo a reserva de
nossos honorários contratados, conforme dispositivos acimas
referidos e, também, seu levantamento em respeito ao RE
631537 de repercussão geral, § 1º, inciso VI, artigo 489 e
inciso III, artigo 927, inciso 14, artigo 85 do CPC e § 4º, artigo
22, da Lei 8.906/94. Sejam, por economia processual
estendidos aos demais cumprimento de sentença que se
encontram em situação
análoga.
Requeremos também o percentual de 5%
(cinco por cento) daqueles que não fizemos outro ajuste, sob
pena de enriquecimento ilícito.

                                             Nestes Termos
                                             Requeremos Deferimento
                                             São Paulo 25 de maio de 2022.

 Matiko Ogata                                                              Mauro


Paupitz
 

Você também pode gostar