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Tribunal de Justiça
Comarca de São João de Meriti 1354
Cartório da 2ª Vara Cível
Av. Presidente Lincoln, 857 CEP: 25599-900 - Vilar dos Teles - São João de Meriti - RJ e-mail: sjm02vciv@tjrj.jus.br
Fls.
Processo: 0002304-19.2011.8.19.0054
Processo Eletrônico
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Em 09/08/2022
Sentença
Tratam-se de impugnações à execução, propostas por terceiro interessado e pelo segundo
executado.
De início, cumpre destacar que ao contrário do que informado, a intimação foi em nome do patrono
cadastrado, nos termos de fls. 1058/1059, sendo certo que a impugnação foi apresentada nos
autos, não havendo, portanto, qualquer vício a ser suprido.
No mais, o segundo executado impugna o valor constante na planilha que deu azo ao bloqueio on
line, apresentando a planilha de fls. 1073, ou seja, o valor de R$ 541.536,35 deve ser considerado
incontroverso.
O artigo 525, parágrafo 5º, do CPC/15, arrima que o alegado excesso deve ser comprovado pelo
executado com o apontamento do valor correto ou com planilha atualizada e discriminada do
débito.
A simples impugnação genérica aos cálculos apresentados pelo exequente, com questionamentos
acerca dos valores incidentes sobre a multa já delimitada em segundo grau, não revela-se
suficiente para o reconhecimento de excesso de execução.
Outrossim, quanto aos honorários, a terceira turma do STJ, entendeu, interpretando o artigo 523,
parágrafo1º, do CPC/15, que os honorários advocatícios devidos em cumprimento de sentença
devem incidir somente sobre o débito principal, sem o acréscimo da multa cominatória na base de
cálculo.
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De tal maneira, somente neste ponto, a planilha apresentada deve ser retificada, excluindo-se o
valor de R$ 59.798,02 à título de honorários.
Devida, ainda, a multa do parágrafo 1º do artigo 523 do CPC, uma vez que o executado
apresentou impugnação, com um valor incontroverso, não efetuando o depósito ao menos deste
valor, havendo, portanto, intempestividade do pagamento, posto que se mostrou necessária a
realização de penhora on line para que a verba fosse colocada a disposição do Juízo.
Em outro giro, em relação a alegação do terceiro interessado, cumpre destacar que a questão já
foi decida às fls. 1153/1156, que passa a fazer parte integrante da presente, cumprindo destacar o
seguinte trecho: " De acordo com o artigo 908, caput e § 2º, do Código de Processo Civil, havendo
pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue
consoante a ordem das respectivas preferências". §2º. Não havendo título legal à preferência, o
dinheiro será distribuído entre os concorrentes, observando-se a anterioridade de cada penhora. A
legislação processual confere prioridade para a satisfação de créditos privilegiados pelo direito
material, de modo adequado à máxima de que "o processo existe para que o direito material se
concretize. Assim é que, se houver mais de um crédito a ser satisfeito, o critério decisivo
é "a ordem das respectivas preferências", ressalvada a anterioridade da penhora como
critério meramente subsidiário (não havendo título legal à preferência), para fins de desempate.
Isto é, a preferência decorrente da qualidade creditícia prevista em lei se sobrepõe à
anterioridade da constrição, critério de natureza processual, que apenas estabelece a ordem dos
credores dentro do mesmo
grupo. Não obstante a norma se refira ao concurso de credores, que pressupõe a
multiplicidade de penhoras e excetuadas as hipóteses de falência, recuperação judicial e
outras sujeitas a regramento específico (CTN, artigo 187), as regras para a definição da
preferência são transcendentes, na medida em que doutrina e jurisprudência há muito vêm se
posicionando no sentido de que "não é possível sobrepor uma preferência de direito processual a
uma de direito material", porquanto para o exercício desta preferência (material) não se
exige a realização de penhora, pois tal reduz(iria), significativamente, a finalidade do instituto
"que é garantir a solvência de créditos cuja relevância social sobeja aos demais", assemelhando-
se o credor com privilégio legal aos outros desprovidos de tal atributo. Tal constatação permite
concluir, de plano, que pouco importa se, no momento em que requerida a reserva dos honorários
pelo advogado, mediante a juntada do contrato de prestação de serviços, já havia sido realizada
a penhora sobre o numerário em virtude de dívida trabalhista do contratante. A satisfação
deve ser dada ao crédito de maior importância, tal como definido legalmente. Fixada essa
premissa, tem-se que de um lado o artigo 186 do CTN estabelece que o crédito tributário
prefere a qualquer outro, exceção feita aos decorrentes da legislação trabalhista. De outro,
no entanto, "os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os
mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho", de acordo com artigo 85, §14,
do CPC/15. Ainda que o dispositivo processual esteja ligado especificamente à sucumbência,
o mesmo tratamento tem sido historicamente dispensado aos honorários contratuais. O Supremo
Tribunal Federal já decidiu, por ambas as turmas, que "os profissionais liberais não
recebem salários, vencimentos, mas honorários e a finalidade destes não é outra senão
prover a subsistência própria e das respectivas famílias", concluindo que "os honorários
advocatícios consubstanciam, para os profissionais liberais do direito, prestação alimentícia". Por
igual razão, a Corte Especial e
a 1ª Seção do STJ reconheceram que "os honorários advocatícios, tanto os contratuais quanto os
sucumbenciais, têm natureza alimentar". Digno de nota que esses precedentes se formaram no
intuito de estender o reconhecimento da natureza alimentar "antes limitado aos honorários
contratuais" aos decorrentes da sucumbência. É dizer, pois, que nunca se duvidou serem os
110 LEONARDOCSILVA
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honorários contratuais a forma, por excelência, de remuneração pelo trabalho prestado pelo
advogado, vitais ao desenvolvimento e à manutenção do profissional, já que "destinam-se ao
sustento do advogado e de sua família" O tratamento é consentâneo com a Súmula Vinculante nº
47 , nascida da premissa "de que os honorários advocatícios são dotados de caráter alimentício",
cuja orientação permite a expedição de precatório em separado para pagamento dos honorários, a
despeito de a jurisprudência do STF ter retirado do âmbito de sua aplicação a parcela
atinente aos contratuais (o que não influi, de
qualquer modo, no reconhecimento da natureza alimentar da verba). Destaque-se, ainda, que os
honorários, por força do que dispõe o caput do artigo 24 da Lei nº
8.906/94 , são tratados no âmbito falimentar como crédito privilegiado, no mesmo nível dos
créditos trabalhistas, em virtude de sua natureza resultante do trabalho humano. Tal equiparação
também se aplica "em sede de execução fiscal". Daí porque ambas as turmas de Direito Público
do STJ vêm reconhecendo que os "honorários advocatícios estão incluídos na ressalva do artigo
186 do CTN", por força do qual gozam de preferência em relação aos créditos tributários. Tudo
isso revela que o destaque dos honorários contratados pela parte e devidos ao advogado da
causa tem igualdade de preferência sobre a penhora efetivada antes ou depois para resguardar
crédito trabalhista, até porque a remuneração do advogado sequer é suscetível de penhora para
garantia de dívidas em nome do próprio causídico, nos termos e limites previstos no artigo 833,
inciso IV, do CPC/15, o que dirá em relação a débitos de responsabilidade exclusiva de
seu cliente. Portanto, o artigo 22, §4º, da Lei nº 8.906/94 não se limita a operacionalizar o
levantamento, em separado, dos honorários contratuais. É muito mais do que isso. É regra de
Direito material que protege a verba devida ao advogado, segregando-a, ab initio, do patrimônio da
parte constituinte. A partir do momento em que o STJ e o STF reconheceram a natureza alimentar
dos honorários contratuais equiparando-os aos créditos trabalhistas, a correta intepretação do
artigo 186 do CTN,
em cotejo com a legislação processual, em especial o artigo 908, caput, e §2º do CPC, conduz ao
entendimento de que não é cabível a penhora no rosto dos autos sobre a parcela do
valor depositado pela parte constituinte, ou em favor dela, que diz respeito aos honorários
contratuais, independentemente do estágio processual do feito.
Portanto, cabe ao advogado juntar o termo contratual nos autos, a fim de preservar com
maior eficácia a implementação do seu direito assegurado em Lei, sendo certo que tal
parcela irá concorrer em igualdade de condições com o crédito trabalhista. Por fim, no tocante
aos honorários sucumbênciais, os mesmos são devidos ao patrono de patrocinou a parte no
processo em curso, não sendo cabível que à penhora nos rostos dos autos atinja tal verba, que
pertence ao advogado e não a empresa autora, ora exequente...".
De tal maneira, o patrono da seara trabalhista deve buscar o ser crédito no referido feito,
considerando que será transferida determinada quantia, dentro do valor exequendo, menos os
honorários dos advogados que funcionaram no presente, para o Juízo Trabalhista, não restando
mais qualquer verba disponível neste processo.
Quanto ao valor dos honorários dos patronos deste processo, considerando que foi excluida a
incidência sobre as astreintes, venha nova planilha, devendo ser mantido a disposição deste Juízo
o valor de R$ 147.980,18. Deverão os patronos esclarecer, ainda, se do valor levantado às fls. 481
houve retenção de verba honorária, referente a condenação do valor principal, diante da planilha
acostada às fls. 424, na qual constou tal verba.
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P-se. I-se.
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