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Sustentação Oral – HC no TRF2 – 2ª Turma Especializada Criminal

i. SAUDAÇÃO:
Cumprimento
O Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente
O Desembargador Relator e Revisor
Estendo meus cumprimentos ao Exmmo. Membro do Ministério Pú blico Federal,
serventuá rios da justiça e colegas advogados presentes.
i. RAZÃO RECURSAL.
De início, em relaçã o a Razã o Recursal trancamento da açã o penal, a impetraçã o deste
Habeas Corpus é imprescindível diante da potencial ameaça à liberdade individual do
paciente, com a instauraçã o da açã o penal deflagrada por denú ncia fundamentada em
atipicidade formal das condutas imputadas do falso ideal e de uso de documento pú blico.
Pelo simples exame da peça acusató ria é plenamente possível perceber que estamos diante
de hipó teses de ausência de justa causa para açã o penal por atipicidade formal das
condutas de falsidade ideoló gica e uso de documento falso. Sem necessidade de exame
aprofundado e exauriente. Muito menos se trata de uma mera aná lise da classificaçã o
doutriná ria de crimes formais e instantâ neos.
i. MÉRITO.
1. Do crime de falsidade ideológica. Art. 299 do CP.
No tocante ao crime de falsidade ideoló gica sã o quatros os requisitos necessá rios para que
possa haver denú ncia, segundo o STJ, AP. 418/MT, Rel. Min. José Delgado: a) alteraçã o da
verdade de fato juridicamente relevante; b) imitaçã o da verdade; c) potencialidade de
dano; d) dolo específico.
Ocorre que a denú ncia apesar de descrever o dolo genérico se omite em relação ao dolo
específico. Em desrespeito ao art. 41 do CPP que prever a regra que a denú ncia deve
conter a exposiçã o do fato criminoso, com todas as suas circunstâ ncias.
Em relaçã o à adequaçã o típica o tipo penal além do dolo genérico representado por nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, também
exige, segundo a doutrina dominante e jurisprudência da 5ª e 6ª Turma do STJ, o dolo
específico de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato
juridicamente relevante.
Porém, além de nã o ter sido mencionado o dolo específico nã o ocorreu nenhuma de suas
hipó teses, uma vez que, a oportunidade de peticionar é direito fundamental que depende
de averiguaçã o do funcioná rio pú blico. Portanto, quando a petição depender de análise
sobre a fidelidade da declaração, ainda quando falte à verdade, não comete ilícito
penal, conforme o STJ no HC. 127376, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, DJe
29/08/2011.
Dessa forma também é afastada a conduta específica de alterar o fato juridicamente
relevante dado que a declaração em formulário em branco deve estar apta a valer, por
si mesma para a formação do documento. Se estiver adstrita à verificaçã o da fidelidade a
conduta torne-se fato jurídico irrelevante dado que nã o produz efeitos.
Portanto, nã o haverá crime, quando se sabe que a declaraçã o particular é sujeita a exame
obrigató rio por parte de funcioná rio pú blico (exame oficial).
É dizer, nã o ocorrendo qualquer dessas hipó teses, é de reconhecer a falta de justa causa
para a açã o penal, pois se trata de conduta atípica.
1. Crime de uso de documento público. Art. 304 CP.
Por outro lado, no tocante ao crime de uso de documento pú blico tem-se descartado a
natureza de documento da fotocó pia nã o autenticada, razã o pela qual qualquer falsificaçã o
nela produzida seria considerada atípica quando o agente, efetivamente, viesse a usá -la.
Além disso, o có digo de Processo Penal prever a contrario sensu que fotografia do
documento sem autenticaçã o nã o se dará o mesmo valor do original.
CAPÍTULO IX
DOS DOCUMENTOS
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, pú blicos
ou particulares.
Pará grafo ú nico. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo
valor do original.
Em se tratando de có pia de documento, só haverá crime se o uso for de có pia autenticada. A
có pia nã o autenticada nã o tem valor probató rio e, por isso, nã o se enquadra no conceito de
documento. “A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a có pia de
documento sem autenticaçã o nã o possui potencialidade para causar dano à fé pú blica, nã o
podendo ser objeto material do crime de uso de documento falso. Precedentes” (STJ — HC
58.298/SP — Rel. Min. Gilson Dipp — 5ª Turma — julgado em 24-4-2007, DJ 4-6-2007, p.
384);
O crime do artigo 304 do CP nã o resta configurado quando a documentaçã o inverídica
apresentada (fotocó pias de instrumento de procuraçã o) nã o possui aptidã o para iludir o
destinatá rio e, por conseguinte, comprometer a fé pú blica. Hipó tese em que resta
caracterizada a impossibilidade de consumaçã o do delito por ineficá cia absoluta do meio
(TRF 4ª Reg., ACr. 2007.71.01.001625-8, Rel. Des. Fed. Paulo Afonso Brum Vaz, DEJF
18/6/2010, p. 278).
A utilização de cópia reprográfica sem autenticação não pode ser objeto material de
crime de uso de documento falso (precedentes do STJ) (HC 33538/PR, HC
2004/0014923-3, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T., DJ 2/6/2005).
A utilizaçã o de có pia reprográ fica nã o autenticada nã o configura açã o com potencial de
causar dano à fé pú blica, objeto tutelado pelo art. 304 do Có digo Penal (STJ, HC 9260/SP,
Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª T., DJ 23/10/2000).
HABEAS CORPUS. USO DE DOCUMENTO FALSO. FOTOCÓ PIA NÃ O AUTENTICADA.
CONDUTA ATÍPICA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A utilização de fotocópia não autenticada
afasta a tipicidade do crime de uso de documento falso, por não possuir
potencialidade lesiva apta a causar dano à fé pública. 2. Precedentes deste Superior
Tribunal de Justiça. 3. Habeas corpus concedido. STJ. HC 127.820 –AL. 6ª Turma. Ministro
Haroldo Rodrigues. Dje 28/06/2010
PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃ O DA PARTE RÉ . USO DE DOCUMNTO FALSO. ART.
304 c/c ART. 297 DO CP. CÓ PIA XEROGRÁ FICA DE DOCUMENTO SEM AUTENTICAÇÃ O.
IMPOSSIBILIDADE DE SER CONSIDERADO PARA FINS PENAIS. AUSÊ NCIA DE
POTENCILIDADE LESIVA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. RECURSO PROVIDO. ABSOLVIÇÃ O
DO RÉ U COM FUNDAMENTO NO ART. 386, III DO CÓ DIGO DE PROCESSO PENAL.
i. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que a
cópia de documento sem autenticação não ingressa no conceito jurídico-penal
de documento e tampouco possui no conceito potencialidade lesiva para causar
dano à fé pública, não podendo ser objeto material do crime de uso de
documento falso.
ii. Considerando que as có pias dos documentos apresentados pelo réu perante o CREA-RJ
nã o se encontram autenticados, conclui-se pela ausência do objeto material do delito
que lhe é imposto. Sendo atípica a conduta, impõ e-se a absolviçã o de LUIZ FERNANDO
com base no art. 386, III do Có digo Processo Penal.
iii. Recurso a que se dá provimento. Ap. 0501161-30.2016.4.02.5110 RJ. 2ª Turma
Especializada. Rel. Desembargador Federal André Fontes.
Destarte, a có pia xerográ fica nã o autenticada nã o representa documento para fins penais e
nã o possui potencialidade lesiva.
i. CONCLUSÃO.
Diante o exposto, requisito a concessã o da ordem do Habeas em Corpus com objetivo de
trancar a açã o penal com fundamento na ausência de justa causa pela atipicidade formal
das condutas.
CIDADE/UF, DATA
NOME DO ADVOGADO, OAB/UF

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