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Centro Universitário de Brasília - UniCEUB

Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais - FAJS

TIAGO DOS SANTOS NASCIMENTO

Direitos humanos de mulheres nos cuidados em saúde: análise do caso Aline


Pimentel

Brasília
2019
TIAGO DOS SANTOS NASCIMENTO

Direitos humanos de mulheres nos cuidados em saúde: análise do


caso Aline Pimentel

Artigo científico apresentado como requisito


parcial para obtenção do título de Bacharel em
Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e
Sociais – FAJS do Centro Universitário de
Brasília (UniCEUB).
Orientadora: Professora Aline Albuquerque

Brasília
2019
TIAGO DOS SANTOS NASCIMENTO

Direitos humanos de mulheres nos cuidados em saúde: análise do


caso Aline Pimentel

Artigo científico apresentado como requisito


parcial para obtenção do título de Bacharel em
Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e
Sociais – FAJS do Centro Universitário de
Brasília (UniCEUB).
Orientadora: Professora Aline Albuquerque

Brasília, 13 de setembro de 2019

BANCA AVALIADORA

_________________________________________________________
Professor(a) Orientador(a)

__________________________________________________________
Professor(a) Avaliador(a)
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................1
2. DIREITOS HUMANOS DOS PACIENTES NOS CUIDADOS EM SAÚDE:
ANÁLISE DO REFERENCIAL TEÓRICO INTERNACIONAL......................................3
3. DIREITOS HUMANOS DE MULHERES NOS CUIDADOS EM SAÚDE...................8
3.1 A questão do gênero no processo terapêutico.......................................................................8
3.2 Direitos humanos dos pacientes (DHP) aplicados às
mulheres.............................................9
4. CASO ALINE PIMENTEL: A VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS DE
MULHERES NOS CUIDADOS EM
SAÚDE.......................................................................12
5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS..............................................................................................17
REFERÊNCIAS......................................................................................................................18
1

Direitos humanos de mulheres nos cuidados em saúde: análise do


caso Aline Pimentel

Tiago dos Santos Nascimento1

RESUMO

O objetivo deste estudo é analisar os direitos humanos dos pacientes (DHP) a partir
do referencial internacional no que diz respeito à mulher submetida aos cuidados em saúde.
Para tanto, o marco teórico será feito com base nas pesquisas devolvidas por Ezer e Cohen2 e
por Albuquerque3, a fim de construir um arcabouço teórico para a análise dos DHP voltado à
paciente. Para ilustrar a aplicação de tais direitos, o caso Alyne Pimentel será examinado
como caso paradigma de violação de direitos humanos dos pacientes (DHP) nos cuidados em
saúde. Por fim, algumas considerações serão feitas com a finalidade de desenvolver ainda
mais o tema estudado.

1. INTRODUÇÃO

O referencial internacional dos direitos humanos dos pacientes, doravante (DHP), é


um tema que necessita ser explorado, uma vez que ainda não há tanta literatura jurídica a
respeito do assunto, tampouco existe legislação nacional específica para a proteção dos
pacientes. Assim, a relação paciente/profissional de saúde merece atenção, ainda mais quando
é a mulher submetida aos cuidados em saúde, em razão de suas vulnerabilidades e
especificidades. Desse modo, o presente estudo busca analisar o DHP sob a ótica da mulher,
com a finalidade de compreender os aspectos de tais direitos relacionados diretamente à
paciente na assistência terapêutica. Para tanto, foram levantados e examinados os documentos
internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Pan-Americana de
Saúde, do Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher
(CEDAW) das Nações Unidas e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, bem
1
Graduando em Direito pelo Centro Universitário de Brasília - UNICEUB. Pesquisador associado ao Centro
Brasileiro de Estudos Constitucionais - CBEC (Universitário) e ao Grupo Cortes Constitucionais e Democracia
na América Latina. Participante discente da Clínica de Direitos Humanos do UNICEUB.
2
COHEN, J.; e EZER, T. Human rights in patient care: a theoretical and practical framework. Health and
Human Rights Journal. Disponível em: https://www.hhrjournal.org/2013/12/human-rights-in-patient-care-a-
theoretical-and-practical-framework/. Acesso em: 25 mar. 2017.
3
ALBUQUERQUE, A. Direitos Humanos dos Pacientes. Curitiba: Juruá, 2016.
2

como as pesquisas desenvolvidas por Ezer e Cohen4 e por Albuquerque5, a fim de construir
um campo teórico para analisar tal referencial internacional em relação às mulheres. Para
ilustrar a aplicação do referencial do DHP à paciente, o caso Alyne Pimentel será abordado no
estudo, em virtude de sua importância em relação aos direitos das mulheres, uma vez que foi a
primeira denúncia contra o Brasil sobre a mortalidade materna recebida pelo Comitê para a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher da Organização Mundial
das Nações Unidas.

Palavras-chave: Direitos humanos. Pacientes. Mulher. Gênero e saúde.

4
COHEN, J.; e EZER, T. Human rights in patient care: a theoretical and practical framework. Health and
Human Rights Journal. Disponível em: https://www.hhrjournal.org/2013/12/human-rights-in-patient-care-a-
theoretical-and-practical-framework/. Acesso em: 25 mar. 2017.
5
ALBUQUERQUE, A. Direitos Humanos dos Pacientes. Curitiba: Juruá, 2016.
3

2. OS DIREITOS HUMANOS APLICADOS AOS CUIDADOS EM SAÚDE: ANÁLISE


DO REFERENCIAL TEÓRICO INTERNACIONAL

O referencial teórico dos direitos humanos dos pacientes, doravante (DHP),


desenvolvido por Ezer e Cohen6 e por Albuquerque7, envolve a aplicação de princípios e de
direitos ao contexto dos cuidados em saúde. Desse modo, o referencial reconhece a dupla
condição do paciente: a de ser vulnerável e de sujeito central do processo terapêutico. Assim,
por seu estado de fragilidade psíquica e física e pelo fato de não deter conhecimento médico
especializado, o paciente se encontra numa condição especial de vulnerabilidade, que deve ser
considerada pelos profissionais de saúde8.
Considerando tal aspecto, tem-se um elenco de direitos humanos que são aplicados
ao contexto dos cuidados em saúde. Neste estudo, o primeiro a ser analisado é o direito à vida,
como elemento principal para o exercício dos demais direitos.
Dessa forma, o direito à vida é primordial nos cuidados em saúde, tendo dois
aspectos: um relacionado à proteção de todos pacientes durante o processo terapêutico; e
outro referente à punição dos profissionais de saúde que atentem contra a vida do paciente9.
Assim, a garantia do direito à vida é o pré-requisito para o gozo dos demais direitos,
já que sem sua garantia os outros direitos carecem de sentido na dinâmica da saúde10.
Decorre dele, a segurança do paciente no curso dos cuidados em saúde, já que um
dos elementos essenciais do direito à vida é que sejam aplicados procedimentos seguros na
assistência médica.
Desse modo, a segurança do paciente é definida como a redução de danos, ao
mínimo possível, a fim de evitar riscos desnecessários provenientes de “erros, transgressões,
abuso de pacientes e atos deliberadamente perigosos que podem ocorrer nos cuidados de
saúde”11.

6
COHEN, J.; e EZER, T. Human rights in patient care: a theoretical and practical framework. Health and
Human Rights Journal. Disponível em: https://www.hhrjournal.org/2013/12/human-rights-in-patient-care-a-
theoretical-and-practical-framework/. Acesso em: 25 mar. 2017.
7
ALBUQUERQUE, A. Direitos Humanos dos Pacientes. Curitiba: Juruá, 2016.
8
_____________. Direitos Humanos dos Pacientes. Curitiba: Juruá, 2016.
9
_____________. A segurança do paciente à luz do referencial dos direitos humanos. Patient safety in light of
the human rights framework. R. Dir. sanit., São Paulo v.17 n.2, p. 117-137, jul./out. 2016.
10
CIDH apud ALBUQUERQUE, A. A segurança do paciente à luz do referencial dos direitos humanos. Patient
safety in light of the human rights framework. R. Dir. sanit., São Paulo v.17 n.2, p. 117-137, jul./out. 2016
11
OMS apud MENDES, W.. Taxonomia em segurança do paciente. In: SOUSA, Paulo; MENDES, Walter
(Orgs.). Segurança do paciente: Conhecendo os riscos nas organizações de saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz,
2013 p. 60-61.
4

Então, o direito à vida desdobra-se na segurança que todo o paciente deve ter
enquanto submetido aos tratamentos na esfera da saúde, pois a aplicação de procedimentos
inseguros pode levar o paciente a morte12.
Do mesmo modo, vincula-se ao direito à vida à qualidade dos procedimentos
terapêuticos nos cuidados em saúde. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
definição da qualidade de tais processos está assentada sob a perspectiva de seis aspectos,
conforme a seguir:
Efetividade, segundo a qual os cuidados em saúde são baseados em evidências
científicas de modo a proporcionar os melhores resultados para o indivíduo e a comunidade;
Eficiência, de forma a maximizar o uso dos recursos e evitar o desperdício na esfera da saúde;
Acessibilidade, ofertando os procedimentos médicos em locais razoavelmente próximos das
comunidades, localizados de maneira estratégica, fornecendo recursos adequados aos
pacientes; Centralidade no paciente, prestando serviços em saúde que tenham como norte a
preferências e desejos dos pacientes; Equidade, não devendo os cuidados em saúde variar em
razão do sexo, cor, orientação sexual, gênero, etnia e outras características pessoais ou pelo
critério socioeconômico; segurança, ofertando tratamentos terapêuticos em saúde que
minimizem os riscos de dano ao paciente13.
Seguindo a linha dos direitos do paciente, o segundo a ser abordado no estudo é o
direito a não ser submetido a tratamentos desumanos ou degradantes. Sob essa visão, a
finalidade do direito é a de proteger as pessoas de atos atentatórios contra a sua dignidade
humana, integridade física ou mental14.
Em relação à esfera da saúde, a definição de tratamento desumano ou degradante
possui certas peculiares, pois consiste na “mais grave violação do direito humano do paciente
à integridade e dignidade, pressupõe uma situação de impotência, em que a vítima está sob o
controle total de outra pessoa”15.

12
ALBUQUERQUE, A. A segurança do paciente à luz do referencial dos direitos humanos. Patient safety in
light of the human rights framework. R. Dir. sanit., São Paulo v.17 n.2, p. 117-137, jul./out. 2016.
13
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Quality of care: A process for making strategic choices in health
systems. WHO: Geneva, 2006, p. 9-10.
14
CIDH. Observación general n. 20. Artículo 7 – Prohibición de la tortura u otros tratos o penas crueles,
inhumanos o degradantes. Disponível em:
<http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/BDL/2001/1399.pdf?view=1> Acesso: 10 mar. 2017.
15
A/63/175, para. 50 apud UNITED NATIONS. General Assembly. Report of the Special Rapporteur on torture
and other cruel, inhuman or degradign treatment or punishment, Juan E. Méndez. Disponível em:
http://www.ohchr.org/Documents/HRBodies/HRCouncil/RegularSession/Session22/
A.HRC.22.53_English.pdf. Acesso em: 10 mar. 2017.
5

Assim, segundo Juan E. Mendez, relator especial da ONU, há maus-tratos ou tortura


nos cuidados em saúde transvestidos de “tratamento de saúde”, sendo defendidos
veementemente por profissionais da área16.
Cabe ao Estado, desse modo, tomar as medidas legislativas e administrativas, a fim
de proteger seus indivíduos contra atos abusivos de agentes estatais, no curso de suas funções,
fora dela ou até no âmbito privado17. Assim, o ente estatal deve impedir atos de tortura ou
maus-tratos em instituições à sua jurisdição que limitem a liberdade individual, sendo uma
delas: o ambiente hospitalar18.
A próxima análise a ser feita é do direito ao respeito à vida privada, buscado exame
teórico a partir do referencial do DHP. Dessa maneira, o direito ao respeito à vida privada se
refere à esfera individual do sujeito e a não interferência nesta órbita, com o objetivo de
proteger a intimidade das pessoas de arbitrariedades ou ilegalidades, como também contempla
a proteção da honra e da reputação do indivíduo19.
Na saúde, o respeito pela vida privada detém aspectos de suma importância no
cotidiano dos tratamentos terapêuticos, já que perpassa pelo entendimento de que as
informações decorrentes do quadro clínico do paciente devem ser respeitadas e protegidas,
não devendo ser utilizadas para outro fim, se não aquele para que foram coletadas e
consentidas20.
Nesse sentido, a privacidade do paciente está na esfera da não submissão a
tratamentos de saúde, sem seu consentimento, bem como de ter sua decisão respeitada e seus
dados pessoais não divulgados21.
Do outro lado da relação, os profissionais de saúde estão obrigados a manter a
confidencialidade das informações de seus pacientes, de modo seguro e restrito22. Este, em
16
MENDEZ, J. United Nations. General Assembly. Report of the Special Rapporteur on torture and other cruel,
inhuman or degradign treatment or punishment. Disponível em:
http://www.ohchr.org/Documents/HRBodies/HRCouncil/RegularSession/Session22/
A.HRC.22.53_English.pdf. Acesso: 10 mar. 2017, p. 4.
17
CIDH. Observación general n. 20. Artículo 7 – Prohibición de la tortura u otros tratos o penas crueles,
inhumanos o degradantes. Disponível em:
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/BDL/2001/1399.pdf?view=1 Acesso: 10 mar. 2017
18
CCLT. Convención contra la Tortura y Otros Tratos o Penas Crueles, Inhumanos o Degradantes. Observación
General nº 2. http://www.refworld.org/cgi-bin/texis/vtx/rwmain/opendocpdf.pdf?reldoc=y&docid=47bee7f62
Acesso: 10 mar. 2017.
19
CDH. Observación General n. 16. Artículo 17 – Derecho a la Intimidad. Disponível em:
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/BDL/2005/3584.pdf?view=1. Acesso: 10 mar. 2017.
20
OBSERVATÓRIO DE BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS DOS PACIENTES. A DUBDH e os Direitos
Humanos dos Pacientes. Disponível em: http://www.observatoriopaciente.com.br/dubdh/ Acesso: 10 mar.
2017.
21
______________. A DUBDH e os Direitos Humanos dos Pacientes. Disponível em:
http://www.observatoriopaciente.com.br/dubdh/. Acesso: 10 mar. 2017.
22
VALERIE, P. Confidentiality, privacy and security of health information: Balancing interests. Biomedical and
Health Information Sciences. University of Illinois at Chicago. 2014.
6

geral, espera que a comunicação feita acerca de seu estado seja confidencial no âmbito dos
cuidados em saúde23.
O próximo a ser abordado no estudo é o direito de liberdade e segurança pessoais,
com base no referencial teórico do DHP. Assim, a liberdade está relacionada à ausência de
confinamento físico; não a liberdade geral de ação, já a segurança da pessoa se assenta na
proteção contra lesões físicas ou psicológicas para garantir a integridade do sujeito24.
Nos cuidados em saúde, a discussão em relação à liberdade e segurança pessoal é
mais voltada ao paciente portador de doença mental, submetido retenção involuntária, por isso
a abordagem será acerca dos aspectos inerentes a tal sujeito.
Desse modo, a detenção do paciente com deficiência mental, por ordem judicial ou
decisão de tutor, deve ser guiado pelos seguintes parâmetros: a) o transtorno mental deve estar
baseado em perícia médica objetiva; b) o grau de desordem mental deve ser de tal forma a
justificar a medida; c) a retenção deve se pendurar enquanto durar a gravidade do transtorno;
d) o paciente portador de doença mental deve ser encaminhado ao estabelecimento
apropriado, autorizado a tal finalidade25.
O próximo passo no estudo é discutir aspectos do direito à informação dos pacientes.
Nesse sentido, tal direito é fundamental para preservação do regime democrático, em que
todas as pessoas têm o direito de receber informações relativas à sua pessoa e seus bens de
forma clara e sem custos26.
Trazendo tal entendimento para os cuidados em saúde, é possível afirmar que o
acesso à informação é indispensável, uma vez que o consentimento do paciente é fundamental
no momento de escolha do procedimento terapêutico adequado, razão pela qual é a
compreensão pelo paciente das diversas opções de tratamento disponibilizados durante a fase
hospitalar27.

23
VALERIE, P. Confidentiality, privacy and security of health information: Balancing interests. Biomedical and
Health Information Sciences. University of Illinois at Chicago. 2014.
24
HRC. General comment n. 35. Article 9: Liberty and security of person. Disponível em:
http://tbinternet.ohchr.org/_layouts/treatybodyexternal/Download.aspx?symbolno=CCPR%2fC%2fGC
%2f35&Lang=en. Acesso em: 11 mar. 2017, p. 1.
25
MACOVEI, M. The right to liberty and security of the person. A guide to the implementation of Article 5 of
the European Convention on Human Rights. Human rights handbooks, No. 5, 2002.
26
CIDH. El Derecho de Acesso a la Información en la Marco Jurídico Interamericano. Disponível em:
http://www.oas.org/es/cidh/expresion/docs/publicaciones/acceso%20a%20la%20informacion%20final%20con
%20portada.pdf. Acesso em: 11 mar. 2017
27
B.M., Dickens; R.J, Cook apud CIDH. Acesso a la Información em Materia Reproductiva desde uma
Perspectiva de Derechos Humanos. Disponível em: mujeresaccesoinformacionmateriareproductiva.pdf.
Acesso: 11 mar. 2017, p. 14.
7

Dessa maneira, a informação repassada deve ser compreendida pelo paciente, a


linguagem do profissional de saúde deve ser o mais próximo possível do cotidiano do sujeito
submetido aos cuidados em saúde, considerando o nível de instrução e cultura dele28.
Depreende-se do direito à informação, o acesso do paciente ao prontuário médico,
que ao ser solicitado não pode ser negado. Contudo, o conteúdo do documento deve ser
mantido em sigilo, tendo apenas acesso o profissional habilitado e o paciente, tendo esse
direito relação direta com o respeito à vida privada do paciente29.
O último direito a ser exposto aqui é o de a não ser discriminado nos cuidados em
saúde, que diz respeito a tratamentos igualitários, sem distinções por fatores pessoais ou
socioeconômicos. Nesse sentido, não pode existir diferença entre os indivíduos em razão de
raça, cor, religião, opinião pública, gênero, ou quaisquer condições sociais, econômicas e
pessoais30.
Desse modo, levantar o debate acerca da não discriminação em saúde é importante,
já que as desigualdades sociais, fortalecidas pelos estigmas e preconceitos de grupos
específicos, são vetores potenciais determinantes no processo de adoecimento31.
Sob a ótica da não discriminação no âmbito da saúde, grupos específicos merecem
atenção especial, como “as mulheres, as crianças e os grupos marginalizados, tais como as
minorias raciais e étnicas, os povos indígenas, as pessoas com deficiência e os indivíduos com
o VIH/SIDA32”.
Dessa forma, as mulheres são pacientes com especificidades ou condições
particulares, tais como a gravidez e o parto, que não são doenças, mas processos biológicos
que podem acarretar risco à saúde da mulher e exigem cuidados específicos na assistência em
saúde33.

28
CIDH. Acesso a la Información em Materia Reproductiva desde uma Perspectiva de Derechos Humanos.
Disponível em: mujeresaccesoinformacionmateriareproductiva.pdf. Acesso: 11 mar. 2017.
29
_________. Humanos. Acesso a la Información em Materia Reproductiva desde uma Perspectiva de Derechos
Humanos. Disponível em: mujeresaccesoinformacionmateriareproductiva.pdf. Acesso: 11 mar. 2017.
30
__________. Observación General n. 18. No discriminación. Disponível em:
http://www.villaverde.com.ar/es/assets/investigacion/Discriminacin/og-18-cdh-discriminacion.pdf. Acesso em:
11 mar. 2017.
31
HUNT, P. Report to the Comissiono on Human Rights. (Main focus: Definitión of the human right to health).
Disponível em: https://documents-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G03/109/79/PDF/G0310979.pdf?
OpenElement. Acesso em: 11 mar. 2017, p. 15.
32
__________. Report to the Comissiono on Human Rights. (Main focus: Definitión of the human right to
health). Disponível em: https://documents-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G03/109/79/PDF/G0310979.pdf?
OpenElement. Acesso em: 11 mar. 2017, p. 16.
33
OMS. Mulheres e saúde: evidências de hoje, agenda de amanhã. Disponível em:
https://www.who.int/eportuguese/publications/Mulheres_Saude.pdf. Acesso em: 21 ago. 2019, p. 3
8

Além disso, as desigualdades baseadas no gênero, em relação à educação, renda e


emprego, limitam a capacidade das mulheres na proteção da própria saúde, impedindo seu
estado pleno de saúde34, sendo, portanto, fatores determinantes nos cuidados em saúde.
Assim, pelas especificidades da mulher enquanto paciente, passa-se à análise dos
direitos humanos da mulher submetida aos cuidados em saúde.

3. OS DIREITOS HUMANOS DE MULHERES NOS CUIDADOS EM SAÚDE

Diante dos direitos dos pacientes expostos, importa ressaltar aqueles que dizem
respeito à paciente mulher, pois ela é mais vulnerável no curso dos cuidados em saúde,
sofrendo, inclusive, mais violações de direitos humanos quando submetida a tratamentos
terapêuticos, em especial, aos relacionados à saúde sexual e reprodutiva35.

3.1 A questão do gênero no processo terapêutico

A discriminação sistemática nos cuidados em saúde baseadas na questão de gênero


impede muitas mulheres de acessar a assistência em saúde, bem como diminuem a capacidade
dela de responder às questões relativas à sua doença ou a de seus familiares 36. Dessa forma, a
questão do gênero deve ser considerada para a proteção da mulher nos cuidados de saúde.
Com objetivo de proteção da paciente, a Convenção para a Eliminação de Qualquer
Forma de Discriminação Contra a Mulher prescreve no artigo 12 que os Estados partes devem
adotar medidas que assegurem a proteção da mulher na esfera da saúde, a fim de proporcionar
a igualdade de gênero entre homens e mulheres, buscando eliminar todas as formas de
discriminação contra a condição feminina37.
Para amparo efetivo no âmbito da saúde, recomenda-se que a mulher seja vista em
sua completude, tendo por norte as particularidades dela, de modo a prevenir, detectar e tratar
suas enfermidades, respeitando os fatores biológicos, socioeconômicos e psicossociais que
são distintos para os gêneros masculino e feminino38.
34
OMS. Mulheres e saúde: evidências de hoje, agenda de amanhã. Disponível em:
https://www.who.int/eportuguese/publications/Mulheres_Saude.pdf. Acesso em: 21 ago. 2019, p. 3
35
FULLER, A.; CABRERA, O.; DUGER, A. Health and Human Rights: Resource Guide. Disponível em:
https://www.hhrguide.org/2014/02/20/testing-page-1/. Acesso: 04 mar. 2017.
36
CIDH. Acesso a la Información em Materia Reproductiva desde uma Perspectiva de Derechos Humanos.
Disponível em: mujeresaccesoinformacionmateriareproductiva.pdf. Acesso: 11 mar. 2017.
37
UNITED NATIONS. Convention on the Elimination of All Forms of Descrimination against Women. New
York, 1979.
38
UNITED NATIONS. Committee for the Elimination of Discrimination against Women. Convention on the
Elimination of All Forms of Descrimination against Women. General Recommendation n. 24
http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/recommendations/recomm-sp.htm#recom24. Acesso em: 04 mar.
9

Assim, abordar as distinções de gênero no contexto da saúde é imprescindível, uma


vez que homens e mulheres, em razão da organização social, estão expostos a processos
diferentes de sofrimento, adoecimento e morte39.

3.2 Direitos humanos dos pacientes (DHP) aplicados às mulheres

Para garantir a proteção da mulher na esfera da saúde, cabe discutir a aplicação do


referencial do DHP em relação a pacientes, uma vez que o gênero influencia na dinâmica dos
cuidados em saúde40, devendo ser analisados, portanto, os direitos humanos relacionados às
especificidades das mulheres.
Assim, o direito à vida está vinculado à segurança do paciente, enquanto elemento de
qualidade dos procedimentos terapêuticos. Nesse sentido, há uma grande preocupação com
segurança do paciente nos procedimentos maternos e neonatais em virtude de seus resultados
desastrosos, em caso de aplicação de procedimentos médicos inseguros41.
Como exemplo, pode-se destacar que em casos de realização procedimentos
obstétricos imprudentes pode ocorrer infecções no período perinatal que poderá resultar em
novas internações e até a morte42. Dessa forma, a segurança do paciente é um elemento a ser
observado nos cuidados em saúde, a fim de evitar riscos às mulheres submetida à assistência
hospitalar.
Em relação a tratamentos desumanos ou degradantes, o direito a não ser submetida a
tais procedimentos influencia sobremaneira a vida de mulheres enquanto paciente. Dessa
forma, um dos exemplos de tratamento desumano ou degradante pode ser encontrado em
algumas práticas que caracterizam a violência obstétrica43, tais como a violência psicológica
por meio da discriminação em razão de estigmas sociais e/ou violência física por meio de
ações que causam dores desnecessárias, como exame de toques para dilatação do períneo44.
2017
39
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes / Ministério da
Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2004, p. 13.
40
OMS. Mulheres e saúde: evidências de hoje, agenda de amanhã. Disponível em:
https://www.who.int/eportuguese/publications/Mulheres_Saude.pdf. Acesso em: 21 ago. 2019, p. 9
41
SANTOS, F. J.; NASCIMENTO, H. M.; SANTOS, J. M. J.; CUNHA, J. O.;, SILVA, J. C. S.; PENA, J. A.
Cultura de segurança do paciente em uma maternidade de risco habitual. Disponível em:
https://www.portalnepas.org.br/abcshs/article/view/1066/834. Acesso em 05 ago. 2019
42
___________. Cultura de segurança do paciente em uma maternidade de risco habitual. Disponível em:
https://www.portalnepas.org.br/abcshs/article/view/1066/834. Acesso em 05 ago. 2019
43
INCOTT, A. A. F. Tratamento Desumano e Degradante e Violência Obstétrica no Brasil. Dissertação de
Monografia, Centro Universitário de Curitiba, Curitiba, 2018.
44
ALBUQUERQUE, A.; SOUTO, L. G. M. O. Violência Obstétrica e Direitos Humanos dos Pacientes.
Disponível em: http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/
10

Ademais, a violência obstétrica pode envolver a violação não apenas do direito de


mulheres ao tratamento adequado, como também ao direito à vida, saúde, integridade física e
a não discriminação45.
A respeito do direito à privacidade, no que tange ao consentimento informado, as
mulheres são submetidas, com maior frequência, a intervenções médicas forçadas ou práticas
terapêuticas sem consentimento, que acarreta prejuízos à saúde dela46. Desse modo, as
pacientes correm mais riscos de sofrer múltiplas formas de maus tratos ou discriminações nos
cuidados em saúde47.
Ainda, quanto ao direito à privacidade das pacientes, os profissionais de saúde não
devem disponibilizar informações de pacientes sem seu consentimento, devendo, portanto,
manter em sigilo as informações das pacientes que estão sob seus cuidados, principalmente
em relação à saúde sexual e reprodutiva delas48.
Nos cuidados em saúde, o direito à segurança e liberdade pessoal se relaciona à
ausência de confinamento físico, discussão que se volta à internação compulsória ou
involuntária de mulheres com transtornos mentais.
Dessa forma, há um incentivo à medida de internação compulsória ou involuntária
feminina, em razão de dependência química ou transtornos mentais, fortalecida pelos
mecanismos midiáticos49, o que fortalece estereótipos sobre a mulher com transtornos
mentais.
O direito ao acesso à informação no contexto da saúde é imprescindível para a
mulher, uma vez que a não disponibilidade de orientações em saúde e serviços necessários
para a adequada saúde sexual e reprodutiva agravam a vulnerabilidade feminina50.

bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/Rev-CEJ_n.75.03.pdf. Acesso em: 19 ago. 2019.


45
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Prevenção e eliminação de abusos, desrespeito e maus-tratos
durante o parto em instituições de saúde. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/134588/WHO_RHR_14.23_por.pdf?sequence=3. Acesso em:
02 ago. 2019.
46
NACIONES UNIDAS. Asamblea General. Consejo de Derechos Humanos. Informe del Relator Especial
sobre la tortura y otros tratos o penas crueles, inhumanos o degradantes, Juan E. Méndez , A/HRC/22/53.
Tradução: Español, Genebra. p. 21
47
_________. Asamblea General. Consejo de Derechos Humanos. Informe del Relator Especial sobre la tortura
y otros tratos o penas crueles, inhumanos o degradantes, Juan E. Méndez, A/HRC/22/53. Tradução: Español,
Genebra. p. 21
48
CIDH. Acesso a la Información em Materia Reproductiva desde uma Perspectiva de Derechos Humanos.
Disponível em: https://www.cidh.oas.org/pdf%20files/mujeresaccesoinformacionmateriareproductiva.pdf
Acesso: 11 mar. 2017.
49
MACEDO, F. S., ROSO A., LARA, M. P. Mulheres, saúde e uso de crack: a reprodução do novo racismo
na/pela mídia televisiva. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/sausoc/2015.v24n4/1285-1298/pt/#.
Acesso em: 02 ago. 2019.
50
HUNT, P. Report to the Comissiono on Human Rights. (Main focus: Definitión of the human right to health).
Disponível em: https://documents-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G03/109/79/PDF/G0310979.pdf?
OpenElement. Acesso em: 11 mar. 2017, p. 16.
11

Assim, há diversas barreiras enfrentadas pelas mulheres para acessar a informação


quanto à saúde sexual e reprodutiva, recebendo um acesso limitado a tais serviços, ainda mais
quando se trata de mulheres pobres, indígenas, afrodescendentes, imigrantes em razão da
discriminação sofridas por elas51.
Em relação à discriminação, grupos específicos estão mais propensos a serem
discriminados em virtude de suas condições particulares 52, dentre eles estão as mulheres.
Dessa forma, atos discriminatórios influenciam diretamente a saúde de pessoas inseridas em
tais arranjos sociais53.
O direito a não discriminação assume especial relevância nos cuidados em saúde de
mulheres, uma vez que sua condição feminina influencia em sua saúde física e psíquica.
Dessa forma, o acesso de mulheres à assistência em saúde é impedido pela discriminação nos
cuidados em saúde, prejudicando seu bem estar e de seus familiares54.
Desse modo, tal direito deve ser garantido a mulheres nos tratamentos de saúde, de
modo a garantir e proteger que não seja discriminada em razão do gênero55.
Como forma de ilustrar o DHP aplicados a mulheres, será analisado o caso Alyne
Pimentel no estudo, em virtude de sua importância em relação aos direitos das mulheres, uma
vez que foi a primeira denúncia contra o Brasil sobre a mortalidade materna recebida pelo
Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher.

4. CASO ALINE PIMENTEL: A VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS DE


MULHERES NOS CUIDADOS EM SAÚDE

Como dito, o caso Alyne Pimentel é a primeira denúncia apresentada e acolhida a


respeito de mortalidade materna pelo Comitê para Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, doravante Comitê CEDAW, cuja função é monitorar a

51
CIDH. Acesso a la Información em Materia Reproductiva desde uma Perspectiva de Derechos Humanos.
Disponível em: https://www.cidh.oas.org/pdf%20files/mujeresaccesoinformacionmateriareproductiva.pdf.
Acesso: 11 mar. 2017.
52
HUNT, P. Report to the Comissiono on Human Rights. (Main focus: Definitión of the human right to health).
Disponível em: https://documents-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/G03/109/79/PDF/G0310979.pdf?
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53
FULLER, A.; CABRERA, O.; DUGER, A. Health and Human Rights Resource Guide. Disponível em:
https://www.hhrguide.org/2014/02/20/testing-page-1/. Acesso: 04 mar. 2017.
54
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Disponível em: mujeresaccesoinformacionmateriareproductiva.pdf. Acesso: 11 mar. 2017.
55
CIDH. Observación General n. 18. No discriminación. Disponível em:
http://www.villaverde.com.ar/es/assets/investigacion/Discriminacin/og-18-cdh-discriminacion.pdf. Acesso em:
11 mar. 2017.
12

implementação pelos Estados-parte dos direitos das mulheres previstos na Convenção a


respeito do Direitos das Mulheres de 1979, adotada pela Organização das Nações Unidas56.
Nesse sentido, escolheu-se o caso em virtude de ser a única responsabilidade
internacional do Estado brasileiro por violação de direitos humanos das mulheres perante um
organismo de monitoramento de direitos humanos, além da relevância temática, na medida
em que é o primeiro caso de mortalidade materna no Sistema ONU de Direitos Humanos57.
Sendo assim, o referido caso apresenta particularidades específicas para a análise do
DHP, uma vez que se trata da morte materna em razão da falta de assistência médica
adequada de uma mulher gestante, jovem, afrodescendente e de baixa renda, cujo processo
judicial ainda estava em trâmite à época do julgamento58.
Dessa forma, os aspectos inerentes ao caso lhe conferem qualidade para ser um
paradigma no monitoramento dos DHP em relação à mulher no Brasil, motivo pelo qual será
analisado conforme as disposições da decisão do Comitê CEDAW59.
Em seguida, o caso Alyne Pimentel será descrito conforme os termos da decisão do
Comitê CEDAW.
Em 2007, Maria de Lourdes da Silva Pimentel, mãe de Alyne Pimentel, foi
representada pelo Centro de Direitos Reprodutivos e Advocacia Cidadã pelos Direitos
Humanos na comunicação do caso perante o Comitê CEDAW.
Os peticionários do caso alegam violação ao direito à vida e à saúde da vítima, Alyne
Pimentel. Segundo eles, em 11 de novembro de 2002, Alyne Pimentel, grávida de seis meses,
foi à Casa de Saúde Nossa Senhora da Glória, apresentando os sintomas de náusea e dores
abdominais.
Neste dia, o médico responsável prescreveu medicamentos para Alyne Pimentel e a
mandou para casa. Porém, o estado de saúde dela piorou e, em 13 novembro de 2002, ela
retornou ao mesmo hospital acompanhada de sua mãe.
Na ocasião, outro médico examinou Alyne Pimentel e não detectou os batimentos
cardíacos do feto, o que foi confirmado posteriormente pelo ultrassom. Em seguida, os

56
ALBUQUERQUE, A. S. O.; SCHIRMER, J. B. Caso Alyne Pimentel: uma análise à luz da abordagem
baseada em direitos humanos. Disponível em: http://revista.ibdh.org.br/index.php/ibdh/article/view/202.
Acesso em: 03 ago. 2019.
57
____________. Caso Alyne Pimentel: uma análise à luz da abordagem baseada em direitos humanos.
Disponível em: http://revista.ibdh.org.br/index.php/ibdh/article/view/202. Acesso em: 03 ago. 2019.
58
____________. Caso Alyne Pimentel: uma análise à luz da abordagem baseada em direitos humanos.
Disponível em: http://revista.ibdh.org.br/index.php/ibdh/article/view/202. Acesso em: 03 ago. 2019.
59
CEDAW. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
13

médicos da instituição aplicaram medicação nela para acelerar o parto, tendo Alyne Pimentel
dado à luz ao natimorto.
Em 14 de novembro de 2002, Alyne Pimentel passou por cirurgia para a retirada da
placenta, sendo que, após o procedimento, o estado de saúde dela piorou bastante,
apresentando sintomas, como hemorragia extrema, vômito, pressão baixa, incapacidade de
ingestão de alimentos e desorientação prolongada.
Em 15 de novembro de 2002, Alyne Pimentel apresentava ainda os mesmos
sintomas, não tendo alterado seu quadro de saúde. Em seguida, os médicos da Casa de Saúde
solicitaram a transferência de Alyne Pimentel para outra unidade 60. Assim, foi verificado que
somente o Hospital Geral Municipal Nova Iguaçu possuía leito disponível. Contudo, tal
instituição se recusou a usar sua única ambulância para buscar Alyne Pimentel61.
Alyne Pimentel aguardou por oito horas para ser transferida ao referido Hospital.
Após ser transferida, o estado de saúde dela se agravou, a pressão caiu para zero e ela teve
que ser ressuscitada pelos médicos62. A instituição de saúde instalou Alyne Pimentel em um
local improvisado no meio do corredor, porque não havia leito disponível63.
Os peticionários alegam que os médicos do hospital anterior não encaminharam os
prontuários médicos de Alyne Pimentel para o novo hospital.
Em 16 de novembro de 2002, Alyne Pimentel faleceu em razão de hemorragia
digestiva. Conforme as informações dos médicos, a hemorragia se deu como resultado do
parto do feto natimorto.
Em 11 de fevereiro de 2003, o marido de Alyne Pimentel ajuizou a ação de
indenização por danos morais e materiais contra a instituição Casa de Saúde64.
No caso Alyne Pimentel, os peticionários alegam que não foi prestado tratamento
médico adequado durante o parto, causando o falecimento de Alyne Pimentel, uma vez que a
principal razão da mortalidade materna é atraso na obtenção de cuidados obstétricos
emergenciais de qualidade.
Sustentam, ainda, que a morte seria evitada se Alyne Pimentel fosse submetida a
exames médicos adequados durante seu primeiro atendimento, pois, já na segunda consulta,
60
CEDAW. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
61
________. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
62
CEDAW. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
63
_______. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
64
_______. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
14

teria sido detectado a morte do feto e o parto seria induzido de imediato, evitando
complicações em seu estado de saúde e, em última instância, sua morte65.
Argumentam, também, que Alyne Pimentel deveria ser transferida para uma
instituição de saúde com melhores equipamentos para a realização de sua cirurgia, o que
evitaria o óbito dela.
Sendo assim, os peticionários alegam que houve falha na assistência em saúde
adequada; falta de coordenação entre o pré-natal e o parto; ausência de ambulância suficientes
para o transporte; não havia leitos disponíveis e os prontuários não foram encaminhados para
o outro hospital.
Além disso, os peticionários argumentam que não foram garantidos mecanismos
judiciais eficazes para proteção da saúde reprodutiva, demonstrando a falha do Estado
brasileiro em adotar medidas jurisdicionais de reparação à violação de direitos das mulheres,
tratadas de forma discriminatória no país.
Assim, essa falha do sistema judicial ocasionou efeitos devastadores para a família
de Alyne Pimentel, em especial, a sua filha, que foi abandonada pelo pai, vivendo, desde
então, em condições precárias com a avó materna.
Em relação ao caso Alyne Pimentel, o Comitê CEDAW66 decidiu que o Estado
brasileiro violou o direito à assistência médica adequada, o direito a ter serviços privados de
saúde monitorados e regulados pelo Estado, o direito da não discriminação contra as mulheres
e o direito de acesso aos mecanismos judiciais.
De acordo com o Comitê CEDAW67, a morte de Alyne Pimentel se deu em razão de
complicações obstétricas em relação à gravidez, cujos sintomas foram ignorados pelo médico
da instituição de saúde.
Além disso, os exames de urina e sangue foram realizados dois depois do primeiro
atendimento, como também a curetagem foi realizada após 14h da cirurgia, o que ocasionou
diretamente o falecimento do feto e de Alyne Pimentel.
A respeito da alegação de Casa de Saúde Nossa Senhora da Glória ser instituição
privada, o Comitê CEDAW68 considerou que o Estado brasileiro é responsável pela atuação
de tais estabelecimentos, devendo regulamentar e monitorar essas instituições.
65
_______. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
66
CEDAW. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
67
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49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
68
_______. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
15

Ainda, conforme o Comitê CEDAW69, a ausência de serviços de saúde maternos


específicos, que não satisfazem os interesses das mulheres, não apenas constitui violação ao
direito à saúde, como também é uma forma de discriminação contra elas.
Ademais, o Comitê CEDAW70 entendeu que Alyne Pimentel sofreu múltiplas
discriminações por ser mulher afrodescente e de baixo nível socioeconômico.
Por fim, o Comitê CEDAW considerou que a ação judicial, ajuizada em 2003, que
não teve resultado até a época do julgamento viola a garantia de medidas judiciais eficazes
por parte do Estado brasileiro.
Diante disso, o Comitê CEDAW71 fez sete recomendações ao Estado brasileiro, a
primeira de natureza reparatória a fim indenizar os familiares de Alyne Pimentel na proporção
da gravidade das violações.
Três relacionadas a políticas públicas de saúde: i) garantir o direito das mulheres à
maternidade e assistência médica emergencial adequada; ii) realizar a formação de
profissionais de saúde com base em diretrizes sobre direitos reprodutivos das mulheres; iii)
diminuir as mortes maternas evitáveis por meio da implementação do Acordo Nacional pela
Redução da Mortalidade Materna72.
E três recomendações referentes à gestão: i) assegurar o acesso a mecanismos
jurisdicionais eficazes nos casos de violação de direitos reprodutivos e fornecer o treinamento
do pessoal do poder judiciário para aplicação da lei; ii) garantir instalações de assistência
médica privada conforme as normas nacionais e internacionais; iii) assegurar sanções
adequadas impostas aos profissionais de saúde em caso de violação de direitos reprodutivos
das mulheres73.
Dessa forma, o caso Alyne Pimentel possui contornos paradigmáticos para a análise a
partir do referencial do DHP em relação à mulher. Assim, passa-se ao exame do caso com
base nas disposições teóricas do referencial do DHP.
Na hipótese em análise, houve a violação do direito à vida da paciente Alyne
Pimentel, uma vez que o falecimento dela se deu em razão do procedimento terapêutico

69
_______. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
70
CEDAW. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
71
_______. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
72
_______. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
73
_______. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
16

inadequado, conforme o próprio Comitê CEDAW reconheceu na fundamentação da decisão


do caso74.
Desse modo, a aplicação de procedimento de saúde seguro evitaria a morte da
paciente no caso, pois seriam assegurados todos os exames e procedimentos necessários para
dar segurança à Alyne Pimentel e ao feto. Nesse sentido, a OMS já declarou que a aplicação
de procedimentos terapêuticos inadequados é uma das principais causas da mortalidade
materna pelo mundo75.
Também, a Alyne Pimentel foi submetida a tratamento desumano ou degradante
enquanto paciente, porque durante todas as fases do processo obstétrico não foi dada à
assistência médica adequada, tendo sofrido, inclusive, violência obstétrica quando submetida
aos cuidados em saúde.
Para afastar tais práticas, a OMS recomenda medidas que passem desde o apoio do
governo estabelecendo programas mais acolhedores até a participação da sociedade para
buscar uma assistência em saúde adequada, dando ênfase aos direitos das mulheres
pacientes76.
Quanto ao direito à privacidade, Alyne Pimentel foi submetida a procedimentos e
exames sem seu consentimento no caso analisado, gerando sua morte como consequência da
aplicação de tais métodos. Como já dito, a submissão de pacientes a processos terapêuticos
sem seu consentimento gera graves prejuízos à saúde do paciente submetido aos cuidados em
saúde77
Ainda, no caso, houve violação ao direito à informação, enquanto acesso ao
prontuário, uma vez que o médico responsável não encaminhou o prontuário de Alyne
Pimentel para o outro hospital78. Tal conduta não pode ser ignorada, uma vez que é
imprescindível para as pacientes nos cuidados em saúde o acesso às informações de seu

74
CEDAW. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
75
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https://www.who.int/eportuguese/publications/Mulheres_Saude.pdf. Acesso em: 21 ago. 2019, p. 40
76
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durante o parto em instituições de saúde. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/134588/WHO_RHR_14.23_por.pdf?sequence=3. Acesso em:
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77
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78
CEDAW. Communication n. 17/2008. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/law/docs/CEDAW-C-
49-D-17-2008.pdf. Acesso em: 03 ago. 2019.
17

próprio estado de saúde79 , incluindo aí, a disponibilização do prontuário médico durante a


assistência terapêutica.
Por fim, o direito a não discriminação de Alyne Pimentel foi violado no caso por ser
a paciente afrodescente e de baixo nível socioeconômico, tendo, inclusive, o próprio Comitê
CEDAW80 reconhecido tal violação em sua decisão. Assim como Aline Pimental, mulheres
sofrem discriminação pela sua condição socioeconômica ou afrodescedência 81, de modo que
são afetadas em seu estado de saúde, sem alcançar condições de saúde plena82.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os DHP devem ser incorporados, paulatinamente, ao cotidiano dos cuidados em


saúde a fim de reduzir os riscos de prejuízos na relação paciente-profissional de saúde. Nesse
sentido, os princípios e direitos aplicados ao contexto de saúde devem ser observados por
todos os profissionais, principalmente quando for a mulher submetida ao processo terapêutico
em razão de suas particularidades e vulnerabilidades.
Como visto, o caso Alyne Pimentel serve para ilustrar como ocorre a violação de
direitos humanos em relação às mulheres no contexto de saúde reprodutiva. Dessa forma, é
necessário assegurar direitos aos pacientes quando submetidos aos cuidados em saúde, em
especial, às mulheres nessa condição.
No Brasil, ainda não há legislação nacional específica para tratar do assunto, tendo
apenas o Projeto de Lei n. 5559/201683 em trâmite no Congresso Nacional para regulamentar
a situação dos pacientes no país.
Portanto, constata-se, por meio deste estudo, a importância e relevância dos direitos
humanos dos pacientes na dinâmica dos cuidados em saúde no Brasil.

REFERÊNCIAS

79
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Disponível em: https://www.cidh.oas.org/pdf%20files/mujeresaccesoinformacionmateriareproductiva.pdf
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