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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA

FACULDADE DE DIREITO

MATEUS SANTANA GOMES VARJÃO

BRUNA VICTÓRIA ALENCASTRO ALVES

GIULIA CLARA DOS SANTOS GUERRERO

VITOR KAMAYO RAMOS SHIMABUKU

BIOÉTICA

Santos – SP

Fevereiro/2023
TRABALHO EXTRACLASSE V – BIOÉTICA

MATEUS SANTANA GOMES VARJÃO – RA: 171629

BRUNA VICTÓRIA ALENCASTRO ALVES – RA: 143543

GIULIA CLARA DOS SANTOS GUERRERO – RA: 176956

VITOR KAMAYO RAMOS SHIMABUKU – RA: 146780

BIOÉTICA

Santos – SP

Fevereiro/2023

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Sumário
I. CONCEITO DE BIOÉTICA.......................................................................................................................4
II. PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA....................................................................................................................4
III. RELAÇÃO ENTRE O BIODIREITO E A BIOÉTICA...................................................................................6
IV. JURISPRUDÊNCIAS.............................................................................................................................8
V . BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................10

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I. CONCEITO DE BIOÉTICA
De modo geral, compreende-se a bioética como um campo de estudo transdisciplinar que
analisa ás relações dos princípios éticos com as práticas médicas e as pesquisas científicas.
Tal disciplina permeia por várias áreas do conhecimento como a biologia, a medicina, a
filosofia, a sociologia, a antropologia, a psicologia, a biotecnologia e o direito.

Quanto a etimologia, o termo deriva de uma junção de bios (vida) com a ethike (costumes),
remetendo no caso, a filosofia moral, e ao estudo dos costumes que envolvem a vida humana.
O termo foi utilizado pela primeira vez em 1927, pelo teólogo alemão Paul Max Fritz Jahr,
em uma publicação que abordava a relação do organismo humano com a sua biosfera.

Na década de 1970, a bioética ganhou o status de campo de estudo por meio de Van
Rensselaer Potter, bioquímico norte-americano da área de oncologia. Tal proposta se deu em
razão de uma preocupação de Potter com a dimensão que os avanços da ciência,
principalmente no âmbito da biotecnologia, estavam adquirindo. Quando o bioquímico
apresentou a bioética como ramo do conhecimento, visava auxiliar as pessoas a refletir sobre
as possíveis implicações dos avanços da ciência sobre a vida humana e dos demais seres
vivos.

Tratava-se de estabelecer uma "ponte" entre a cultura científica e a humanística,


compreendendo que "Nem tudo que é cientificamente possível é eticamente aceitável". Desse
modo, a bioética passa a ser vista como a ciência que visa: “indicar os limites e as finalidades
da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de referência racionalmente
proponíveis, e denunciar os riscos das possíveis aplicações"

Sendo assim, a Bioética, enquanto área de pesquisa, necessita ser estudada por meio de uma
metodologia interdisciplinar uma vez que seu desenvolvimento se dá pela cooperação de
profissionais de diversas áreas, cabendo a esses corroborar em discussões cujos temas
abrangem o impacto da tecnologia sobre a vida.

II. PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA


A Bioética, como disciplina autônoma estabelece contornos mais específicos do que os
apresentados pela ética geral, de modo a direcionar os caminhos a serem seguidos pelo
avanço científico, baseando-se no respeito à dignidade humana e a valorização da vida. Sendo
assim, ainda que tenha como pressuposto o respeito que deve ser garantido à todos os seres
vivos, não apenas o homem, por entender que em cada ser vivo há uma finalidade em si, a

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Bioética fará com que as obrigações e responsabilidades éticas sejam direcionadas a proteção
dos interesses da coletividade.

Nesta linha de exposição, o avanço da Bioética visa coibir os excessos provenientes do


desenvolvimento tecnológico, fato marcado mundialmente com o advento do período pós-
guerra mundial, sendo esse determinante para que a humanidade alavancasse a
conscientização em relação aos perigos sobrevindos de uma utilização distorcida do
conhecimento científico. Em paralelo a isso, várias medidas foram adotadas, de modo a
estabelecerem normas e códigos de conduta que delineariam as pesquisas e experiências em
seres humanos, formulando meios para que tais atividades fossem melhor fiscalizadas e
eticamente direcionadas.

Frente a diversos casos de manipulação, usando enfermos social e mentalmente fragilizados


como sujeitos de experimentação, conhecidos pelo público no início dos anos 70 nos EUA, o
congresso americano criou, em 1974, a National Comission for the Protection os Human
Subjects of Biomedical and Behavioral Research. Tal comissão visava realizar uma estudo
que identificasse os princípios éticos básicos que deveriam nortear a experimentação, em
seres humanos, nas ciências do comportamento e na biomedicina.  Em 1978, a Comissão
apresentou o Relatório Belmonte, tornando o estudo responsável por elencar os principais
princípios da Bioética.

Esse estabeleceu princípios básicos e delineadores do pensamento bioético, sendo estes


elencados como, o princípio da autonomia, da beneficência e da justiça. Deve-se acrescentar
que, como desdobramento do princípio da beneficência, os filósofos Tom Beauchamp e
James Childress desenvolveram também, o chamado princípio da não-maleficência. No
Brasil, esses quatro princípios foram ratificados por meio da Resolução n.º 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, que dispõe em seu preâmbulo:

“Esta Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro


referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre
outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos
sujeitos da pesquisa e ao Estado”.

Vale ressaltar, que tais princípios são conexos com o Princípio da Precaução, presente no
Direito Constitucional Ambiental, principalmente no Art. 225 da CF. Desta forma, Considera-
se que este está voltado, basicamente, a evitar a ameaça de danos à saúde humana e ao meio

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ambiente. Compreende-se os quatro princípios da seguinte forma:

a) O princípio da autonomia visa o respeito a vontade do paciente quanto aos tratamentos


médicos. Sendo assim, é dever dos profissionais da saúde exercer a zelar por determinados
princípios pessoais e morais no exercício da atividade médica. Tal princípio apresenta
algumas exceções, pode-se citar como exemplo: os atendimentos urgentes em que há o risco
de morte, doenças que necessitam ser obrigatoriamente notificadas e os casos em que o
paciente não possui capacidade de decisão.

b) O princípio da beneficência determina que os tratamentos médicos devem ser aplicados


considerando o máximo de benefício. Trata-se da obrigação médica de fazer o que for melhor
para o paciente, optando pelos tratamentos que não causem danos ou que gerem o menor
prejuízo possível ao paciente.

c) O princípio da não-maleficência estabelece o dever dos profissionais de saúde fazer o


possível para evitar danos intencionais aos pacientes, como também, evitar que esses tenham
que lidar com outras dores ou prejuízos além dos que já existem como consequências de sua
condição de saúde. Pode-se citar como exemplo, a prerrogativa que compreende que deve-se
evitar o uso de medicações que tenham efeitos secundários, que causem dor ou outros
prejuízos de saúde sempre que tal medida for possível.

d) O princípio da justiça compreende que o acesso ao atendimento médico e aos tratamentos


de saúde deve ocorrer de maneira justa, observando-se as necessidades dos pacientes. Trata-se
do dever dos profissionais de saúde de tratarem todos os enfermos com o mesmo cuidado e
atenção, vedando a discriminação no tratamento por motivações sociais, culturais, étnicas, de
gênero ou religiosas. Nisso, inclui-se também à igualdade na avaliação dos tratamentos mais
adequados a cada caso, de modo que serão considerados tanto os valores morais e éticos do
paciente, quanto suas respectivas condições de saúde e necessidades concernentes ao
tratamento.

III. RELAÇÃO ENTRE O BIODIREITO E A BIOÉTICA


No tocante ao caráter legal, a Bioética é regulada por um ramo do direito público denominado
Biodireito. Suas diretrizes norteiam condutas médico-científicas em áreas como a Medicina e
a Biotecnologia (essa trata da aplicação dos processos biológicos visando a produção de
materiais e novas substâncias para uso industrial, medicinal, farmacológico, entre outros).
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Do questionamento quanto aos reais benefícios que esses avanços, e sua utilização, trarão
efetivamente para a humanidade, surgem diversos questionamentos bioéticos, dentre os quais
pode-se destacar: o direito à vida; o direito à morte digna – respeitando o momento de
terminalidade; a experimentação científica em seres humanos; a relação médico-paciente, a
valorização do conceito de autonomia do paciente; a implantação dos cuidados paliativos,
dentre outros.

A crescente difusão da tecnologia sobre o corpo e a mente impõe a necessidade de um amplo


diálogo, livre e democrático na comunidade científica, levando em consideração a qualidade
de vida e o respeito à dignidade da pessoa humana – cânone constitucional – presente no art.
1º, III da CF (dos princípios fundamentais).

Criou-se, outrossim, uma renovação no modo de agir e decidir das partes envolvidas com a
ciência médica e biológica: a socialização do atendimento médico, com o consequente
surgimento de novos padrões de conduta na relação médico-paciente, do atendimento em
massa, da democratização da Medicina; a universalização da saúde; a medicalização da vida
(aumento das especialidades médicas); a emancipação do paciente, indicando a necessidade
do consentimento informado para as atividades médicas e experimentais; a criação e o
funcionamento de comitês de ética hospitalar e comitês de ética para pesquisas em seres
humanos, dentre outros.

Nesse sentido, ocupa-se o Biodireito em normatizar as principais condutas médicas, visando o


alcance de um equilíbrio no viver científico, ou seja, utilizando-se de um paradigma de
referência antropológico moral: o valor da pessoa humana, de sua vida, dignidade, liberdade e
autonomia impõem ao homem diretrizes morais diante dos dilemas levantados pela
Biomedicina.

Trata-se de um diálogo interdisciplinar que visa compreender a realidade por meio de sua
complexidade física, biológica, política e social. Analisando até onde vão os limites da
interferência humana em questões que envolvem os seres vivos. O impacto do avanço das
novas tecnologias levaram a comunidade médica e científica a determinação de parâmetros
delineadores das práxis terapêuticas e de pesquisa.

A Bioética corresponde a um movimento cultural humanista que se pode englobar conceitos


entre o prático Biodireito e o teórico biopoder. Sendo assim, compreende-se que “a Bioética é
um produto da sociedade do bem-estar pós-industrial e da expansão dos direitos humanos da

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terceira geração, que marcaram a transição do Estado de direito para o Estado de justiça,
visando a promoção da macrobioética e da responsabilidade diante da preservação da vida em
sua mais ampla magnitude”.

O campo de atuação do advogado no biodireito alcança ações e pareceres técnicos referentes


aos temas da saúde: reprodução assistida, esterilização de seres humanos, realização de
aborto, pesquisa em seres humanos e animais, alimentação, transplantes, transfusão de
sangue, direito à vacinação, utilização de transgênicos, distribuição de remédios,
responsabilização civil nas relações médico-pacientes, elaboração de diretivas antecipadas da
vontade e consentimento informado, questões referentes à identidade de gênero e sexualidade,
entre outros.

IV. JURISPRUDÊNCIAS

Arguição de inconstitucionalidade. Lei 10.519/02, artigo 4º, e Lei Estadual n. 10.359/1999, artigo 8º,
"na parte que permite o uso do sedém, além de reconhecer a crueldade presente nas provas
agarramento, derrubada, açoitamento, perseguição e laçada do animal". Artigo 225, inciso VII e
parágrafo 7º, da Constituição Federal, e artigo 193, X, da Constituição do Estado. Precedentes sobre a
prova do laço e o uso de sedém, mesmo que forrado. Incidente acolhido. 

(TJSP;  Incidente De Arguição de Inconstitucionalidade Cível 0003215-18.2022.8.26.0000; Relator


(a): Claudio Godoy; Órgão Julgador: Órgão Especial; Foro de Salto de Pirapora - Vara Única; Data do
Julgamento: 23/03/2022; Data de Registro: 24/03/2022)

Apelação. Ação civil pública. Pretensão de ressarcimento dos valores despendidos pelo Estado de São
Paulo na aquisição de medicamentos. Pedido de indenização por dano moral coletivo. Legitimidade
ativa da FESP frente à defesa do patrimônio público. Legitimidade passiva do laboratório
farmacêutico patrocinador das pesquisas, pois titular do medicamento registrado. Preliminares
afastadas. Pretensão fundada na obrigação do patrocinador da pesquisa de manter a continuidade
do fornecimento gratuito do fármaco para todos os pacientes submetidos aos testes clínicos, mesmo
após a sua conclusão. Impossibilidade. Ausência de previsão legal que imponha tal obrigação. Testes
clínicos realizados sob a égide da Resolução nº 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, não da
Resolução nº 466/2012. Observância dos princípios éticos impostos internacionalmente para
pesquisas de medicamentos envolvendo seres humanos. Ademais, fornecimento do medicamento

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que é dever constitucional do Estado (art. 196, CF). Sentença reformada, para julgar improcedente o
pedido. Recurso provido. 

(TJSP;  Apelação Cível 1021557-76.2014.8.26.0053; Relator (a): Fernão Borba Franco; Órgão Julgador:
7ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 9ª Vara de Fazenda Pública;
Data do Julgamento: 03/05/2021; Data de Registro: 04/05/2021)

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Falta de
interesse de agir. Processo extinto sem resolução de mérito em relação ao pedido de obrigação de
fazer. Autora que pretende ser dispensada da necessidade de autorizar transfusão de sangue em
possíveis futuros procedimentos médicos realizados no hospital réu. Inexistência de utilidade ou
necessidade de isentar a requerente de autorização que sequer foi exigida. Tutela jurisdicional que
se destina a resolver conflitos postos e concretos. Falta de interesse de agir configurada. Danos
morais. Hospital que se negou a realizar cirurgia, ante a recursa da paciente em autorizar transfusão
de sangue em caso de necessidade técnica. Testemunha de Jeová. Direito à liberdade religiosa e
direito à vida. Direitos fundamentais não absolutos. Requerido que não pode ser obrigado a assumir
o risco de realizar cirurgia sem consentimento do paciente para transfusão de sangue, se necessário.
É fato notório que todo procedimento cirúrgico implica em riscos à vida, podendo levar à
necessidade de transfusão para salvar a vida do paciente. Inexistência de ato ilícito. Danos morais
não configurados. Sentença mantida. Honorários advocatícios majorados. Recurso não provido, com
observação.  

(TJSP;  Apelação Cível 1128493-42.2018.8.26.0100; Relator (a): Fernanda Gomes Camacho; Órgão


Julgador: 5ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 18ª Vara Cível; Data do Julgamento:
24/07/2020; Data de Registro: 30/04/2021)

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V . BIBLIOGRAFIA
O VALOR DA VIDA HUMANA. Hélio Angotti Neto.

htt ps://crmpb.org.br/artigos/bioetica-e-biodireito-respeitando-o-direito-a-vida-e-a-dignidade-
da-pessoa-humana/

https://ibdfam.org.br/noticias/9993/javascript;

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https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-164/bioetica-ambiental-em-pauta-uma-reflexao-
a-luz-da-tabua-principiologica/

https://www.significados.com.br/bioetica/

https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/3/unidades_conteudos/unidade26/
p_01.htm

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