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Ética e bioética no campo da saúde e das pesquisas. Pesquisa em seres humanos e animais.
Cuidados paliativos. Humanização.
PROPÓSITO
Apresentar a ética e a bioética aplicadas na área da saúde e no campo das pesquisas com
seres humanos e animais, fim de vida e cuidados paliativos para fins de conhecimento dos
aspectos legais, para a atuação profissional humanizada no campo da produção de
conhecimento científico.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, consulte as Resoluções 466/12, 510/16 para pesquisas com
seres humanos e todas das resoluções da Comissão de Ética para Uso de Animais e do
Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, pois irão ajudá-lo a compreender
termos específicos do tema.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A temática Ética, Ciências da Saúde e Pesquisa contribuirá para sua percepção enquanto
profissional biólogo, tendo como base princípios éticos e bioéticos para o exercício da sua
prática.
O dia a dia, no mundo do trabalho, nos apresenta muitos dilemas e conflitos que devem ser
resolvidos muitas das vezes de imediato e uma bagagem teórica, com fundamentação
adequada, é capaz de fortalecer suas tomadas de decisões, ajudar no enfrentamento de
conflitos e na manutenção de uma postura ética.
Esse conhecimento lhe permitirá realizar uma análise crítica de ações e atitudes propostas ao
seu redor, avaliar de maneira consciente, questões relacionadas a estudos acadêmicos e
pesquisas científicas nos diferentes campos de atuação da biologia.
Neste caminhar, tal conteúdo proporcionará a apropriação de conhecimento sobre temas como:
clonagem, eutanásia, vivessecção e clonagem, sob o olhar das regulamentações éticas e
bioéticas no campo da saúde.
MÓDULO 1
ENTENDENDO A HISTÓRIA
A corrida por novos conhecimentos acontece desde o início da existência da humanidade, pois
a curiosidade é algo inerente ao ser humano. No campo da saúde, é inegável que as
novidades são de extrema importância, pois são elas que possibilitam a prevenção de
doenças, tratamentos e curas. Mas precisamos entender que existe uma longa estrada entre o
novo e a sua aplicação na prática.
Esses achados no campo da saúde acontecem muitas vezes em laboratórios de pesquisas que
precisam da realização de testes em animais e, muitas das vezes, também em seres humanos.
As pesquisas com seres humanos e animais são realizadas há muitos anos, com
regulamentações diferentes, baixo rigor ético e uso inadequado de seres humanos. Diante
desse cenário, ao longo da história, padrões de pesquisa com seres humanos e animais foram
sendo adequados às regulamentações éticas e bioéticas de pesquisa.
BASES CONCEITUAIS E CORRENTES DA
BIOÉTICA
A bioética trata de questões próprias da condição humana e, para algumas, não se têm
resposta definitiva, fato que obriga o homem a manter constantes e profundas reflexões e
revisões do que é lícito fazer ou não.
(JONSEN, 2000).
O termo “bioética” foi criado pelo bioquímico Van Rensslaer Potter, em 1971. Com o
sentido de “ciência de sobrevivência”, esse autor entendia que era necessário o
desenvolvimento de uma ética global para tratar a relação do ser humano com o meio
ambiente e preservar a biosfera.
A Universidade de Georgetown, por sua vez, fundou no mesmo período o Instituto Kennedy
para o Estudo da Reprodução Humana e Bioética. Nesse contexto, o termo recebeu um novo
significado, que atendia aos estudos realizados no campo médico e biológico.
Desde então, o termo bioética pode ser utilizado para se referir a uma ética global, com
questões ambientalistas e mais universais ou de uma ética aplicada ao campo
biomédico.
A Enciclopédia de Bioética, lançada em 1978, define bioética como “o estudo sistemático da
conduta humana no campo das ciências da vida e da saúde, examinada a luz dos valores e
princípios morais”.
(REICH, 1978).
Beauchamp e Childress, em 1979, lançaram uma obra clássica chamada Princípios da ética
biomédica ou principialismo, que trouxe muita influência na moral da prática médica, pois traz
consigo quatro princípios fundamentais que fazem parte das obrigações prima-facie. Os
autores propõem uma análise ética, caso a caso, na clínica e pesquisa mediante a avaliação
de quatro princípios éticos que, segundo o Conselho Nacional de Saúde Brasileiro (1996), são
definidos assim:
PRIMA-FACIE
Expressão que indica uma obrigação que deve ser cumprida em princípio, mas admite
que possa haver razão para o seu não cumprimento.
RESPEITO À AUTONOMIA
Respeito à autonomia é reconhecer que cabe a cada indivíduo possuir certos pontos de vista e
que é ele que deve deliberar e tomar decisões seguindo seu próprio plano de vida e ação,
embasado em crenças, aspirações e valores próprios, mesmo quando divirjam daqueles
dominantes na sociedade. Deve-se “respeitar sempre os valores culturais, sociais, morais,
religiosos e éticos, bem como os hábitos e costumes quando as pesquisas envolvem
comunidades”.
NÃO MALEFICÊNCIA
Sobre a não maleficência, afirma que as pesquisas com seres humanos devam dar garantia de
que danos previsíveis serão evitados. Também considera “dano associado ou decorrente da
pesquisa ― agravo imediato ou tardio, ao indivíduo ou a coletividade, com nexo causal
comprovado, direto ou indireto, decorrente do estudo científico”.
BENEFICÊNCIA
Quando “houver benefício real em incentivar ou estimular mudanças de costumes ou
comportamentos, o protocolo de pesquisa deve incluir, sempre que possível, disposições para
comunicar tal benefício às pessoas e ou comunidades”. E ainda “assegurar aos sujeitos da
pesquisa os benefícios resultantes do projeto, seja em termos de retorno social, acesso aos
procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa”.
JUSTIÇA
Quanto ao princípio da Justiça, diz que, a eticidade da pesquisa requer “relevância social da
pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus
para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não
perdendo o sentido de sua destinação sócio-humanitária”.
A investigação científica clássica tem seu marco de desenvolvimento datado no séc. III a.C.
Descobertas de estruturas anatômicas e fisiológicas foram realizadas nesse período,
entretanto, essas descobertas foram feitas através da técnica de vivessecção em criminosos
fadados à morte.
Em 1900, um estudo parecido foi realizado em Cuba por médicos norte-americanos que
realizaram uma pesquisa sobre a febre amarela, em que soldados “voluntários” foram expostos
a mosquitos contaminados. Nesse mesmo ano, na Alemanha, pesquisas com crianças,
gestantes, prisioneiros e pacientes terminais estavam sendo realizadas para entender doenças
consideradas incuráveis, sem o consentimento dos mesmos.
O estudo ocorreu entre os anos de 1932 e 1972, e tinha como objetivo observar a evolução da
sífilis sem tratamento em 600 homens negros, sendo 400 já com a doença diagnosticada.
Nesse período, já havia a penicilina como tratamento-padrão para sífilis, mas esses homens
não obtiveram acesso ao tratamento e nem foram informados sobre as consequências da
sífilis. A pesquisa só foi encerrada 40 anos após o seu início, quando o jornal The New York
Times realizou uma publicação denunciando a pesquisa.
Para que você entenda a crueldade dessa pesquisa, apenas 74 dos 600 homens que
participaram estavam vivos na época da denúncia.
Durante a Segunda Guerra Mundial, foram encontrados registros das maiores atrocidades
realizadas por médicos nazistas, nos campos de concentração, na Alemanha. Experimentos
com seres humanos foram desenvolvidos sem a menor preocupação moral, eram mortais e
baseados na teoria eugenista de Hitler, que buscava a melhoria da raça alemã.
EXEMPLO
Um exemplo dessas atrocidades foi que as pessoas com enfermidades hereditárias eram
esterilizadas e, a partir de 1940, com o aumento de doenças mentais na população, elas
passaram a ser inseridas num programa de eutanásia.
6. Ter sua continuação suspensa, se constatado que poderá causar dano, invalidez ou morte.
7. Não deve ser feita se existir risco de ocorrer morte ou invalidez permanente.
8. Ter grau de risco aceitável e limitado pela importância do problema que se propõe resolver.
Em 1964, surgiu a primeira versão da Declaração de Helsinque, aprovada pela
Associação Médica Mundial. Em 1975, ela sofreu sua primeira revisão, quando foi incluído
que todo projeto de pesquisa deveria ser apreciado e aprovado por um comitê de ética.
Posteriormente, revisões foram feitas nos anos de 1983, 1989, 1996, 2000 e 2008, e em todas
as versões, há um texto-padrão que não foi modificado e apresentam sempre os itens a seguir:
Ter avaliação dos riscos comparada com os benefícios previstos, respeitada e assegurada a
integridade do participante.
Princípio da justiça: diz respeito a equidade nos benefícios da pesquisa e na escolha dos
participantes.
Todos esses movimentos para resguardar a integridade física e moral dos participantes de
pesquisas só passaram a ser possíveis devido aos princípios éticos básicos supracitados, que
executados isoladamente não garantem a proteção dos participantes de pesquisa, mas
somente juntos.
Foto: Shutterstock.com
REGULAMENTAÇÃO DE PESQUISAS
ENVOLVENDO ANIMAIS
Assim como nos experimentos com seres humanos, diversas pesquisas já foram e são
realizadas com animais para o avanço do conhecimento, sem nenhum tipo de regulamentação
ou controle quanto as atrocidades cometidas contra os animais. Diante desse cenário, também
surgiu a necessidade de se regulamentar o uso de animais em pesquisas.
Durante a realização dos experimentos, os animais devem ter seu sofrimento reduzido por
meio de técnicas para proporcionar conforto.
A primeira Lei brasileira sobre o uso de animais em pesquisas foi a Lei n° 6638/79.
Em 1997, o Projeto de Lei 3.964 criou a Comissão de Ética para Uso de Animais (Ceua) e
sugeriu a criação de um conselho para controlar as atividades de pesquisas com animais.
Em 2008, a Lei 11.994 regulamentou as Comissões de Ética para o Uso de Animais e criou o
Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA).
Em 2009, o Decreto 6.899, criou o Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais
(Ciuca).
SAIBA MAIS
O objetivo do CONCEA é garantir as adequações nos centros de criação, uso humanitário dos
animais, fiscalizar se as normas de cuidado estão sendo realizadas e estimular a busca
constante por técnicas alternativas para a substituição do uso de animais em pesquisas,
sempre que possível. Entre suas funções, o CONCEA aplica multas, penalidades, advertências
e realiza interdições de estabelecimentos que não cumprem a lei.
Atualmente, discussões sobre a vulnerabilidade dos animais em uso de pesquisas tem sido
foco da abordagem sobre a ética animal e, com isso, a expectativa é que se consiga levar para
o campo das pesquisas com animais as questões que são consideradas na pesquisa com
seres humanos.
Todos os profissionais de saúde devem ter consciência sobre as questões aqui abordadas,
para que possam realizar suas reflexões éticas sobre as pesquisas com animais e tomar
decisões que busquem o equilíbrio entre a ciência, o ambiente, novas tecnologias e o bem-
estar animal e humano.
ÉTICA E BIOÉTICA
Assista, a seguir, a um vídeo sobre Ética e Bioética.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) O CONCEA controla se as empresas estão utilizando teste in vitro e não utilizando animais,
como a lei determina.
D) O CONCEA estimula as empresas ao uso de animais nos experimentos, tendo em vista que
essas pesquisas estão sendo realizadas para o bem e o desenvolvimento da humanidade.
E) O CONCEA aplica apenas advertências as empresas que não cumprem a lei, pois tal órgão
não possui autoridade para fechar estabelecimentos, caso irregularidades sejam identificadas.
GABARITO
O CONCEA possui várias atribuições, entre elas está a aplicação de multas, penalidades,
advertências e realizar interdições em estabelecimentos nos quais sejam identificadas
situações inadequadas nos centros de criação de animais, além do não cumprimento normas
de cuidado.
MÓDULO 2
PRINCÍPIOS
Os cuidados paliativos têm por objetivo conceder morte digna, ou seja, são práticas e
procedimentos para cuidar do enfermo que não responde mais às possibilidades de tratamento
para uma determinada doença.
Falar sobre o fim da vida ainda envolve muitos tabus, questões culturais e sociais nas quais
uma sociedade está inserida. Profissionais de saúde precisam ter ciência e consciência da
importância dos princípios éticos da bioética para o fim de vida, da dor e o sofrimento que o
enfermo e a sua família passam.
Assuntos como a eutanásia, distanásia, ortotanásia e aborto precisam entrar no âmbito das
discussões dos profissionais de saúde, para que os mesmos possam utilizar esse
conhecimento adquirido sobre os temas supracitados para humanizar cada vez mais a sua
prática. Ideias centrais como o Princípio da Sacralidade da Vida (PSV) e o Princípio do
Respeito à Autonomia da Pessoa (PRA) permeiam as discussões sobre as questões bioéticas
de início e fim de vida.
De acordo com esse princípio, a vida é considerada sagrada, e isso o coloca como um
grande objetor da eutanásia e do aborto.
Pressupõe que se considerem, definitivamente, as escolhas livres dos sujeitos quando se trata
de questões morais. A argumentação pela autonomia nesse princípio enfatiza o respeito à
liberdade de escolha da pessoa, isto é, sua competência em decidir, autonomamente, aquilo
que considera importante para viver, incluindo os processos de nascer e morrer, de acordo com
os seus valores e interesses legítimos.
Sendo assim, de acordo com a PRA, cada indivíduo tem o direito de tomar as decisões
sobre a sua vida da maneira que achar melhor.
O propósito dos cuidados paliativos deve estar voltado para proporcionar qualidade de
vida e dignidade no fim de vida dos pacientes sem possibilidades terapêuticas e não
estender o processo de morte. Durante esse período, questões de cunho religioso e
psicológico devem ser consideradas.
A prática do cuidado paliativo exige dos profissionais de saúde uma reinvenção quanto ao
pensamento curativo, hospitalocêntrico e mecanicista, pois é necessário desenvolver técnicas
mais humanas que exigem dedicação e solidariedade, e reconhecer as necessidades de cada
indivíduo criando vínculo.
Para Matsumoto (2009) apud Manual de Cuidados Paliativos (BRASIL, 2020), uma prática
adequada de cuidados paliativos exige seguir os princípios abaixo:
Foto: Shutterstock.com
Duas pessoas confortando um idoso deitado na cama.
A morte, assim como o nascimento, faz parte da vida humana e apresenta perspectivas
diferentes de acordo com a sociedade que a vivencia. Por ser algo tão desconhecido, muitos
profissionais de saúde possuem dificuldade em lidar com pacientes no fim da vida,
principalmente se for uma criança ou um jovem. Isso não quer dizer que a morte de um idoso
não abale uma equipe, mas é que a morte para pessoa idosa é algo esperado e mais aceitável,
considerando a ordem natural do desenvolvimento humano: nascer, crescer, viver, envelhecer
e morrer.
Envolve um momento de defesa do enfermo e dos familiares mais próximos frente à morte.
Esse período tem variação no seu tempo de duração, pois depende da forma como os
pacientes e seus familiares enfrentarão a dor da notícia de uma doença terminal.
Exige muita compreensão por parte dos que estão próximos do paciente e até mesmo de seus
familiares mais próximos. É um momento de muita rebeldia e revolta. As angústias sentidas se
transformam em raiva e perguntas do tipo: “Por que comigo?”, são tão comuns quanto a
expressão: “Eu não mereço estar passando por isso!”. Nesse momento, é importante entender
que as ações de raiva do paciente não terão cunho pessoal.
O paciente cria uma conexão maior com Deus e entra no campo das promessas em troca da
cura. Outra característica dessa fase é a mudança de comportamento do estágio anterior, pois
após identificar que a raiva não foi resolutiva, o paciente entra num platô de comportamento
calmo, pensativo e amável.
A eutanásia é um dos temas mais polêmicos da bioética de fim da vida. Países como a Bélgica,
Holanda, Austrália e Suíça possuem leis de aprovação para prática da eutanásia. No Brasil, é
considerada crime.
Nos países onde esta prática é permitida, alguns aspectos legais precisam ser respeitados:
Tais medidas são tomadas para evitar situações de abuso, principalmente com o grupo
de idosos, deficientes físicos e pacientes em estado vegetativo.
É preciso estar atento às definições de eutanásia (tabela 1), pois é comum ver as pessoas
fazendo confusão entre ela e o suicídio assistido. A eutanásia ocorre por intermédio de
terceiros, enquanto o suicídio assistido é realizado pela própria pessoa.
EUTANÁSIA
Eutanásia
não Quando a vida é abreviada sem que se conheça a vontade do paciente.
voluntária
A distanásia e a ortotanásia também são termos para se discutir o fim de vida, mas não são tão
conhecidos quanto a eutanásia.
Muitas das vezes essa insistência ocorre devido ao medo da equipe de profissionais de saúde
em pensar que não fizeram tudo que estava ao seu alcance para manter o paciente com vida.
É o processo de aceitação natural da morte, momento em que se deve utilizar estratégias para
amenizar o sofrimento, por meio de cuidados paliativos que poderão ser executados. Nesse
processo, há suporte religioso, psicológico e de analgesia.
ABORTO
O aborto é um tema polêmico no Brasil e tem fomentado vários debates nos campos político,
médico, religioso e filosófico. Entretanto, o que acontece no Brasil não é regra.
O aborto era praticado na antiguidade por diferentes culturas e passou a ser malvisto por
influência da igreja católica a partir de 1869. Outros fatores que contribuíram para a mudança
na sociedade quanto à aceitação do aborto foram as grandes baixas populacionais da Primeira
Guerra Mundial e o baixo índice de natalidade em países da Europa Ocidental no século XX.
Do ponto de vista bioético vale visitarmos os conceitos propostos por Diniz e Almeida (1998),
para classificar o aborto, tendo em vista que existem diferentes modos de classificação (tabela
2). Os autores apresentam o aborto como:
Interrupção Motivada pela existência de graves lesões fetais, muitas das quais
seletiva da incompatíveis com a vida — o exemplo mais conhecido é a
gravidez anencefalia.
O ponto definitivo para o aborto entrar nas rodas de discussão foram as transformações
sociais que ocorreram na década de 1960, com o empoderamento político feminino e pela
liberdade sexual reprodutiva, em que o ato sexual não estaria atrelado à reprodução.
Isso ocorre principalmente entre as mulheres de baixa renda e escolaridade que não possuem
recursos para custear um procedimento caro e acabam se expondo a situações de
procedimentos realizados por curiosos, uso de medicação de origem desconhecida e práticas
de conhecimento popular.
No código penal brasileiro, o aborto é considerado um crime contra a vida, mas permite a
prática de aborto realizada por profissional médico, realizado nas circunstâncias em que a vida
da gestante estiver em risco ou quando a gestação for fruto de estupro, e este será autorizado
pela gestante ou por um representante legal, caso a vítima seja menor de idade ou incapaz.
O aborto, assim como a eutanásia, está envolto na discussão dos princípios de respeito
à vida e da sacralidade à autonomia da pessoa.
Por um lado, os defensores do princípio à vida dizem que, como a vida é sagrada, defender o
aborto se torna algo absolutamente impossível.
Já o grupo que defende a autonomia da pessoa, em sua maioria formado por grupos de
feministas, entendem que a decisão deve ser tomada pela mulher, pois ela diz respeito a sua
vida, sua sexualidade, seu corpo e reprodução.
A discussão acerca do aborto está entre a mais calorosas no campo da bioética e a ausência
de um consenso só traz malefícios às mulheres, que morrem em abortos ilegais.
CUIDADOS PALIATIVOS
Assista, a seguir, a um vídeo sobre cuidados paliativos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS CUIDADOS PALIATIVOS ENVOLVEM AÇÕES DESENVOLVIDAS POR
UMA EQUIPE DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUE PROMOVE A
QUALIDADE DE VIDA E A DIGNIDADE DO PACIENTE QUE ESTÁ FORA DE
POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS. A SEGUIR, LISTAMOS ALGUMAS
SITUAÇÕES QUE SÃO EXEMPLOS DE CUIDADOS PALIATIVOS.
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO CORRESPONDE A UMA PRÁTICA
DE CUIDADO PALIATIVO:
A) Quando a morte ocorre por omissão proposital pelo início de uma ação médica que
garantiria a perpetuação da sobrevida.
B) Ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente por fins humanitários.
C) Nos casos em que a morte é acelerada como consequência de ações médicas não visando
ao êxito letal, mas sim ao alívio do sofrimento de um paciente.
Para a prática adequada de cuidados paliativos, alguns princípios básicos precisam ser
seguidos, dentre eles: iniciar o cuidado paliativo o quanto antes, reafirmar a importância da
vida, compreender o processo de morte, promover avaliação da dor, entender o indivíduo de
maneira holística, oferecer suporte psicológico para a melhora da qualidade de vida, inserir
familiares e entes queridos como parte importante nesse processo e qualificação profissional.
Eutanásia ativa é o ato deliberado de provocar a morte sem o sofrimento do paciente por fins
humanitários, contudo, trata-se de uma prática ilegal no Brasil.
MÓDULO 3
ATENÇÃO
Quando se fala em Lei, tomando por base o Direito ao Trabalho, verifica-se, inicialmente, que
concedemos-lhe um significado ao interpretá-la. É quando se busca o sentido da lei, para nos
apropriamos do que ela expressa objetivamente. Por isso, a possibilidade de adaptações ao
contexto onde ela se situa.
A Constituição Federal do Brasil de 1988 prevê em seu inciso XIII do art. 5º que é livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão atendidas às qualificações profissionais que
a lei estabelecer.
DEONTOLOGIA
Etimologicamente, deontologia, provém do grego deon, deontos (dever) e logos (tratado),
sendo qualificada como a ciência que estuda os deveres de um grupo profissional.
No campo das discussões da ética profissional, não há grandes diferenças entre as palavras,
ética, moral e deontologia, pois todas se referem diretamente ao comportamento humano, com
apenas algumas características diferentes.
ÉTICA
Entendeu-se e ainda considera-se “ética”, além das considerações expostas, como o enfoque
dos aspectos diretamente relacionados à honestidade profissional, como justiça, lealdade,
prudência e outros.
MORAL
DEONTOLOGIA
HUMANIZAÇÃO E OS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE
A gênese da palavra “humanização” advém do conceito de humanismo, que, por sua vez,
deriva do latim humanus. Ao longo da história da humanidade, a concepção de humanismo foi
sendo reconstruída, considerando as diferentes formas e meios pelos quais o homem se
posicionava nas suas relações com o outro e com o meio.
A história da inserção da humanização como política nacional inicia-se a partir do ano 2000,
com as experiências positivas apontadas, isoladamente, por coletivos de trabalhadores de um
SUS, tendo sido discutidas, principalmente, na XI Conferência Nacional de Saúde. São elas:
Nesse período, a maioria dos serviços de saúde vinculados ao SUS passava por uma
validação dos seus princípios e diretrizes filosóficas e organizacionais, tendo como desafios a
qualidade do acesso, a integralidade e a efetividade da atenção à saúde. Por outro lado,
havia desvalorização dos trabalhadores de saúde, precarização das relações de
trabalho, descuido e falta de compromisso na assistência ao usuário nos serviços de
saúde, com baixos investimentos e pouca participação dos trabalhadores na gestão dos
serviços.
Dessa forma, o cuidado também consiste em interação e intervenções de alguém sobre outra
pessoa e/ou algo, não se opondo ao trabalho, mas conferindo tonalidade diferente na medida
em que promove uma autotransformação no ser humano e a relação estabelecida não é de
domínio, mas de convivência. Assim, humanizar implica ter intimidade, sentir, saber,
acolher, respeitar e dar sossego quando necessário.
Neste contexto exposto, o que fica sobre a humanização é a certeza de que, na prática de
saúde, os fazeres, saberes e seres se consolidam pelo encontro entre sujeitos, cruzando
interesses, necessidades, subjetividades e poderes na construção de respostas às
diversidades das situações.
Os desafios dessa convivência estão em saber escutar, trocar, sentir e perceber o outro
em sua alteridade, permitindo que o cuidado humanizado seja promovido nas
dimensões individual e coletiva, mantendo o movimento de ir adiante na expressão das
subjetividades e sentidos para se viver, de preferência com saúde.
DEONTOLOGIA
Assista, a seguir, a um vídeo sobre Deontologia.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
D) É função do Estado, mas não diretamente, sendo instituídas autarquias vinculadas ao poder
público que exercerão esta finalidade.
A) Comunicação; estética.
GABARITO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, visitamos os principais eventos históricos que contribuíram para a
bioética que temos hoje. Acompanhamos o desenvolvimento dos Comitês de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos e Animais e também nos aproximamos das relações éticas dos
cuidados paliativos, eutanásia, distanásia, ortotanásia e aborto. Por fim, realizamos reflexões
sobre as relações entre profissionais de saúde e a sociedade, balizados pela humanização.
Como vimos, a bioética trata de questões próprias da condição humana, e, para algumas, não
há resposta definitiva, fato que obriga os indivíduos a manterem constantes e profundas
reflexões e revisões do que é lícito fazer ou não. Surgirão novas tecnologias e condições
sociais, e, consequentemente, novos problemas éticos, de modo que a bioética tem o dever de
promover o debate sobre tais questões.
Além disso, entendemos que os profissionais de saúde lidam o tempo todo com os extremos
da vida, nascimento e morte, e, nessa relação, o profissional precisa seguir alguns valores que
são estabelecidos por categoria profissional dentro da área da saúde, com a suas
consequentes responsabilidades éticas.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BECHAMP, T. L.; CHILDRESS, J. F. Principles of biomedical ethics. 6. ed. Oxford: Oxford
University Press, 2008.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de cuidados paliativos. Coord. Maria Perez Soares
D’Alessandro, Carina Tischler, Daniel Neves Fortes [et al.]. São Paulo: Hospital Sírio-Libanês;
2020.
JONSEN, A. R. A short history of medical ethics. Nova York: Oxford University Press, 2000.
KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes têm para ensinar a médicos,
enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
REICH, W. T. Encyclopedia of bioethics. Nova York: Simon & Schuster Macmillan, 1978.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Knowledge into action palliative care. Cancer
Control, 1-42, 2007. Consulta em meio eletrônico em: 7 jan. 2021.
EXPLORE+
Busque o site Bioética, do Prof. Dr. José Roberto Goldim (UFRGS), e veja como são
abordados todos os tópicos explorados neste tema.
CONTEUDISTA
Roberta Georgia Sousa dos Santos
CURRÍCULO LATTES