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Conceituar bioética.
Identificar os procedimentos de biossegurança aplicada à biotecnologia.
Aplicar os princípios da bioética no campo da biotecnologia.
Introdução
A biotecnologia, sendo uma área extremamente impactante, trazendo e
propiciando novas tecnologias, abre uma série de debates sobre a biosse-
gurança e a bioética de maneira coerente e racional. Os questionamentos
populacionais estão voltados para temas atuais, como transgenia, clonagem,
terapia gênica, questões que estão vinculadas diretamente à biotecnologia.
A construção de um pensamento crítico assertivo é muito importante
nos dias atuais. Enquanto os pesquisadores enxergam a forma positivista
das novas tecnologias, a população ainda tem alguns questionamentos, de
modo que é preciso formar cidadãos cientificamente coerentes e esclarecidos.
Neste capítulo, você vai compreender o conceito de bioética, identificar
os procedimentos de biossegurança aplicada à biotecnologia e entender a
aplicabilidade dos princípios da bioética no campo da biotecnologia.
Bioética
A bioética surge no âmbito científico com a proposta de ser um espaço reflexivo
sobre o desenvolvimento, o uso e a contribuição impactante das tecnologias
sobre a natureza e a vida humana (STAPENHORST et al., 2017).
Conforme o progresso biológico foi acontecendo, situações conflitantes
nas áreas científica e popular foram surgindo e impulsionando o pensamento
humano para o desenvolvimento de uma ciência nova, a bioética. Essa área
se importa-se com a moralidade e a racionalidade da conduta humana no
campo amplo que são as ciências biológicas e da saúde, principalmente no
2 Biossegurança e bioética
(Continua)
Biossegurança e bioética 3
(Continuação)
Princípio da autonomia
O princípio da autonomia define e explicita a capacidade de autoescolha do
ser humano, ou seja, a possibilidade de tomada de decisões. As pessoas são,
então, classificadas como entes capazes de tomar suas próprias decisões,
primando a prévia e devida informação acerca dos procedimentos, riscos e
suas consequências (STAPENHORST et al., 2017).
4 Biossegurança e bioética
Princípio da beneficência
O princípio da beneficência reflete em uma dupla obrigação: o ato de não
causar danos e o de ser capaz de maximizar os benefícios e minimizar os
danos (STAPENHORST et al., 2017).
Princípio da justiça
O princípio da justiça preza pelo dever da imparcialidade acerca da distribuição
dos riscos e dos benefícios referentes à pesquisa, enfatizando o tratamento
com equidade (STAPENHORST et al., 2017).
Bioética no Brasil
Até o ano de 1988, nosso país não dispunha de normas específicas, e as pes-
quisas envolvendo seres humanos eram orientadas com base nos documentos
internacionais. No ano de 1987, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) analisou
essa questão e, no ano seguinte, publicou a Resolução nº. 01/1998, que continha
questões relacionadas a vigilância sanitária, biossegurança e ética. No ano de
1996, essa resolução foi revisada e, então, foi criada a Resolução nº. 196/1996,
que abrange normas e diretrizes de pesquisas envolvendo seres humanos, tra-
zendo questões que vão desde a parte inicial do projeto de pesquisa até a sua
operacionalização (STAPENHORST et al., 2017). Além disso (ESTRELA, 2018):
Biossegurança em biotecnologia
O conceito de biossegurança foi inicialmente abordado na década de 1970,
quando surgiu a engenharia genética. Um experimento pioneiro na área, que
se tratava de um gene da produção de insulina que foi inserido na bactéria E.
coli, teve uma extensa repercussão; a partir daí, foi realizada a Conferência de
Asilomar, na Califórnia, para debates sobre os riscos da engenharia genética e
a segurança dos laboratórios, sendo também discutida a necessidade de conten-
ção para diminuir os riscos aos trabalhadores (STAPENHORST et al., 2017).
Desde então, a comunidade científica foi instruída sobre a importância da
biossegurança no uso dessas técnicas e se percebeu a necessidade de desen-
volver normas de biossegurança, legislações e regulamentações para essas
atividades (STAPENHORST et al., 2017).
A área da biossegurança engloba diversos campos de conhecimento, como
biologia, biotecnologia, saúde, ecologia, sociologia e bioética. Sua premissa
básica é prevenir, minimizar ou eliminar riscos às atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços —
riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio
ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos (SCHWANKE, 2013).
O Brasil deu início ao processo de discussão da biossegurança a partir de
1995, por meio de leis, decretos e resolução, entre as quais se pode destacar
(SCHWANKE, 2013):
6 Biossegurança e bioética
Tipos de riscos
A identificação dos riscos de um local de trabalho é parte essencial a partir
da biossegurança e é a partir dela que é possível analisar as medidas de bios-
segurança cabíveis (STAPENHORST et al., 2017). Podemos denominar como
agente de risco qualquer componente de natureza física, química ou biológica
que tenha potencial de comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio
ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Para implementar de
modo correto a biossegurança, é imprescindível avaliar esses riscos (BRUNO,
2015), que podem ser categorizados como:
Risco de
Classe propagação à Profilaxia ou
de risco Risco individual1 coletividade tratamento eficaz
1 Baixo Baixo –
Bioética na biotecnologia
Com o desenvolvimento exponencial da biotecnologia, várias preocupações
dos pesquisadores e da sociedade em geral surgiram. Dentre elas, pode-se
enfatizar a necessidade de se educar cientificamente a sociedade para dar-lhe
condições de se posicionar acerca das demandas científico-tecnológicas atuais
(BONIS; COSTA, 2009).
A ideia de manipular o genoma tornou real a possibilidade de o homem,
laboratorialmente, interferir na natureza, deixando de ser apenas uma ficção
futurista, pois a clonagem de animais, por exemplo, já é feita em laboratórios.
A engenharia genética, tendencialmente, apresenta um progresso rápido e, com
ele, maior será sua condição de manipular a espécie humana. Logo, o progresso
nas pesquisas acerca da manipulação das características humanas apresenta
dois lados; sob um panorama, poderá fornecer benefícios fantásticos, como a
10 Biossegurança e bioética
A Resolução nº. 21, de 15 de junho de 2018, dispõe sobre normas para atividades de
uso comercial de microorganismos geneticamente modificados e seus derivados. Para
saber mais, acesse o link a seguir.
https://goo.gl/ubL9je
Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº. 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o
do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos
de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados
– OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestru-
tura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política
Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº. 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a
Medida Provisória nº. 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e
16 da Lei nº. 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Brasília, DF,
2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/
L11105.htm>. Acesso em: 19 out. 2018.
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decisões éticas na medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: Penso, 2012.
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