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Universidade de Brasília

Faculdade de Ciências da Saúde


Departamento de Nutrição
Ética e formação profissional
Professoras: : Lewestter Melchior de Lima e Ariene Silva Carmo
Aluna: Isabela Mendes Coutinho - 190088966

PORTIFÓLIO
Olá! Meu nome é Isabela, tenho 22 anos e estou atualmente no nono semestre do
curso de Nutrição. Sou apaixonada por esse universo que envolve alimentação saudável,
bem-estar. Tenho uma gatinha chamada Nina (foto da capa) que é a minha companheira
e minha inspiração diária para manter meu compromisso com o veganismo.

No meu dia a dia, a alimentação vegana é uma parte fundamental da minha


identidade. Adoro explorar receitas criativas e saborosas que demonstrem a diversidade e
riqueza de uma dieta baseada em plantas. Descobri que ser vegana vai muito além da
alimentação, é uma filosofia de vida que impacta diretamente em escolhas mais
conscientes e sustentáveis.

Na faculdade, duas matérias me conquistaram desde o início: Fundamentos da


Análise dos Alimentos e Técnica Dietética. Aprofundar-me nessas disciplinas me
proporcionou uma compreensão melhor sobre a composição dos alimentos e as melhores
práticas para planejar dietas balanceadas, cozinhar e entender melhor como funciona a
indústria de alimentos.

Tenho um forte interesse em atuar na área de Pesquisa em Nutrição e Consultoria


Nutricional, com foco em promover hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis. Como
sempre vimos no curso, a nutrição vai além da individualidade e pode desempenhar um
papel significativo na construção de comunidades mais saudáveis.

Recentemente, tive uma aula sobre inovações tecnológicas na produção de


refeições, que é um tema pelo qual me interesso bastante. Eu acredito que alguns
problemas da Nutrição na Saúde Coletiva possuem soluções que vão além de somente a
implementação de Políticas Públicas e Educação Alimentar e Nutricional. Acredito que
as tecnologias (sustentáveis ou não), exercem um impacto também muito grande na vida
da população, mas, infelizmente, não é algo tão abordado no curso de Nutrição (pelo
menos não na UnB). Apesar de eu estar confusa sobre o que quero fazer pelo fato das
áreas pelas quais eu me interesso não serem tão próximas entre si (desenvolvimento de
tecnologias sustentáveis, pesquisa em nutrição, indústria de alimentos e consultoria),
acredito que, no futuro, minha visão sobre o que quero fazer estará mais clara.
• ÉTICA, MORAL, BIOÉTICA E DEONTOLOGIA:

Ética: existem várias abordagens éticas e teorias que são discutidas e aplicadas em
diferentes contextos como, por exemplo, a Ética utilitarista, Ética transcultural e
multicultural, Ética ambiental, porém a ética pode ser definida, de forma geral, como o
ramo da filosofia que estuda que estuda os princípios morais que orientam o
comportamento humano, buscando compreender o que é considerado certo ou errado,
bom ou ruim, e procura estabelecer normas e valores que guiam as ações das pessoas em
sociedade.

Moral: refere-se ao conjunto de normas, valores e princípios que orientam o


comportamento humano em uma sociedade específica. Está relacionada às noções de
certo e errado, bem e mal, e é influenciada por fatores culturais, religiosos e sociais.

Bioética: campo interdisciplinar que envolve a reflexão ética sobre questões relacionadas
à vida, à saúde e à biologia. Aborda dilemas éticos decorrentes de avanços científicos e
tecnológicos nas áreas da medicina, genética, pesquisa biomédica e outros campos
relacionados à vida.

Deontologia: abordagem ética que se concentra nos deveres e nas obrigações morais. Ela
estabelece regras e normas éticas que devem ser seguidas, independentemente das
consequências. Está associada a códigos de ética profissional, delineando as
responsabilidades e os comportamentos esperados em determinadas profissões.

• BIOÉTICA: HISTÓRICO E PRINCÍPIOS:

Em resposta aos testes com seres humanos aos avanços rápidos na biologia,
medicina e tecnologia, a preocupação da ética e a vida foi levantada. Três pensadores
são considerados os precursores da bioética:

o André Hellegers: era fisiologista e obstetra. Promoveu discussões sobre ética em


pesquisa médica e na relação médico-paciente.
o Van Rensselaer Potter: era oncologista e bioquímico norte-americano e cunhou o
termo "bioética" enfatizando a necessidade de uma abordagem ética holística
diante dos avanços científicos e tecnológicos.
o Fritz Jahr: era um teólogo e educador alemão. Ele introduziu o termo "bioética"
para descrever a reflexão ética sobre as questões emergentes nas ciências da vida
e na prática médica.

A bioética não diz respeito somente à evolução da ciência, mas, após todos os testes
feitos com seres humanos nos períodos de guerras e pós guerras, deixou uma pergunta
muito importante:
Até que ponto pode existir evolução científica, visando à preservação do
ser humano?

1947 – CÓDIGO DE NUREMBERG

Assim, surge o Código de Nuremberg é um conjunto de princípios éticos que


surgiu em resposta aos crimes cometidos pelos médicos nazistas durante experimentos
humanos durante a Segunda Guerra Mundial. Esse código estabelece padrões éticos
fundamentais para a pesquisa médica envolvendo seres humanos. Ele possui 10 princípios
que podem ser resumidos:

Princípio Resumo

1. Voluntariedade do Consentimento voluntário, informado e compreensível dos


Consentimento participantes.

2. Resultados Benéficos Pesquisa deve visar benefícios sociais irremediáveis.


para a Sociedade

3. Base Científica Sólida Pesquisa deve ser fundamentada em conhecimento sólido e


literatura científica.

4. Evitar Sofrimento e Medidas para evitar danos físicos e mentais durante a pesquisa.
Lesões Desnecessárias

5. Não-Experiências Evitar experimentos causadores de lesões permanentes ou


Aleatórias morte, a menos que essenciais.

6. Riscos Proporcionais aos Riscos não devem superar benefícios esperados.


Benefícios
7. Proteção da Privacidade Identidade dos participantes deve ser mantida em sigilo.
dos Participantes

8. Permissão de Parar a Participantes têm o direito de interromper a participação a


Participação a Qualquer qualquer momento.
Momento

9. Preparação Científica e Experimentos devem ser conduzidos por profissionais


Experiência Adequadas qualificados.

10. Suspensão do O pesquisador deve estar preparado para suspender os


Experimento por Provável experimentos, independentemente do estágio da pesquisa, caso
Dano essa traga malefícios ao participante ou seja inválida.

1964 – DECLARAÇÃO DE HELSINQUE

A Declaração de Helsinque é um conjunto de princípios éticos para a pesquisa


médica envolvendo seres humanos. Ela foi desenvolvida pela Associação Médica
Mundial (AMM) e fornece diretrizes para a conduta ética em estudos clínicos. Ela reitera
os princípios do Código de Nuremberg e enfatiza a importância do respeito pelos
participantes e a consideração ética em todas as fases da pesquisa.

Princípio Resumo
1. Respeito pela Dignidade Prioridade ao bem-estar do participante, respeitando sua
do Participante autonomia e protegendo seus direitos.

2. Benefícios e Riscos A pesquisa deve ser fundamentada em uma avaliação cuidadosa


dos benefícios e riscos para os participantes e a sociedade.

3. Design e Revisão Ética A pesquisa deve ser baseada em uma revisão ética independente
e em um design científico sólido.

4. Consentimento Consentimento voluntário, informado e compreensível dos


Informado participantes, com especial atenção a grupos vulneráveis.
5. Proteção de Grupos Proteção especial para grupos vulneráveis, garantindo que não
Vulneráveis sejam explorados ou submetidos a riscos excessivos.

6. Placebo e Tratamento O uso de placebo deve ser justificado quando existem


Padrão tratamentos eficazes disponíveis; o participante deve ter acesso
ao melhor tratamento comprovado.

7. Colaboração Colaboração ética em pesquisas internacionais, respeitando os


Internacional padrões éticos locais.

8. Privacidade e Proteção da privacidade dos participantes e garantia de


Confidencialidade confidencialidade das informações.

9. Registro e Divulgação Registro público de todos os ensaios clínicos e divulgação


de Resultados completa e objetiva dos resultados.

10. Responsabilidade e Responsabilidade ética dos pesquisadores e garantia da


Qualidade Científica qualidade científica da pesquisa.

1978 – RELATÓRIO BELMONT

O Relatório Belmont é um documento elaborado pela Comissão Nacional para a


Proteção dos Seres Humanos em Pesquisas Biomédicas e Comportamentais, nos Estados
Unidos. Esse relatório estabeleceu princípios éticos e diretrizes para a pesquisa
envolvendo seres humanos e também foi uma resposta aos escândalos éticos ocorridos
nas décadas anteriores. Ele possui 3 princípios:
Enfatiza a obrigação de
maximizar os benefícios e
minimizar os danos para os
participantes, considerando os
riscos e benefícios da pesquisa.
Destaca a importância do
respeito pela autonomia e
dignidade dos participantes,
incluindo o princípio do
consentimento informado.

Refere-se à distribuição
equitativa dos benefícios e ônus
da pesquisa, evitando a
exploração de grupos
vulneráveis.

Ampliando os 3 princípios para a prática dos profissionais da saúde, esses


devem ser analisados caso a caso, pois nem sempre todos convergirão para uma
mesma solução. Isso pode acontecer, por exemplo, no caso de pessoas que fumam em
ambientes fechados. Nesse caso, o bem comum deve prevalecer sobre à liberdade
individual dos fumantes, visto que já é comprovado que o cigarro traz
externalidades negativas para os não fumantes.

2012- RESOLUÇÃO 466/2012 DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE (CNS)

No Brasil, atualmente, a Resolução 466/2012 define princípios éticos e


critérios para a realização de pesquisas envolvendo seres humanos, incluindo questões
relacionadas ao consentimento informado, avaliação ética dos projetos, proteção da
privacidade e confidencialidade, entre outros aspectos éticos.

• COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES VIVOS


O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) é um órgão colegiado interdisciplinar e
independente, responsável pela avaliação ética de projetos de pesquisa envolvendo seres
humanos. No Brasil, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) é a instância
máxima desse sistema, atuando como uma comissão vinculada ao Conselho Nacional de
Saúde do Ministério da Saúde.
Finalidade da Conep Descrição
Avaliação Ética Realizar a avaliação ética de pesquisas que envolvam seres
humanos, garantindo padrões éticos e científicos.
Proteção dos Assegurar a proteção dos direitos, integridade e bem-estar dos
Participantes participantes, priorizando segurança e dignidade.
Normatização Estabelecer normas e diretrizes éticas para a condução de
pesquisas, orientando pesquisadores e instituições.
Educação em Ética em Promover a educação e capacitação em ética em pesquisa, tanto
Pesquisa para membros de comitês de ética quanto para pesquisadores.
Coordenação Nacional Coordenar as atividades dos CEPs (Comitês de Ética em
Pesquisa) distribuídos em todo o território nacional.
Registro de Pesquisas Manter um registro nacional de pesquisas aprovadas, facilitando a
transparência e o monitoramento das atividades de pesquisa.
Revisão Periódica Realizar revisões periódicas das normas e diretrizes éticas em
pesquisa, atualizando-as conforme necessário.
Condução de Pesquisas Avaliar a ética de pesquisas com colaboração internacional,
Internacionais assegurando que atendam aos padrões éticos brasileiros.
Consulta Pública Promover a participação da sociedade em processos de consulta
pública relacionados à ética em pesquisa.

Princípios Éticos na Pesquisa com animais no Brasil:


• Princípio da Justificativa:
A pesquisa deve ter uma justificativa científica e relevância para a sociedade, garantindo
que a utilização de animais seja necessária para atingir objetivos específicos.
• Princípio da Adequação Ética:
A escolha do modelo animal deve ser ética, levando em consideração critérios como a
relevância do modelo para a pesquisa, a minimização do número de animais utilizados e
a busca por métodos alternativos sempre que possível.
• Princípio da Relevância Social:
A pesquisa deve contribuir para o avanço do conhecimento científico, a melhoria da saúde
humana ou animal, ou o bem-estar da sociedade, justificando assim a utilização de
animais.
• Princípio da Redução, Refinamento e Substituição (3Rs):
Os 3Rs são fundamentais na pesquisa com animais: reduzir o número de animais
utilizados, refinar os procedimentos para minimizar desconforto e sofrimento, e substituir
métodos que não envolvam o uso de animais sempre que possível.
• Princípio do Bem-Estar Animal:
Deve-se assegurar o bem-estar dos animais durante todas as fases da pesquisa,
proporcionando condições adequadas de alojamento, alimentação e cuidados veterinários,
além de minimizar qualquer desconforto ou sofrimento.
• Princípio da Responsabilidade do Pesquisador:
O pesquisador é responsável por garantir que a pesquisa seja conduzida de maneira ética,
respeitando os princípios éticos estabelecidos e cumprindo com as regulamentações
locais.
• Princípio da Transparência e Compartilhamento de Resultados:
Os resultados da pesquisa devem ser comunicados de forma transparente à comunidade
científica e à sociedade, contribuindo para a transparência e a responsabilidade na
pesquisa com animais.
OBS.: Como vegana, acredito firmemente na importância de tratar todos os seres
sencientes com respeito e consideração. Isso inclui não apenas os animais de criação
usados para alimentação, mas também aqueles envolvidos em pesquisas científicas.
Reconheço que, em alguns casos, a pesquisa com animais pode ter contribuído para
avanços significativos na medicina e em outras áreas. No entanto, minha posição é
favorável a um enfoque ético e transparente na pesquisa envolvendo animais. Isso
implica a busca constante por métodos alternativos que não envolvam o uso de
animais sempre que possível. Além disso, defendo a implementação rigorosa de
regulamentações e padrões éticos que assegurem o bem-estar dos animais
envolvidos.

• ÉTICA NO CUIDADO

A ética no cuidado refere-se aos princípios morais e valores que norteiam a prestação de
assistência. É dever do profissional da saúde ter:

• Respeito à dignidade e autonomia da pessoa cuidada. Isso implica reconhecer e


valorizar suas escolhas, preferências e individualidade.
• Empatia e compaixão, pois entender as necessidades emocionais, físicas e
psicológicas da pessoa sendo cuidada é essencial para fornecer um suporte eficaz.
• Manter a confidencialidade das informações pessoais dos pacientes ou
beneficiários do cuidado é um princípio ético essencial.
• Competência profissional para oferecer um cuidado eficaz e seguro. Isso envolve
manter-se atualizado com as melhores práticas e padrões profissionais.
• Colaboração e comunicação aberta e colaborativa entre os membros da equipe de
saúde, familiares e a pessoa sendo cuidada.
• Priorizar a segurança do paciente é um, pois envolve a prevenção de danos, a
gestão adequada de riscos e a promoção de um ambiente seguro.
• Sempre visar o bem-estar da pessoa cuidada. Isso vai além do tratamento de
doenças, abrangendo aspectos emocionais, sociais e espirituais.

• CONFLITO DE INTERESSES
Conflito de Interesses na Pesquisa em Nutrição:

O conflito de interesses na pesquisa em nutrição ocorre quando a busca por


objetivos pessoais ou financeiros influencia a condução ou interpretação dos resultados
de estudos científicos. Isso pode comprometer a integridade e confiabilidade das
descobertas, levando a informações distorcidas que podem impactar as práticas
nutricionais.

Exemplos na Nutrição:

• Financiamento da Indústria Alimentícia que podem ter viés em favor dos produtos
dessas empresas, influenciando positivamente seus resultados e conclusões.
• Nutricionistas ou pesquisadores que têm vínculos financeiros com fabricantes de
suplementos podem ter um incentivo inconsciente para promover esses produtos,
afetando a objetividade de suas pesquisas.
• Pesquisas apoiadas por empresas que comercializam dietas específicas podem
apresentar resultados tendenciosos, favorecendo a eficácia dessas dietas em
detrimento de abordagens mais equilibradas.

Ferramenta da OPAS para Identificação de Conflitos de Interesses: A Organização Pan-


Americana da Saúde (OPAS) desenvolveu uma ferramenta chamada "Grid de Avaliação
de Conflitos de Interesse em Políticas e Pesquisas Nutricionais". Essa ferramenta auxilia
na identificação e avaliação de possíveis conflitos de interesses em estudos e políticas
relacionadas à nutrição. Ela destaca áreas como fontes de financiamento, vínculos com a
indústria, e influência potencial sobre os resultados e conclusões da pesquisa.

OBS.: É sempre importante, ao se ler uma pesquisa, não só analisar a declaração


se há conflito de interesses ou não, pois pode ser que os autores neguem tal conflito.
É necessário se atentar ao financiamento da pesquisa por empresas e investigar
possíveis conflitos de interesses.

• ÉTICA E NUTRIÇÃO:
o Bioética e o direito à alimentação adequada

A relação entre bioética e o direito à alimentação adequada e saudável está


intrinsecamente ligada ao respeito pelos princípios éticos relacionados à vida, saúde e
dignidade humana. O direito humano à alimentação adequada (DHAA) é reconhecido
como um componente fundamental dos direitos humanos, abordando não apenas a
questão quantitativa da alimentação, mas também sua qualidade e adequação às
necessidades nutricionais.
No contexto brasileiro, diversos programas foram implementados para combater a
insegurança alimentar e nutricional, promovendo o acesso a alimentos saudáveis e
nutritivos. Alguns desses programas incluem:
1. Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN): Estabelece diretrizes para
a promoção, prevenção e recuperação da saúde por meio de ações de alimentação
e nutrição.
2. Programa de Aquisição de Alimentos (PAA): Visa fortalecer a agricultura familiar
e garantir o acesso a alimentos frescos para populações em situação de
vulnerabilidade.
3. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): Garante alimentação escolar
saudável e de qualidade a estudantes, contribuindo para o desenvolvimento e
aprendizado.
4. Programa Bolsa Família: Oferece transferência de renda a famílias em situação de
pobreza, contribuindo indiretamente para o acesso a alimentos.
5. Programa Cisternas: Promove o acesso à água potável para consumo e produção
de alimentos em regiões de semiárido.
6. Equipamentos Públicos de SAN (restaurantes populares, bancos de alimentos e
cozinhas comunitárias): Proporcionam acesso a refeições saudáveis,
especialmente para populações em situação de rua ou vulnerabilidade social.
7. Programa Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana: Estimula a produção de
alimentos em áreas urbanas, contribuindo para a segurança alimentar local.
8. Programa Nacional da Reforma Agrária (MDA): Busca distribuir terras de forma
mais equitativa, promovendo o acesso à produção de alimentos.
9. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF -
MDA): Apoia financeiramente a agricultura familiar, fortalecendo a produção
local de alimentos.
10. Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT): Incentiva empresas a
oferecerem alimentação saudável aos trabalhadores.

o Código de Ética e de Conduta do Nutricionista

O Código de Ética e Conduta do Nutricionista no Brasil foi criado pelo Conselho


Federal de Nutricionistas (CFN) como um instrumento normativo que estabelece os
princípios éticos e as normas de conduta a serem seguidos pelos profissionais da área. O
código tem como objetivo orientar a prática profissional, garantindo padrões éticos
elevados na prestação de serviços nutricionais. Atualmente, ele é dividido em 10
capítulos:

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Apresentação dos princípios éticos fundamentais que devem nortear a
conduta do nutricionista.

CAPÍTULO 1 – RESPONSABILIDADES PROFISSIONAIS


Aborda as responsabilidades éticas específicas dos nutricionistas em
relação à prestação de serviços nutricionais, considerando o bem-
estar do paciente ou cliente., condições adequadas de trabalho e
reconhecimento de competências.
CAPÍTULO 2- RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Trata das relações interpessoais e ética nas interações profissionais,
enfocando o respeito mútuo e a colaboração entre profissionais de
saúde.

CAPÍTULO 3- CONDUTAS E PRÁTICAS NUTRICIONAIS


Define normas éticas relacionadas às condutas e práticas
profissionais dos nutricionistas, garantindo a integridade e qualidade
nos serviços prestados.

CAPÍTULO 4- MEIOS DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO


Discute o uso ético dos meios de comunicação e informações pelos
nutricionistas, abordando a responsabilidade na divulgação de
informações nutricionais.

CAPÍTULO 5- ASSOCIAÇÃO A PRODUTOS, MARCAS,


EMPRESAS OU INDÚSTRIAS
Estabelece regras éticas para a associação de nutricionistas a
produtos, marcas ou serviços, evitando conflitos de interesse e
preservando a imparcialidade.

CAPÍTULO 6- FORMAÇÃO PROFISSIONAL


Foca na formação profissional, abordando a ética no ensino e na
aprendizagem, bem como a responsabilidade do nutricionista na
atualização contínua de conhecimentos.
CAPÍTULO 7- PESQUISA
Trata das questões éticas relacionadas à pesquisa em nutrição,
incluindo a importância do consentimento informado e a garantia de
integridade nos processos de pesquisa.

CAPÍTULO 8- RELAÇÕES COM ENTIDADES DA CATEGORIA


Define princípios éticos nas relações do nutricionista com entidades
da categoria, promovendo a integração e colaboração entre
profissionais.

CAPÍTULO 9- INFRAÇÕES E PENALIDADES


Estabelece as infrações éticas e as penalidades decorrentes de
condutas antiéticas, visando a responsabilização em casos de violação
do código.

CAPÍTULO 10- DISPOSIÇÕES GERAIS


Encerra o código com disposições gerais, abrangendo questões
administrativas e outros pontos relevantes para a aplicação e
entendimento do código.

o Implicações éticas na prática profissional nas mídias digitais

Cinco temas foram discutidos em sala:

1. Publicação de fotos de corpo e fotos de antes e depois:

Reflexões: Publicar fotos do corpo do paciente pode o expor a julgamentos indevidos nas
mídias sociais e o foco do nutricionista deve ser na promoção da saúde, sem expor
indivíduos a situações desconfortáveis ou julgamentos públicos.
Além disso, cada corpo responde de uma forma diferente ao tratamento nutricional e
nenhum corpo deve servir de modelo para avaliar se o atendimento do nutricionista em
questão é bom ou ruim.

2. Oferecimento de Descontos em Consultas e Pacotes:

Reflexões: Oferecer descontos de pode ser interpretado como uma prática antiética, pois
pode comprometer a integridade e o valor dos serviços prestados. Pode criar a percepção
de que o profissional está mais interessado em vender serviços do que garantir a qualidade
do atendimento.

Isso também gera uma concorrência desleal no mercado e é uma prática que desvaloriza
a profissão.

3. Plágio:

Reflexões: O plágio, ou a apropriação indevida de trabalhos de outros, é uma violação


ética grave. Isso inclui copiar e colar informações sem atribuir créditos adequados,
comprometendo a integridade acadêmica e profissional. O plágio é uma violação séria
que compromete a confiança no profissional. É fundamental reconhecer e dar crédito
apropriado a ideias e informações de outras fontes, promovendo uma prática ética e
honesta.

4. Oferecimento de Programas de Emagrecimento, Ganho de Peso e Relacionados:

Reflexões: Oferecer programas de forma indiscriminada, sem uma avaliação


individualizada, pode resultar em práticas que não atendem às necessidades específicas
dos clientes. Além disso, promessas de resultados rápidos podem ser enganosas.

Programas de emagrecimento ou ganho de peso devem ser personalizados e baseados em


evidências científicas. Promessas de resultados rápidos podem comprometer a saúde dos
clientes e desviar-se dos princípios éticos da profissão. A individualização do atendimento
é crucial para o sucesso e a ética na prática nutricional.

5. Divulgação de exames bioquímicos de pacientes


Reflexões: A divulgação de exames bioquímicos de pacientes, mesmo com
consentimento, pode ser considerada antiética devido à variabilidade dos resultados entre
indivíduos. Cada pessoa possui características únicas, e a divulgação indiscriminada de
resultados pode levar a interpretações inadequadas, comparações injustas.

Os resultados de exames bioquímicos são altamente específicos para cada indivíduo,


influenciados por diversos fatores, como idade, sexo, histórico médico e genética. Mesmo
com consentimento, é crucial considerar a complexidade desses dados e a necessidade de
interpretá-los de maneira personalizada.

Obs.: É importante destacar que mesmo que algo não seja proibido pelo Código de
Ética, não significa que seja errado, pois esse é um documento que está sempre sendo
atualizado, portanto, cabe ao nutricionista avaliar criticamente as situações às quais
é exposto. Um exemplo disso, é a publicação de fotos do corpo do próprio
nutricionista nas mídias sociais. Segundo o Código de Ética, essa não seria uma
infração, porém, é necessário refletir quais são os impactos desse tipo de publicação
em pessoas que podem desenvolver algum transtorno para conseguir obter o mesmo
corpo.

o Teleconsulta e a atuação do nutricionista

A Resolução CFN nº 760, de 22 de outubro de 2023, estabelece normas para a


prática da Telenutrição, definida como a prestação de serviços realizada exclusivamente
por nutricionistas por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). A
finalidade da Telenutrição é promover assistência nutricional, educação, pesquisa, gestão
e promoção da saúde, respeitando os preceitos éticos e bioéticos da profissão.

Principais pontos da resolução:

• Definição da Telenutrição: Prestação de serviços nutricionais remotos, utilizando


TICs, com o nutricionista inscrito no Conselho Regional de Nutricionistas (CRN)
de sua jurisdição.
• Modalidades da Telenutrição: Incluem Teleconsulta, Teleconsultoria, Segunda
Opinião Formativa, Teleinterconsulta, Telemonitoramento e Tele-educação.
• Validade Nacional: Os atos do nutricionista praticados por Telenutrição têm
validade no território nacional, de acordo com a Lei nº 14.510, de 27 de dezembro
de 2022.
• Cadastro Nacional de Nutricionistas para Telenutrição (e-Nutricionista):
Obrigatório para a realização da Telenutrição, fornecendo informações sobre a
regularidade do profissional.
• Autonomia do Nutricionista e do Cliente: O nutricionista decide se utiliza a
Telenutrição, considerando as necessidades do cliente. O cliente tem autonomia
para escolher a modalidade de atendimento.
• Obrigações Éticas do Nutricionista: Incluem a condução ética e bioética da
Telenutrição, preservação do sigilo, informação ao cliente sobre a natureza remota
do atendimento, e obtenção de consentimento informado.
• Registro e Documentação: Todas as interações por Telenutrição devem ser
datadas, identificadas, assinadas eletronicamente e registradas em prontuários
conforme legislação vigente.
• Honorários: Recomendação para observar a tabela de honorários estabelecida
pelos sindicatos ou pela Federação Nacional de Nutricionistas (FNN). Acordo
prévio sobre honorários e forma de pagamento.
• Formação Continuada: Recomendação para que o nutricionista busque formação
continuada no uso das TICs e bioética digital para a Telenutrição.
• Fiscalização e Revogação: O profissional que utiliza a Telenutrição está sujeito à
fiscalização pelos órgãos competentes. Revogação de resoluções anteriores
relacionadas.

o Infrações éticas na prática profissional.

A Lei nº 6.583, de 20 de outubro de 1978, trata das infrações e penalidades no


exercício da profissão de nutricionista. Abaixo está um resumo dos principais pontos
relacionados às infrações e penalidades:
Infrações Disciplinares (Art. 19):

• Transgredir preceito ou Código de Ética Profissional.


• Exercer a profissão quando impedido ou facilitar seu exercício a não inscritos ou
leigos.
• Violar sigilo profissional.
• Praticar ato que a lei defina como crime ou contravenção.
• Revelar segredo confiado em razão da profissão.
• Não cumprir determinações de órgão do Conselho Regional de Nutrição (CRN).
• Deixar de pagar contribuições ao Conselho Regional.
• Faltar a qualquer dever profissional.
• Manter conduta incompatível com o exercício da profissão.

Penalidades (Art. 20):

• Advertência.
• Repreensão.
• Multa (até 10 vezes o valor da anuidade).
• Suspensão no exercício profissional (até 3 anos).
• Cancelamento da inscrição e proibição do exercício profissional.

Processo e Recurso:

• A imposição das penalidades segue uma gradação, observando normas do


Conselho Federal.
• Na fixação da pena, consideram-se antecedentes, grau de culpa, circunstâncias
atenuantes/agravantes e consequências da infração.
• Comunicação das penas (advertência, repreensão, multa) é reservada, exceto em
caso de reincidência.
• Há possibilidade de recurso ao Conselho Federal de Nutrição (CFN), com efeito
suspensivo, voluntário ou ex-officio, dentro de prazos específicos.
• Denúncias devem ser assinadas, qualificadas, acompanhadas de elementos
comprobatórios.
• Suspensão por falta de pagamento só cessa após quitação da dívida, podendo
resultar no cancelamento da inscrição após 3 anos.
• Profissional punido pode requerer revisão do processo à instância superior no
prazo de 30 dias.
• Decisões do Conselho Federal podem ser objeto de recurso ao Ministro do
Trabalho, salvo casos revogados posteriormente.

Anuidade:

• Pagamento fora do prazo sujeita o devedor a multa, conforme regulamento.


(Cada anuidade, atualmente, possui um valor de R$ 500,00).

Obs.: Além disso, é importante destacar que as penalidades descritas exigem a


abertura de processo judicial e que, dependendo da gravidade da infração ética, o
nutricionista pode receber uma orientação (que não faz parte das penalidades) do
CRN.

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