• A unidade IV tratará das tendências contemporâneas do
biodireito e suas implicações éticas.
• O Biodireito é uma disciplina típica da dogmática jurídica que
se destina à resolução de problemas teóricos bioéticos que passou a medicalizar o direito.
• Logo, iremos estudar a manifestação jurídica da bioética ou
o biodireito. • No final do século XX e início do século XXI ressurgiram preocupações éticas e filosóficas sobre questões que atormentam há muito tempo a humanidade como a vida, a reprodução e a morte, assim como a busca incessante por novos padrões morais que possam regular essa realidade bioética.
• A bioética é um estudo interdisciplinar entre diversos ramos
do conhecimento como Direito, Filosofia, Ciências biológicas, Ciências da Saúde, dentre outros, que pretende estudar as relações de administração do avanço das ciências e as respectivas implicações morais. • Evidencia-se uma forte e justificada preocupação com questões relacionadas à liberdade científica, ao progresso biocientífico, à proteção da vida humana, a busca do equilíbrio ambiental, a socialização e universalização da saúde e com o reconhecimento da autonomia do paciente.
• Discussões que têm provocado a revisão de institutos
clássicos do direito para dar conta das novas questões jurídicas que se apresentam que se denominou biolaw ou biodireito.
• A bioética e o biodireito não possuem o mesmo significado;
a ética sem direito perde a coercitividade, ao passo que o direito sem a ética perde a legitimidade. • A Bioética e o Biodireito abordam assuntos basicamente ligados à vida e às relações sociais.
• Podemos afirmar que o Biodireito é um ramo novo do
direito público que regula as questões oriundas da Bioética e do desenvolvimento da tecnologia.
• O aparecimento de novos debates bioéticos se afiguram na
atualidade, tendo em vista o desenvolvimento da Biotecnologia, necessitando assim de regulação do Biodireito. Os questionamentos centrais da temática política da bioética são:
a) o que é necessário evitar?
b) o que é necessário promover e apoiar?
c) qual o estatuto/regulamentação do corpo humano?
Tais questionamentos basicamente desenvolveram o quadro
teórico do debate sobre a bioética atualmente, o que irá refletir na atuação do legislador e do julgador. 2- Biodireito: • A Bioética não possui a capacidade de, isoladamente, evitar as práticas ofensivas à pessoa humana decorrentes das pesquisas e inovações biotecnológicas, assim, se socorrendo do Direito para que este normatize regras de conduta coercitivas, na busca do equilíbrio entre os avanços biotecnológicos e a dignidade da pessoa humana.
• Podemos afirmar que as bases do Biodireito se encontram
em três áreas peculiares: o Direito Civil, o Direito Constitucional e o Direito Penal, e têm o objetivo principal de garantir a proteção da dignidade da pessoa humana, frente às novas tecnologias da biomedicina e das biotecnológicas na sociedade atual. Disciplinas afins do Biodireito:
• Direito médico – O direito médico ou direito biomédico, direito
biotecnológico (health law, health care law), é utilizado em alguns sistemas como sinônimo de biodireito (biolaw). O direito médico tradicional dedica-se a aspectos jurídicos vinculados ao exercício da medicina e demais profissões ligadas diretamente a saúde.
• Biojurídica – trata-se de ramo da bioética centrado na
legislação aplicável ao ser humano com ente biológico. Ciência que tem como objeto a fundamentação e a pertinência das normas jurídico positivas, de lege ferenda e de lege data, mesmo que dizer, sua adequação aos valores da bioética. • Iusgenética – é a área de estudo que foca suas discussões nas implicações jurídicas decorrentes exclusivamente da genética: La iusgenética constituye em este sentido um indispensable completo em cuanto que codifica a su vez las pautas de conduta que uma comunidade considera aceptable y vela porque estos experimentos y sus aplicaciones ulteriores se realicen com las necessárias cautelas, evitándose la inducción de um desordem biológico no deseado y el brusco transtorno de las normas de organización social.
• Direito sanitário - o direito sanitário, segundo Anvisa, é um conjunto
de normas federais, estaduais ou municipais que, visando a eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde ou intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, regulam a produção e a circulação de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionam com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo, bem como o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. • Medicina legal – A medicina legal, ou medicina forense é a disciplina que serve de instrumento auxiliar da administração da Justiça, uma vez que o conjunto de conhecimentos médicos, biológicos e psíquicos se destinam a servir o direito, auxiliando na elaboração e interpretação de dispositivos legais.
• Deontologia médica – é a área que se ocupa das normas éticas
destinadas a regular a atividade médica, impondo deveres e direitos ao profissional. Por isso, a necessidade de se conhecer o termo “disciplina” aqui utilizado não como um conjunto de teorias e métodos que se baseiam em uma teoria única, mas com multiplicidade de teorias que se agrupam para formar paradigmas teóricos. Capazes de dar conta da pluralidade de discussões que decorrem de unidade temática 3- Princípios do Biodireito:
• Princípio da dignidade da pessoa humana- A dignidade é um
atributo inerente à própria condição humana, sem ela a pessoa não pode ser considerada como tal, sem ela o indivíduo deixa de possuir uma identidade em si e passa a ser apenas um elemento vivo como qualquer outro existente na vasta biodiversidade.
• Obs. Esse princípio é informador de toda a discussão
proposta pela bioética, uma vez que é o ponto de convergência de todas as discussões, a ideia de dignidade da pessoa humana contrapõe-se ao domínio da técnica sobre o homem. • Princípio da prevenção- justifica-se esse princípio pelo fato da certeza do conhecimento dos riscos da atividade biotecnocientífica desenvolvida, ou seja, sabe-se que o desdobramento da atividade a ser praticada acarretará danos à pessoa humana ou à biodiversidade existente.
• A conduta científica a ser praticada e que possa causar risco
à pessoa humana deverá ser impedida e com isso evitar que danos sejam perpetrados contra os seres humanos e a biodiversidade como um todo. • Princípio da precaução- tem sua aplicação quando na prática das condutas científicas não há certeza de que seus resultados possam causar danos ao ser humano e à biodiversidade.
• Obs. ao contrário do princípio da prevenção, cuja aplicação
ocorre na base da certeza da ocorrência de riscos, no princípio da precaução, o conhecimento científico que se detém não se mostra suficiente, com a devida segurança, para atestar se a atividade científica a ser praticada comporta ou não a ocorrência de danos nos seus resultados. • Princípio do consentimento livre e informado- determina o respeito ao consentimento espontâneo e voluntário do paciente nos procedimentos clínicos e laboratoriais de investigação científica, ou participante de pesquisa.
• Assim, esse princípio determina que as pessoas além de
expressem voluntariamente sua vontade em se submeter a experimentos científicos ou a tratamentos médicos, também sejam devidamente esclarecidas das etapas de realização do procedimento, bem como informadas dos riscos, efeitos e consequências do mesmo em seu corpo. • Princípio da cooperação científica entre países – com os avanços biotecnológicos aliados ao processo de globalização alastram-se pelo mundo e refletem os seus efeitos nos mais variados setores da sociedade.
• Obs. Ao preservar a dignidade da pessoa humana, como
também a necessidade de primar pela a amizade entre os países, se afigura como relevante a cooperação recíproca que deve permanecer para se alcançar o desenvolvimento socioeconômico igualitário entre os países. Referências:
BITTAR, Eduardo C.B. Curso de ética jurídica: ética geral e
profissional. 10ª Ed. Ed. Saraiva: Rio de Janeiro, 2014, e-book.
CRISOSTOMO, Alessandro Lombardi. Ética. Porto Alegre. Ed.
Sagah, 2018, e-book.
RODRIGUES, William Gustavo et al. Ética geral e jurídica. Porto