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1.

Introdução
O presente trabalho intitulado Princípios de Bioética: contexto do seu surgimento e
importância ,visa demostrar as melhores soluções para conflitos éticos, para conseguir
atender necessidades médicas sem desrespeitar valores importantes para os pacientes e para a
sociedade em geral.

1.1. Objectivos

1.1.2.Geral

 Compreender os princípios da Bioética e sua Importância.

1.1.3.Específicos

 Demostrar os princípios da Bioética ;


 Examinar os conflitos entre os princípios;
 Ilustrar a importância dos princípios na relação médico-paciente.

2.Metodologia

Na visão de Marconi & Lakatos (2003,p.83), o método é o conjunto das actividades


sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objectivoconhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando
erros e auxiliando as decisões do cientista.”. Portanto para a realização do presente trabalho,
recorreu-se a uso do seguinte método hermenêutico, que consistiu na interpretação dos
documentos presentes na referência bibliográfica.
3.Princípios da Bioética: contexto do seu surgimento e sua Importância
Estes princípios procuram compreender quais são as melhores soluções para conflitos éticos,
para conseguir atender necessidades médicas sem desrespeitar valores importantes para os
pacientes e para a sociedade em geral.

3.1.Princípios da Bioética : Contexto do seu surgimento


Com a detonação das bombas atómicas em Hiroxima e Nagasáqui, no ano de 1945, na II
Guerra Mundial, que se destacam particulares factos desencadeados directamente pelas
possibilidades abertas pelo progresso científico-tecnológico.

Foi criada uma “Comissão Nacional para a Proteção de Sujeitos Humanos na Pesquisa
Biomédica e Comportamental” . Após quatro anos publicou um documento que ficou
conhecido como Relatório Belmont – um documento histórico e normativo para a Bioética.

Nele foram eleitos três princípios orientadores básicos para a pesquisa envolvendo seres
humanos: a) respeito pelas pessoas; b) beneficência; c) justiça. O respeito pelas pessoas com
dois pressupostos éticos:

os indivíduos devem ser tratados como agentes autônomos; b) os com


autonomia reduzida (vulneráveis) têm direito à protecção . Institucionaliza-se
as sim o consentimento informado. A beneficência, de tradição hipocrática,
também comporta duas regras complementares: a) não fazer o mal; b)
propiciar o máximo de benefícios com o mínimo de danos possíveis. A justiça
impõe cuidado na seleção e equidade em relação aos sujeitos das pesquisas.
Estavam eleitos os parâmetros éticos que deveriam orientar a experimentação
com seres humanos Lopes (2014,p.10).
Este Relatório serviu de base para o surgimento da obra clássica de Beauchamp e Childress –
Principles of Biomedical Ethics – (Princípios de Ética Biomédica), publicada inicialmente em
1979 e já na sua sétima edição. Nesse texto, o princípio de respeito pelas pessoas foi
substituído pelo da autonomia e o da beneficência foi desdobrado em beneficência e não
maleficência. Desse modo, consagraram-se os seguintes princípios: a) o da autonomia,
privilegiando a decisão do paciente; b) os de beneficência e não maleficência, imputados aos
profissionais de saúde; c) e o de justiça, especificamente distributiva, voltado especialmente
para as instituições de saúde e a sociedade no tratamento das questões relativas à vida e saúde
dos seres humanos. Com a publicação de Beauchamp e Childress consagra-se o
“principialismo” como um método de raciocínio e decisão em Bioética. Mesmo hegemônico,
ele será contestado e muitos outros métodos e teorias serão contrapostos (cf. Lopes,
2014,p.11).
3.1.2.Princípio de Beneficência

Beneficência tem sido associada à excelência profissional desde os tempos da medicina


grega, e está expressa no Juramento de Hipócrates: “Usarei o tratamento para ajudar os
doentes, de acordo com minha habilidade e julgamento e nunca o utilizarei para prejudicá-
los”

Na visão de Loch (2002,p.3), beneficência quer dizer fazer o bem. De uma maneira prática,
isto significa que temos a obrigação moral de agir para o benefício do outro. Este conceito,
quando é utilizado na área de cuidados com a saúde, que engloba todas as profissões das
ciências biomédicas, significa fazer o que é melhor para o paciente, não só do ponto de vista
técnico-assistencial, mas também do ponto de vista ético.

É usar todos os conhecimentos e habilidades profissionais a serviço do paciente,


considerando, na tomada de decisão, a minimização dos riscos e a maximização dos
benefícios do procedimento a realizar.

exige que ele contribua para o bem estar dos pacientes, promovendo acções:
a) para prevenir e remover o mal ou dano que, neste caso, é a doença e a
incapacidade; e b) para fazer o bem, entendido aqui como a saúde física,
emocional e mental. A Beneficência requer acções positivas, ou seja, é
necessário que o profissional atue para beneficiar seu paciente. Além disso, é
preciso avaliar a utilidade do acto, pesando benefícios versus riscos e/ou
custos (Loch, 2002,p.4)
3.1.3.Princípio de Não-Maleficência
Neste princípio, recomenda-se o profissional de saúde tem o dever de, intencionalmente, não
causar mal e/ou danos a seu paciente. Considerado por muitos como o princípio fundamental
da tradição hipocrática da ética médica, tem suas raízes em uma máxima que preconiza: “cria
o hábito de duas coisas: socorrer (ajudar) ou, ao menos, não causar danos (cf.
Junqueira,s.d,p.5).

Na visão de Beauchamp e Childress (as cited in Junqueira,s.d,p.8):

em geral, as obrigações de não maleficência são mais rigorosas que as


obrigações de beneficência; e, em alguns casos, a não maleficência suplanta a
beneficência, mesmo que o resultado mais útil seja obtido agindo-se de forma
beneficente”
Por exemplo, uma simples retirada de sangue para realizar um teste diagnóstico tem um risco
de causar hemorragia no local puncionado. Do ponto de vista ético, este dano pode estar
justificado se o benefício esperado com o resultado deste exame for maior que o risco de
hemorragia. A intenção do procedimento é beneficiar o paciente e não causar-lhe o
sangramento.

3.1.4.Princípio de respeito à Autonomia

Na perspectiva de Beauchamp e Childress (as cited in Loch, 2002, p.15), autonomia é a


capacidade de uma pessoa para decidir fazer ou buscar aquilo que ela julga ser o melhor para
si mesma. Para que ela possa exercer esta autodeterminação são necessárias duas condições
fundamentais:

a) capacidade para agir intencionalmente, o que pressupõe compreensão, razão e deliberação


para decidir coerentemente entre as alternativas que lhe são apresentadas;

b) liberdade, no sentido de estar livre de qualquer influência controladora para esta tomada de
posição.

o respeito à Autonomia significa ter consciência deste direito da pessoa de


possuir um projecto de vida próprio, de ter seus pontos de vista e opiniões, de
fazer escolhas autônomas, de agir segundo seus valores e
convicções.Respeitar a autonomia é, em última análise, preservar os direitos
fundamentais do homem, aceitando o pluralismo ético-social que existe na
actualidade (cf. Junqueira,s.d,p.12).
Portanto, a essência do consentimento informado, resultado desta interação
profissional/paciente. O consentimento informado é uma decisão voluntária, verbal ou
escrita, protagonizada por uma pessoa autônoma e capaz, tomada após um processo
informativo, para a aceitação de um tratamento específico ou experimentação, consciente de
seus riscos, benefícios e possíveis consequências.

Segundo Lopes (2014,p.32), existem algumas circunstâncias especiais que limitam a


obtenção do consentimento informado:

– A incapacidade: tanto a das crianças e adolescentes como aquela causada, em adultos, por
diminuição do sensório ou da consciência, e nas patologias neurológicas e psiquiátricas
severas;

– As situações de urgência, quando se necessita agir e não se pode obtê-lo;

– A obrigação legal de declaração das doenças de notificação compulsória;


– Um risco grave para a saúde de outras pessoas, cuja identidade é conhecida, obriga o
médico a informá-las mesmo que o paciente não autorize;

– Quando o paciente recusa-se a ser informado e participar das decisões.

3.1.5.Princípio de Justiça

A ética biomédica tem dado muito mais ênfase à relação interpessoal entre o profissional de
saúde e seu paciente, onde a beneficência, a não maleficência e a autonomia têm exercido um
papel de destaque, ofuscando, de certa maneira, o tema social da justiça. Justiça está
associada preferencialmente com as relações entre grupos sociais, preocupando-se com a
equidade na distribuição de bens e recursos considerados comuns, numa tentativa de igualar
as oportunidades de acesso a estes bens (cf. Junqueira, s.d,p.42).

O conceito de justiça, do ponto de vista filosófico, tem sido explicado com o uso de vários
termos. Todos eles interpretam a justiça como um modo justo, apropriado e equitativo de
tratar as pessoas em razão de alguma coisa que é merecida ou devida à elas. Estes critérios de
merecimento, ou princípios materiais de justiça, devem estar baseados em algumas
características capazes de tornar relevante e justo este tratamento.

Com a crescente socialização dos cuidados com a saúde, as dificuldades de acesso e o alto
custo destes serviços, as questões relativas à justiça social são cada dia mais prementes e
necessitam ser consideradas quando se analisam os conflitos éticos que emergem da
necessidade de uma distribuição justa de assistência à saúde das populações (Loch, 2002,p.9).

4.1.Conflitos de Beneficência X Autonomia

A tomada de decisão, envolvendo pacientes pediátricos, deve ser uma responsabilidade


compartilhada entre equipe de saúde e pais. A permissão informada dos pais deve ser sempre
buscada antes de qualquer intervenção, salvo em situações de emergência, quando os pais não
podem ser localizados.

Algumas vezes, a aplicação do princípio de Beneficência pode ser complicada


por conflitos entre as concepções da equipe de saúde e dos responsáveis sobre
o que é melhor para a criança. A conciliação entre estas duas abordagens deve
sempre ser buscada, através de um diálogo esclarecedor, com informações
acessíveis ao nível de compreensão dos responsáveis, na tentativa de
convencê-los dos benefícios do procedimento proposto pela equipe,
esclarecendo-os também sobre os riscos (cf. Lopes,2014, p.54).
Nem sempre será possível um consenso e, nestes casos, será necessário o confronto e a
discordância com os pais como parte do processo de garantir um bom cuidado à saúde da
criança, porque a responsabilidade de beneficência do pediatra para com seu paciente existe
independentemente da vontade dos pais ou do consentimento.

5.Importância de Princípios de Bioética

Estes princípios ajudam na resolução de temas biomédicos relacionados aos dilemas dos
profissionais da saúde e seus pacientes, e dos pesquisadores e empresas e seus sujeitos de
pesquisa. Eles utilizam, como referência, a corrente principialista da Bioética, que é baseada,
conforme descrito anteriormente, nos princípios da autonomia, beneficência, não-
maleficência e justiça, para guiar o comportamento dos profissionais nos diversos dilemas
bioéticos relacionados ao mundo da saúde e da pesquisa biomédica.

Na visão de Boccatto (2007,p.3), estes princípios têm uma extrema importância, visto que
criam o comportamento ético, exigindo reflexão crítica diante dos dilemas, na qual devem ser
considerados, entre outros, os sentimentos, a razão, os patrimônios genéticos, a educação e os
valores morais e é por isso que sem a autonomia, a justiça e a tolerância para ouvir os pontos
de vista dos outros e aceitar em mudar os próprios, não existe o comportamento ético.

Com isso, pode-se concluir que a Bioética está envolvida com o nascer, o viver e o morrer, o
que faz com que seja primordial, tanto para a nossa vida pessoal, quanto para a profissional.
Portanto, os dilemas bioéticos devem ser considerados sob vários aspectos na tentativa de
harmonizar os melhores caminhos.
Conclusão

Em forma de conclusão, podemos salientar que, após a compreensão desse fundamento (o


respeito pela pessoa humana), podemos utilizar “ferramentas” para facilitar o nosso processo
de estudo e de decisão sobre os diversos temas de Bioética. A essas ferramentas chamamos
princípios.

Esses princípios foram propostos primeiro no Relatório Belmont, de 1978, para orientar as
pesquisas com seres humanos e, em 1979, Beauchamps e Childress, em sua obra Principles of
biomedical ethics, estenderam a utilização deles para a prática médica, ou seja, para todos
aqueles que se ocupam da saúde das pessoas.A utilização desses princípios para facilitar o
enfrentamento de questões ética.

Os profissionais necessitam estar preparados para o reconhecimento de conflitos éticos, para


a análise crítica de suas implicações, para o uso de senso de responsabilidade e para a
obrigação moral ao tomar decisões relacionadas à vida humana.
Referências Bibliográficas

Boccatto, M. (2007).Importância da Bioética na actualidade. Centro de Pesquisa


Universitário São Camilo, São Paulo.

Japiassú, H., Marcondes, D. (2001). Dicionário básico de Filosofia. 3ª ed. Jorge Zahar
Editor, São Paulo.

Junqueira,C., R. (s.d).Bioética. Petrópolis: Vozes.

Loch, J.de A. (2002).Uma Introdução à Bioética. Temas de Pediatria Nestlé, n.73.

Lopes, J. A.(2014). Bioética – uma breve história: de Nuremberg (1947) a Belmont (1979).
Faculdade de Medicina da UFMG Belo Horizonte, Brasil.

Marconi , M. de A. & Lakatos , E. M (2003).Fundamentos de Metodologia Científica. 5.ª Ed.


São Paulo, Editora Atlas S.A.

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