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BIOÉTICA: PRINCIPAIS CORRENTES E

MODELOS

PRINCIPIALISMO
"A Bioética é uma ética aplicada que se ocupa do uso correto das novas tecnologias
na área das ciências médicas e da solução adequada dos dilemas morais por elas
apresentados" - Clotet, 1995

CONTEXTO
 A vantagem do Principialismo é ser operacional, facilitando a análise dos
casos, e constitui-se num componente necessário do debate bioético.
 A aplicação desses princípios supostamente leva a solução de dilemas éticos
 Frequentemente, são aplicados de uma maneira um tanto mecânica,
automática
1. Belmont Report: Comissão com 11 profissionais de diversas áreas (membros da
Comissão Nacional para Proteção dos Sujeitos Humanos da Pesquisa Biomédica –
EUA)
 Princípios éticos para abordagem dos problemas envolvidos na pesquisa com
seres humanos: Respeito pelas pessoas, Beneficência, Justiça.
2. Beauchamp e Childress (1979) - Publicação do livro “Principles of Biomedical
Ethics”: Texto de referência para o Principialismo
 Além dos princípios relacionados à experimentação com seres humanos
(Belmont Report), apresentou princípios da prática clínica e assistencial.

PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA
 Beneficência  Fazer o bem
 Obrigação moral de agir para o benefício do outro - Deve-se fazer bem ao
outro independente de desejá-lo ou não
 Bonum facere - Termo latino que significa “fazer o bem"
“Usarei meu poder para ajudar os doentes com o melhor de minha habilidade e
julgamento...” - Hipócrates (430 a.C.)

PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA


 Não causar dano intencional, não prejudicar
 Primum non nocere - Termo latino que significa "primeiro, não causar dano"
“... abster-me-ei de causar danos ou de enganar a qualquer homem com ele.” -
Hipócrates (430 a.C.)

PRINCÍPIO DA AUTONOMIA
 Autonomia  Capacidade de pensar, decidir e agir de modo livre e
independente.
 A vontade, os valores morais e as crenças de cada pessoa devem ser
respeitados.
 A vontade e o consentimento livre do indivíduo devem preponderar em
qualquer situação de conflito.
 O indivíduo tem que ter liberdade para fazer o que desejar, desfrutando
plenamente da liberdade, precisa estar informado.
Respeito à pessoa autônoma:
 Capaz de deliberar e agir de acordo com suas convicções.
 Considerar suas opiniões e escolhas e evitar a obstrução de suas ações.
Lacuna
 Proteção às pessoas com autonomia diminuída ou vulneráveis
 Indivíduos mentalmente comprometidos
 Pessoas institucionalizadas (prisioneiros)
 Pessoas que vivem em situações de pobreza extrema

PRINCÍPIO DA JUSTIÇA
 Conceito denso e fundamental
 Se baseia na condição existencial de todos os seres humanos como
semelhantes uns aos outros
 Consagra a obrigação de se garantir uma distribuição universal, equitativa e
justa dos benefícios e serviços de saúde.

QUEBRA DA CONFIDENCIALIDADE
É a ação de revelar ou deixar revelar informações fornecidas pessoalmente em
confiança
A quebra de confidencialidade somente é eticamente admitida quando:
1. um sério dano físico, a uma pessoa identificável e específica, tiver alta
probabilidade de ocorrência;
2. um benefício real resultar desta quebra de confidencialidade;
3. for o último recurso, após ter sido utilizada persuasão ou outras abordagens, e,
por último;
4. este procedimento deve ser generalizável, sendo novamente utilizado em outra
situação
5. com as mesmas características, independentemente de quem seja a pessoa
envolvida.

RESOLUÇÃO No 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012


“A presente Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades,
referenciais da bioética, tais como, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça
e equidade, dentre outros, e visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito
aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado.”
 Diretrizes e normas regulamentadoras que devem ser cumpridas nos projetos
de pesquisa envolvendo seres humanos que devem ainda atender aos
fundamentos éticos e científicos
 Traz termos e condições a serem seguidos
 Trata do Sistema CEP/CONEP, integrado pela Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa (CONEP/CNS/MS do CN) e pelos Comitês de Ética em Pesquisa
(CEP) compondo um sistema que utiliza mecanismos, ferramentas e
instrumentos próprios de inter-relação que visa à proteção dos participantes de
pesquisa.

III. DOS ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS


As pesquisas envolvendo seres humanos devem atender aos fundamentos éticos e
científicos pertinentes.
III.1 - A eticidade da pesquisa implica em:
A. respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia,
reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e
permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa,
livre e esclarecida
B. ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais,
individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o
mínimo de danos e riscos
C. garantia de que danos previsíveis serão evitados
D. relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos
interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-
humanitária
IV - DO PROCESSO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe com
consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou grupos que, por si
e/ou por seus representantes legais, manifestem a sua anuência à participação na
pesquisa.

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