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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ CORREGEDOR DO CARTÓ RIO DE REGISTRO

DE IMÓ VEIS DA COMARCA DE - SP.


LTDA ., empresa brasileira, inscrita no CNPJ sob n° 04.-55, com sede à CEP , neste ato
representada pelo só cio proprietá rio Shiguetoni Matsuda, brasileiro, casado,
empresá rio, portador da Cédula de Identidade n.° e do CPF. , vem respeitosamente a
presença de Vossa Excelência, por sua advogada que esta subscreve, nã o se
conformando com as exigências formuladas pelo Cartó rio de Registro de Imó veis de ,
vem, nos termos do art. 198 da Lei 6.015/1973, requerer a suscitaçã o de dú vida.
requerer a instauraçã o do procedimento da
SUSCITAÇÃ O DE DÚ VIDA, pelos fatos e fundamentos a seguir:
PRELIMINARMENTE:
1 - Preliminarmente, esclarece a Requerente ter optado pela suscitaçã o da dú vida
registral inversamente , por trata-se de prá tica nã o vedada pela lei e jurisprudenciais
de dirigir-se diretamente perante o juízo competente, para buscar sua pretensã o de
superar as exigências formuladas originariamente pelo Oficial Registrador.
1.1 - O pedido da Requerente embora sem amparo legal na Lei de Registros Pú blicos,
atualmente a dú vida inversa é admitida majoritariamente pela jurisprudência dos
tribunais pá trios, a respeito, Balbino Filholeciona que "a dú vida inversa assume,
inegavelmente, o cará ter de representaçã o contra o oficial que nã o age de
conformidade com os pressupostos legais. É o jus sperniandi que o apresentante usa
para tentar o êxito de sua pretensã o".
1.2 - Acerca do tema, Pedro Lamana Paiva em sua doutrina "Procedimento de Dú vida
no Registro de Imó veis", esclarece que a lei 6.015/73 nã o prevê tal modalidade de
dú vida, existindo, no entanto, em razã o de criaçã o pretoriana, que se configura pela
apresentaçã o diretamente em juízo das razõ es da parte interessada no registro, sendo
entã o chamada de inversa pelo fato de nã o ser o registrador que suscita ao juízo a
requerimento da parte, mas está comparece diretamente ao juízo apresentando sua
inconformidade, que é recepcionada em atençã o ao artigo 5°, XXXV, da Constituiçã o da
Repú blica, que prevê que " a lei nã o excluirá da apreciaçã o do Poder Judiciá rio lesã o
ou ameaça de direito".
1.3 - Quanto à aceitaçã o jurisprudencial da admissibilidade da suscitaçã o de dú vida as
avessas, assim se manifestou o Egrégio Tribunal de justiça de Santa Catarina:
"APELAÇÃO CÍVEL. SUSCITAÇÃO DE DÚVIDA. INDEFERIMENTO DA INICIAL. DÚVIDA INVERSA OU INDIRETA.
ACESSO À JUSTIÇA. EXEGESE DO ART. 5°, XXXV, DA CF/88. PEDIDO JURIDICAMENTE POSSÍVEL. LEGITIMIDADE
DO APRESENTANTE DO TÍTULO. SENTENÇA ANULADA. RECURSO PROVIDO. "Embora refira-se a Lei n.
6.015/73 apenas à dúvida suscitada pelo oficial, tem-se admitido, em jurisprudência, a chamada dúvida
inversa ou indireta, provocada diretamente pela parte perante o juiz, abreviando-se o procedimento legal, já
que o apresentante do título, em vez de dirigir sua inconformidade ao oficial, para que este a formalize em
Juízo, apresenta-a diretamente ao órgão judicial" (TJSC, Apelação Cível
n. 2006.038072-4, de Palhoça, rel. Des. Luiz Carlos Freyesleben, j. em 27/10/2009)"
1.4- No mesmo sentido:
" [...] O artigo 198 da Lei n. 6.015/73 (Lei de Registros Públicos) estabelece que havendo discordância entre o
apresentante do título e eventual exigência do oficial, este ultimo deverá suscitar a dúvida ao juiz
competente para dirimi-la. Por outro lado, a Lei
n. 6.015/73 não veda a possibilidade do apresentante do título suscitar a dúvida ao Judiciário. Ademais, o
artigo 199 da mesma Lei faz referência ao "interessado" como parte legítima para impugnar a dúvida. Além
de não haver óbice à suscitação de dúvida inversa, tal assertiva é chancelada pelo artigo 5°, XXXV, da
Constituição Federal" (TJSC, Apelação Cível n. 2007.015995-7, de Palhoça, rel. Des. Joel Figueira Júnior, j. em
08/10/2007)"

APELAÇÃ O CÍVEL. NULIDADE DA SENTENÇA POR AUSÊ NCIA DE FUNDAMENTAÇÃ O.


SUSCITAÇÃ O DE DÚ VIDA INVERSA. REGISTRO PÚ BLICO. PROCESSO EXTINTO SEM A
RESOLUÇÃ O DO MÉ RITO. CABIMENTO DO EXPEDIENTE. PRINCÍPIOS DA ECONOMIA
PROCESSUAL E INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. 1 - O vício de ausência de fundamentaçã o, que colhe a
validade de determinado ato decisó rio, nã o pode ser confundido com fundamentaçã o
sucinta, insuficiente, equívoca ou equivocada. Preliminar de ausência de
fundamentaçã o afastada. No caso em apreço a decisã o restou devidamente assentada
em entendimento perfilhado por precedentes deste E. Tribunal, nã o havendo que se
falar, portanto, em nulidade a ser colmatada. 2 - Em respeito aos princípios da
economia processual, da efetividade da jurisdiçã o e da inafastabilidade do controle
jurisdicional, reputa-se cabível a suscitaçã o da "Dú vida Inversa". Por tratar-se de
procedimento de natureza administrativa, com maior razã o deve ser repudiado o
formalismo e tecnicismo exagerado, em consonâ ncia com a hodierna sistemá tica
processual.(TJES; AC ; Segunda Câ mara Cível; Rel. Des. Subst. ; Julg. 10/06/2008; DJES
11/07/2008; Pá g. 21)
DOS FATOS:
2 - A Requerente apresentou perante o Cartó rio de Registro de Imó veis da Comarca de
-SP., requerimento de Retificaçã o de Registro Imobiliá rio Administrativo, da matricula
53.775, para que passasse a constar da matricula 53.775 os confrontantes omissos,
fundamentando o pedido de acordo com o preceito do artigo 212 da Lei 6015/73, com
a redaçã o do artigo 59 da Lei 10.931/04, por nã o constar em sua matricula a descriçã o
de Confrontantes;
2.1 - O Requerente entre os documentos necessá rios para instruir o pleito acostou,
planta, memorial descritivo elaborado por profissional devidamente registrado,
certidã o de confrontantes expedido pela prefeitura municipal e do registro de
imó veis, relaçã o de confrontantes que nã o assinaram a planta, requerendo sua
notificaçã o;
2.2 - Todavia, o Sr. Oficial rejeitou o pedido por considerar que os confrontantes
constantes da matricula 53.775 do registro e os relacionados na planta e no memorial
descritivo nã o coresponder, entre si, bem como os da relaçã o de confrontantes
relacionados. Assim, considerou o I. Oficial que o Cartó rio nã o poderia promover a
conciliaçã o tubular, com a atualizaçã o dos confrontantes.
DOS MOTIVOS DO INCONFORMISMO:
3.1. No entanto, respeitosamente considera o Requerente nã o assistir razã o a negativa
do Sr. Oficial do Cartó rio, conforme a seguir se demonstrará :
3.2. A Requerente é proprietá ria do imó vel situado à Bairro Laranjeiras, Município de
Caieiras, Comarca de , SP., contudo, conforme se observa a descriçã o de seu registro é
omisso de confrontaçõ es, rumos, â ngulos e coordenadas o que provavelmente, quando
do registro inicial nã o foi levado em conta, sendo o objetivo da Retificaçã o sanar
referida omissã o.
- UMA Á REA DE TERRAS, situada à Avenida Paulicéia, sem denominaçã o, em zona
urbana do distrito e município de Caieiras, desta Comarca de , com á rea de
98.000,00m2, com as seguintes características e confrontaçõ es: "começa no
cruzamento da Avenida Pauliceia, com a estrada que dá acesso à propriedade de , à
1800,00ms., mais ou menos, da Estrada Velha de Campinas, no Kilometro ; segue pela
Estrada em direçã o ao Kilometro ., numa distancia de 230,00ms; deflete a esquerda e
segue 190,00ms; nesse ponto deflete à esquerda e segue 178,00ms; deflete a direita e
numa distancia de 112,00ms. vai encontrar a rua 'C", da Vila Joá ; segue pela
referida ,00ms(conforme Av. 07, corrigida para 111,00ms)., onde deflete a esquerda e
segue 275,00; aí deflete, novamente à esquerda e segue 150,00ms. até encontrar outro
marco; neste ponto, deflete à direita e numa distancia de 300,00ms. vai até a estrada
de acesso à propriedade de ; deflete a esquerda seguindo pela estrada até o ponto
inicial do perímetro.
3.3. Através de levantamento topográ fico pelo Técnico em Agrimensor , registrado no
CREA sob n° 0, resultou a descriçã o da á rea conforme determina a Lei, suprindo as
omissõ es conforme memorial ora acostado.
3.4 . Para determinar os confrontantes foi realizado levantamento com expediçõ es de
certidõ es de propriedade dos imó veis, bem como certidã o de confrontante da
prefeitura municipal, tendo conseguido assinatura de alguns na planta, solicitando a
notificaçã o dos demais nã o localizados e que nã o aceitaram assinar espontaneamente,
juntando relaçã o com endereço de correspondência dos confrontantes que deveriam
ser notificados .
DO DIREITO:
4. O pedido foi amparado de acordo com o art. 212, da Lei 6.015/73, na redaçã o dada
pelo art. 59 da Lei 10.931/04, que passou a dispor:
"Se o registro ou a averbação for omissa, imprecisa ou não exprimir a verdade, a retificação será feita pelo
Oficial de Registro de Imóveis competente, a requerimento do interessado, por meio do procedimento
administrativo previsto no art. 213, facultado ao interessado requerer a retificação por meio de
procedimento judicial".

4.1. A mesma Lei 10.931/04, alterou a redaçã o do art. 213 da Lei 6.015/73, já referida,
dispondo o seguinte:
"Art. 213. O oficial retificará o registro ou a averbação:
I - de ofício ou a requerimento do interessado nos casos de:
a) omissão ou erro cometido na transposição de qualquer elemento do título;
b) indicação ou atualização de confrontação;"

4.2. O pedido está de acordo com a legislaçã o pertinente, por se tratar apenas de sanar
a omissã o de confrontaçõ es, rumos, â ngulos e coordenadas, que provavelmente
quando do registro inicial do imó vel nã o se observou , nã o importando contudo em
aquisiçã o ou transmissã o de domínio, nã o importando em prejuízo a terceiros.
4.3 A Requerente esclarece que nã o optou pelo procedimento judicial por ser
demasiadamente demorado, evitando ainda maiores prejuízos.
Diante do exposto, requer:
a) Que seja determinada a autuaçã o do pedido e abertura de vistas dos autos ao
Registrador do Cartó rio de Registro de Imó veis desta e -SP., para nova Prenotaçã o do
título;
b) Prestar as informaçõ es rogadas e fundamentar as exigências formuladas na
prenotaçã o anterior a qual a Requerente nã o concorda , no prazo de 15 dias ;
c) Determinaçã o da participaçã o do ó rgã o do Ministério Pú blico atuante no juízo
competente;
Por derradeiro requer, a procedência do pedido nos termos da esfera administrativa.
Termos em que,
Pede deferimento.
Caieiras, 30 de setembro de 2015.

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