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Tutela Provisória de Urgência Antecipada

Tutela de urgência cautelar antecedente:

Tutela de urgência cautelar antecedente

Tutela de urgência cautelar incidente

Tutela de urgência antecipada antecedente

Tutela de urgência antecipada incidente

Tutela de evidência
Tutela de Urgência Antecipada:
Agravo de Instrumento nº 0055427-74.2023.8.19.0000

AGRAVANTE: JESSICA ROSIENE FERREIRA DA SILVA


RIBEIRO

AGRAVADO: BANCO SANTANDER BRASIL S/A

Relatora: DES. FERNANDA FERNANDES COELHO


ARRÁBIDA PAES

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA. DECISÃO AGRAVADA QUE
DECLINOU DA COMPETÊNCIA EM FAVOR DE UMA DAS
VARAS CÍVEIS DA REGIONAL DE CAMPO GRANDE. LOCAL
DO DOMICÍLIO DA DEMANDANTE. CRITÉRIO
TERRITÓRIO FUNCIONAL. ART. 10 DA LODJRJ.

AUTORA. INCONFORMISMO DA PARTE

POSSIBILIDADE DE O CONSUMIDOR OPTAR ENTRE


PROPOR AÇÃO EM SEU PRÓPRIO DOMICÍLIO
(ARTIGO 101 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR),
NO DOMICÍLIO DO RÉU OU DO LUGAR
(ARTIGOS 46 E 53 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL).
PARTE RÉ QUE TEM FILIAL NA ÁREA DE AGRANGÊNCIA
DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL.
CONSUMIDOR QUE FIGURA NO POLO ATIVO.
FACULDADE DE ESCOLHA DE FORO DIVERSO DO SEU
DOMICÍLIO. NORMA PROTETIVA PREVISTA NO CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRECEDENTES DO STJ E
DESSA E. CORTE. RECURSO PROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos do agravo de


instrumento em referência, em que constam como partes as
acima indicadas, acordam os Desembargadores que integram a
Nona Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça deste
Estado, por unanimidade, em DAR PROVIMENTO ao recurso,
nos termos do voto da Relatora.

RELATÓRIO

Cuida-se de agravo de instrumento interposto por JESSICA


ROSIENE FERREIRA D SILVA RIBEIRO, insurgindo-se
contra decisão proferida pelo Juízo da 3a Vara Cível da
Comarca da Capital que declinou da sua competência em favor
de uma das Varas Cíveis da Regional de Campo Grande.

A decisão alvejada foi prolatada nos seguintes termos (index


67461516 -):

"Quanto aos fatos, argui a parte autora:

No mês de Maio de 2023, a parte Autora tentou realizar a


compra de um eletrodoméstico se utilizando do pagamento
via carnê, mas teve o pedido negado, uma vez que constavam
restrições financeiras vinculadas ao seu CPF.

Inconformada com a informação, vez que apesar de ser


pessoa detentora de poucos recursos sempre honrou seus
compromissos de maneira pontual, a parte Autora buscou
descobrir qual seria a empresa que havia negativado seu CPF
de maneira irregular.

Após realizar consultas nos órgãos restritivos, a Autora


verificou que seu nome estava negativado por conta de uma
dívida junto ao Réu, no valor de R$ 476,03, contrato de nº
MP153466000122206066, incluído no rol de maus pagadores
na data de 22/04/2023 e o valor de R$ 949,29, contrato de nº
UG153432000104598032, incluído no rol de maus pagadores
na data de 22/04/2023, conforme certidão que segue em
anexo.
Entretanto, Excelência, a Requerente não realizou tal dívida,
certo de que jamais possuiu qualquer relação jurídica com a
ré, desconhecendo toda e qualquer dívida atribuída ao seu
CPF.

Ressalta-se que a Autora buscou a resolução do conflito


administrativamente através do SAC da empresa Ré, sem, no
entanto, ter obtido êxito, razão pela qual foi necessário
socorrer-se do Judiciário para dirimir a questão.

Pedidos da parte autora:

a) A concessão da gratuidade de Justiça à parte Autora;

b) A concessão da tutela de urgência consubstanciada na
retirada do CPF da parte Autora dos cadastros restritivos de
crédito, e no mérito, sua confirmação.

c) Seja a ré citada para, querendo, contestar a presente ação,


sob pena de confissão e revelia;

d) A inversão do ônus da prova, conforme preconizado no


Artigo 6º, VIII do CDC;

e) Seja julgado procedente o pedido para cancelar o débito


objeto da lide, com consequente declaração de inexistência de
relação contratual entre as partes, além da condenação da
parte Ré ao pagamento de danos morais no valor de R$
20.000,00 (vinte mil reais), com juros contados desde o
evento danoso, em observância à Súmula 54 do STJ e
correção monetária, além da condenação em custas e
honorários sucumbenciais.
É o relatório. DECIDO.

Alega a parte autora que não celebrou nenhum contrato com


a parte ré, a qual, contudo, negativou o seu nome perante o
SPC .
A autora reside em Campo Grande - Rio de Janeiro - RJ e a ré
tem sua matriz sediada SÃO PAULO - SP, localizada à AV
PRES JUSCELINO KUBITSCHEK, NÚMERO 2041,
COMPLEMENTO: CONJ 281 BLOCO A COND WTORRE JK,
conforme index 67461532.

O endereço do autor/consumidor se localiza dentro da área


abrangida pela Vara Regional de Campo Grande, conforme
certificado no index 67383295 e em que pese a inicial ter sido
endereçada a esta comarca, a matriz da ré localiza-se em São
Paulo/SP.

Verifica-se, assim, a incompetência absoluta deste Juízo pelo


critério territorial funcional, nos termos do parágrafo único
do art. 10 da LODJRJ, considerando-se também que cuida-se
de ação de consumo, remetam-se para a regional que
abrange a residência do autor.

De toda sorte, aprecio o pedido de tutela de urgência, diante


do que se extrai da ADCM 4 do STF (o acautelar é inerente ao
julgar), arts. 5º, incisos XXXV e LXXVIII da Constituição da
Republica e art. 64, parágrafo quarto do CPC.

Assim, tendo em vista a afirmação da parte autora que não


celebrou nenhum contrato com a parte ré, a qual, contudo,
negativou o seu nome perante o SPC, não se podendo exigir
prova de fato negativo (ad impossibilia nemo tenetur), o
comprovante de negativação no index 67351272, fl. 06, a
demonstrar a verossimilhança das alegações da autora, a
existência do periculum in mora, bem como a ponderação dos
valores relativos ao periculum in mora inverso, DEFIRO,
PARCIALMENTE, TUTELA DE URGÊNCIA para determinar
a exclusão do nome da parte autora dos cadastros restritivos
de crédito, com referência ao débito objeto da lide, quais
sejam: MP153466000122206066 e UG153432000104598032.
OFICIE-SE AO SPC PARA QUE PROVIDENCIE EM 24
HORAS A EXCLUSÃO DO NOME DA PARTE AUTORA DE
SEUS CADASTROS.
Intimem-se PELO PORTAL, COM URGÊNCIA.

A CITAÇÃO e a análise do pedido de gratuidade de justiça,


ficarão a cargo do Juízo competente.

Cumprida a tutela, considerando-se a incompetência deste


Juízo, dê-se baixa e remetam-se os autos à livre distribuição
para uma das Varas Cíveis Regionais de Campo Grande, com
as nossas homenagens, cabendo ao Juízo competente ratificar
ou não a liminar e determinar a citação."

Aduziu a parte agravante que distribuiu a ação no for do


domicílio do agravado conforme estabelece o art. 46 do CPC; a
norma prevista no art. 101, I da Lei 8.078/90 é uma faculdade
e não há obrigatoriedade de ajuizamento do feito na comarca
de seu domicílio, sendo válida a distribuição na Comarca da
Capital.

Requer a reforma da decisão recorrida para que seja fixada a


competência na 3a Vara Cível da Comarca da Capital.

É o relatório.

VOTO

Inicialmente, registre-se a desnecessidade de concessão de


efeito suspensivo ou de tutela recursal antecipada ante a
imediata apreciação do mérito recursal.

O recurso deve ser conhecido, uma vez que se encontram


presentes os requisitos de admissibilidade recursal, sendo
certo que, a ausência de intimação da parte agravada não se
afigura irregularidade, não havendo que se falar neste caso em
afronta ao princípio do contraditório.

Isto porque a parte agravada ainda não integra a relação


processual, já que não foi efetivada a sua citação.
Desta forma, dispensada a intimação da parte agravada para
apresentação de contrarrazões, nos termos do
artigo 932, V do CPC/2015, já que se trata de decisão cujo
pronunciamento é demandado inaudita altera pars , razão pela
qual aplicável o entendimento adotado nas Primeiras Reflexões
de Desembargadores do TJRJ sobre o CPC de 2015, in verbis :

(...) Pois é exatamente isso. O artigo 932, V, do novo CPC, ao


exigir a prévia oitiva do agravado antes de se dar provimento
a um recurso, só se aplica aos agravos de instrumento
interpostos contra decisão interlocutória proferida após a
citação do demandado. No caso das decisões que devem ser
proferidas inaudita altera parte, não há essa exigência, e é
perfeitamente possível o provimento do recurso sem prévia
abertura de prazo para oferecimento de contrarrazões .
(Desembargador Alexandre Freitas Câmara) (grifo nosso)

A controvérsia recursal desses autos cinge-se em verificar qual


é o juízo competente para a presente causa que versa sob
relação de consumo.

Em sua inicial, sustenta a autora que teve o seu nome


negativado por dívida oriunda de contrato, o qual lhe é
desconhecido, pois não tem qualquer relação jurídica com a
empresa, ora agravada.

Inicialmente, tendo em vista que a relação existente nos autos


principais tem caráter consumerista, poderá a parte autora da
demanda optar em propor a ação conforme disposto nos
artigos 101, I, do Código de Defesa do Consumidor, ou
artigos 46 e 53 do Código de Processo Civil.

Na apreciação de sua competência, o juízo reconheceu ser


absolutamente incompetente para o julgamento da demanda,
pelo critério territorial funcional estabelecido no parágrafo
único do art. 10 da LODJRJ, em razão da autora residir em
Campo Grande, sendo competente o juízo do domicílio da
parte autora, por se tratar de competência absoluta.
Neste ponto, cumpre esclarecer que a regra de competência
trazida na legislação consumerista é uma faculdade conferida
ao consumidor, que se não o obriga, não o exonera de observar
os dispositivos legais sobre a matéria, bastando a leitura do
dispositivo, senão vejamos:

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de


produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e
II deste título, serão observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;

(...)

Desta feita, não há óbice o consumidor opte pela interposição


da ação no foro do domicílio do réu - endereço da sua filial,
segundo as regras de competência geral constantes do Código
de Processo Civil. Contudo, caso o consumidor rejeite a
faculdade que lhe é permitida e opte por ingressar com a ação
em outro domicílio que não o seu, devem ser observadas as
regras de competência, considerando a natureza desta
demanda, na forma da regra geral disposta nos artigos 46, § 1º,
e 53, inciso III, alíneas ‘a’ e ‘b’, ambos do Código de Processo
Civil.

E dessa maneira procedeu o consumidor, ao propor a ação


junto ao Juízo Cível do Fórum Central da Comarca da Capital,
uma vez que o endereço de uma das filiais da parte ré se situa
nessa Cidade e, portanto, a área da competência territorial do
Fórum Central.

Cabe destacar que o entendimento do Superior Tribunal de


Justiça é no sentido de que quando o consumidor figurar no
polo ativo, é facultado a escolha de foro diverso de seu
domicílio, em razão da norma protetiva prevista no Código de
Defesa do Consumidor.

Confira-se:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC)-
EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA - PRETENSÃO DE
AFASTAMENTO DA CONFIGURAÇÃO DA RELAÇÃO
CONSUMO - REEXAME DE PROVAS - SÚMULA 7/STJ -
AÇÃO PROPOSTA PELO CONSUMIDOR NO FORO ONDE O
RÉU POSSUI FILIAL - POSSIBILIDADE - DECISÃO
MONOCRÁTICA QUE CONHECEU DO AGRAVO PARA
NEGAR SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL.
IRRESIGNAÇÃO DO BANCO.

1. Assentando a Corte a quo que o contrato entre as partes


envolve relação de consumo, a revisão do julgado
demandaria o revolvimento de matéria fática e a
interpretação de cláusulas contratuais providência que
encontra óbice nas Súmulas 5 e 7 deste Tribunal Superior
( AgRg no AREsp 476551/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
Quarta Turma, DJe de 02/04/2014).

2. Quando o consumidor figurar no polo passivo da demanda,


esta Corte Superior adota o caráter absoluto à competência
territorial, permitindo a declinação de ofício da competência,
afastando o disposto no enunciado da Súmula 33/STJ. Mas
quando integrar o polo ativo da demanda, faculta-se a ele a
escolha do foro diverso de seu domicílio, tendo em vista que a
norma protetiva prevista no CDC, estabelecida em seu
benefício, não o obriga, sendo vedada a declinação de
competência, de ofício, salvo quando não obedecer qualquer
regra processual, prejudicando a defesa do réu ou obtendo
vantagem com a jurisprudência favorável de determinado
Tribunal estadual. Tribunal de origem que adotou
entendimento em consonância com a jurisprudência desta
Corte Superior, atraindo a aplicação da Súmula 83/STJ.

3. Agravo regimental desprovido.


( AgRg no AREsp n. 589.832/RS, relator Ministro Marco
Buzzi, Quarta Turma, julgado em 19/5/2015, DJe de
27/5/2015.)
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 197076 - GO
(2023/0155024-1). DECISÃO

Cuida-se de conflito negativo de competência suscitado pelo


d. Juízo de Direito da 1a Vara Cível de Caldas Novas/GO em
face do d. Juízo da 8a Vara Cível de São José do Rio Preto/SP
estabelecido em Ação de Rescisão de Contrato de consumo,
ajuizada por consumidor em face de fornecedor. A ação foi
inicialmente proposta perante o d. Juízo paulista e, após,
redistribuída para o d. Juízo goiano, foro de residência do
consumidor, a pedido deste.

Por sua vez, o d. Juízo goiano suscitou o presente conflito de


competência alegando a existência de cláusula elegendo o
Foro da Comarca de São José do Rio Preto/SP como o
competente.

É o relatório. Passo a decidir.

De início, conforme autorizado pelos


arts. 178 e 951, parágrafo único, do CPC, deixa-se de colher a
opinião ministerial, pois o presente conflito de competência
não se insere dentre as hipóteses que provocam a
imprescindível oitiva do Ministério Público e que tratam de
interesse público ou social, interesse de incapaz ou litígios
coletivos pela posse de terra rural ou urbana (art. 178, CPC).

Segundo entendimento uníssono desta Corte, tratando-se de


relação de consumo a competência é considerada absoluta
quando beneficiar o consumidor, inclusive podendo ser
declinada de ofício, hipótese dos autos, na qual o
hipossuficiente, ope legis, é o autor.

Assim, quando o consumidor for autor, cabe a ele escolher o


local em que melhor possa deduzir sua pretensão, podendo
optar pelo foro de seu domicílio, do domicílio do réu, do local
de cumprimento da obrigação ou pelo foro de eleição.
A propósito, confira-se o seguinte precedente, a título de
exemplo:

AGRAVO REGIMENTAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA.


CONTRATO BANCÁRIO. FINANCIAMENTO COM
GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO
REVISIONAL. AÇÃO PROPOSTA PELO CONSUMIDOR NO
FORO ONDE O RÉU POSSUI FILIAL. POSSIBILIDADE.

1. Nos casos em que o consumidor, autor da ação, elege,


dentro das limitações impostas pela lei, o foro que melhor
atende seus interesses, a competência é relativa, somente
podendo ser alterada caso o réu apresente exceção de
incompetência ( CPC, art. 112), não sendo possível sua
declinação de ofício, nos termos da Súmula 33/STJ.

2. Aos litigantes em geral é dado escolher, dentro das


limitações legais, o foro onde pretendem contender,
cumprindo ao réu apresentar, se for o
caso, exceção de incompetência, sob pena de prorrogação da
competência. Assim, não há razão para negar essa
possibilidade justamente ao consumidor, a quem o legislador
conferiu especial proteção.

3. Agravo regimental a que se nega provimento. ( AgRg no


CC n. 130.813/DF, relator Ministro Raul Araújo, Segunda
Seção,

julgado em 22/6/2016, DJe de 3/8/2016.)

Ante o exposto, conheço do conflito para declarar a


competência do Juízo de Direito da 1a Vara Cível de Caldas
Novas/GO.

Publique-se.

Brasília, 16 de maio de 2023.


Ministro RAUL ARAÚJO - Relator

( CC n. 197.076, Ministro Raul Araújo, DJe de 23/05/2023.)

No mesmo sentido, oportuno colacionar os seguintes julgados


deste Tribunal de Justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER C/C INDENIZATÓRIA. DECLÍNIO DE
COMPETÊNCIA DE OFÍCIO.

O Autor ingressou em Juízo narrando que teve seus dados


inseridos em cadastro de restrição ao crédito por dívidas que
aduz desconhecer.

Ele se insurge contra decisão que determinou, de ofício, o


declínio de competência em favor de uma das Varas Cíveis da
Regional de Campo Grande, local onde reside

Hipótese que, a despeito de não constar no rol do


artigo 1.015 do Código de Processo Civil, deve ser apreciada
diante do risco de inutilidade do julgamento da questão em
sede de apelação, na esteira da orientação firmada pelo
Superior Tribunal de Justiça.

O Código de Defesa do Consumidor assegura a facilitação do


acesso ao Judiciário, conforme preconiza seu artigo 6º,
inciso VII.

Assim, o consumidor pode, segundo seus próprios critérios de


conveniência, escolher, dentre alguns foros previstos por lei, o
que melhor lhe convier.

Precedentes do Superior Tribunal de Justiça, bem como desta


Corte Estadual.
Outrossim, ressalta-se que, sendo o consumidor o autor da
ação, a competência territorial é relativa, não podendo ser
objeto de declínio de ofício.

Incidência do verbete da súmula nº 33 da Corte Superior.

Reforma da decisão que se impõe para fixar, neste momento,


a competência do foro do Juízo da 43a Vara Cível da
Comarca da Capital para processamento e julgamento do
feito originário. RECURSO PROVIDO.
( 0055809-67.2023.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO. Des (a). LEILA MARIA RODRIGUES PINTO
DE CARVALHO E ALBUQUERQUE - Julgamento:
17/07/2023 - DECIMA NONA CÂMARA DE DIREITO
PRIVADO (ANTIGA 25a)

Agravo de instrumento. Ação de obrigação de fazer c/c


indenizatória. Parte autora com domicílio na área abrangida
pelo Foro Regional de Jacarepaguá. Ação ajuizada no Foro
Central da Capital. Decisão agravada que declinou a
competência para uma das Varas Cíveis Regionais de
Jacarepaguá. Relação de consumo. Possibilidade do
consumidor ajuizar demanda no foro de seu domicílio, ou no
do domicílio do réu. Faculdade legal em favor do consumidor.
Inteligência do art. 101 I CDC que oportuniza opção do
autor, na forma da regra geral prevista no art. 46 caput c/c
53, IV, ¿a¿ do CPC/15. Reforma da decisão agravada, para
fixar a competência do Juízo da 40a Vara Cível da Capital.
Provimento do recurso.

( 0036112-60.2023.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO. Des (a). CRISTINA TEREZA GAULIA -
Julgamento: 11/07/2023 - QUARTA CÂMARA DE DIREITO
PRIVADO (ANTIGA 5a CÂMARA)

Agravo de instrumento. Ação de obrigação de fazer c/c


indenizatória por dano moral. Queda de energia elétrica.
Decisão que declinou da competência em favor de uma das
Varas Cíveis do Foro Regional de Madureira. Ação ajuizada
na Comarca da Capital. Faculdade concedida ao consumidor.
Aplicação, na hipótese, da regra geral prevista no
art. 94 do CPC. Possibilidade. Competência relativa.
Aplicação da Súmula 33 do STJ. Feito que, portanto, deverá
tramitar perante a 38a Vara Cível da Capital. Apreciação do
pedido de tutela de urgência que incumbe ao Juízo a quo, sob
pena de supressão de Instância. Recurso parcialmente
provido.

( 0028205-34.2023.8.19.0000 - AGRAVO DE
INSTRUMENTO. Des (a). WAGNER CINELLI DE PAULA
FREITAS - Julgamento: 30/05/2023 - OITAVA CÂMARA DE
DIREITO PRIVADO (ANTIGA 17a CÂMAR)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


DIREITO DO CONSUMIDOR. DISTRIBUIÇÃO NA COMARCA
DA CAPITAL. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA DE OFÍCIO
PARA UMA DAS VARAS CÍVEIS DA REGIONAL DA
PAVUNA. IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA RELATIVA.
FACULDADE DO CONSUMIDOR. A legislação protetiva do
consumidor excepciona a regra geral do Código de Processo
Civil, que, em seu art. 46, fixa a competência do foro de
domicílio do réu para as causas fundadas em direito pessoal.
O consumidor, portanto, possui a faculdade de ajuizar ação
no foro de seu domicílio ou no foro de domicílio do réu, por
conveniência. Trata-se de regramento em homenagem aos
princípios constitucionais de acesso à justiça e da ampla
defesa. Com efeito, a opção de propositura da lide no foro de
sua preferência, nos termos supramencionados, assegura ao
consumidor um melhor acesso ao Judiciário e à facilitação de
sua defesa. É certo que as normas de organização judiciária
fazem distribuir a competência interna dos tribunais (art. 96,
II, d, da Constituição Federal) e que o CODJERJ, pautado na
melhor organização dos serviços judiciários, determinou que
a atribuição dos juízos estabelecidos nos Foros Regionais é
absoluta e, portanto, indeclinável. Contudo, a lei
consumerista é especial e busca o seu fundamento
diretamente nos princípios constitucionais da defesa do
consumidor (art. 5º, XXXII e 170, V) e do acesso universal à
justiça (art. 5º, XXXV). Portanto, se a parte autora, no uso
desta faculdade que lhe foi atribuída pelo referido dispositivo,
preferiu não utilizar a regra estabelecida em seu favor,
ajuizando a ação no foro da filial da sede da concessionária
ré, não deve prevalecer a decisão do juízo suscitado, que
declinou da competência em favor de uma das varas cíveis da
Regional da Pavuna, onde ela reside. Procedência do conflito.
( 0093904-06.2022.8.19.0000 - CONFLITO DE
COMPETÊNCIA. Des (a). RENATA MACHADO COTTA -
Julgamento: 13/02/2023 - TERCEIRA CÂMARA CÍVEL)
(grifo nosso).

EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. VARA


REGIONAL. RELAÇÃO DE CONSUMO. CONSUMIDOR
RESIDENTE EM BAIRRO ABRANGIDO PELA COMARCA DE
NOVA IGUAÇU. PARTE RÉ COM SEDE EM SÃO PAULO.
DEMANDA PROPOSTA NO FORO CENTRAL DA COMARCA
DA CAPITAL. AO CONSUMIDOR É FACULTADO O
AJUIZAMENTO DA AÇÃO NO FORO DO SEU DOMICÍLIO
OU EM QUALQUER LOCAL ONDE HAJA SUCURSAL OU
FILIAL DO RÉU. INTELIGÊNCIA DO ART. 101, I, DA
LEI 8.078/90 E DOS ART. 46, § 1º. C/C ART. 53, IV, B,
AMBOS DO CPC/2015. PRECEDENTE. INCOMPETÊNCIA
TERRITORIAL RELATIVA QUE NÃO PODE SER
RECONHECIDA DE OFÍCIO. ART. 65 DO CPC.
SÚMULA 33 DO STJ. COMPETÊNCIA DA 47a VARA CÍVEL
DA COMARCA DA CAPITAL QUE SE DECLARA.
PROCEDÊNCIA DO CONFLITO.

( 0042574-67.2022.8.19.0000 - CONFLITO DE
COMPETÊNCIA. Des (a). ANDRÉ LUÍS MANÇANO
MARQUES - Julgamento: 06/12/2022 - DÉCIMA NONA
CÂMARA CÍVEL)

Diante destas considerações, voto no sentido de DAR


PROVIMENTO AO RECURSO, para manter a competência do
Juízo da 3a Vara Cível da Comarca da Capital.

Rio de Janeiro, na data da assinatura digital.


DES. FERNANDA FERNANDES COELHO ARRÁBIDA PAES

RELATORA

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