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5ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE SANTARÉM

Tribunal do Júri e entorpecentes.

Notícia de Fato

SIMP nº 013919-031/2021

DESPACHO

1. RELATÓRIO

Trata-se de Notícia de Fato instaurada pela 05ª Promotoria de Justiça de Santarém


após denúncia feita pelo Sr. TIAGO SOUSA DE ARAUJO, que compareceu neste Ministério
Público para relatar que na data de 15/12/2021 sofreu ameaças pelo Prefeito do Município de
Mojuí dos Campos (em anexo) e, na madrugada do dia 16/12/2021, sofreu um atentado
contra a sua vida em sua residência, ocasião na qual foi atingido por fragmentos oriundos de
um disparo de arma de fogo (imagem em anexo).

Em síntese, o requerente aduz que trabalhava como servidor contratado pelo


Município de Mojuí dos Campos, durante a gestão do Sr. MARCO ANTÔNIO MACHADO LIMA
(atual prefeito), e que foi exonerado por motivo de incompatibilidade política na convivência
laboral. No mesmo sentido, o requerente afirma que, de forma equivocada, foi relacionado a
uma denúncia envolvendo contratações irregulares da Prefeitura de Mojuí dos Campos, o que
não teria agradado o Prefeito do Município, que teria lhe ameaçado, na sequência, em virtude
disso.

O requerente solicitou providências deste Órgão Ministerial.

É relatório.

2. FUNDAMENTAÇÃO

De início, em análise aos autos verifica-se que a Presente Notícia de Fato,


instaurada por meio da denúncia feita pelo Sr. Tiago Sousa de Araújo, a respeito da suposta
prática do crime de tentativa de homicídio (Art. 121, §2º, inc. IV, c.c. Art. 14, inc. II, ambos do
Código Penal Brasileiro), praticado, em tese, diretamente ou a mando (mandante e/ou autor

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intelectual) do atual Prefeito Municipal de Mojuí dos Campos, Sr. Marco Antônio Machado
Lima, contra a vítima Tiago Sousa de Araújo, em decorrência de desavenças políticas.

Ocorre que, no entanto, por se tratar de agente político que detém foro por
prerrogativa de função, nos termos do art. 29, X, da Constituição Federal, a ser julgado
perante o Tribunal de Justiça (TJ-PA), tem-se que a atribuição para atuação no caso é do
Procurador Geral de Justiça.

No mesmo sentido, é indispensável a existência de prévia autorização judicial


para a instauração de inquérito ou outro procedimento investigatório em face de autoridade
com foro de prerrogativa por função em Tribunal de Justiça.

Nesse sentido, vê-se a jurisprudência da 2ª turma do STF:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PENAL. PREFEITO


MUNICIPAL. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (ART 29, X, DA CF).
INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POR AUTORIDADE POLICIAL. PROCURADORIA-GERAL
DE JUSTIÇA. REQUISIÇÃO. INEXISTÊNCIA. AUTORIZAÇÃO E SUPERVISÃO PELO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. AUSÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. I - A instauração de inquérito por delegado de polícia contra Prefeito
Municipal, por fatos relacionados ao exercício do mandato, sem a prévia requisição
da Procuradoria-Geral de Justiça e supervisão do Tribunal de Justiça, ofende o art.
29, X, da Constituição Federal. Precedentes. II - Constatado vício desde a
instauração do inquérito policial até o oferecimento da denúncia, impõe-se o
reconhecimento da nulidade de todos os atos processuais praticados. III - Agravo
regimental a que se nega provimento. (RE 1322854 AgR, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 03/08/2021, PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-158 DIVULG 06-08-2021 PUBLIC 09-08- 2021).

De igual sorte, antes de iniciar as investigações ou solicitar a abertura de inquérito


policial, ao Ministério Público caberia, ao menos, cientificar o Tribunal de Justiça competente
para fins de possibilitar o exercício da atividade de supervisão judicial. Isso porque o
respectivo Tribunal de Justiça é o Juiz natural para supervisionar as referidas investigações,
tendo em vista a apuração de crimes envolvendo Prefeito Municipal.
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A PAR DO EXPOSTO, e diante do que consta dos autos, notadamente, da manifesta


atribuição do Excelentíssimo Procurador-Geral de Justiça (PGJ) do Ministério Público do
Estado do Pará (MPPA) para atuar no caso envolvendo autoridade com foro por prerrogativa
de função e da necessidade de autorização judicial prévia do Egrégio Tribunal de Justiça do
Estado do Pará para se proceder com as investigações policiais, determina-se o declínio de
atribuição deste presentante no feito e a remessa da Notícia de Fato nº 013919-031/2021 ao
Excelentíssimo PGJ do MPPA em Belém/PA, consoante fundamentação supra, com fulcro no
no art. 2º, § 2º, da Resolução 174/2017 do CNMP.

Santarém/PA, 11 de janeiro de 2022.

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00379104008 Date: 2022.01.11 08:50:14-03'00'
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DIEGO LIBARDI RODRIGUES


Promotor de Justiça de 02ª entrância
titular da 05ª Promotoria de Justiça de Santarém

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