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Os acordos de paz

As grandes potências do período da Segunda Guerra Mundial firmaram


acordos para estabelecer as punições a serem aplicadas àqueles
países que fossem derrotados na guerra, as discussões sobre esse
assunto tiveram início antes mesmo do término do conflito.

Aconteceu em 1945 a Conferência de Yalta, na qual os líderes


participantes foram Roosevelt (EUA), Primeiro-Ministro inglês Churchill e
o soviético Stalin, nessa conferência ficou definido que a Alemanha
seria fragmentada em zonas de ocupação.

Na Declaração de Potsdam, o território alemão e Berlim seriam


monitorados por quatro diferentes países em forma de zona de
influência, sendo ocupada por russos, ingleses, franceses e norte-
americanos. Além de cobrar uma indenização por causa da guerra
estipulada em 20 milhões de dólares.

Na Conferência de São Francisco foi criada a ONU (Organização das


Nações Unidas), instituição de caráter internacional que tem por
princípio zelar pela paz entre os povos, além de preocupação com as
questões financeiras, políticas, sociais e culturais, tentando
constantemente harmonizar as relações entre os povos. Dentre os
vários órgãos da ONU estão:

- Assembléia Geral, é formada por todos os líderes dos países que


integram, é realizada discussões de âmbito globalizado sobre assuntos
da esfera de ação da Carta da ONU.

- Conselho de Segurança, tem como finalidade promover medidas que


garantem a paz e a segurança no mundo.

- Corte Internacional de Justiça, é um órgão de caráter jurídico da ONU,


considerado um dos principais da instituição.

- Secretaria Geral, corresponde a um secretário geral, esse é o cargo


mais importante da ONU, sua escolha é realizada por meio de
assembléia.

- Conselho Econômico e Social, desenvolve projetos de caráter não


político, é um órgão executivo da Assembléia Geral.
Dia 4 de Abril 2002

Duas majestosas mãos angolanas erguidas para o céu libertando a


pomba da paz impressiona os nossos sentidos quando chegamos ao
Luena.

Ali, naquele recanto onde se escreveram páginas heróicas debruadas a


oiro puro da História de Angola, o dia 4 de Abril de 2002 se anunciava
como alicerce seguro da construção de um país exaurido por guerras de
agressão de décadas.
Na noite anterior, o Presidente  da República, José Eduardo dos
Santos, falara à Nação para anunciar a assinatura da acta do acordo de
paz naquele torrão sagrado, entre militares antes desavindos e que
agora se abraçavam nas mesmas Forças Armadas.
Durante muitos anos, o nosso dia-a-dia foi marcado pela tristeza e pelo
sofrimento de uma guerra que consumiu vidas e bens e deixou as
famílias angolanas destroçadas por mortes e desaparecimentos.
Em 1992, o líder da UNITA recomeçou a guerra, desta vez com muito
mais crueldade e destruição. À medida que ia perdendo posições fazia
política de terra-queimada, obrigando populações inteiras a fugir para o
acolhimento e a segurança de Luanda, Sumbe, Benguela.
Dez anos demorou a injusta guerra que Jonas Savimbi lançou contra o
povo. Sem objectivo e sem norte, o líder da UNITA, desesperado, lutava
contra tudo e contra todos numa altura em que a comunidade
internacional reconheceu, finalmente, que Savimbi não lutava pela
democracia, pelo contrário, desencadeara uma guerra de índole
terrorista contra o próprio povo.

Dez anos de luta pela paz

Durante dez anos, todos os dias, a todas as horas, o Executivo


angolano, liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, tentou
dissuadir Jonas Savimbi de continuar com a guerra e a integrar-se na
vida civil angolana. Não o conseguiu, apesar de a frente de luta pela
paz nunca ter esmorecido. Isolado Jonas Savimbi, causador da guerra e
da destruição sem sentido do povo e das estruturas físicas do país, o
Executivo angolano iniciou um processo estratégico e sem retorno de
alcance da paz e da reconciliação nacional, aceite por muitos dirigentes
da UNITA que não queriam continuar no caminho do seu próprio
aniquilamento.

No seu discurso emocionado de 3 de Abril de 2002, no qual anunciou o


acordo de paz, José Eduardo dos Santos, o  arquitecto da nova Angola,
disse ser forte a ânsia de todo o povo pela paz, a qual criaria um novo
cenário de esperança para o país.
Mais do que o reencontro das famílias, dos pais, dos filhos, das
esposas, dos irmãos, a paz, palavra com apenas três letras, passava a
ser a essência da vida em Angola, o reencontro da grande família
angolana. Todos os angolanos, disse o Presidente da República,
passam a ter algo em comum, o perdão e o esquecimento, o fim do ódio
e da vingança.
Este novo tempo, o da paz e da reconciliação nacional, deve ser vivido
em serenidade para que o passado seja olhado com sabedoria e
humildade e as mãos dos angolanos construam a cultura da paz, da
tolerância e do respeito pela diferença, numa Pátria unida e solidária.
Assinada a paz em 4 de Abril de 2002, uma pergunta ressoava de
Cabinda ao Cunene: e agora? Porque tudo estava destruído, o país
estava exaurido de recursos financeiros, humanos e materiais. Não
bastava falar só de harmonização da vida nacional, o povo tinha pressa,
queria produzir, alargar a sua iniciativa, a pressão era terrível para que o
espaço nacional libertasse a circulação de pessoas e bens. O acordo de
paz foi rubricado e começou a integração dos elementos da UNITA na
vida da Nação, como cidadãos no pleno gozo dos seus direitos civis e
políticos. Tarefa nada fácil para quem governa, diferente de quem se
quer integrar e ganhar espaço, pela pressão, nas instituições que
ajudou, antes, a destruir.

O povo confiou

Como um só ser, como uma só vontade, todo o povo confiou na acção


do arquitecto da paz, José Eduardo dos Santos, e isso tornou possível o
grande salto em frente das forças humanas e produtivas do país.
Um país devastado, sem divisas, com 500 mil mortos, com um quarto
da população deslocada e à deriva, com 300 mil refugiados nos países
vizinhos, com a paralisação quase completa do seu parque industrial,
limpava as suas feridas, secava as suas lágrimas e iniciava a nova
caminhada.
O Executivo, agora libertado das amarras de uma guerra terrorista que
minou todo o território e reduziu a cinzas grandes obras estruturantes
dos sectores da energia, águas, transportes, comunicações, saúde e
educação, iniciou a grande aventura da reabilitação, da construção e
reconstrução de infra-estruturas, da modernização do país, ao mesmo
tempo que as instituições democráticas eram aprimoradas.
Milhares de quilómetros de estradas foram construídos e reabilitados,
centenas de pontes foram erguidas e reparadas, aeroportos foram
apetrechados, o sistema escolar generalizou-se a todo o país, do básico
ao universitário, a alfabetização generalizada permitiu a todo o povo ter
as bases necessárias à formação com vista à melhor qualificação dos
quadros nacionais.
E o esforço colectivo de todo o povo não foi em vão. Em dez anos de
paz, o produto interno bruto cresceu dez vezes, passando em 2002 de
cerca de 12 mil milhões de dólares para cerca de 125 mil milhões em
2013, o maior crescimento da África Subsaariana e do mundo. Esse
crescimento aconteceu num contexto de paz e de estabilidade política e
criou oportunidades de desenvolvimento muito grandes.
O processo que conduziu ao acordo de paz e de reconciliação nacional
foi liderado por angolanos sem mediação estrangeira. Os angolanos
provaram ao mundo a sua maturidade para solucionarem os problemas
internos, por mais graves que fossem.
Essa ausência de mediação estrangeira constitui hoje exemplo e
modelo para muitos outros processos de paz.
O entendimento entre irmãos só foi possível, em primeiro lugar, porque
contou com a liderança sábia, pragmática, patriótica e humanista do
Presidente da República, que não vergou os ex-inimigos armados
quando os venceu, antes deu-lhes a mão sincera para se integrarem na
vida social, política, económica, cultural e militar do país.
Hoje, 14 anos depois do 4 de Abril de 2002, Angola é um país unido,
estável, democrático, onde as instituições democráticas funcionam,
onde os partidos políticos têm espaço de intervenção, onde todo o povo
e os seus bens podem circular livremente, em paz e harmonia, por todo
o território.
A paz parecia uma utopia. José Eduardo dos Santos transformou a
utopia em realidade e por isso o seu nome fica na História como o
artífice da esperança de todo um povo que se reencontrou após o 4 de
Abril de 2002, o dia que o próprio Presidente da República definiu como
o marco do direito à diferença e do respeito pela diversidade de opiniões
no quadro do lema “Um só Povo uma só Nação”, lançado décadas
antes pelo fundador da Nação e primeiro Presidente da República,
António Agostinho Neto.
Paz, uma palavra simples, com três letras apenas, foi e é obra de todos
os angolanos, sob a liderança incontestável do Presidente José
Eduardo dos Santos.

4 de Abril dia da Paz e Reconciliação Nacional

O abraço solidário entre irmãos desavindos foi há 11 anos. A assinatura


do Memorando de Entendimento Complementar ao Protocolo de Lusaka
selou o compromisso de todos os angolanos com a Paz e a
Reconciliação Nacional. O acto realizado no Palácio dos Congressos
mudou o curso da História de Angola.

O documento, assinado pelo então chefe do Estado-Maior General das


Forças Armadas Angolanas (FAA), general Armando da Cruz Neto, e
pelo então chefe do Alto Comando das Forças Militares da UNITA,
general Geraldo Abreu Muendo "Kamorteiro", mudou o curso da História
da República de Angola.

A cerimónia, que marcou o fim da guerra em Angola, que provocou


milhares de deslocados, mutilados e órfãos, foi assistida pelo Chefe de
Estado, José Eduardo dos Santos, por representantes da comunidade
internacional e entidades nacionais e estrangeiras.

A partir daí, as chefias militares das FAA e da UNITA começaram a dar


os primeiros passos para a validação do cessar-fogo assinado e
marcação da cerimónia formal da incorporação dos oficiais e militares
nas forças armadas nacionais.

Esta data, 4 de Abril de 2002, constitui uma das maiores conquistas do


povo angolano após a Independência Nacional, a 11 de Novembro de
1975, por marcar uma viragem decisiva no processo político e
desenvolvimento de Angola.

Pelo facto, o 4 de Abril foi instituído como feriado nacional e passou a


ser uma referência histórica importante na luta do povo angolano pela
sua dignificação e construção de uma sociedade próspera.

Actualmente, o país vive um ambiente de Paz justa e definitiva, um


momento particularmente importante da sua história, nunca antes
experimentado pelo povo angolano, mesmo num passado longínquo e
desde o nascimento de Angola como um Estado independente e
soberano.

A Paz justa foi alcançada sem imposição de forças externas e resultou,


sobretudo, do esforços dos angolanos, que entenderam que havia a
necessidade de cessação da guerra e das hostilidades e de encetar o
processo de conclusão das tarefas remanescentes do Protocolo de
Lusaka, tendo em vista o estabelecimento da Paz e a consequente
reconciliação e reconstrução do país. Pela primeira vez, um protocolo
visando a paz foi assinado, em território nacional, sem qualquer
mediação externa.
Por esta razão a Paz conseguida no Luena corresponde aos interesses
mais legítimos do povo angolano. Ela é definitiva porque a Paz
conquistada está a ser consolidada no dia-a-dia dos angolanos, através
de acções e atitudes práticas e é dever de todos contribuir para que
este processo seja irreversível. É vontade dos angolanos que sejam
removidos todos os factores do passado, de modo a se construir uma
pátria unida, solidária e madura, orientada pelos valores da unidade
nacional, da democracia, liberdade, justiça social e pelo respeito dos
direitos humanos.

Conquistada a Paz, novos desafios se colocam ao povo angolano.


Torna-se necessário continuar a envidar esforços para a sua
consolidação, através do desenvolvimento de um conjunto de acções,
que visem combater à fome e à pobreza. Até 2002, em Angola, mais de
quatro milhões de cidadãos eram deslocados, havia 170 mil portadores
de deficiência e a taxa de desemprego atingia 43 por cento da
população.

Depois de várias décadas de conflito, regista-se nos últimos onze anos


um dos períodos de maior crescimento económico, com sinais
concretos de estabilização da infracção, suportada por uma política
macroeconómica reconhecida pelas principais instituições
internacionais.

Angola assume-se como país do futuro, onde o Governo tem os seus


programas e metas orientados para a reconstrução e com um forte
investimento no sector social. O Orçamento Geral do Estado (OGE)
passou a ter como uma das maiores preocupações o sector social, que
inscreve o desenvolvimento de vários programas para o reforço de uma
economia equilibrada.

Com a Paz, os angolanos devem também promover a tolerância e o


respeito pela diferença de opiniões e filiação partidária, incentivar o
sentimento patriótico da população, sobretudo nas crianças e jovens, e
fortalecer as instituições do Estado Democrático de Direito como
premissa indispensável para encetar, com firmeza, novos passos rumo
ao crescimento harmonioso do país.

Citando o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, "quem


ama verdadeiramente a Paz tem de saber perdoar, reconciliar-se com o
seu próximo, contribuindo assim para uma união verdadeira e sólida dos
angolanos, sem prejuízo para as divergências que uns e outros possam
expressar".

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