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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2

2º Período

Segunda Guerra Mundial

A segunda Guerra Mundial foi uma guerra total que envolveu dois blocos opostos: o Eixo Berlim-Roma-Tóquio contra
os Aliados (França, Inglaterra, EUA, URSS). A guerra assumiu uma violência sem precedentes. A partir de 1942, as
forças do eixo forma contidas. A libertação da Europa teve um impulso decisivo com o início do desembarque dos
aliados na Normandia, a 6 de Junho de 1944. Berlim foi ocupada em 30 de Abril de 1945 pelos Soviéticos. No Pacífico,
face à resistência japonesa, Truman, presidente dos EUA, decidiu o lançamento da bomba atómica em Hiroxima e
Nagasáqui pondo um fim apocalíptico à guerra.

Terminado o conflito, havia que criar condições para a paz. Várias conferências interaliadas juntaram Roosevelt
(depois Truman), Churchill e Estaline. A Europa e o mundo apresentavam uma distribuição de forças completamente
diferente. Duas potências emergiram na cena internacional com um largo ascendente político e militar: os EUA e a
URSS. Os EUA eram, incontestavelmente, a potência económica e militar; a URSS, liderada por Estaline, igualmente
vitoriosa, ganhara uma influência decisiva no leste Europeu, pois assegurara a libertação dos países ocupados pelas
forças do Eixo. Os antigos Aliados (EUA e URSS) vão acentuar as suas diferenças no mundo do segundo pós-guerra.

A Reconstrução do Pós-Guerra

O mundo do pós-guerra apresentou contornos políticos e económicos muito diferentes daqueles que existiam em
1939. Foram vários os problemas e desafios que se colocaram às potências vencedoras, na reconstrução do pós-
guerra.

A Europa estava em ruínas e o seu prestígio abalado; era necessário reconstruí-la e relançar a economia internacional.
O nazismo e o fascismo foram derrotados; era necessário julgar e punir as atrocidades da guerra e acertar a questão
das indeminizações. Havia que assegurar a reorganização política, social e económica dos países vencidos e dos
Estados que tinham sido ocupados pelas forças do Eixo, bem como redesenhar o traçado das fronteiras e o
estabelecimento de novos governos nos países libertados do domínio nazi. A manutenção de uma paz duradoura
constituiu-se também como uma preocupação. O mundo confrontou-se com a emergência de várias reivindicações de
emancipação colonial. Mas, acima de tudo, foi a clivagem ideológica entre os EUA e a URSS que marcou,
profundamente, o novo mundo do pós-guerra.

A Definição de Áreas de Influência

Ainda o fim da Guerra estava longe de todas as previsões, já as forças democráticas ocidentais representadas pela
Inglaterra e Estados Unidos revelavam as suas preocupações relativamente à reconstituição do mundo perante os
sinais expansionistas evidenciados por Estaline.

As sucessivas conferências, realizadas à medida que a derrota do Eixo se ia confirmando como uma questão de
tempo, apesar dos acordos conseguidos, não conseguiam esconder a divisão do mundo em áreas de influência
antagónicas, tanto quanto o era os interesses geoestratégicos e políticos de americanos e soviéticos ainda aliados.

 Conferência de Ialta

A conferência de Ialta realizou-se entre 4 e 11 de Fevereiro de 1945. Nela participaram os líderes dos “3 grandes”:
Roosevelt, Churchill e Estaline. Apesar dos sinais de futuros desentendimentos entre as forças aliadas evidenciados em
anteriores conferências os grandes líderes chegaram a acordo em questões importantes como:

 A decisão da realização da conferência para a criação da Organização das Nações Unidas;


 O acordo quanto ao desmembramento da Alemanha, com a sua divisão em 4 zonas de ocupação;
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 O estabelecimento do montante de reparações de guerra a pagar pela Alemanha;


 A definição das fronteiras da Polónia e reorganização de um governo provisório com uma base política
alargada e democrática;
 O acordo para que os povos da Europa libertada pudessem escolher, em eleições livres e pluralistas, os seus
governantes;
 A realização do Julgamento dos Crimes de Guerra;
 A redefinição das fronteiras dos territórios ocupados pelos exércitos nazis, em consequência da sua
libertação;
 A divisão da Coreia em duas zonas de influência – o Norte, pela URSS, e o sul, pelos EUA;

Além das decisões formalmente tomadas na conferência, é provável que se tenha chegado a um acordo tácito
relativamente ao estabelecimento de zonas de influência dos regimes comunista e capitalista. Embora esta ideia não
tenha apoio em nenhum documento oficial, a verdade é que o respeito de cada um dos lados pela zona de influência
adversária deixa adivinhar uma provável partilha da Europa.

 Conferência de Potsdam

Realizou-se em Julho de 1945, logo a seguir à capitulação da Alemanha, com o objetivo de obter novos avanços no
caminho de uma paz duradoura. As divergências de interesses estratégicos acabaram por inviabilizar o consenso
sobre soluções definitivas para os países vencidos, pelo que apenas se conseguiu a confirmação das deliberações
tomadas em Ialta e foram tomadas novas medidas relativamente à Alemanha, na condição de derrotada,
nomeadamente:

 Separação da Alemanha e da Áustria;


 Divisão, ocupação e desnazificação da Áustria, em moldes semelhantes aos estabelecidos para a Alemanha;
 Criação de um tribunal, em Nuremberga, para julgamento dos crimes de guerra cometidos pelos nazis;
 Divisão da Alemanha em 4 zonas de ocupação (americana, inglesa, soviética e francesa);
 Desnazificação, democratização e desmilitarização da Alemanha;
 Definição das fronteiras da Polónia;
 Definição do montante das indeminizações de guerra;
 Elaboração da Declaração de Potsdam, que definiu os termos da rendição do Japão;

As conferências de Ialta e Potsdam revelaram alguma tensão, sobretudo entre a URSS e a Grã-Bretanha, devido à clara
intensão de Estaline em estender a sua influência sobre o leste Europeu, com base na legitimidade de ter libertado
esses países do domínio nazi. A sua esfera de ação e influência abrangia a zona oriental da Alemanha, a Polónia, a
Checoslováquia, a Hungria, a Roménia e a Bulgária, consideradas “satélites” da URSS. Nesses países, os partidos
comunistas ganharam ascendentes e formaram governos, quer devido ao apoio e pressão da URSS, quer devido ao
facto dos comunistas terem liderado a resistência às forças nazis, na clandestinidade ou durante a libertação,
integrados no exército Vermelho.

A sovietização do leste europeu deu à URSS uma área de influência política que possibilitou a difusão do comunismo
(iniciava-se, então a divisão ideológica da Europa e aquilo que viria a ficar conhecido como a Cortina de Ferro).

A Organização das Nações Unidas

Apesar do fracasso da Sociedade da Nações, a ideia de uma organização que zelasse pela paz e segurança
internacionais e promovesse a cooperação entre todos os povos não morrera.

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Em Abril de 1945, na Conferência de São Francisco, nos EUA, foi fundada a Organização das Nações Unidas (ONU). A
ONU, com sede em Nova Iorque, foi idealizada ainda no decurso da Segunda Guerra Mundial, nas conferências de
Teerão e Ialta. Esta organização tinha como objetivos:

 Manter a paz;
 Dissuadir a prática de actos de agressão, utilizando meios pacíficos;
 Promover relações de amizade entre todos os países do mundo, com base na igualdade e no direito à
autodeterminação;
 Promover a cooperação internacional de forma a evitar desequilíbrios;
 Garantir a Segurança;
 Promover a cooperação entre as nações;

A Carta das Nações Unidas, assinada por 51 Estados fundadores, estabeleceu a estrutura, os princípios e as
competências desta organização.

Os principais Órgãos da ONU:

 O Conselho de Segurança – Responsável pela manutenção da paz, determina sanções aos Estados que
violam a Carta das Nações Unidas, incluindo ações militares com vista a garantir a segurança coletiva. É
composto por 5 membros permanentes (EUA, Grã-Bretanha, França, URSS e China) e por 10 eleitos, pela
Assembleia Geral, por um período de dois anos. Os membros permanentes dispõem do direito de veto, o
que constitui um entrave à aprovação das resoluções, caso não haja unanimidade;
 A Assembleia Geral – Composta por todos os Estados Membros, todos com direito de voto e de
participação. Funciona como um fórum de discussão das questões internacionais, onde os países mais
pequenos podem expressar a sua opinião sobre os assuntos internacionais. As suas deliberações são
recomendações, pelo que não têm um carácter vinculativo;
 O Secretariado-Geral – Liderado pelo Secretário-Geral, designado pela Assembleia Geral, sob
recomendação do conselho de Segurança e assume um papel de mediador nos assuntos internacionais;
 O Conselho Económico e Social – Promove o desenvolvimento económico, social, educacional e cultural.
Atua através de várias agências especializadas
(como, por exemplo, a Organização Mundial de
Saúde –OMS – e a Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura –
UNESCO);
 O Tribunal Internacional de
Justiça – Sediado em Haia, tem como função
emitir pareceres e resolver litígios jurídicos entre
Estados-membros e condenar atentados contra
os direitos Humanos;

Apesar da ONU desempenhar um papel


mediador nos conflitos internacionais desde a
sua fundação não conseguiu manter, de forma
permanente, a paz e a segurança num mundo
onde os conflitos locais e regionais continuaram
a eclodir. A ONU, através dos diversos

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organismos que integram a organização, tem um papel relevante na procura do apaziguamento das tensões
internacionais, na promoção do bem estar dos povos e dos mais desfavorecidos, no desenvolvimento dos cuidados de
saúde, do ensino e da assistência aos refugiados. Com o propósito de impedir a repetição das atrocidades cometidas
durante a Segunda Guerra Mundial, a ONU assumiu uma feição profundamente humanista, reforçada, em 1948, com
a aprovação da Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH).

As Novas regras da Economia Internacional

No sentido de evitar os erros do passado, a exemplo da crise económica e financeira que ocorrera no primeiro pós-
guerra por falta de uma intervenção eficaz na recuperação económica, um conjunto de economistas e de políticos
reuniu-se, em Julho de 1944, em Bretton Woods, sob a coordenação do economista John Keynes. Esta reunião teve
como objetivos:

 Repensar o funcionamento da economia internacional;


 Preparar economicamente o pós-guerra;
 Garantir a estabilização da moeda;
 Evitar os perigos da deflação;
 Desenvolver o comércio internacional.

Na Conferência de Bretton Woods, os Estados participantes adotaram medidas para uma nova ordem económica,
baseada na cooperação mundial (definição de regras para a estabilidade das taxas de câmbio das suas moedas e de
convertibilidade das moedas face ao ouro ou ao dólar (moeda que se tornou referência nas trocas internacionais)).

Assim, foi criado um novo Sistema Monetário Internacional (SMI) que assentou no dólar como moeda chave. Nesse
sentido, os Estados não podiam manipular livremente o valor da sua moeda (desvalorização competitiva), através das
quais um estado procura obter vantagem sobre os seus parceiros. Para operacionalizar este sistema foram criados
organismos:

 BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução Europeia) ou Banco Mundial – Destinado a orientar e apoiar os
projetos de reconstrução das economias destruídas pela guerra e fomentar o crescimento económico a longo
prazo;
 FMI (Fundo Monetário Internacional) – Com o objetivo de fomentar a cooperação monetária internacional,
prestando ajuda financeira aos países que evidenciassem dificuldades em manter o valor da moeda e as taxas
de câmbio ou dificuldades em equilibrar a sua balança de pagamentos;
 GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) - 1947 (Conferência de Genebra) – É um organismo promotor do
comércio livre, através da redução de tarifas alfandegárias e da introdução de regras, na prática do comércio
entre os Estados Signatários. Procurava facilitar a expansão e o crescimento harmonioso do comércio
internacional; O GATT pode ser considerado o anteposto da CEE que veio permitir a liberalização do comércio
mundial;

A Primeira Vaga de Descolonizações

Descolonização – Designa o processo que põe fim ao sistema colonial, mediante a independência das colónias, e
implica o reconhecimento da sua emancipação política face ao Estado colonizador. O fim do estatuto de Colónia
conduz ao autogoverno e ao nascimento de novos países.

O final da Segunda Guerra Mundial criou um contexto favorável que fez despertar um novo olhar sobre as colónias. A
luta pela liberdade, face à opressão e à tirania, reafirmou a possibilidade de os povos disporem de si próprios,
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libertando-se dos colonizadores (já no documento Catorze Pontos foi enunciado o direito dos povos disporem da
autodeterminação). Durante a Guerra, para além das colónias terem lutado ao lado das potências europeias contra as
forças do eixo, muitos dos países colonizadores viram o seu prestígio diminuir, pelo facto de terem sido ocupados
pelas forças do eixo (caso da Holanda, França e Bélgica). A ocupação de muitos territórios coloniais por parte dos
alemães e dos japoneses contribuiu também para a difusão de uma propaganda anticolonialista. Por outro lado, o
despertar da consciência anticolonialista teve o contributo de uma questão prática que se colocava nos seguintes
termos: Se o processo de independência estava ao alcance das colónias dos países vencidos, como justificar a
continuação do domínio colonial sobre os territórios dos países vencedores? A assinatura, em 1941, da Carta do
Atlântico afirmou o direito à autodeterminação dos povos e à liberdade de escolha, o que constituiu um fator de
esperança para os povos colonizados. Por tudo isto, no final da Segunda Guerra Mundial, o movimento de
descolonização tornou-se inevitável.

A Descolonização recebeu o apoio, por um lado, da URSS que via na luta pela emancipação a libertação dos
explorados do capitalismo e, por outro, dos EUA que, assumindo o seu passado histórico de ex-colónia, apoiavam a
descolonização como um direito dos povos colonizados. A ONU, por seu turno, fez da emancipação colonial uma
prioridade, consagrada quer na Carta das Nações Unidas, quer na Declaração Universal dos Direitos Humanos, nas
quais proclamava o direito dos povos à autodeterminação.

A descolonização iniciou-se no Médio Oriente e na Ásia, onde os sentimentos nacionalistas se manifestavam desde os
anos 30. A Síria, a Jordânia e o Líbano tornaram-se independentes em 1946. Israel nasceu como Estado (judaico)
independente em 1948. No Norte de África, a Líbia e a Somália (1951), Marrocos e a Tunísia (1956) libertaram-se do
domínio colonial Francês. A França confrontou-se com um processo de Guerra violenta na independência da Argélia,
entre 1954 e 1962. O processo de libertação colonial foi, consoante os casos, resultado da negociação, ou
consequência da luta nacionalista, mais ou menos violenta, pela emancipação.

A Grã-Bretanha, disposta a abdicar do seu império colonial na Ásia, mediante a manutenção de laços privilegiados no
âmbito da Commonwealth, concedeu a independência à India Britânica em 1947. Esta descolonização deu origem a
dois países: a União Indiana, de maioria Hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana. Seguiram-se o Ceilão (1947), a
Birmânia (1948), a Malásia (1957) e Singapura (1959).

Este modelo de descolonização não foi seguido nem pelos Países Baixos, nem pela França, que queriam manter a sua
autoridade sobre os povos colonizados.

Em agosto de 1945, nas Índias Holandesas, logo após a capitulação do Japão, foi proclamada a independência da
Indonésia. Os Países Baixos reagiram e procuraram restaurar, pela força, a soberania sobre o território. Mas,
pressionados pela ONU e pelos EUA, os Países Baixos acabaram por reconhecer a independência da República da
Indonésia, em 1949.

Na Indochina, que tinha sido ocupada pelos japoneses, o processo de descolonização também foi violento. A
independência da república Democrática do Vietname foi proclamada em 1945. Os Franceses procuraram retomar o
controlo do território, o que levou a que o movimento armado nacionalista pegasse em armas contra a França dando
origem à guerra da Indochina. Só em 1954, a França reconheceu a independência do Vietname, de Laos e de Camboja
(também na Península da Indochina).

A partir do final dos anos 50 e ao longo dos anos 60, o movimento de descolonização ganhou um novo dinamismo
com os movimentos independentistas na África Negra.

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O Tempo da Guerra Fria – A Consolidação de um Mundo Bipolar

A Definição de Áreas de Influência

O novo traçado da Europa decorrente das conferências de paz não conseguiu esconder a divisão do velho continente
em duas zonas perfeitamente delimitadas:

 A ocidente do meridiano 12, uma Europa atlântica destruída, dependente das ajudas americanas, em cuja a
esfera de influencia acabará por cair;
 A leste do referido meridiano, uma Europa também destruída, liberta da ocupação nazi graças a acção do
Exército Vermelho, que acabará por impor a influência soviética;

Esta clara divisão da Europa acaba por reforçar a desconfiança relativamente às posições de Estaline sobre a evolução
política dos países de leste e o consequente endurecimento das posições dos dois blocos geopolíticos em que o
mundo se apresentava dividido

A Geopolítica do pós-guerra ficou marcada pelo antagonismo entre os dois grandes vencedores da Segunda Guerra
Mundial – os EUA e a URSS. Em menos de dois anos, os Antigos Aliados passaram de um clima de confiança à
desconfiança e, finalmente, à rutura, em 1947.

Designou-se por Guerra Fria o ambiente de tensão que caracterizou as relações entre os governos americano e
soviético, desde o final da 2ª Guerra Mundial, em 1945, até à dissolução da URSS, em 1991.

Com a derrota do Eixo, imediatamente vieram ao de cima os antagonismos ideológicos que tinham sido esquecidos
durante a guerra contra o nazi-fascismo e prontamente patenteados nas diferentes propostas políticas e económicas
defendidas por americanos e soviéticos na definição da nova ordem geopolítica:

 Os EUA defendiam um regime político democrático-liberal e uma economia inspirada no modelo capitalista;
 A URSS defendia um regime socialista de centralismo democrático e a uma economia colectivizada e
planificada.

A ruptura da aliança confirmou-se com os primeiros focos de tensão gerados nas ambições expansionistas da URSS
nos estados do Leste da Europa e na resposta americana, visando a contenção desse expansionismo e o reforço da
sua posição, no Ocidente.

Tratou-se de uma guerra fria porque os contendores se abstiveram de recorrer directamente às armas (quentes),
mas:

 Utilizavam, um contra o outro, as mais refinadas e agressivas formas de propaganda ideológica;


 Exibiam o seu imenso potencial militar, cada vez mais sofisticado;
 Desenvolviam uma intensa acção de espionagem sobre inovações bélicas e sobre a interferência em
países terceiros ou organizações internacionais;
 E, mais grave, intervinham no fomento de conflitos localizados em apoio, por vezes pouco dissimulado,
dos beligerantes.

 “Doutrina de Truman” - É uma expressão que designa um conjunto de medidas políticas e económicas
assumidas depois de Março 1947, data em que o então presidente dos EUA, Harry Truman, profere um
violento discurso contra a “ameaça comunista”, onde diz que os EUA assumem o compromisso de defender o

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mundo dos soviéticos. Segundo a visão de Truman o mundo encontrava-se dividido entre dois modos de vida
alternativos, num lado, no Bloco Ocidental, a vontade era assente na maioria, noutro lado, no Bloco de Leste, a
vontade da minoria era imposta á força á maioria.

 “Doutrina de Jdanov” – Em Setembro de 1947, Andrei Jdanov, delegado da URSS, na reunião dos líderes
comunistas europeus, realizada na Polónia, promoveu a criação do Kominform (Secretariado de Informação
Comunista, que substituía a Komintern criada por Lenine). Este órgão revelou-se determinante no controlo
pela URSS dos países e dos partidos comunistas. Foi neste contexto que Jdanov, numa reação clara à doutrina
de Truman, apresentou os princípios da política oficial da URSS face ao bloco Ocidental. A doutrina de Jdanov
acusava os EUA de pretenderem implementar o imperialismo no mundo, e defendia que era à URSS e aos
países seus aliados, que competia resistir ao expansionismo do capitalismo americano. Segundo a URSS, o
mundo encontrava-se dividido em dois campos opostos: imperialismo e antidemocratismo, liderado pelos EUA
e o anti-imperialismo e democratismo encabeçado pela URSS.

Para além de considerar que o mundo estava dividido em duas forças opostas, o presidente Truman defendia,
também, no seu discurso de 1947, que o apoio aos “povos livres” devia ser feito mediante a ajuda económica e
financeira, para garantir a liberdade, uma vez que “as sementes do totalitarismo são alimentadas pela miséria e pela
necessidade”. O auxílio económico à Europa era visto como um meio de contenção do avanço do comunismo. Nesse
sentido, a 5 de Junho de 1947, o secretário de estado Americano, George Marshall, apresentou uma estratégia de
apoio à Europa, o chamado Plano de Recuperação Europeia, conhecido como Plano Marshall, que tinha por objetivo
reconstruir, em moldes capitalistas, as economias europeias devastadas. Este plano de assistência à Europa consistia
na ajuda material e financeira, que devia ser entendida aos países afectados pela guerra e, segundo declarava, não
excluía nenhum povo ou país, pelo que incluía os países da Europa de Leste. A ajuda económica e financeira foi
empreendida através da Organização para a Cooperação Económica Europeia (OECE), composta pelos EUA e pelos 16
países Europeus que aderiram ao Plano Marshall. O Plano Marshall tornava-se o complemento económico da doutrina
de Truman.

A URSS recusou a ajuda económica americana e pressionou os países da Europa de leste (Checoslováquia, Polónia,
Hungria, Bulgária, Albânia, Jugoslávia e Roménia) a seguirem a sua política. A URSS respondeu com o Plano Molotov,
destinado a planear o auxílio económico à reconstrução dos países da Europa Oriental, politicamente alinhados com a
União Soviética. O COMECON (Conselho de Assistência Económica Mútua), criado em 1949, pôs em prática esse
plano, com o objetivo de fortalecer a cooperação e as relações económicas entre a URSS e os países da Europa de
Leste, segundo o modelo económico soviético. A Cooperação era feita de modo bilateral: a URSS fornecia matérias-
primas e combustíveis e os outros países, que integravam o COMECON, forneciam os produtos, previamente definidos
por Moscovo, a um preço preestabelecido.

O clima de tensão e de afrontamento entre o Bloco Ocidental e o Bloco de Leste ficou conhecido como Guerra Fria.
Foi um período durante o qual, ao longo de mais de 40 anos, as duas potências rivais nunca se confrontaram
militarmente de forma direta, conscientes de que a destruição seria total e não haveria lugar para vencedores,
sobretudo a partir do momento em que as superpotências possuíam arma atómicas.

Durante a Guerra Fria, cada bloco levou a cabo campanhas ideológicas e de propaganda, com vista a exaltar a sua
superioridade e apresentar uma visão extremada do adversário, para instigar o ódio e o medo do opositor. Este clima
de desconfiança e receio de ameaças mútuas fizeram com que os serviços secretos e de espionagem se mostrassem
particularmente ativos, com a criação da CIA e do KGB. Usaram-se métodos que instigaram à perseguição e denúncia
de cidadãos considerados simpatizantes do bloco contrário. Vivia-se num clima de equilíbrio pelo terror.

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O antagonismo entre os dois blocos abrangia também o campo militar, concretizado na frequente exibição e desfiles
das forças militares, e na formação de alianças militares defensivas:

 Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO), por vezes chamada Aliança Atlântica, é uma aliança
militar intergovernamental baseada no Tratado do Atlântico Norte, que foi assinado a 4 de Abril de 1949. A
organização constitui um sistema de defesa colectiva através do qual seus Estados-membros concordam com
a defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização.
 O Pacto de Varsóvia ou Tratado de Varsóvia foi uma aliança militar formada a 14 de maio de 1955 pelos países
socialistas do Leste Europeu e pela União Soviética, países estes que também ficaram conhecidos como bloco
do leste. O tratado correspondente foi firmado na capital da Polónia, Varsóvia, e estabeleceu o alinhamento
dos países membros com Moscovo, estabelecendo um compromisso de ajuda mútua em caso de agressões
militares e legalizando na prática a presença de milhões de militares soviéticos nos países do leste europeu
desde 1945.

A supremacia de cada potência dependia do alargamento da respectiva esfera de influência, o que resultou em
diversos conflitos, localizados em diferentes partes do globo.

Estava assim consolidado o mundo bipolar. De um lado, o Bloco Ocidental, liderado pelos EUA, e do outro, o Bloco de
Leste, comandado pela URSS. Em termos ideológicos, opunha-se a democracia liberal ao comunismo; em termos
económicos, o capitalismo à economia planificada e, em termos sociais, a sociedade de classes opunha-se à sociedade
sem classes.

Fases da Guerra Fria

A Guerra Fria desenvolveu-se ao longo de várias fases:

 A Primeira Fase iniciou-se, em 1947, com a oposição ideológica e política entre as Doutrinas de Truman e
Jdanov numa Europa marcada pelo expansionismo soviético e pela chamada “questão alemã”. Na Ásia
eclodiram guerras regionais (Indochina e Coreia), que tiveram o envolvimento da URSS e dos EUA, no apoio a
cada um dos lados em confronto;
 A Segunda Fase, entre 1953 e 1962, marcada por uma certa acalmia, foi designada de “coexistência pacífica”
imposta pela necessidade de controlar o perigo de uma guerra nuclear. Este período foi atravessado por
várias crises militares e políticas, em diversas áreas geográficas, que provocaram um ambiente de grave
tensão (Crise de Cuba; 2ª Crise de Berlim), obrigando a cedências mútuas;
 A Terceira fase, entre 1963 e 1975, designada por Détente, consistiu no apaziguamento ou desanuviamento
das relações entre Washington e Moscovo, durante a liderança de Brejnev, na URSS, de Kennedy, de Johnson
e de Nixon, nos EUA. A aproximação entre as duas superpotências tinha em vista o controlo do armamento, e
culminou, no início dos anos 70, com acordos de desarmamento (Conferência de Helsínquia e acordos SALT
1). Nesta fase, apesar do apaziguamento, eclodiram conflitos regionais, marcados pela presença direta e
indirecta das duas superpotências, em vários conflitos (Guerra do Vietname, por exemplo);
 Na Quarta Fase, a partir de 1975, a URSS aproveitou os falhanços dos EUA, sobretudo na Guerra do Vietname,
para reforçar posições em África (ex-colónias portuguesas, por exemplo) e na Ásia, com a invasão do
Afeganistão, em 1979. Relançou-se a corrida aos armamentos, à qual o presidente Regan reagiu, a partir de
1981, com o programa de defesa estratégica conhecido como “Guerra das Estrelas”;

O Início da Guerra Fria

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O primeiro momento de tensão, ainda em 1945, foi motivado pelo facto de Estaline não promover a realização de
eleições verdadeiramente livres na Polónia e pretender impor um governo da sua confiança. Perante a tentativa dos
EUA enviarem observadores internacionais, Estaline manifesta a sua oposição sob pretexto de intromissão na
"dignidade polaca". Churchill não tem qualquer problema em considerar que a ameaça soviética substitui o inimigo
nazi e considera que deixou de haver condições para entendimento pacífico.

As denúncias públicas da política estalinista de apoio à ascensão dos partidos comunistas ao poder, nos países
colocados na esfera de influência soviética, continuaram em 1946, quando Churchill acusou a URSS de fazer descer
sobre a Europa uma "cortina de ferro", de Stettin, no Báltico, até Trieste, no Adriático.

Em Março de 1947, perante as pressões soviéticas sobre a Turquia e sobre a Grécia, o presidente Truman não tem
qualquer dúvida em afirmar a necessidade de adoptar uma política de contenção do avanço comunista. Apela ao
Ocidente para a luta contra o que considerou ser o totalitarismo soviético e comprometeu-se a prestar auxílio a todos
os estados cuja liberdade fosse ameaçada por forças externas. Era a doutrina Truman que institucionalizava os EUA
como bastião das democracias ocidentais.

Imediatamente em Setembro, respondem os soviéticos com a Doutrina Jdanov, que propalava sem qualquer reserva,
a divisão do mundo em dois campos opostos: um "imperialista", tutelado pelos EUA e outro "democrático e anti-
imperialista", tutelado pela URSS, e advogava o direito à extensão da influência comunista até ao centro da Europa
pela transformação dos países vizinhos, libertados da dominação nazi por acção do Exército Vermelho, em satélites
políticos da URSS.

Era o início da Guerra Fria, que até finais dos anos 80 do século passado, marcaria a consolidação de um mundo
bipolar - o mundo capitalista e o mundo comunista.

A “Questão Alemã” e a Corrida à Formação de Alianças Militares

Em 1948-49, o ambiente de Guerra Fria entre os dois blocos geopolíticos esteve mesmo na iminência de provocar a
primeira situação de conflito militar. Das diferentes estratégias para a reconstrução da Alemanha resultou a unificação
administrativa e monetária das zonas ocupadas por americanos, ingleses e franceses e a atribuição de avultadas
ajudas financeiras. Pretendiam as potências ocidentais edificar uma Alemanha ocidental rica e capaz de reafirmar
honrosamente entre as nações livres e pacíficas, em oposição, em oposição a uma Alemanha de Leste cada vez mais
ruralizada e pobre. Estaline interpretou a política ocidental como um afrontamento e acusou os antigos aliados de
pretenderem criar um bastião do capitalismo às portas do mundo socialista. Em retaliação, decretou o bloqueio à zona
ocidental da cidade de Berlim, encravada na parte alemã submetida à administração soviética, nos termos do acordo
de Potsdam.

Perante a impossibilidade de os países ocidentais contactarem por terra com as partes da cidade de Berlim por si
tuteladas, foi organizada uma ponte aérea que, em mais de 200 mil viagens, durante 11 meses fez chegar todo o
género de produtos, numa manifestação de firmeza e de grande poder tecnológico dos Estados Unidos.

Estaline chegou a ameaçar um derrube dos aviões e receou-se que tal viesse a concretizar-se. Porém, o bloqueio
acabou por ser levantado sem incidentes de caráter militar, mas dele resultou uma grave crise política que:

 Culminou com a divisão da Alemanha em dois Estados, confirmada em 1949 com a independência, da
República Federal Alemã, a ocidente, na esfera liberal capitalista, e da República Democrática Alemã, a leste,
na esfera socialista soviética;

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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

 Clarificou definitivamente as posições expansionistas, americana e soviética, e os seus objectivos hegemónicos


na constituição de áreas de influência na Europa, numa primeira fase, e em todo o globo, em fases
posteriores;
 Originou uma intensa corrida aos armamentos e a formação dos primeiros blocos militares e económicos
antagónicos, no seguimento dos já claramente definidos blocos ideológico-políticos;

 Plano Marshaal
 Conseguiu “reanimar” a Europa Ocidental;
 O plano Marshaal, com a ajuda dos EUA, evitou que a Europa adoptasse os ideais comunistas e o
modelo soviético;
 Os EUA não impuseram o sistema político/económico (liberalismo democrático/ capitalismo), as
democracias foram respeitadas, nesse sentido, foi mantida a possibilidade do ocidente, através do
sufrágio, adoptar o regime comunista e integrar a esfera de influência da URSS;
 Os EUA criaram prosperidade, acabaram com a fome, reergueram a indústria, no sentido, de evitar o
comunismo e a consequente integração na esfera soviética, à semelhança do que havia acontecido
no leste;
 Principal Objetivo: Criar prosperidade e acabar com a crise para se mantido o capitalismo e a
influência Americana;
 Comunismo:
 Soluções rápidas (Trabalho, Igualdade, Ditadura do Proletariado, fim da diferenciação por
classes,…);
 Os EUA necessitavam de prosperidade mundial para estimular a sua própria economia (de
nada servia a elevada produção se não existissem exportações);

O Mundo Capitalista: A Política de Alianças Liderada pelos EUA

As diferenças ideológicas, entre o Bloco Ocidental e o Bloco de Leste, a consolidação do Bipolarismo e o processo de
Guerra Fria conduziram ao afastamento de cada um dos blocos. Estes implementaram modelos de desenvolvimento
político, militar, económico e social distintos e isolados: o mundo capitalista e o mundo comunista.

O Bloco Ocidental, liderado pelos EUA, implementou um conjunto de alianças para manter a paz, a segurança e
promover a cooperação entre os países da democracia liberal e capitalista. Tinha como objetivo político e ideológico a
contenção do expansionismo soviético e do comunismo no Ocidente e no Mundo, em geral. Foi neste sentido que os
EUA estabeleceram pactos e tratados, bilaterais ou multilaterais, com diversos países e áreas do mundo, a fim de
obter facilidades de estacionamento (bases navais ou aéreas) e de passagem de forças militares americanas.

Entre esses Pactos e Tratados destacaram-se:

 O Pacto do Rio (1947) – Assinado entre os EUA e os 21 países da América Latina, destinava-se a reforçar a
defesa do hemisfério ocidental e garantir a defesa coletiva;
 O Pacto de Bruxelas (1948) – Reuniu vários países do Ocidente Europeu para promover a cooperação
económica e deter o expansionismo soviético na Europa;
 A Organização dos Estados Americanos (1948) – Composta por 21 Estados da América, para garantir a paz e
promover a cooperação e a defesa da integridade territorial dos Estados;

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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

 O Tratado do Atlântico Norte (1949) – Assinado entre os EUA, o Canadá e 10 Estados da Europa, deu origem,
em 1950, à Organização do Tratado Atlântico Norte (NATO ou OTAN). Foi a aliança mais importante e
duradoura que surgiu no rescaldo da Crise do Bloqueio de Berlim. Consagrou militarmente a divisão
ideológica entre o Bloco ocidental e o Bloco de Leste. Tinha como objetivo garantir a defesa e a segurança
do Bloco Ocidental, constituindo-se como uma ligação estratégica, militar e política, entre a europa
Ocidental e a América;
 A ANZUS (1951) – Constituída pela Austrália, Nova Zelândia e os EUA, destinava-se a assegurar a defesa do
Pacífico Sul, e surgiu no contexto da tensão vivida na península da Indochina e após a vitória da Revolução
comunista na China;
 A OTASE (1951) – Organização do Tratado da Ásia do Sudeste, associava a França, o Reino Unido, os EUA, o
Paquistão, a Tailândia, as Filipinas, a Austrália e a Nova Zelândia, tendo em vista a contenção do comunismo
na região. Surgiu depois da Guerra da Coreia e da divisão do Vietname;
 O CENTO (1955) – Teve origem num tratado, o Pacto de Bagdade, assinado pelo Irão, Iraque, Paquistão,
Turquia e Reino Unido. Constituiu-se como uma aliança económica e militar, inicialmente designada
Organização do Tratado do Médio Oriente;

Estas alianças permitiram aos EUA, direta ou indirectamente, alargar a sua esfera de influência e estabelecer bases
militares estratégicas em diferentes partes do globo, constituindo uma barreira defensiva que isolava e continha o
expansionismo da URSS.

O Mundo Capitalista: a prosperidade económica e a sociedade de consumo

O mundo capitalista conheceu um período de prosperidade a partir de 1947-1948 (coincidiu com a aplicação do Plano
Marshall) até ao início dos anos 70. Os quase 30 anos de crescimento económico ficaram conhecidos como os “Trinta
Gloriosos” (economista Jean Fourastié). Durante este período, os EUA reforçaram o seu poder económico e
contribuíram para a prosperidade dos países da Europa Ocidental.

Vários foram os fatores que contribuíram para a prosperidade do segundo pós-guerra:

 As decisões de Bretton Woods, com vista a manter a ordem económica e a estabilização financeira;
 A criação do FMI e do Banco Mundial para a cooperação entre os diferentes países europeus;
 A ajuda económica e financeira dos EUA, sobretudo através do Plano Marshall;
 A redução das tarifas alfandegárias e a cooperação comercial internacional, implementada pela GATT;

A nível social vários foram os fatores propícios à prosperidade dos “Trinta Gloriosos”:

 O aumento demográfico, conhecido como baby-boom (como resultado da melhoria na alimentação, na


prestação de melhores cuidados de saúde, na diminuição da taxa de mortalidade infantil, no aumento da
esperança média de vida e de políticas natalistas, como a atribuição de subsídios de nascimento por cada
filho), contribuiu para o rejuvenescimento do populacional dos países e possibilitou o crescimento do
mercado interno, devido ao aumento do número de consumidores;
 A Intervenção do Estado na promoção da qualidade de vida dos cidadãos. Os financiamentos americanos no
âmbito dos planos de ajuda à recuperação económica dos países aliados também foram aplicados na melhoria
das condições de vida das populações, o que se traduziu no respectivo aumento do poder de compra;
 A mão de obra disponível cresceu não só em termos de quantidade (Crescimento populacional, emigração e
afirmação da mão de obra feminina no mercado de trabalho), mas também em termos de qualidade (mão de
obra mais qualificada e produtiva). A população ativa dos anos 60 é maioritariamente constituída por jovens
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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

com níveis de escolaridade cada vez mais elevados, imbuídos de forte espírito inovador e para os quais havia
abundância de trabalho bem remunerado;
 A disponibilidade de capitais (investidos em novos e modernos empreendimentos industriais);
 O novo capitalismo Industrial, caracterizado pelo aumento da concentração industrial e formação de
poderosas multinacionais. Associada à maior disponibilidade de capitais está a sua gestão por empresas
gigantescas constituídas como sociedades anónimas, geridas por equipas técnicas altamente especializadas.
Financiam a investigação científica, tendo em vista o desenvolvimento das novas tecnologias. Dominam os
grandes setores da produção e, através das suas filiais, estão presentes em todo o mundo, oferecendo toda a
panóplia de produtos mais consumido;

A política económica e financeira adotada pelos Estados ocidentais no segundo pós-guerra contribuiu, igualmente,
para o grande crescimento económico dos países do mundo capitalista. Neste período:

 Os orçamentos de Estado foram reforçados, possibilitando um aumento do investimento público, sobretudo


na construção de infraestruturas (estradas, caminhos de ferro, fábricas);
 Acentuou-se a intervenção do Estado na economia, através da regulação ou da participação direta por meio
da nacionalizações e de planos de desenvolvimento, o que contribuiu para promover o emprego e melhorar a
qualidade de vida;
 A disponibilidade financeira contribuiu para aumentar o investimento privado, promovendo a modernização
industrial e a aposta nos bens de equipamento;
 A liberalização do comércio favoreceu e dinamizou as trocas comerciais, permitindo o aumento das
exportações em cerce de 16 vezes, a partir de 1950;
 As trocas comerciais entre o Ocidente e os países exportadores de matérias-primas intensificaram, em
benefício das economias Ocidentais, e acentuaram-se na dicotomia norte-sul;
 O aumento do investimento na investigação favoreceu o crescimento económico, pois acelerou o progresso
tecnológico aplicado a novos meios de produção, mais sofisticados;
 O reinvestimento contínuo de capitais e de lucros possibilitou o aumento da produtividade, a diversificação
dos ramos industriais, bem como o aumento das exportações;
 O desenvolvimento tecnológico aplicado ao setor primário permitiu a libertação de mão de obra para as
indústrias, bem como o aumento das exportações;
 A diminuição do preço das matérias primas, o baixo preço do petróleo e o aumento dos preços dos produtos
manufacturados favoreceram os lucros e o desenvolvimento das economias capitalistas;
 A cooperação económica entre os Estados europeus foi reforçada, em 1957, com a criação da Comunidade
Económica Europeia (CEE), criando um polo económico relevante no panorama internacional;
 A afirmação de grandes empresas – multinacionais – em consequência da concentração industrial reforçou o
dinamismo do capitalismo;

Os “Trinta Gloriosos” tiveram consequências no aumento da produtividade, no crescimento significativo da produção


de bens e de serviços, no aumento do volume das trocas internacionais e na afirmação da sociedade de consumo.

A Sociedade Consumo

Durante o período de prosperidade, o aumento da população, o desenvolvimento tecnológico e o aumento dos


salários reais possibilitaram a criação de novos hábitos de consumo. Até cerca de 1950, a maior parte do orçamento
de uma família média era destinada à habitação, ao vestuário e à alimentação. A partir desta década, o rendimento
disponível das famílias aumentou, o que permitiu canalizar os rendimentos para produtos cada vez mais diversificados

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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

e não essenciais. Instaurou-se na Europa a sociedade de consumo (designa as sociedades capitalistas contemporâneas,
a partir da segunda metade do séc. XX, marcadas pelo consumo dos bens supérfluos não essenciais e diversificados,
produzidos em série, para uso pessoal) que, já desde os anos 20, caracterizava o modo de vida americano.

Os fatores que contribuíram para a generalização da sociedade de consumo capitalista foram de natureza variada. O
tradicional sentido de poupança desapareceu e o dinheiro começou a ser gasto em bens supérfluos e perecíveis. O
carácter essencial dos produtos foi relegado para segundo plano. O dinamismo da vida moderna suscitou a aquisição
constante de bens, o que implicava a sua substituição rápida. Na década de 60, começaram a surgir os supermercados
e as grandes superfícies comerciais, com enorme variedade de bens. Os consumidores eram estimulados a comprar
mais do que o necessário, atraídos por novos modelos e objetos de consumo, para acompanharem os ritmos da vida
quotidiana e as exigências da moda. A generalização do frigorífico, do aspirador, do automóvel, da rádio, do telefone e
da televisão facilitaram a vida quotidiana e aumentaram o conforto dos lares. As necessidades de consumo foram
alimentadas pela publicidade que suscitava novas necessidades e impelia à aquisição de produtos, a que as vendas a
crédito permitiam aceder. “O que antes fora um luxo tornou-se o padrão do conforto exigido”. A apresentação dos bens
e as embalagens apelativas criavam um impacto forte nos gostos e hábitos dos consumidores. O rejuvenescimento
das sociedades despoletou novos hábitos de consumo por parte das gerações mais jovens. As férias pagas e o
transporte próprio desenvolveram o gosto pelas viagens de lazer, permitiram uma mais intensa ocupação dos tempos
livres, e impulsionaram o turismo de massas.

O Mundo Capitalista: A Afirmação do Estado-Providência

O período de prosperidade, vivido no mundo capitalista, depois da Segunda Guerra Mundial, foi indissociável da
ascensão ao poder de governos cujas políticas visaram o bem-estar e a qualidade de vida dos cidadãos. A
reestruturação política era crucial numa Europa marcada e destruída pela guerra e pela memória dos regimes
totalitários. Aos governos cabia não só a manutenção das liberdades e garantias individuais dos cidadãos, asseguradas
pelas democracias, mas também providenciar melhores condições de vida, combater as injustiças, as desigualdades
sociais e solucionar os problemas do capitalismo.

Do ponto de vista ideológico, os vários governos ocidentais tinham em comum o objetivo de afastar, definitivamente,
o ressurgimento dos fascismos, e travar o avanço do comunismo. Estes governos estavam decididos a “construir não
utopias económicas, mas boas sociedades”. Foi neste contexto que se afirmaram na Europa, como principais
ideologias, ligadas ao exercício do poder, a social-democracia e a democracia-cristã.

Social-Democracia – Designa a ideologia política, decorrente do revisionismo de Bernstein no final do séc. XIX, que
recusa a ditadura do proletariado e a luta de classes. Defende o socialismo reformista, com vista a transformar a
sociedade e a melhorar as condições de vida da população. A Social-democracia defende a tomada do poder pela via
democrática e a transformação social através de reformas legislativas. Procurou conciliar o socialismo e o capitalismo.

Democracia Cristã – Designa a ideologia política que combina a doutrina social da Igreja com o desenvolvimento
económico e a justiça social. Rejeita o individualismo que decorre do liberalismo político e económico e defende a
dignidade humana, que deve ser promovida pelo Estado. Opõe-se à excessiva intervenção do Estado na economia e
na sociedade.

A social-democracia foi a ideologia que, entre 1945 e 1973, marcou a orientação política de muitos dos governos da
Europa (suécia, Dinamarca, Noruega, Grã-Bretanha, Áustria, Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos e República Federal
da Alemanha). Na Europa do segundo pós-guerra destacaram-se, como líderes sociais-democratas, o sueco Olof
Palme, o Alemão Willy Brandt e o inglês Clement Attlee todos eles com responsabilidade governativas nesta época.

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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

A social-democracia constituiu-se como uma via alternativa ao socialismo e ao capitalismo (na linha do designado
socialismo reformista). Na sua orientação ideológica, rejeitou a herança marxista e procurou reformar o capitalismo,
mediante a negociação de reformas que assegurassem um compromisso entre os assalariados, os sindicatos e o
patronato. No sentido de garantir o desenvolvimento económico, o “compromisso social-democrata” visava uma mais
justa distribuição da riqueza, conseguida mediante a taxação dos rendimentos mais elevados.

Nos países da Europa do Norte e Central, implementaram-se políticas públicas no sentido de reduzir as desigualdades
sociais e de garantir o crescimento económico. As receitas dos impostos eram redistribuídas, sob a forma de apoios
sociais, aos mais desfavorecidos. Os governos, apoiados em partidos da área da social-democracia, promoveram uma
política fortemente intervencionista. Atribuíam ao Estado um papel fundamental no desenvolvimento económico,
através da promoção de investimentos públicos destinados a relançar o consumo e a produção, bem como através de
nacionalizações de empresas-chave. O Estado tornou-se um dos principais empregadores e, simultaneamente, a
garante da prosperidade e do bem-estar social.

A democracia cristã, ideologia inspirada na doutrina social da Igreja, trouxe para a ação política os valores Cristãos.
Destacaram-se como democratas cristãos o alemão Konrad Adenauer, que foi o primeiro chanceler da RFA, e Robert
Schuman, o fundador da CECA.

A democracia Cristã, nos seus princípios ideológicos e na sua prática política, assume-se como mais conservadora e
defensora de uma menor intervenção do Estado na economia e na sociedade (em comparação com a social
democracia). Defende igualmente a promoção do bem-estar social, num quadro mais liberal da economia de
mercado. Aceita a promoção da justiça social e da solidariedade como funções do Estado, de forma menos
interventiva.

Os partidos europeus sociais-democratas e democratas cristãos contribuíram para a afirmação de um novo modelo de
Estado, mais intervencionista e atento às necessidades dos cidadãos: o Estado-Providência. O Welfare State (Estado
Providência) foi implementado na Europa, a partir de 1942, ainda em plena guerra, com base no relatório de William
Beveridge, defensor da necessidade do Estado combater os “cinco grandes males” da sociedade: a miséria, a
ignorância, a carência, a doença e a ociosidade. No relatório Beveridge, entre as medidas propostas, destacam-se: a
criação de um sistema de segurança social e de um serviço nacional de saúde na Inglaterra. Estas ideias foram
determinantes na ação do governo de Clement Attle, primeiro-ministro e líder do partido trabalhista.

A adoção de medidas semelhantes generalizou-se nos países democráticos da Europa capitalista do segundo pós-
guerra, contribuindo para a afirmação do Estado-Providência.

O modelo do Estado-Providência é caracterizado pelo intervencionismo do Estado e pela ampliação das suas
responsabilidades. Tem como objetivo promover sistemas públicos de educação, de saúde e de segurança social, para
criar uma sociedade melhor e mais justa. Cabe ao Estado assegurar, desde o nascimento até à morte, o bem-estar
económico e social dos cidadãos; promover uma mais justa redistribuição da riqueza; garantir um mínimo de
rendimento e a igualdade de oportunidades no acesso à segurança social e aos cuidados fundamentais; taxar
progressivamente os rendimento e proceder à sua redistribuição sob a forma de apoios sociais aos mais
desfavorecidos (subsídios de desemprego, de invalidez, de velhice, de doença, de abonos de família).

O Estado tornou-se o garante do bem-estar social, o dinamizador e o regulador da actividade económica. Neste
sentido, o modelo do Estado Providência afirmou-se como um importante fator de crescimento económico durante
os “Trinta Gloriosos”.

Estado-Providência
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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

Com a ascensão dos partidos de esquerda reformista ao poder, nos anos que se seguiram à guerra, o Estado-
Providência instituído nos anos 30 como resposta à crise económica ganhou novo impulso. Aproveitando os
financiamentos americanos no âmbito dos vários planos de apoio à reconstrução dos países destruídos pela guerra e
os tempos de prosperidade económica que se seguiram, os países capitalistas desenvolvem as conceções Keynesianas
e assumem uma clara intervenção na resolução das dificuldades económicas. Para o efeito, o Estado afirma-se como
elemento equilibrador e organizador da economia e promotor da justiça social.

O Estado passa a funcionar como elemento equilibrador ao constituir-se como grande empresa empregadora,
concorrendo com a iniciativa privada na criação de postos de trabalho. Neste caso, o Estado funciona como patrão ao
fornecer os investimentos públicos e privados, concretamente:

 Ao promover e financiar grandes obras públicas;


 Ao aumentar consideravelmente os quadros da administração pública e do aparelho militar e paramilitar;
 Ao assumir importantes participações no setor privado, onde aplica considerável parte dos seus recursos
orçamentais;

O Estado passa a funcionar como elemento regulador, quando o poder político intervém na orientação da política
económica e financeira nacional com medidas legislativas no sentido de submeter as diferentes atividades aos seus
objetivos. É nesta condição que, sem cair numa planificação rígida da economia que viesse a pôr em causa a
propriedade privada e a livre iniciativa, a autoridade pública intervém:

 Na nacionalização de setores vitais da economia, como o setor energético, o setor siderúrgico e


metalomecânico, o setor financeiro (bancos e seguros), os transportes,…;
 No controlo da produção industrial privada, visando estabelecer o equilíbrio entre a oferta e a procura;
 No estabelecimento de horários de trabalho em conformidade com as necessidades conjunturais;
 Na fixação de níveis salariais, para impedir os abusos e promover o consumo entre a população;
 Na supervisão de taxas de juro, de políticas cambiais, bem como na definição de regras claras de
funcionamento dos mercados financeiros;
 Na definição de políticas fiscais, no sentido de promover uma maior justiça social:

Como promotor da justiça social, é dever do Estado implementar sistemas de redistribuição mais equitativa da riqueza
nacional, canalizando a sua capacidade financeira para a promoção da qualidade de vida dos cidadãos mais
desfavorecidos pelas suas condições socioeconómicas.

Para conseguirem essa capacidade financeira, os governos adotam sistemas de tributação progressiva dos
rendimentos, de modo que o Estado possa absorver uma maior parte dos rendimentos dos mais ricos, através da
instituição de um complexa sistema de serviço social.

Neste âmbito, torna-se dever do Estado:

 Acautelar as situações de desemprego, de doença, de invalidez por acidente, de velhice, mediante a


atribuição de ajudas financeiras sob a forma de subsídios;
 Garantir serviços públicos de educação, saúde e habitação;
 Promover uma melhor qualidade de vida das famílias através da atribuição de um vasto leque de outras
ajudas financeiras em determinados atos da vida civil, como nascimento de filhos, aleitamento e educação
(abonos de família), casamento e óbito, mesmo instituindo um salário mínimo de sobrevivência para os mais
carenciados.

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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

O Mundo Comunista: O Expansionismo Soviético

 Mecanismos de Domínio:

O plano americano de ajuda ao Ocidente europeu constituiu argumento para Estaline adotar a mesma atitude
relativamente aos países submetidos à sua influência. A grande consequência da intervenção americana nas
economias da Europa Ocidental acabou por ser a confirmação do ambiente da Guerra Fria pela intensificação da
influência soviética nos países de leste:

 Intervenção política através do COMINFORM, uma organização internacional dos partidos comunistas dos
vários países integrantes do bloco socialista, sob coordenação do Partido Comunista da URSS, fundada em
1947 (substituiu o Komintern de 1919);
 Influência económica através da formação do COMECON, em 1949. Tratava-se de um conselho de assistência
económica mútua, através do qual se estabelecia a coordenação dos planos económicos dos países membros
e a ajuda financeira da URSS aos seus aliados;
 Influência militar, respondendo à formação da OTAN (NATO), com a formação em 1955, de um bloco militar
alternativo comunista – o Pacto de Varsóvia, que integrava a URSS e os seus estados-satélite.

Na Europa

A sovietização do leste da Europa consolidou-se a partir de 1948 com a “transformação de oito Estados em
democracias populares”. Na Polónia, na Roménia, na Bulgária, na Hungria, na Checoslováquia, na Jugoslávia, na Albânia
e na República Democrática Alemã (RDA), os partidos comunistas instalaram-se no poder. Nestes países, de
democracia popular, imperou a ideologia e o modelo soviético, ao qual estes países se subordinaram, constituindo-se
como satélites da URSS. Os partidos comunistas de cada país assumiram um lugar preponderante nos destinos
políticos das democracias populares. Estas, sob controlo da URSS, obedeceram aos interesses e estratégias soviéticas
seguindo, sem desvios, as directrizes emanas de Moscovo.

A aliança das democracias populares com a URSS foi reforçada, em termos militares, pela formação do Pacto de
Varsóvia. Esse tratado, que se assumiu como a resposta à formação da NATO, destinava-se a garantir a defesa militar
dos Estados comunistas da europa de Leste, sob a liderança da URSS, com o compromisso de promover a defesa
mútua.

A URSS garantia, nos países-satélite, a manutenção do seu poder. No entanto, o domínio da URSS nestes países
conheceu algumas cisões, como no caso da Jugoslávia de Josef Tito e da Albânia de Enver Hoxha. A Jugoslávia
procurou afastar-se do domínio absoluto de Estaline e implementou uma via própria do socialismo. A Albânia, nos
anos 60, não aceitou a condenação da política de Estaline, feita depois da sua morte, por Nikita Krushchev, novo líder
soviético, e rompeu com a URSS.

A hegemonia soviética na Europa de leste fez-se também pela força das armas, pondo fim a qualquer tentativa de
dissidência. Os movimentos de contestação ao domínio soviético foram fortemente reprimidos em Budapeste, na
Hungria e na Checoslováquia (Primavera de Praga) com a entrada de tanques russos nessas cidades, como forma de
calar a rebelião.

Na Alemanha oriental a fuga continuada de alemães para a RFA abalou o apaziguamento da Guerra Fria. De 12 para
13 de agosto de 1961, o governo da RDA iniciou a construção do muro de Berlim. Com o total isolamento de Berlim
Ocidental, ficou completa a divisão da Alemanha. Erguia-se o muro da vergonha”, um dos mais importantes símbolos
da Guerra Fria e do mundo Bipolar, transformado num tema de propaganda.
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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

Na sequência das conferências de paz, praticamente todos os países de Leste tinham aderido ao modelo parlamentar
de tipo ocidental, em que os partidos comunistas, apesar de fortes eram minoritários. Neste quadro, perante as
dificuldades em os partidos comunistas ascenderem ao poder pela via democrática, Jdanov impõe nos países de Leste
a rutura com o imperialismo ocidental pela instituição das democracias populares com recurso à força.

As democracias populares eram formas políticas de transição entre a democracia parlamentar e o centralismo
democrático. Na prática, continuava a existir o pluripartidarismo e a haver eleições consideradas livres. Todavia, os
partidos comunistas foram-se impondo gradualmente no domínio dos aparelhos de Estado, transformando as
democracias liberais em democracias de tipo soviético. O processo de conquista do poder foi igual em todos os países:

 Numa primeira fase, o Partido comunista procurava formar com outros partidos de esquerda governos de
coligação, onde conseguia a tutela dos ministérios mais importantes e influentes;
 Numa segunda fase, utilizava o poder para apoiar organizações de base, como sindicatos e milícias armadas,
de que se servia pressionar os setores da oposição liberal. Esta pressão podia mesmo passar pela
perseguição política, eliminação física ou prisão em consequência de processos judiciais obscuros;
 Após a generalização da repressão sobre as forças liberais, estas foram perdendo influência, acabando por
se remeterem à inoperância política com o silêncio ou a fuga dos seus dirigentes;
 Finalmente, o poder tornou-se propriedade exclusiva das classes trabalhadoras, cuja vanguarda era
constituída pelos partidos comunistas. É o centralismo democrático na plenitude do seu exercício;

O exercício do poder totalitário nestes países contava com o apoio do exército vermelho, que passa a ser constituído
como força militar integrante do Pacto de Varsóvia.

Na Ásia

Guerra da Coreia (1950 - 1953) - foi um conflito armado entre Coreia do Sul e Coreia do Norte. Teve como pano de
fundo a disputa geopolítica entre Estados Unidos (capitalismo) e União Soviética (socialismo). Foi o primeiro conflito
armado da Guerra Fria, causando apreensão no mundo todo, pois houve um risco iminente de uma guerra nuclear em
função do envolvimento direto entre as duas potências militares da época.

 Causas da Guerra:
 Divisão ocorrida na Coreia, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Após a rendição e
retirada das tropas japonesas, o norte passou a ser aliado dos soviéticos (socialista),
enquanto o sul ficou sob a influência norte-americana (capitalista). Esta divisão gerou
conflitos entre as duas Coreias.
 Após diversas tentativas de derrubar o governo sul-coreano, a Coreia do Norte invadiu a
Coreia do Sul em 25 de Junho de 1950. As tropas norte-coreanas conquistaram Seul
(capital da Coreia do Sul).
 O Desenvolvimento da Guerra:
 Logo após a invasão norte-coreana, as Nações Unidas enviaram tropas para a região a fim
de expulsar os norte-coreanos e devolver o comando de Seul para os sul-coreanos.
 Os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da Coreia do Sul, enquanto a China (aliada
da União Soviética) enviou tropas para a zona de conflito para apoiar a Coreia do Norte.
 Em 1953, a Coreia do Sul, apoiada por Estados Unidos e outros países capitalistas,
apresentava várias vitórias militares.
 Sangrentos conflitos ocorreram em território coreano, provocando a morte de
aproximadamente 4 milhões de pessoas, sendo que a maioria era composta por civis.
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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

 Fim da Guerra
 Em Julho de 1953, o governo norte-americano ameaçou usar armas nucleares contra
Coreia do Norte e China caso a guerra não fosse finalizada com a rendição norte-coreana.
 Em 28 de Março de 1953, Coreia do Norte e China aceitaram a proposta de paz das
Nações Unidas.
 Em 27 de Julho de 1953, o tratado de paz foi assinado e decretado a fim da guerra.

A Guerra da Coreia contribuiu para o extremar de posições anticomunistas e antiamericanas, acentuando a tensão
ideológica na primeira fase da Guerra Fria.

A China tornou-se o maior Estado comunista na Ásia após o fim Segunda Guerra Mundial. Mao Tsé-Tung fundou a
República Popular da China em 1949. Reconhecido pela URSS, o novo Estado comunista contribuiu para alargar, de
forma decisiva, a influência soviética na Ásia. Em Fevereiro de 1950, a China assinou o Tratado de Amizade, Aliança e
Assistência Mutua com a URSS, confirmando o alinhamento da nova República Popular com o modelo soviético. Entre
1949 e 1956, a China de Mao seguiu o modelo soviético.

O expansionismo soviético na Ásia manifestou-se no Vietname, onde Ho Chi Minh foi apoiado pela URSS. No Vietnam
deflagrou um dos mais longos conflitos da Guerra Fria que opôs os EUA, apoiantes do Vietname do Sul, com capital
em Saigão, e a URSS, apoiante do Vietname do Norte, com capital em Hanói. O conflito terminou com a derrota do sul
e dos americanos, com a reunificação do país e com a instauração, em 1975, da República Socialista do Vietname.

Na América e na África

A Guerra Fria deslocou-se também para o continente americano, onde os EUA e a URSS disputaram zonas de
influência. Cuba, nos anos 60, foi um dos cenários de maior tensão entre as duas superpotências. Fidel Castro, em
1953, liderou um golpe de Estado falhado contra o governo ditatorial de Fulgêncio Batista, presidente cubano,
apoiado pelos EUA. A partir do México, juntamente com o seu irmão, Raúl Castro e Che Guevara, Fidel liderou a
revolução Cubana que destituiu, em 1959, o governo de Fulgêncio Batista. Foi instaurado um Estado Socialista
Revolucionário que implementou uma série de reformas no sentido de abolir a propriedade privada e de nacionalizar
a economia.

Os EUA, receosos com a propagação do comunismo no continente americano, iniciaram um embargo a Cuba e
apoiaram um golpe contrarrevolucionário, conhecido como a invasão da Baía dos Porcos, que, no entanto, falhou.
Fidel Castro aproximou-se, progressivamente, da URSS. Em 1962, respondeu à invasão da Baía dos Porcos e à
colocação de mísseis americanos, voltados para a União Soviética, na Grã-Bretanha, em Itália e na Turquia. Krushchev
ordenou a instalação de mísseis em Cuba, capazes de alcançar os EUA, colocando o sul do território Americano sob
ameaça. Desencadeou-se a crise dos misseis de Cuba que se constituiu como um dos episódios mais quentes deste
período. O mundo ficou suspenso pelo terror, pois o risco de eclosão de uma guerra nuclear era eminente.

A “guerra de nervos” entre as duas superpotências acabou por ser resolvida através de iniciativas diplomáticas, entre
John Kennedy, presidente Americano, e o líder Soviético, Nikita Krushchev. Os EUA comprometeram-se a não invadir
Cuba e a desinstalar os mísseis americanos da Turquia, em troca da retirada dos misseis soviéticos de Cuba.

Cuba passou a deter, a partir dos anos 60, um papel importante na difusão do comunismo. No continente americano,
apoiou tentativas revolucionárias (Guatemala, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia); Em África (Etiópia, Angola e
Moçambique) enviou conselheiros militares e guerrilhas pró-soviéticas, com vista a apoiar os movimentos
independentistas na conquista do poder, ou nas guerras civis que eclodiram entre movimentos de libertação rivais,
sobretudo durante os anos 70.
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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

Opções e Realizações da Economia de Direção Central

O modelo económico soviético foi seguido no mundo comunista, nomeadamente nos países de democracia popular,
após a Segunda Guerra Mundial. Neste sentido, os respectivos governos procederam à colectivização forçada das
terras e à nacionalização das fábricas, das minas, dos transportes e da banca, adotando os planos quinquenais como
forma de organização e de planificação económica. Beneficiaram também do auxílio económico concedido por
intermédio da COMECON. Deste modo, foi possível garantir a reconstrução, o desenvolvimento agrícola e a rápida
industrialização desses países.

Quanto à economia da URSS, depois da Segunda Guerra Mundial, Estaline voltou a implementar os Planos
Quinquenais e conseguiu recuperar os níveis económicos anteriores à guerra. No entanto, continuou a privilegiar-se a
indústria pesada em detrimento dos bens de consumo e da agricultura. Em 1953, a URSS afirmava-se como a segunda
potência Mundial.

Depois da morte de Estaline, a URSS seguiu um rumo político que rompeu com o Estalinismo, com consequências na
economia. Nikita Krushchev, o novo líder da Rússia soviética depois de 1953, levou a cabo a desestalinização. Após
condenar os erros do regime de Estaline, nomeadamente, o culto da personalidade, procurou liberalizar o regime
(para além de ter condenado os crimes de Estaline, procedeu à abertura dos campos de trabalho, libertando milhões
de prisioneiros políticos, reabilitou aqueles que tinham sido perseguidos pelo estalinismo, procedeu ao abrandamento
da censura e renovou os quadros do partido, mediante a aprovação de novos estatutos, procurou, também, uma
aproximação face às outras potências – a chamada Coexistência Pacífica), tanto em termos políticos, como
económicos. No domínio económico Krushchev procedeu a transformações no setor agrícola e industrial. Em termos
agrícolas, pôs fim às requisições obrigatórias; procurou aumentar a área cultivada, através do arroteamento das terras
incultas, na Sibéria e no Cáucaso; conferiu maior autonomia às quintas coletivas (Kholkhoz), cuja produção passou a
ser comprada pelo Estado a preços mais elevados; eliminou as estações de máquinas e tractores e autorizou a compra
de maquinaria.

Em termos industriais, o governo de Krushchev procedeu ao reajustamento anual dos planos quinquenais, que
passaram a poder ser prolongados até sete anos; deu particular atenção à indústria química e aos bens de consumo;
criou conselhos económicos regionais (sovnarkhoz) que, mediante a descentralização, se encarregavam da gestão
económica de uma região, substituindo a planificação da economia feita centralmente; aumentou os salários com
vista a estimular a produção e apostou na construção de habitações. A liberalização ocorrida na URSS também se
verificou nos países de democracia popular. A política económica de Krushchev alcançou algumas melhorias nos
indicadores económicos, mas continuaram a verificar-se problemas estruturais.

A partir dos anos 70, durante a governação de Leonid Brejnev, os problemas estruturais agravaram-se, ficando a sua
ação conhecida como a “era da estagnação”. Do ponto de vista económico, a URSS entra num impasse. O aumento
excessivo das despesas militares, os empréstimos aos países-satélite, uma máquina burocrática pesada, o sistema
ineficiente e corrupto e o envolvimento na Guerra do Afeganistão contribuíram para a estagnação económica da
URSS.

A agricultura não produzia de modo a garantir a autossuficiência, o que obrigou à importação de bens essenciais e ao
crescente endividamento. Cerca de ¼ do investimento soviético era absorvido num setor agrícola atrasado. O
crescimento industrial também foi insuficiente, tendo declinado significativamente. No entanto, os preços
mantiveram-se geralmente estáveis, pelo facto dos produtos serem subsidiados pelo Estado. A escassez foi uma
característica desta época, pelo que as longas filas, para adquirir os bens essenciais, faziam parte do dia a dia dos
cidadãos soviéticos.
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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

O modelo de economia de direção central, implementado no mundo comunista, ainda que tenha conhecido
momentos de expansão e de desenvolvimento, nos anos 50 e 60, acabou por contribuir para a estagnação e para o
declínio, quer da URSS, quer dos países do Bloco de Leste. A excessiva intervenção do Estado na economia e a falta de
concorrência limitaram o progresso económico, acentuando os bloqueios estruturais de um modelo que tinha
relegado a competitividade para um plano secundário, comprometendo a inovação e a produtividade.

Em suma…

 Ação de Estaline

Estaline, estimulado pela competição com o bloco capitalista, no quadro da Guerra Fria, retomou o modelo da
economia planificada, que concretizou com a aplicação de novos planos Quinquenais. No âmbito do IV plano, lançado
imediatamente a seguir à guerra e a vigorar até 1950, foi:

 Privilegiado o desenvolvimento da indústria pesada, nomeadamente o relançamento dos setores


hidroeléctrico e siderúrgico, considerados estruturantes na recuperação económica da União e na sua
afirmação no mundo industrializado do séc. XX;
 Concedido grande relevo à investigação científica, tendo em vista a produção de armamento e a
conquista do espaço interplanetário;

No âmbito do V Plano Quinquenal, entre 1950 e 1955, Estaline:

 Mantém as preocupações em dotar a União Soviética de um poderoso setor industrial de base;


 E empenha-se, também, no desenvolvimento dos meios de comunicação;

O sucesso foi imediato, tão evidentes foram os resultados dos programas de industrialização:

 Em 1949, a União Soviética já produzia a bomba atómica;


 Em 1957, já lançava o seu primeiro satélite artificial;
 Em finais da década, afirmava-se como a segunda potência industrial do mundo;

Todavia, a orientação económica estalinista não tinha em conta a necessidade de produzir bens de consumo e de criar
outras condições socioeconómicas, no sentido de repor os níveis de produtividade capazes de proporcionar o bem-
estar das populações. Em vez de acompanhar o grande crescimento económico do Estado, o nível de vida do país
soviético degradava-se cada vez mais. Por outro lado, os excessos do centralismo estavam na origem do
fortalecimento do aparelho burocrático, que acabava por constituir um bloqueio à capacidade de iniciativa e ao
crescimento.

 Ação de Kruchtchev (1953-1964)

É contra esta orientação que se afirma Kruchtchev, sucessor de Estaline, no XX Congresso do PCUS, em 1956.
Efetivamente, a partir de 1959, no âmbito da sua política de desestalinização e de reformas do regime, o novo
dirigente soviético contestou a rigidez e os excessos da centralização estalinista e assume como prioridade o aumento
da produção de bens de consumo, industriais e agrícolas, desvalorizando as preocupações com a indústria pesada. Ao
rigor dos planos Quinquenais, contrapõe uma economia também dirigida, mas sujeita a planos anualmente ajustáveis
prolongados por sete anos, considerando ser desta forma que a economia soviética melhor podia responder à
concorrência capitalista dos países ocidentais.

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Resumo História A Daniel Lourenço 12º H2
2º Período

 Ação de Brejnev (1964-1982)

Brejnev regressa aos excessos do centralismo e à prioridade à indústria militar em tempo de agravamento das tensões
Este-Oeste. Tenta a exploração dos recursos naturais (ouro, gás e petróleo da Sibéria), porém os tempos são já de
dificuldades financeiras e os custos do processo inviabilizam a sua implementação. Com Brejnev, confirma-se o tempo
dos excessos da burocracia e do aumento incontrolado da corrupção.

A Escalada Armamentista e o Início da Era Espacial

O mundo Bipolar estava consolidado e, neste contexto, a corrida aos armamentos e a corrida espacial, por parte das
duas superpotências, inseriu-se no âmbito de uma estratégia militar. Esta estratégia visava conter a ameaça inimiga,
demonstrar o poder de cada um dos blocos e dissuadir a eventualidade de um ataque por parte de cada uma das
superpotências. A corrida ao armamento manifestou-se no desenvolvimento das armas convencionais e, em especial,
das armas nucleares, o que deixava o mundo suspenso, num equilíbrio pelo terror. A eclosão de um confronto direto
entre os dois blocos significaria não só a aniquilação completa do inimigo, mas também a destruição do planeta.

A tensão crescente e a necessidade de fazer face às ameaças durante a Guerra Fria levaram a que tanto os EUA como
a URSS canalizassem esforços e enormes recursos financeiros para o desenvolvimento de armas cada vez mais
sofisticadas, quer no alcance, quer no nível de destruição. A corrida ao armamento foi favorecida, também, pelos
custos, relativamente baixos, do armamento nuclear quando comparados com o convencional. Conforme se dizia na
gíria militar americana, era possível “matar mais por menos dinheiro”. A sofisticação assumiu novos contornos quando
se introduziram os misseis antibalísticos que tinham capacidade para interceptar os mísseis inimigos, possibilitando a
cada uma das superpotências garantir uma melhor defesa contra um ataque nuclear. A criação de veículos de
transporte de misseis possibilitou o seu lançamento a partir de qualquer lugar e contra diferentes alvos, o que
potenciou a ameaça dos tanques. Enquanto os EUA construíram uma série de bases nucleares na Europa, no Médio
Oriente e na Ásia, a URSS manteve, sobretudo, bases de misseis, nos países satélites, na Europa.

A Guerra Fria alimentou também a corrida ao espaço. Kennedy e Krushchev viram na corrida ao espaço uma
demonstração de poder científico, tecnológico, com alcance militar, que tinha também um grande impacto na opinião
pública mundial.

Nos primeiros anos, a vantagem esteve ao lado da URSS: em 1957, colocou em órbita o primeiro satélite artificial, o
Sputnik1; em 1957, o Sputnik 2 colocou em órbita o primeiro ser vivo (a cadela Laika); em 1961, Yuri Gargarin foi o
primeiro homem a viajar na órbita terrestre.

Em 1969, os EUA tomaram a liderança na corrida espacial quando a nave Apolo 11, tripulada pelos astronautas Neil
Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins, atingiu a órbita lunar. Armstrong e Aldrin pisaram o solo lunar, o que, nas
palavras de Armstrong, significou “um pequeno passo para o Homem, um salto gigantesco para a humanidade”.

A competição entre as duas superpotências estava no auge e a tensão ideológica entre o Bloco Ocidental e o Bloco de
Leste, entre o capitalismo e o comunismo, reflectia-se na escalada do armamento e no domínio do espaço.

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