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Requisitos

Notariado dos
instrumentos notariais
Notariado
Requisitos dos instrumentos notariais (art.º 46.º)

• Para que um instrumento seja facilmente compreensível é necessário que ele


se encontre logicamente ordenado, que os elementos que o compõe estejam
devidamente encadeados e arrumados.

• Os diversos elementos afins devem ocupar um lugar próprio, ordenado,


evitando-se a confusão, a falta de clareza e a compreensão do documento.

• As formalidades a observar nos instrumentos notariais, constam do art.º 46.º e


aplicam-se quer aos instrumentos lavrados nos livros de notas, quer aos
exarados fora das notas.
Notariado

Requisitos dos instrumentos notariais

• A tradição, tendo em vista um bom ordenamento do conteúdo, consagrou a


existência, no instrumento, de três partes essenciais.
Notariado Primeira parte
• Corresponde à abertura do documento,
Formalidade começando pela denominação do ato,
s comuns o mencionando-se, depois, a data e o lugar da
celebração, a identificação do cartório, de quem
Formalidad presidiu à sua celebração, dos outorgantes e das
pessoas que eles representem e a verificação da
es comuns identidade dos intervenientes.
Notaria
Notariado Segunda parte
Formalidade • Destina-se à narração do ato jurídico e é
s comuns constituída pelo conteúdo do ato onde é habitual,
quando se descrevem prédios e o instrumento
do contém factos sujeitos a registo, fazer as menções
relativas à matriz e ao registo.
Formalidad
es comuns
Notariad Terceira parte
o • Destina-se ao fecho ou encerramento do ato

FNotariado
inserindo-se as demais formalidades exigíveis,
designadamente as respeitantes ao arquivamento
ou exibição de documentos, à intervenção de
Formalidade abonadores, testemunhas, intérpretes, peritos,
s comuns leitores, e às advertências, terminando com a
leitura e explicação do instrumento, as assinaturas
alidades devidas e as referências à conta e à liquidação do
imposto de selo.
comuns
Denominação do ato
Notariado
Formalidade • A lei não exige referência a este
elemento, sendo, no entanto
s comuns conveniente para identificar o tipo de
ato lavrado. Porém, é o conteúdo do
ato que define o negócio jurídico
titulado e não a denominação do ato.
Data, lugar e hora da realização do ato
(art.º 46.º, n.º 1, a)

• O instrumento deve conter a data e o lugar em


Notariado que foi lavrado e, se solicitado pelas partes, a
Formalidade indicação da hora em que se realizou.
s comuns • A falta destes requisitos tem como
consequência a nulidade do ato por vício de
forma, nos termos da alínea a) do n.º 1 do
art.º 70.º.
Funcionário que intervém no ato
(art.º 46.º, n.º 1, b)
Notariado
Formalidade
s comuns • O nome completo do funcionário que
nele interveio, a menção da respetiva
qualidade e a designação do cartório.
Identificação dos outorgantes
(art.º 46.º, n.º 1, c)

• Os outorgantes que intervêm em posição


jurídica diferente são identificados
separadamente;
Notariado
Formalidade • Sendo pessoas físicas: pelo nome completo,
estado, naturalidade e residência habitual.
s comuns
• Se o instrumento titular factos sujeitos a
registo deve conter ainda, se os outorgantes
forem casados, o nome completo do cônjuge
e do respetivo regime matrimonial de bens
(art.º 47.º, n.º1).
Identificação dos outorgantes
(art.º 46.º, n.º 1, c)

• Sociedades – as sociedades identificam-se nos


termos da lei comercial, ou seja, pela
indicação da firma, tipo, sede, conservatória
Notariado onde se encontra matriculada, número de
matrícula e, se for o caso, que a sociedade se
Formalidade encontra em liquidação (art.º 171.º CSCom);
s comuns
• Demais pessoas coletivas – identificam-se
pela menção da denominação, sede e número
de identificação de pessoa coletiva.

• O número individual de contribuinte (NIF)


apenas deve ser indicado quando do ato
resultem obrigações fiscais.
Verificação da identidade
(art.º 46.º, n.º 1 d) e art.º 48.º)

• Conhecimento pessoal do notário;

Notariado
• Bilhete de identidade, documento
Formalidade
equivalente (documentos emitidos
s comuns
por entidades militares ou
paramilitares), cartão de cidadão ou
carta de condução, se estes
documentos tiverem sido emitidos
por um dos países da União
Europeia).
Verificação da identidade
(art.º 46.º, n.º 1 d) e art.º 48.º)

• São também reconhecidos para


Notariado verificação da identidade os bilhetes de
identidade emitidos por São Tomé e
Formalidade
Príncipe, Guiné-Bissau, Angola e
s comuns
Moçambique, bem, como os bilhetes de
identidade brasileiros.

• Exibição de passaporte;

• Declaração de dois abonadores.


Verificação da identidade
(art.º 46.º, n.º 1 d) e art.º 48.º)

Para a verificação da identidade não podem


Notariado ser aceites:
Formalidade a)Documentos cujos dados não coincidam com
s comuns os elementos de identificação fornecidos;
b)Documentos cujo prazo de validade tenha
expirado.

• As testemunhas instrumentárias podem


servir de abonadores;
Representação
(art.º 46.º, n.º 1 e) e art.º 49.º)

• Menção das procurações e dos documentos


Notariado e dos documentos relativos ao instrumento
Formalidade que justifiquem a qualidade e procurador e
s comuns de representante mencionando-se …

• Representação de pessoas coletivas e


sociedades (art.º 49.º).
Notariado Demais formalidades
(art.º 46.º, n.º 1, f) a j)
Formalidade
s comuns
Leitura e explicação dos atos
(art.º 46.º, n.º 1, l ) e art.º 50.º)

• Menção de haver sido feita a leitura do


Notariado
instrumento …(art.º 46.º, n.º, l);
Formalidade
s comuns • Leitura e explicação dos atos (art.º 50.º).
Assinatura
(art.º 46.º, n.º 1, m) e n) e art.º 51.º)

Notariado • A indicação dos outorgantes que não

Formalidade assinem … (art.º 46.º, n.º 1, m);

s comuns
• As assinaturas, em seguida ao contexto …
(art.º 46.º, n.º 1, n);

• Impressões digitais (art.º 51.º).


Rubrica das folhas não assinadas
(art.º 52.º)

Notariado
Formalidade
• As folhas dos instrumentos lavrados fora
s comuns dos livros…
Artigo 46.º, n.º 3

• Nas escrituras de repúdio de herança ou de


Notariado
legado deve ser mencionado se o
Formalidade repudiante tem descendentes (art.º 46.º,
s comuns n.º 3 e art.º 2062.º do CCivil);
Artigo 46.º, n.º 4

Notariado • Se algum outorgante não for português,


Formalidade deve fazer-se constar a sua nacionalidade
s comuns (art.º 46.º, n.º 4);
Notariado Menções especiais
Notariado

Menções especiais (art.º 47.º)

• Titulação de atos sujeitos a registo (art.º 47.º, n.º 1, a);

• Habilitações de herdeiros (art.º 47.º, n.º 2);

• Testamentos (art.º 47.º, n.º 4): deve conter:


• A data de nascimento do testador;
• O nome completo dos pais.
Notariado
Requisitos especiais
Notariado

Menções relativas ao registo predial (art.º 54.º)

• Os instrumentos respeitantes a factos sujeitos a registos devem mencionar os


números das descrições dos respetivos prédios na conservatória ou a
declaração de ainda não se encontrarem descritos (art.º 54.º, n.º 1);

• Princípio da legitimação de direitos: art.º 54.º, n.º 2 e 55.º do CN; e art.º 9.º
do CRPredial
Notariado

Menções relativas ao registo predial (art.º 54.º)

Prova:
• Dos números das descrições (n.º 4)

• Prédios não descritos: certidão válida por três meses (art.º 54.º, n.º 5)
Notariado

Menções relativas à matriz (art.º 57.º)

• Nos instrumentos em que se descrevam prédios rústicos, urbanos ou mistos


deve indicar-se o número da respetiva inscrição matricial ou, no caso de nela
estarem omissos, consignar-se-á a declaração de haver sido apresentada na
repartição de finanças a participação para a sua inscrição.

• A prova dos artigos matriciais é feita pela exibição de caderneta predial


actualizada ou certidão de teor da inscrição matricial, passada com
antecedência não superior a um ano.
Harmonização com a matriz e o registo (art.º 58.º CN e art.º 28.º do CRPredial)

• Se o instrumento respeitar a factos sujeitos a registo, a identificação dos


prédios, deve ser feita em harmonia com a inscrição da matriz ou com o
pedido de correção ou alteração:

• Quanto à localização, área e artigo de matriz, tratando-se de prédios


rústicos onde vigore o cadastro geométrico;

• Quanto à área e artigo de matriz, tratando-se de prédios rústicos onde


não vigore o cadastro geométrico;

• Quanto à área e artigo de matriz, tratando-se de prédios urbanos.


Harmonização com a matriz e o registo (art.º 58.º CN e art.º 28.º do CRPredial)

Concelho com CGPR

Localização Área Artigo/Matriz

Lugar da Portela 1200m2 4325


Descrição

Matriz Lugar da Portela 1200m2 4325


Harmonização com a matriz e o registo (art.º 58.º CN e art.º 28.º do CRPredial)

Concelho sem CGPR

Localização Área Artigo/Matriz

Descrição
Lugar da Portela 1200m2 4325

Matriz
Lugar da Ponte 1200m2 4325
Notariado
Harmonização com a matriz e o registo (art.º 58.º)

Caso exista diferença quanto à área entre:


• A descrição e a inscrição matricial; ou
• Tratando-se de prédio não descrito, entre o título e a inscrição matricial - é
dispensada a harmonização se a diferença não exceder, em relação à área
maior:
• 20%, nos prédios rústicos não submetidos ao cadastro geométrico;
• 5%, nos prédios rústicos submetidos ao cadastro geométrico;
• 10%, nos prédios urbanos ou terrenos para construção.
Harmonização com a matriz e o registo (art.º 58.º CN e art.º 28.º do CRPredial)

Concelho sem CGPR

Localização Área Artigo/Matriz

Descrição
Lugar da Portela 1000m2 4325

Matriz
Lugar da Ponte 1248m2 4325
Harmonização com a matriz e o registo (art.º 58.º)

• A identificação dos prédios também deve ser feita em harmonia


Notariado com a respetiva descrição predial, salvo se os interessados
esclarecerem que a divergência resulta de alteração superveniente
ou de simples erro de medição (art.º 58.º, n.º 2).

• O simples erro de medição previsto no n.º 2 do art.º 58.º


comprova-se nos termos dos art.ºs 28.º-C do CRPredial.
Notariado

Constituição de propriedade horizontal (art.º 59.º)

• Documento passado pela câmara municipal (n.º 1);

• Substituição do documento camarária/prédio construído para transmissão em


frações autónomas (n.º 2);

• Transmissão de direitos reais sobre frações autónomas (art.º 62.º)


Regime especial dos testamentos (art.º 61.º)

• Aos testamento não é aplicável o disposto nos

Notariado
artigos 54.º a 58.º.
Notariado

Documentos complementares (art.º 64.º)

• Os bens que constituam o objeto do ato, os estatutos das associações, fundações e


sociedades e as cláusulas contratuais dos atos, podem ser descritos em documento
separado, desde que se observem as regras de escrita dos atos (art.º 40.º),
Notariado

Intervenientes acidentais
Intervenientes acidentais (art.ºs 65.º a 69.º)

Intervenientes acidentais são aquelas pessoas que intervêm


no ato acidentalmente, em determinadas circunstâncias,
Notariado regra geral:
• Identificar as partes (abonadores);
• Interpretar a língua portuguesa porque os outorgantes
não a compreendem ou são mudos ou surdos-mudos
(intérprete);
• Verificar a sanidade mental (peritos);
• Suprir a surdez ou cegueira de algum outorgante (leitor);
• Quando a natureza do próprio ato exige essa intervenção
(testemunhas, quando se trate de testamentos ou atas).
Requisitos de capacidade (art.º 68.º)

A lei estabelece certos requisitos de capacidade, não podendo


ser abonadores, interpretes, peritos, tradutores ou
testemunhas:
• Os que não estiverem no seu perfeito juízo;
• Os que não entenderem a língua portuguesa;
• Os menores não emancipados, os surdos, os mudos e os
Notariado cegos;
• Os funcionários e o pessoal contratado em qualquer regime
em exercício no cartório notarial;
Notariado

Requisitos de capacidade (art.º 68.º)

• O cônjuge, os parentes e afins, na linha reta ou em 2.º grau da linha


colateral, tanto do notário que intervier no instrumento como de qualquer
dos outorgantes, representantes ou representados;
• O marido e a mulher, conjuntamente;
• Os que, por efeito do ato, adquiram qualquer vantagem patrimonial;
• Os que não saibam ou não possam assinar.
Notariado

Requisitos de capacidade (art.º 68.º)

• Ao notário compete verificar a idoneidade dos intervenientes acidentais, podendo


recusar a respetiva intervenção se não os considerar dignos de crédito (art.º 68.º,
n.ºs 3 e 4).
Consequências da incapacidade/Art.º 71.º, n.º 2

• A incapacidade ou inabilidade dos intervenientes acidentais


Notariado tem como consequência a nulidade do ato.
Notariado

Intervenientes acidentais

• A intervenção dos intervenientes acidentais só pode efetuar-se de acordo com o


número de intervenientes previstos na lei, isto é:
• Duas testemunhas (art.º 67.º, n.º 3);
• Dois peritos (art.º 173.º, n.º 2);
• Um intérprete (art.º 65.º, n.º 1);
• Um leitor (art.º 66.º, n.º 1);
• Um tradutor (art.º 172.º, n.º 3).
Notariado

Intervenientes acidentais

• Regra geral, não é permitida a intervenção de qualquer interveniente acidental


em mais de uma qualidade , exceto o caso previsto no art.º 48.º, n.º 4, que
permite que as mesmas pessoas possam ser testemunhas e abonadores,
simultaneamente.

• A identificação dos intervenientes acidentais é feita, geralmente no final do texto,


pela indicação do nome completo, estado e residência habitual, nos termos
previstos na alínea h) do art.º 46.º.
Intervenientes acidentais

Abonadores

• Os abonadores podem intervir no instrumento para verificação da


identidade dos outorgantes, como resulta da alínea d) do n.º 1 do art.º
48.º;
Intervenientes acidentais
Intérprete (art.º 65.º)

Pode, por vezes, ser necessário a intervenção de um intérprete, por razões de ordem
linguística:
• Quando algum outorgante não compreenda a língua portuguesa, intervém com ele
um intérprete da sua escolha, o qual deve transmitir, verbalmente, a tradução do
instrumento ao outorgante e a declaração de vontade ao notário (art.º 65.º, n.º 1).

• Se houver mais de um outorgante, e não for possível encontrar uma língua que
todos compreendam, intervêm os intérpretes que forem necessários, sendo, porém,
dispensada a intervenção do intérprete se o notário dominar a língua dos
outorgantes a ponto de lhes fazer a tradução verbal do instrumento (art.º 65.º, n.º 1
e 2).
Intervenientes acidentais
Surdos e mudos (art.º 66.º)

Outorgante surdo (n.º 1):


• Deve ler o instrumento em voz alta;
• Se não souber ou não puder ler, pode designar uma pessoa que proceda
a uma segunda leitura e lhe explique o conteúdo (leitor-intérprete).

Outorgante mudo (n.º 2):


• Se souber e puder ler e escrever deve declarar, por escrito, no próprio
instrumento e antes das assinaturas, que o leu e reconheceu conforme à
sua vontade;
• Se não souber ou não puder escrever, deve manifestar a sua vontade
por sinais que o notário e os demais intervenientes compreendam; e
• Se nem isso for possível, deve intervir no ato um intérprete que, na
presença de todos os intervenientes, proceda a segunda leitura e lhe
explique o conteúdo.
Intervenientes acidentais
Peritos médicos (art.º 67.º, n.º 4)

• A lei admite a intervenção, nos instrumentos, de peritos médicos para


abonarem a sanidade mental dos outorgantes a pedido destes ou do
notário (art.º 67.º, n.º 4).

• Os peritos são auxiliares do notário, como o são todos os intervenientes


acidentais, sendo relevante a sua qualificação profissional e científica,
assessorando o titulador na respetiva qualificação, quer ao nível
intelectual ou capacidade de entender quer ao nível volitivo ou
capacidade de querer.
Notariado

Intervenientes acidentais
Peritos /Art.ºs 67-º, n.º 4

• Mesmo que o notário não tenha qualquer dúvida acerca das faculdades mentais dos
intervenientes, podem as partes pedir a intervenção dos peritos para abonarem a sua
sanidade mental.

• Pode acontecer que o notário tenha certeza da incapacidade da parte. Neste caso,
deve recusar a prática do ato, bem como a intervenção dos peritos, pois a estes
compete afastar as dúvidas acerca da sanidade mental e não afastar certezas.
Notariado

Intervenção de Testemunhas/Art.º 67.º

• Pode ser obrigatória ou facultativa.

É obrigatória:
• Nos testamentos públicos;
• Nos instrumentos de aprovação ou de abertura de testamentos cerrados e
internacionais;
• Nas escrituras de revogação de testamentos;

• A intervenção de testemunhas nestes atos pode ser dispensada pelo notário se


houver urgência e dificuldade em as conseguir, devendo fazer-se menção expressa
desta circunstância no texto (art.º 67.º, n.º 2).
É facultativa:

• Em substituição da aposição digital, nos termos do n.º 4 do


art.º 51.º;
Notariado
Intervenção de • Noutros instrumentos em que o notário ou alguma das
testemunhas (art.º 67.º) partes exija essa intervenção, exceto nos protestos de
títulos de crédito.
Juramento/Art.º 69.º

• Os intérpretes, peritos e leitores, devem prestar,


Notariado perante o notário, o juramento ou compromisso de
Intervenientes acidentais honra de bem desempenhar as suas funções,
devendo esta referência constar do texto, com a
indicação dos motivos que determinaram a sua
intervenção (art.º 46.º, n.º 1, i).

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