Escritura pública
Versus
Escritura pública:
• Não existe uma definição legal de escritura pública, embora o conceito se encontra
há muito tempo firmado no ordenamento jurídico. Existem, assim, elementos que
a caracterizam:
a) A competência para lavrar escrituras públicas pertence aos notários (art.º 4.º,
n.º 2, b) do CN);
b) A escritura é um documento em que a declaração de vontade é consignada
por forma expressa e escrita, elaborada pelo notário e subscrito pelos
outorgantes;
Escritura pública:
c) Na escritura pública o papel do notário não se traduz na mera autenticação
das assinaturas das partes e das suas declarações. É o notário que elabora o
documento (art.º 42.º, n.º 2), exprimindo, solenizando e autenticando a
vontade das partes;
d) O original da escritura pública fica arquivado (art.º 36.º, n.º 1 do CN);
e) A escritura pública obedece ao um rigoroso procedimento, devendo a mesma
ser redigido em língua portuguesa, devendo nela observar-se as exigências da
simultaneidade da presença de todos os intervenientes, o controlo da
identidade das partes, a validade da sua representação, a legalidade do ato.
Documento particular autenticado, enquanto título dos atos elencados no art.º 22.º
do DL 116/2008.
• Também não existe uma definição legal de documento particular para este
efeito.
Documento particular autenticado, enquanto título dos atos elencados no art.º 22.º
do DL 116/2008.
Primeiro momento:
• O documento particular é outorgado e assinado pelas partes.
• A entidade autenticadora não outorga o documento, não consigna as
declarações de vontade por forma expressa e adaptada ao normativo aplicável
ao negócio jurídico;
• A entidade autenticadora não subscreve o documento com as partes;
• Pode, no entanto, enquanto profissional habilitado, auxiliar as partes na redação
do documento ou redigir o próprio documento que depois será assumido e
assinado apenas pelas partes.
Documento particular autenticado, enquanto título dos atos elencados no art.º 22.º
do DL 116/2008.
Segundo momento:
• O documento assinado pelas partes é apresentado à entidade autenticadora,
para autenticação;
• Não há prazo, a partir da data da assinatura do documento, para autenticação;
• A função autenticadora dos documentos particulares que titulem atos
elencados no citado art.º 22.º é bem mais exigente do que aquela que é
exercida na autenticação dos demais documentos particulares.
Documento particular autenticado, enquanto título dos atos elencados no art.º 22.º
do DL 116/2008.
Segundo momento:
• Convém esclarecer o conteúdo da norma o artigo 24.º, n.º 1 do DL 116/2008:
• Esta norma refere-se aos documentos particulares que titulem atos sujeitos a
registo predial elencados no art.º 22.º e não a todos os documentos particulares
que titulem atos sujeitos a registo predial (não se aplica, p. ex. ao documento
exigido para o cancelamento do registo de hipoteca – art.º 56.º, n.º 1 do
CRPredial);
• Esta norma deverá merecer uma especial atenção na elaboração do conceito de
“documento particular autenticado”, enquanto título dos atos elencados no
art.º 22.º, porquanto o documento deverá conter os requisitos de legalidade,
formal e substantiva, do negócio jurídico e que se aplicará, subsidiariamente o
Código do Notariado.
Virgílio Félix Machado
Notariado
Escritura pública versus Documento particular autenticado
Documento particular autenticado, enquanto título dos atos elencados no art.º 22.º
do DL 116/2008.
Segundo momento:
Assim, entidade autenticadora deverá no momento da autenticação apreciar os
requisitos de legalidade do ato, devendo:
• Recusar a autenticação do documento se o ato for nulo (art.º 173.º, n.º 1,
a) CN) ou se tiver sido violada norma imperativa;
• Deverá advertir as partes se o ato for anulável ou ineficaz (art.º 174.º CN);
• Deverá explicar às partes o conteúdo do documento por elas assinado e
não apenas o conteúdo do termo de autenticação, como no “vulgar” termo
de autenticação (art.ºs 46.º, n.º 1. l), e 151.º, n.º 1 do CN;
• A confirmação do conteúdo do documento particular perante a entidade
autenticadora tem que ser feita simultaneamente por todos os declarantes.
Terceiro momento
• O documento particular autenticado e os documentos que o instruírem e que
devam ficar arquivados por não constarem de arquivo público devem ser
depositados na plataforma informática através do sítio www.predialonline.mj.pt
(art.º 24.º e Portaria n.º 1535/2008).
Terceiro momento
• O depósito eletrónico deverá ser efetuado na data da autenticação, por razões
de segurança jurídica – sobre a data em que o documento particular adquiriu a
natureza de documento particular autenticado e sobre o interesse em que a
forma do negócio jurídico seja completamente observada.
Terceiro momento
• Se o depósito eletrónico for efetuado fora de prazo ou com violação dos
requisitos de validade dos negócios jurídicos, a invalidade do depósito afetará a
validade da autenticação e o documento particular não chega a adquirir a
natureza de documento particular autenticado.
VICISSITUDES
• As folhas dos instrumentos lavrados fora dos livros, com exceção das que
contiverem as assinaturas, são rubricadas pelos outorgantes que saibam e
possam assinar, pelos demais intervenientes e pelo notário (art.º 52.º);
• A falta de assinatura tem como consequência a nulidade do ato por vício de forma – art.º
70.º, n,º 1,
• A falta das rubricas não torna o ato nulo. Sendo imperfeito, aquela omissão pode
determinar a privação do valor probatório dado pelo art.º 377.º do CCivil, não podendo o
documento servir de base ao registo – art.º 69.º, n.º 1, b) do CRPredial.
• Entre outros, avulta a obrigação deste documento particular ter que ser depositado, em
seguida à autenticação, conjuntamente com todos os documentos que o instruam.
• O prazo fixado no n.º 2 do art.º 7.º da Portaria n.º 1535/2008 é de dois dias a
contar do dia da realização da autenticação do documento particular a
depositar eletronicamente, e, terminando esse prazo em sábado, domingo ou
dia feriado, transfere-se para o primeiro dia útil.
b) Não é o critério que perpassa do artigo 27º do CN, que manda arquivar os documentos
apresentados para integrar ou instruir os atos, salvo quando a lei determine o contrário ou
apenas exija a sua exibição; nem
c) O que consta do artigo 24º/2 do Decreto-Lei nº 116/2008, que faz depender a validade da
autenticação dos documentos particulares do depósito eletrónico desses documentos,
bem como de todos os documentos que os instruam.
Notariado
Documento particular autenticado/VICISSITUDES
Que documentos instrutórios devem ser depositados (art.º 4.º, n.º 1 da Portaria n.º
1535/2008, de 30 de Dezembro).
Assim:
Parece que o elemento de segurança adicional justifica que o depósito eletrónico
deva valer para o documento particular autenticado e para todos os documentos
instrutórios que tenham sido arquivados nos termos do disposto na lei notarial,
subsidiariamente aplicável aos documentos particulares que titulem atos sujeitos a
registo predial ex vi do artigo 24º/1 do Decreto-Lei nº 116/2008,
independentemente da sua natureza.
Notariado
Documento particular autenticado/VICISSITUDES
Que documentos instrutórios devem ser depositados (art.º 4.º, n.º 1 da Portaria n.º
1535/2008, de 30 de Dezembro).
• Deve, deste modo, ser interpretado restritivamente o n.º 2 do art.º 24.º e fazer
uma interpretação declarativa do n.º 1 do art.º 4.º da Portaria n.º 1535/2008;
• A lei não exige que o depósito eletrónico seja imediato, ou seja, efetuado logo
de seguida à realização da autenticação do documento particular, do que resulta
que não faria sentido que a lei exigisse à entidade tituladora o depósito
eletrónico de documento que lei expressa manda aos outorgantes apenas exibir
no ato “notarial”
Notariado
Documento particular autenticado/VICISSITUDES
Que documentos instrutórios devem ser depositados (art.º 4.º, n.º 1 da Portaria n.º
1535/2008, de 30 de Dezembro).
19 – Renovação de código de acesso que permita a consulta dos documentos referidos no número
anterior:
19.1 – Pedido efetuado através do endereço www.predialonline.mj.pt …………………………………………….. 5,00€
19.2 – Pedido verbalmente num serviço de registo com competência para a prática de atos de
registo predial …………………………………………………………………………………………………………………………………… 10,00€