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PETIÇÃO DE AÇÃO DE ACOMPANHAMENTO DE MAIOR, PROPOSTA POR TERCEIRO

(ARTIGOS 891º A 905º DO CPC)

Comarca do Porto Ex.mo Senhor Juiz do Juízo


Local Cível1 de
VALONGO2

A …….....………, portador do cartão de cidadão nº …., válido até ….., NIF ….....…. com a profissão

de …. e domicílio profissional em …3, casado, residente na Rua ……, em Matosinhos,

vem propor

AÇÃO ESPECIAL DE ACOMPANHAMENTO DE MAIOR 4 de

1 De acordo com a alínea a) do nº 1 do artigo 117º da Lei 62/2013, de 26 de Agosto, na redação dada pela Lei 40-A/2016 de 22 de
Dezembro, “compete ao Juízo Central Cível a preparação das ações declarativas cíveis de processo comum de valor superior a
50.000,00S, sendo atribuída ao respetivo Juízo local (de competência genérica ou cível) a competência para preparar e julgar os
processos relativos a causas não atribuídas a outros juízos de competência territorial alargada (cfr. nº 1 alínea a) e nº 2 do artigo 130º
da mesma Lei). Não constando a preparação e julgamento desta ação especial de qualquer das demais alíneas e números do artigo
117º como sendo competência do juízo central, nem conferida a competência a um tribunal de competência territorial alargada, a
ação deve ser instaurada no juízo local competente em razão do território.

2 Tratando-se de uma ação acompanhamento de maior, sem regras de competência territorial concretamente definidas, deve aplicar-
se, em matéria de definição de competência em razão do território, a regra geral enunciada no nº 1 do artigo 80º do CPC, nos termos
do qual “em todos os casos não previstos nos artigos anteriores (do CPC) ou em disposições especiais é competente para a ação o
tribunal do domicílio do réu”, no caso concreto, do requerido, sito em Valongo.

3 Na redação dada à alínea a) do nº 1 do artigo 552º do CPC pelo Dec. Lei 97/2019 de 26 de julho, passou a ser obrigatória a
indicação na petição inicial dos números de identificação civil e fiscal, profissão e local de trabalho do(s) autor(es), devendo,
sempre que possível, ser indicados tais elementos em relação às demais partes.

4 A Lei 49/2018 de 14 de agosto (com entrada em vigor 180 dias após a sua publicação) criou o regime juridico do maior
acompanhado, eliminando os institutos de interdição e da inabilitação, previstos no Código Civil aprovado pelo Dec. Lei 47344 de
25 de novembro de 1966. Para além de profundas alterações em diversos diplomas legais, de que se destacam as introduzidas no
Código Civil, a Lei 49/2018 alterou, no que à elaboração desta peça importa, os artigos 891º a 904º do CPC, introduzindo uma nova
ação especial, que poderemos designar como ação especial de acompanhamento de maiores, como sugere a epígrafe do artigo 131º
do Código Civil, tendo alterado o título III do Livro V do Código de Processo Civil que passou a ser “Do acompanhamento de
maiores” em substituição do título anterior “Das interdições e inabilitações”. Nos termos do nº 1 do artigo 891º do CPC., “o
processo de acompanhamento de maior tem caráter urgente”, aplicando-se-lhe, com as necessárias adaptações, o disposto nos
processos de jurisdição voluntária no que respeita aos poderes do Juiz, ao critério do julgamento e à alteração das decisões com
fundamento em circunstâncias supervenientes. Através do Regime Juridico do Maior Acompanhado o legislador pretendeu regular
situações até aqui reguladas pelos Institutos de Interdição e Inabilitação, reduzindo os preconceitos sociais associados àqueles
regimes e alterando o paradigma da decisão que passa a ser tomada “à medida” das necessidades específicas da pessoa em causa,
que assume a posição de verdadeiro sujeito da ação e não apenas o seu objeto.
L……........................................….., viúvo, residente no Largo….., em Valongo, com PEDIDO DE

SUPRIMENTO DE AUTORIZAÇÃO DO BENEFICIÁRIO e

REQUERIMENTO DE DECRETAMENTO DE MEDIDA CAUTELAR E NOMEAÇÃO PROVISÓRIA DE

ACOMPANHANTE

nos termos do artigo 891º a 904º do CPC e pelos fundamentos seguintes:

O autor é filho do Requerido conforme se extrai da certidão de nascimento cuja cópia junta

(Doc. nº 1), tendo, por isso legitimidade para requerer o seu acompanhamento nos termos do

artigo 141º do Código Civil 5

O Requerido, viúvo com 75 anos de idade, conforme resulta da certidão de nascimento que se

junta (Doc. nº 2) sofreu, no passado dia 15 de janeiro, uma queda em sua casa 6, tendo sido

transportado ao Hospital de S. João no Porto pelos Serviços do INEM (Doc. nº 3).

Nos termos do artigo 141º do Código Civil “o acompanhamento é requerido pelo próprio ou mediante autorização deste, pelo
cônjuge, pelo unido de facto, por qualquer parente sucessível ou, independente de autorização, pelo Ministério Público. A
autorização do beneficiário do acompanhante parece, assim, indispensável quando não seja o Ministério Público a requerer as
medidas de acompanhamento, podendo esta autorização ser suprida pelo tribunal quando, em face das circunstâncias, este não a
possa livre e conscientemente dar ou quando, para tal, considere existir um fundamento atendível, de acordo com o nº 2 do mesmo
artigo. Prevê, ainda, o nº 3 do artigo 141º do Código Civil que o pedido de suprimento pode ser cumulado com o pedido de
acompanhamento. Dispõe a este propósito o nº 2 do ertigo 892º do CPC que quando for cumulado o pedido de suprimento da
autorização do beneficiário deve o requerente alegar os factos que o fundamentam.

5 Com a alegação da qualidade de filho do requerido, o autor dá cumprimento ao disposto na alinea a) do nº 1 do artigo 892º do
CPC nos termos do qual “no requerimento inicial o requerente deve alegar os factos que fundamentam a sua legitimidade”.

6 Apesar de termos consciência do risco da opção, atenta a possibilidade de os factos assinalados não serem os únicos com essa
natureza (ou não o serem todos dessa natureza), considerámos dever assinalar “a negrito” os que reputamos de “essenciais” que
constituem a causa de pedir e que, enquanto factos essenciais, compete ao autor expor, nos termos da alínea d) do artigo 552º do
CPC. A simples discussão da opção feita contribuirá (assim esperamos) para o apuramento da definição de “facto essencial”.
Assistido no Hospital foi-lhe diagnosticado um traumatismo craneo encefálico, tendo ficado

internado nos cuidados intensivos atenta a gravidade da situação.

Como resulta da informação clínica elaborada pelo Serviços do INEM, o Requerido encontrava-

se inconsciente, não respondendo a qualquer estímulo dos profissionais da emergência.

Volvidos trinta dias sobre a queda, o Requerido mantém-se em “coma”, sem qualquer sinal

que indicie a sua recuperação, como se extrai da declaração clínica emitida pelos Serviços do

Hospital, a pedido do Requerente com vista à instauração da presente ação (Doc. nº 4)

Até à data do acidente, o Requerido era uma pessoa ativa, com atividade intensa como sócio

da Sociedade L & A, Lda., na qual detem uma quota correspondente a 75% do capital social,

Encontrando-se, naquela data, em análise uma proposta da gerência – exercida pelo

Requerente único gerente e detentor dos restantes 25% do capital social – relativa à venda do

património imobiliário da sociedade7, na sequência de manifestação de interesse nessa

aquisição por um terceiro.

7 Apesar de um dos fundamentos próximos do pedido formulado ser a transmissão de um imóvel, pode considerar-se que não estará
em causa uma medida de autorização prévia para a prática de determinados atos ou categorias de atos, prevista na alínea d) do nº 2
do artigo 145º do Código Civil e como tal sujeita a autorização judicial prévia específica, nos termos do nº 3 desse artigo, uma vez
que se trata de uma transmissão de um imóvel que é propriedade de uma sociedade (e não do beneficiário) estando, assim, em causa
a representação do mesmo na assembleia da sociedade que venha a decidir essa alienação. Considerando a urgência da tomada da
medida (que justificará o seu pedido como medida cautelar) será esta transmissão objeto de pedido autónomo e, como tal,
enquadrada como se de autorização prévia específica se tratasse.

Sucede que desde o acidente e até à data, o Requerido não recuperou, estando, por isso,

bloqueadas todas as iniciativas da Sociedade que não se insiram no exercício de gerência e

que, por isso, dependem de deliberação da Sociedade, de que o Requerido é sócio maioritário.

A proposta em causa foi, aliás, confirmada quanto à sua validade pela interessada, que já

anunciou não estar na disposição de aguardar mais de 45 dias por uma resposta, perdendo o

interesse na aquisição após esse periodo (Doc. nº 5)

10º

O valor proposto para a aquisição foi considerado pelo próprio Requerido e pelo Requerente

muito bom, preparando-se, ambos, para deliberar a transmissão do imóvel em causa.

11º

A situação do Requerido não permite, no entanto, a tomada da deliberação social necessária,

estando o mesmo impossibilitado – temporariamente, espera-se! – de tomar qualquer

decisão.

12º

A esta situação pontual – que constituirá o fundamento para ser requerida uma medida

cautelar, nos termos do nº 2 do artigo 891º do CPC – acresce o facto de, sendo o Requerido,

dono de diversos imóveis arrendados e titular de posições em diversos contratos de

depósitos bancários e outros de natureza financeira – todas as relações do Requerido com as

contrapartes respetivas, paralizadas pela situação do Requerido,


13º

Que, no seu interesse e para o pleno exercício dos seus direitos e cumprimento dos seus

deveres necessita de ser beneficiário de acompanhamento.

14º

Nos termos do nº 1 do artigo 140º do Codigo Civil,” o acompanhamento do maior visa

assegurar o seu bem-estar, a sua recuperação, o pleno exercício de todos os seus direitos e

cumprimento dos seus deveres, não tendo lugar a aplicação de qualquer medida de proteção e

acompanhamento quando o seu objetivo se mostre garantido através dos deveres gerais de

cooperação e assistência que no caso caibam de acordo com o nº 2 daquele preceito,

15º

Sendo certo que, no caso presente, não se revela possivel garantir qualquer das situações

descritas apenas pelo exercício daqueles deveres gerais, impondo-se sejam decretadas

medidas de acompanhamento do Requerido.

DO PEDIDO DE SUPRIMENTO DE AUTORIZAÇÃO DO BENEFICIÁRIO

16º

Conforme resulta da descrição feita relativa à situação do Requerente e atestam os

documentos juntos, ao Beneficiário do acompanhamento não é possivel dar a necessária

autorização para o decretamento das medidas de acompanhamento, falta que pode ser

suprida pelo Tribunal, nos termos do nº 2 do artigo 141º do Código Civil,

17º

Podendo, nos termos do nº 3 do mesmo artigo, o pedido de suprimento ser cumulado com o
pedido de acompanhamento – o que o Requerente pretende fazer.

DAS MEDIDAS REQUERIDAS E DOS ACOMPANHANTES INDICADOS

18º

Considera o Requerente que o Requerido deve beneficiar, de acompanhamento em materias

de representação junto da sociedade L & F, Lda, na qual detem 75% do capital, sendo

indispensável para a prossecução dos negócios da sociedade não suscetíveis de constituir,

meros atos de gerência, a participação do Requerido como sócio maioritário,

19º

Revelando-se, ainda, necessário o acompanhamento do mesmo na administração dos

restantes bens.

20º

Poderia, assim, pensar-se numa medida de acompanhamento inserida na previsão da alínea a)

do nº 2 do artigo 145º do Código Civil, na modalidade de administração total de bens.

21º

Sucede, porém, que, sendo o beneficário víuvo e pai de dois filhos, o Requerente e sua irmã

Z…, o Requerido sempre trabalhou com o Requerente, sendo o convivio de ambos diário,

conhecendo, o Requerente, praticamente todas as situações que envolvem o seu Pai que, no

entanto, por ter sido sempre saudável e gozado de grande autonomia, nunca conferiu a

terceiro, qualquer poder de representação.8

22º

8 Com esta alegação o requerente pretende afastar a previsão da alínea h) do nº 2 do artigo 143º do Código Civil, nos termos da qual
na falta de escolha do acompanhante pelo acompanhado a designação do acompanhante pode recair sobre o mandatário a quem o
acompanhado tenha conferido poderes de representação.
A irmã do Requerido, aliás, trabalha e reside em Lisboa, onde tem a sua vida familiar

organizada, deslocando-se a casa do Pai com periodicidade mensal,

23º

Pelo que o Requerente seria a pessoa que estaria em melhores condições para ser nomeado

acompanhante do seu Pai enquanto persistir a necessidade de acompanhante,

24º

O Requerente é, no entanto, sócio da sociedade L & F, Lda., da qual é o único gerente, pelo

que, como facilmente se depreende, poderão surgir na relação de ambos (Requerente e

Beneficiário do acompanhamento) conflitos de interesses, ainda que o Requerente considere

que os interesses de ambos nas decisões a sociedade serão comuns ou, porventura, até por

assim considerar.

25º

Não deve, assim, o Requerido ser acompanhado pelo Requerente nos assuntos respeitantes à

Sociedade, sendo este acompanhamento melhor garantido pela sua irmã Z…., apesar dos

constrangimentos decorrentes da sua residência e centro de organização da sua vida familiar .

26º

Em contrapartida, não reunirá, a irmã do Requerente, precisamente devido a esses

constrangimentos, condições para proporcionar ao Pai o acompanhamento adequado à

satisfação das necessidades decorrentes das restantes relações estabelecidas com terceiros,

27º
Sendo certo que também estas eram acompanhadas, de facto, pelo Requerente que, como

acima foi referido, mantinha uma relação diária e muito próxima do Requerido.

28º

Sendo, assim, o Requerente, quem melhor proporcionará o acompanhamento destas situações

que envolvem o Requerido.

29º

Considera, assim, o Requerente adequado ao interesse do Beneficiário, a designação de dois

acompanhantes, competindo, a um deles, a representação do Beneficiário junto da

Sociedade L & F, Lda, de que é sócio maioritário.

30º

Indicando para o exercício desse acompanhamento a sua irmã Z…. filha do Requerido (Doc.

nº6), residente …..,

31º

Deverá, ainda, ser designado um segundo acompanhante, para assegurar o pleno exercício

dos direitos e o cumprimento das suas obrigações legais nas situações que não digam

respeito à Sociedade Comercial.

32º

A quem competirá, assim a administração parcial 9 dos bens, tal como prevê a alinea c) do nº 2

do artigo 145º do Código Civil,

9 Nos termos da alínea c) do artigo 145º do Código Civil, o tribunal pode cometer ao acompanhante, entre outros, o regime de
administração total ou parcial dos bens; no casso concreto, atentas as razões expostas pelo requerente, traduzidas na sugestão de
nomeação de um segundo acompanhante, o regime de qualquer das medidas só pode subsumir-se na administração parcial dos bens
uma vez que uma parte dos poderes de administração do património do beneficiário concretamente a sua participação social na
sociedade identificada nesta petição, é excluída daqueles poderes de representação.
33º

Sugerindo-se o próprio Requerente, sócio do Requerido, maior e no pleno exercício dos seus

direitos 10

34º

O Beneficiário das medidas, ora Requerido, não tem outros familiares além dos sugeridos

representantes, pelo que não se apresenta qualquer proposta de composição do Conselho de

familia 11

35º

Atentas as circunstâncias que fundamentam o presente pedido, não se considera justificado

conferir qualquer publicidade12 à decisão final.

36º

Admitindo-se, no entanto, atentas as frequentes objeções que as Instituições Bancárias

levantam à intervenção de terceiros em nome das seus clientes, que possa ser do interesse do

requerido que o Tribunal, decidindo medidas de acompanhamento do Requerido junto dessas

entidades e nomeando o seu acompanhante nestas matérias, dirija comunicação às

Instituições de Crédito com as quais o Requerido tem relações,

10 Resulta do nº 1 do artigo 143º do Código Civil que o acompanhante deverá ser maior e
encontrar-se no pleno exercício dos seus direitos

11 Com esta alegação o requerente evidencia não ignorar a disposição inserta na parte final da
alínea c) do artigo 892º do CPC, da qual decorre que o requerente deve, sendo caso disso,
indicar a composição do conselho de família (que o requerente considera não se justificar).

12 Com esta afirmação o requerente dá cumprimento à obrigação de, no requerimento inicial,


indicar a publicidade a dar à decisão final estabelecida na alínea d) do nº 1 do artigo 892º do
CPC.
37º

Concretamente, o Banco ……., (balcão….) e o Banco ….. (balcão….) …., respetivamente em13 ….

38º

Os relatórios do Hospital …. e dos médicos …. que assistem o Requerido, evidenciam a situação

clinica alegada e fundamentam o pedido de suprimento da falta de autorização do Requerido

para a tomada de medidas de proteção e acompanhamento, uma vez que o mesmo se

encontra impossibilitado de prestar essa autorização (Doc.s nºs 7 a 10).

39º

Como se encontra impossibilitado de receber a citação para os termos da presente ação,

deverá ser ordenada a citação do Ministério Público nos termos das disposições conjugadas do

artigo 895º, nº 2 e 21º do CPC..

40º

Não se verificando, ainda, a existência de condições para ser ouvido o Beneficiário das medidas

como prevêem os artigos 897º e 898º do CPC.

41º

Com vista a habilitar o Tribunal com os elementos necessários, à observância, na douta decisão

a proferir, dos comandos insertos no nº 3 do artigo 960º do CPC, declara-se que o Beneficiário

não outorgou testamento vital ou procuração para cuidados de saúde, não lhe sendo

conhecidas manifestações de vontade expressa nessas matérias14.


13 Prevê o artigo 894º do CPC que “quando o interesse do beneficiário o justifique, o tribunal
pode dirigir comunicações e ordens a instituições de crédito, a intermediários financeiros, a
conservatórias do registo civil, predial ou comercial, administrações de sociedades ou a
quaisquer outras entidades”.
14 Nos termos do nº 3 do artigo 900º do CPC “a sentença que decretar as medidas de acompanhamento deverá referir
expressamente a existência de testamento vital e de procuração para cuidados de saúde e acautelar o respeito pela vontade
DO REQUERIMENTO DE MEDIDA CAUTELAR E NOMEAÇÃO PROVISÓRIA DE ACOMPANHANTE

42º

Como se refere no artigo 7º desta petição, a proposta de aquisição de um imóvel da sociedade

de que o Requerido é sócio maioritário, encontra-se condicionada na sua validade pela

proponente, que apenas a mantém pelo prazo de 45 dias (cfr. documento junto com esta

petição sob o nº 5).

43º

Trata-se de uma transmissão dependente de deliberação da assembleia da sociedade a qual

depende de voto favorável do Requerido detentor de 75% do capital social.

44º

Sendo certo constituir, tal transmissão um bom negócio para a sociedade e, naturalmente, para

o Requerido, seu sócio maioritário.

45º

Apesar da natureza urgente deste processo, é previsível que uma decisão judicial não seja

tomada em tempo útil, o que pode pôr em causa a transmissão.

46º

Pelo que se entende, sobre esta matéria, pedir ao tribunal que, nomeado, ainda que

provisoriamente, o acompanhante para os assuntos respeitantes à participação do Requerido

na Sociedade L & F, Lda, seja este autorizado a votar favoravelmente a deliberação de

transmissão do prédio da Sociedade L & F, melhor identificado no documento junto como doc.

antecipadamente expressa pelo acompanhado


nº 5 e nas condições constantes da proposta apresentada pelo interveniente.

47º

Com esse propósito junta-se cópia do relatório de avaliação do imóvel e do parecer do orgão

de fiscalização da sociedade (Doc.s nºs 11 e 12), que revelam o interesse que reveste, para a

sociedade vendedora e para o Requerido, a venda do imóvel nas condições propostas,

concretamente pelo preço de …, a pagar por inteiro na data da escritura a outorgar

imediatamente após a comunicação ao interessado da deliberação da sociedade.

48º

Não se tratando de uma venda de bem imóvel pertencente ao Requerido, considera-se, no

entanto, poder sujeitar-se tal ato ao regime previsto no nº 3 do artigo 145º do Código Civil,

carecendo, assim, de autorização judicial prévia e específica,

49º

Constituindo, pelo menos, seguramente, tal ato, atenta a sua relevância para o património do

Requerido, um ato subsumível na previsão da alinea d) do nº 2 do artigo 145º do Código Civil e

assim também suscetível de autorização, que se requer.

Nestes termos, reunidos os elementos necessários 15 e fixando a data de 15 de

Janeiro como a data a partir da qual as medidas decretadas se tornaram

convenientes, deve o pedido formulado, ser julgado procedente e

em consequência

15 Dispõe o nº 1 do artigo 900º do CPC que o Juiz deve reunir os elementos necessários à decisão, designando o acompanhante e
definindo as medidas de acompanhamento. Deverá ainda quando for possível fixar a data a partir da qual as medidas decretadas se
tornaram convenientes.
designados o Requerente e sua irmã Z… acompanhantes ao Beneficiário nos

temos requeridos,

e decretadas as medidas de proteção requeridas ou quaisquer outras que o

Tribunal considera convenientes16.

Requere-se, ainda, seja autorizado a acompanhante que for designado ainda que

provisoriamente para os assuntos respeitantes à sociedade comercial, a votar

favorávelmente a venda, por aquela sociedade do bem imóvel identificado nesta

petição e nas condições exaradas nos documentos juntos.

TESTEMUNHAS, cuja notificação se requer,17

1) M…., (profissão), residente em….

2) J….., (profissão), residente em….

Junta: 11 documentos e procuração

VALOR: 30.000,01€ (Trinta mil euros e um cêntimo).18

16 Estabelece o artigo 901º do CPC que “da decisão relativa à medida de acompanhamento
cabe recurso de apelação, tendo legitimidade o requerente, o acompanhado e, como
assistente o acompanhante”. Esta norma clarifica sobretudo a legitimidade dos recorrentes
incluindo expressamente nestes o(s) acompanhante(s), como assistente(s).

17 Nos termos do nº 2 do artigo 552º do CPC, o autor deve, no final da petição, apresentar o
rol de testemunhas e indicar outros meios de prova. Na indicação de testemunhas devem ser
tidas em conta as disposições insertas no nº 1 do artigo 498º e no nº 2 do artigo 507º, ambos
do CPC. Nos termos da primeira, “as testemunhas são indicadas no rol pelos seus nomes,
profissões e moradas”, quando estes elementos sejam suficientes para as identificar; da
segunda disposição decorre que as testemunhas serão apresentadas pelas partes, salvo se tiver
sido requerida, pela parte que as indicou, a sua notificação para comparência ou se forem
inquiridas por teleconferência.

18 Nos termos do nº 1 do artigo 303º do CPC “as ações sobre o estado das pessoas ou sobre
interesses imateriais consideram-se sempre de valor equivalente à alçada a Relação e mais
€0,01. A alçada dos tribunais da relação, em matéria cível está fixada em 30.000,00€ pelo nº 1
do artigo 44º da Lei 62/2013 de 26 de Agosto.
O(A) ADVOGADO(A),19

(Nome profissional)

(Morada profissional)

(Cédula profissional)

(Telefone e Telefax)

(endereço de correio eletrónico)

19 O mandatário judicial deve ser identificado pela indicação do domicílio profissional, nos termos da alínea b) do artigo 552º do
CPC. Esta norma mostra-se, no entanto, incoerente com a obrigação de entrega das peças processuais através da plataforma
informática “Citius” de que decorre uma tramitação processual subsequente a que é, na prática, indiferente o domicílio profissional
do mandatário, pelo que deve ser interpretada no sentido de serem facultados ao tribunal (e à parte contrária) todos os elementos de
contacto do referido mandatário.

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