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HUAMBO
SECTOR DE HISTÓRIA
TRABALHO DE SEMINÁRIO
Curso: História
4º Ano
HUAMBO, 2023.
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DO
HUAMBO
DEPARTAMENTO DAS CIÊNCIAS DA HUMANIDADE
SECTOR DE HISTÓRIA
TRABALHO DE SEMINÁRIO
Curso: História
Ano: 4º
HUAMBO, 2023.
Resumo.
A guerra dos 55 dias no Huambo teve início no dia 9 de Janeiro de 1993, causada
por motivos políticos entre o MPLA e a UNITA. Em 1992 foi realizado o
primeiro processo eleitoral em Angola de 29 a 30 de Setembro, depois da
divulgação dos resultados, Jonas Savimbi e seu colégio não concordou com os
resultados publicado pela CNE, e como não bastasse, em de Novembro de 1992,
em que foram mortos, os negociadores da UNITA, Jeremias Chitunda Vice-
presidente da UNITA, Adolosi Mango Alicerces Secretário-geral da UNITA),
Elias Salupeto Pena Chefe da Delegação da UNITA na CCPM, Eliseu Chimbili
Chefe dos serviços administrativos, Dr. Jonas Savimbi teve que retirar-se de
Luanda, exilando-se no Huambo que o chamava da capital dos povos
Ovimbundu, esses factores deram passos a guerra indesejável pelo povo do
Huambo, e teve o seu fim no 6 de Março de 1993 dando lugar ao Acordo de
Lusaka em 1994.
Esta dissertação, com o tema A guerra dos 55 dias no Huambo e o papel das
igrejas, é uma abordagem de carácter peculiar para a historiografia de Angola e
da província do Huambo. A guerra civil em Angola a um determinado momento
teve um carácter sincrónico e diacrónico devido o particulares eventos regionais.
A guerra dos 55 dias teve início no dia 9 de Janeiro de 1993 três meses depois do
processo eleitoral de 1992.
Nesta senda, o tema em referência é tratado com mais profundeza nos próximos
capítulos.
Tipo de pesquisa: Qualitativa, Bibliográfica e Exploratória.
Metodologia:
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Capitulo I: Os 55 dias de guerra no Huambo.
1.1. Antecedentes.
Guerra não teve lugar somente no Huambo, ela assolou quase o país inteiro.
Como é do nosso conhecimento, historiograficamente os conflitos em Angola
tiveram um processo diacrónico, desde o Acordo de Alvore e a proclamação da
independência para diante, nada de melhor se fez, os interesses políticos de cada
movimento de libertação nacional, MPLA, UNITA, FNLA trouxe um caos, onde
o único investimento feito foi a guerra civil que matou muita gente, destruiu
edifícios e impediu o progresso do país no desenvolvimento económico, social e
cultural. Conforme o Cardeal Alexandre do Nascimento chamou à guerra uma
«explosão do absurdo» (Nanga, 2019,p.32 apud Nascimento, 1999.p4).
Este percurso histórico teve apenas um fim temporário com os Acordos de
Bicesse a 31 de Maio de 1991, que deu lugar a um Estado democrático e
multipartidário, com um exército único FAA criado no dia 09 de Outubro, pela
fusão das FAPLA e as FALA e à abertura do primeiro processo eleitoral que
aconteceu nos dias 29 e 30 de Setembro de 1992.
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maturidade política respeitando a vontade popular expressa nas
eleições. Se houver ilegalidades ou fraudes, há instâncias para as
detectar e mecanismos para resolver os problemas levantados. O
retorno ao espírito e à letra de Bicesse é o caminho obrigatório para
uma solução pacífica da crise angolana. Para que o povo acredite na
democracia e na paz... (CEAST, Luanda 1992 apud Neves, 2007,Pp.
179-194)
O Dr. Jonas Savimbi, co-signatário dos Acordos de Paz, que abandonara Luanda,
em Outubro de 1992, para escapar do atentado que estava a ser preparado contra
a sua pessoa, encontrava-se no Huambo. Nessa cidade recebeu os dirigentes dos
Partidos Políticos da oposição para uma conferência conjunta, que adoptou uma
posição comum em torno da crise pós-eleitoral e do clima que se vivia. Recebeu
entidades ligadas à ONU e à administração americana...Designara os Generais
Demóstenes Chilingutila e Domingos Augusto “Wiyo” para trabalharem com
Jorge Sukisa na manutenção da paz no Huambo. Jorge Sukisa que garantira ao
Dr. Jonas Savimbi que no Huambo não haveria guerra mudou de posição quando
recebeu a ordem de JES que dizia: “Meu caro Sukisa. É urgente expulsar os
bandidos da UNITA do Huambo, porque o Huambo é politicamente estratégico e
militarmente decisivo”. (ibidem).
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Neste contesta podemos presumir que, para além da fraude eleitoral alegada pela
Unita, o tribalismo, o assassinato dos dirigentes da Unita, a fuga do Dr. Jonas
Savimbi de Luanda para o Huambo e a ordem decretada pelo Eng. José Eduardo
dos Santos, ao comandante Jorge Sukisa para expulsar a UNITA da cidade do
Huambo, a UNITA tal como o MPLA estavam mais alienados aos interesses,
porque, sobre face disto, não haveria razões do MPLA usar a força para acabar
com seu maior inimigo e a UNITA que não se deixava teve que mostrar o seu
poderio o interesse de conquistar. São estes pontos cruéis que fomentaram o
início da guerra dos 55 dias no Huambo.
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sargento Emércio faz os primeiros tiros contra a casa branca na rua 50,residencia
Dr. Jonas Savimbi, a guerra reacendeu. Calueio (15.06.2023:10 horas)
“Alega que este dia 9 de Janeiro de 1993 é uma data importantíssima para a
história do Huambo, na altura, as forças do Governo não tinham capacidade de
impedir o avanço e a tomada da cidade, porque a UNITA já tinha o domínio de
todos os municípios da província e não só, Bié, Kuando Kubango, uma parte
dos municípios de Benguela, Huila e Cuanza Sul, nestas regiões saia reforço
militar para travar a guerra no Huambo, por isso que a UNITA, cá no Huambo
teve mais forças de expulsar as forças do Governo e o único reduto das forças
do Governo foi Benguela.
A guerra não come árvores ''anónimas''. Mas, ela consome tudo que é alma
vivente sendo o homem o alvo principal. Logo o objectivo de uma invasão é de
tomar os pontos mais influentes, neste caso, quer as FALA e as FAPLA cada um
teve o desejo de se manter posicionado num determinado lugar da cidade.
Ainda Calueio (15.06.2023) diz '' toda cidade Alta era do Governo até
Calomanda, mais tarde o governo fica somente na cidade alta e São Pedro, a
maior parte da população teve que abandonar a cidade fugindo para Benguela
onde se concentrava uma boa massa do MPLA, estes tinham que passar pelas
matas entre Caála, Ecunha adiante para escapar do inimigo.
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Capitulo II. A tomada do aeroporto Albano Machado, a cidade alta e a
retirada das forças do governo.
“Tivemos que nos adaptar à nova realidade de guerra, equipando os infantes não
apenas com armas e munições, mas também com instrumentos para abrir canais
de comunicação e linhas de progressão”, acrescenta.
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organizar qualquer operação de reforço às forças governamentais. ” António
(2020,sp)
“Com o avanço imparável das linhas de progressão das FALA para pontos
nevrálgicos da cidade, tal como o Palácio e edifícios ministeriais, a situação
passou a ficar cada vez mais complicadas para as forças governamentais, que
passaram a ter como zonas de refúgio o Instituto Veterinário de Angola - IVA.
Perante a superioridade das FALA e o acentuado desgaste das forças
governamentais, estas não podiam ter outra alternativa que não fosse recuar,
deixando para trás a cidade do Huambo, com saldo de numerosos mortos e
feridos abandonados.''O controlo do aeroporto Albano Machado e a destruição do
principal paiol de material de guerra pela certeira artilharia das FALA
constituíram o primeiro revés das tropas de Luanda, e teve grande influência no
desfecho da guerra dos 55 dias. ” (idem)
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Capitulo III. O papel das igrejas no percurso da guerra.
Fazendo também referência a igreja Católica quanto a sua presença nos conflitos
de Angola, salienta Nanga (2019,p.31) “A Igreja Católica durante a guerra civil
angolana, fez uma opção preferencial pelas vítimas da guerra, a começar pelos
jovens e pelas crianças, uma vez que estes foram e continuam a ser os mais
martirizados”.
Entre tanto, a respeito do papel das igrejas, na entrevista tida com Calueio
(15.06.2023) afirmou-nos “ nem todas as igrejas exerceram seu papel, porque foi
uma fase de crise terrível, apenas a igreja Católica, a Batista, a IECA e a
Adventista do 7º dia ficaram de olhos aos necessitados, reitera que, a igreja
Católica esteve mais destacada neste processo ”
A Igreja Católica, assim como as demais igrejas o papel que desempenho neste
percurso é impagável e do ponto de vista social, as igrejas não ajudaram apenas
em questões morais, mais tiveram um envolvimento profundo, em todas as
esferas, consolidando assim a missão '' Divina''. Também, é de sublinhar a
mensagem da igreja na voz do Cardeal Alexandre do Nascimento:
[...] «o amor está acima de tudo. A paz condiciona a sociedade civil, como a
própria sociedade eclesiástica. A nossa acção por causa da guerra foi sempre
de emergência. Salvamos vidas. Os nossos missionários expuseram a vida
muitas vezes, porque estivemos lá onde ou não estava o Estado, mas lá
estava a Igreja» (Neves, 2001,p.17 apud Nascimento, 1999. p.4)
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3.1. Uma falsa acusação à igreja Católica e o bombardeio bairro do Canhe.
Os Bispos atacam ainda a mentira orquestrada e, por vezes, veiculada na
comunicação social, visando até atingir autoridades e instituições eclesiásticas.
Ali se refere o caso das notícias que circularam sobre o arcebispo do Huambo e
sua alegada ligação à UNITA, o que serviu de justificação para a destruição
parcial do Paço Episcopal pela artilharia e pela força aérea do Governo. (Neves
2007, p.186)
A guerra deixou muitos estragos e no final de tudo quem mais sofreu foi o povo,
as infra-estruturas ficaram destruídas, famílias separadas, forte fome, como
afirma Cassoma (17.06.2023) '' depois da retaguarda do governo, Sukisa volta
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com reforço para reconquistar o Huambo, as forças do governo usaram os troços
de Cubal, Calukembe-Huila, e Balombo para atingir o Huambo e destroçar a
UNITA da cidade... Depois da retirada da UNITA na cidade do Huambo,
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posicionou-se no Bailundo e Andulo, até 1998. Ainda acrescenta que a fome foi
de mais cá no Huambo, graças as ONGs organizações não governamentais como
a Cruz Vermelha que distribuía alimento, criava centros infantis, cozinhas nos
bairros, dando papas, funge com feijão para as crianças desnutridas, a
organização da igreja Católica Cáritas também ajudou muito o povo.
Consequências.
A guerra dizimou muita gente, a maior parte da população teve que abandonar a
província. As indústrias foram destruídas, estradas, escolas e deixou famílias
dispersas, crianças órfãs e a fome em primeiro lugar.
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Conclusões
Pelo que constatamos, compreendemos que a guerra dos 55 dias no Huambo teve
o seu início no dia 9 de Janeiro de 1993 devido o desentendimento entre as duas
forças partidárias o MPLA e a UNITA, filhos da mesma nação e teve o seu fim
no dia 6 de Março de 1993 e no ano seguinte 1994 o Governo e a UNITA
assinam o Acordo de Lusaka que pós fim a estas atrocidades.
Notou-se um grande êxodo urbano, a maior parte da população teve que voltar as
aldeias, alguns para as províncias litorais Luanda e Benguela.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.
NEVES, T. (2001). , Angola. A Igreja Católica pela Paz,. portugal: ed. Rei dos
Livros, Lisboa.
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FONTES ORAIS.
Constantino Muenho professor reformado de anos de idade, natural de Ombala
Chilemba comuna do Lunge do Bailundo província do Huambo, Diácono da
igreja IECA, residente no Lunge.
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