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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DO

HUAMBO

DEPARTAMENTO DAS CIÊNCIAS DA HUMANIDADE

SECTOR DE HISTÓRIA

TRABALHO DE SEMINÁRIO

TEMA: A guerra dos 55 dias no Huambo e o papel das igrejas.

Curso: História

Regime: pós - laboral

4º Ano

Autor: Amós Bapolo Cassoma Jorge.

Orientador: Alfredo Vieira, PhD.

HUAMBO, 2023.
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO DO
HUAMBO
DEPARTAMENTO DAS CIÊNCIAS DA HUMANIDADE
SECTOR DE HISTÓRIA

TRABALHO DE SEMINÁRIO

Tema: A guerra dos 55 dias no Huambo e o papel das igrejas.

Curso: História

Regime: pós - laboral

Ano: 4º

Autor: Amós Bapolo Cassoma Jorge.

Orientador: Alfredo Vieira, PhD.

HUAMBO, 2023.
Resumo.

A nossa abordagem cinge-se ao tema A guerra dos 55 dias no Huambo e o papel


das igrejas, este tema foi levantado através da sua relevância histórica. Devido a
distorção de informações que as fontes escritas apresentam, em particular as
datas do inicio da guerra e a duração dos dias, buscamos as fontes orais para
fazermos um nexo e propusemo-nos em compreender profundamente sobre os
factores que estiveram na base do acender da guerra dos 55 dias no Huambo e o
papel das igrejas.

A guerra dos 55 dias no Huambo teve início no dia 9 de Janeiro de 1993, causada
por motivos políticos entre o MPLA e a UNITA. Em 1992 foi realizado o
primeiro processo eleitoral em Angola de 29 a 30 de Setembro, depois da
divulgação dos resultados, Jonas Savimbi e seu colégio não concordou com os
resultados publicado pela CNE, e como não bastasse, em de Novembro de 1992,
em que foram mortos, os negociadores da UNITA, Jeremias Chitunda Vice-
presidente da UNITA, Adolosi Mango Alicerces Secretário-geral da UNITA),
Elias Salupeto Pena Chefe da Delegação da UNITA na CCPM, Eliseu Chimbili
Chefe dos serviços administrativos, Dr. Jonas Savimbi teve que retirar-se de
Luanda, exilando-se no Huambo que o chamava da capital dos povos
Ovimbundu, esses factores deram passos a guerra indesejável pelo povo do
Huambo, e teve o seu fim no 6 de Março de 1993 dando lugar ao Acordo de
Lusaka em 1994.

Palavras-chave: guerra dos 55 dias, Unita, FALA, igreja, bombardeia, morte,


Governo.
Índice
Introdução.............................................................................................................................................................5
Capitulo I: Os 55 dias de guerra no Huambo.......................................................6
1.1. Antecedentes.................................................................................................6
1.2. As causas da guerra do Huambo...................................................................6
1.3.O início da guerra e a contradição nas datas..................................................8
1.4. As zonas estratégicas das FALA e das FAPLA............................................9
Capitulo II. A tomada do aeroporto Albano Machado, a cidade alta e a retirada
das forças do governo........................................................................................10
2.1. O Aeroporto Albano Machado, a cidade alta, nas mãos da UNITA..........10
Capitulo III. O papel das igrejas no percurso da guerra....................................12
3.1. Uma falsa acusação à igreja Católica e o bombardeio bairro do Canhe.....12
3.2. O fim da guerra dos 55 dias e suas consequências.....................................13
3.3.Fizeram parte da guerra os comandantes:....................................................14
Conclusões.........................................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..............................................................16
FONTES ORAIS...............................................................................................17
Introdução.

Esta dissertação, com o tema A guerra dos 55 dias no Huambo e o papel das
igrejas, é uma abordagem de carácter peculiar para a historiografia de Angola e
da província do Huambo. A guerra civil em Angola a um determinado momento
teve um carácter sincrónico e diacrónico devido o particulares eventos regionais.

“ Os 55 dias e 55 noites de combates violentos como nunca antes tinham sido


visto em cenários militares africanos...A 6 de Março de 1993, os guerrilheiros
expulsaram as tropas governamentais do Huambo” (Albuquerque. 2002,p. 285)

A cidade do Huambo segundo Nascimento (2005,p.90) “ ela foi disputada pelos


dois lados beligerantes durante a guerra civil: um deles utilizando o discurso
étnico, afirmava que a cidade lhe pertencia, pois era a capital do ''seu'' povo
Umbundu ''UNITA''; e, o outro, movido por questões de honra e para manter a
integridade e soberania do território nacional, pelejava para não perder o controlo
da região ''Governo''.”

A guerra dos 55 dias teve início no dia 9 de Janeiro de 1993 três meses depois do
processo eleitoral de 1992.

Nesta senda, o tema em referência é tratado com mais profundeza nos próximos
capítulos.
Tipo de pesquisa: Qualitativa, Bibliográfica e Exploratória.

Metodologia:

Método Histórico é um método intermediário centrado na busca dos factos do


Método da Tradição Oral é uma fonte respeitável, embora, em geral, seja
menos precisa (Person, 1962).

Estrutura do trabalho: Introdução, Capitulo I, Capitulo II, Conclusões


Referencias Bibliográficas e Fontes orais.

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Capitulo I: Os 55 dias de guerra no Huambo.

1.1. Antecedentes.
Guerra não teve lugar somente no Huambo, ela assolou quase o país inteiro.
Como é do nosso conhecimento, historiograficamente os conflitos em Angola
tiveram um processo diacrónico, desde o Acordo de Alvore e a proclamação da
independência para diante, nada de melhor se fez, os interesses políticos de cada
movimento de libertação nacional, MPLA, UNITA, FNLA trouxe um caos, onde
o único investimento feito foi a guerra civil que matou muita gente, destruiu
edifícios e impediu o progresso do país no desenvolvimento económico, social e
cultural. Conforme o Cardeal Alexandre do Nascimento chamou à guerra uma
«explosão do absurdo» (Nanga, 2019,p.32 apud Nascimento, 1999.p4).
Este percurso histórico teve apenas um fim temporário com os Acordos de
Bicesse a 31 de Maio de 1991, que deu lugar a um Estado democrático e
multipartidário, com um exército único FAA criado no dia 09 de Outubro, pela
fusão das FAPLA e as FALA e à abertura do primeiro processo eleitoral que
aconteceu nos dias 29 e 30 de Setembro de 1992.

1.2. As causas da guerra do Huambo.


É categórico afirmar que, os líderes dos movimentos de libertação estavam mais
apetitosos pelo poder do que pela estabilidade social. Os resultados eleitorais de
1992 não satisfizeram os desejos esperados pela UNITA, alegando fraude por
parte do MPLA, e, isto trouxe uma ruptura aos Acordos de Bicesse e o nascer de
mais uma guerra que terá lugar na província do Huambo em 1993, tal como
sublinha a igreja Católica:

[...] Após as eleições, instalou-se uma crise político-militar e os


Bispos pronunciaram-se duramente a 22 de Outubro. Entre 31 de
Maio de 1991 e 30 de Setembro de 1992 foi o milagre da Paz. Depois,
a felicidade transformou-se em pânico, quando os resultados eleitorais
não foram aceites pela UNITA porque considerados fraudulentos. E,
porque tudo se pode perder com a guerra, é urgente salvar a Paz, custe
o que custar. O papa lançara o apelo repetido: Angola, nunca mais a
guerra! A reconciliação nacional teve um preço elevado. Deitar a
perder a paz alcançada seria um acto irremediável de loucura nacional.
Que as duas partes em conflito cedam o que for preciso para salvarem
o milagre da paz – apelaram os bispos. É necessário demonstrar

6
maturidade política respeitando a vontade popular expressa nas
eleições. Se houver ilegalidades ou fraudes, há instâncias para as
detectar e mecanismos para resolver os problemas levantados. O
retorno ao espírito e à letra de Bicesse é o caminho obrigatório para
uma solução pacífica da crise angolana. Para que o povo acredite na
democracia e na paz... (CEAST, Luanda 1992 apud Neves, 2007,Pp.
179-194)

Segundo Muenho, (14.06.2023:9 horas), o conflito teve início nos meses de


Outubro a Dezembro de 1992, notava-se um clima sombrio de raptos de pessoas,
pequenos ataques de assaltos nos arredores da cidade.

Para António (2020,sp) Na sequência dos acontecimentos de Luanda, de 31 de


Outubro, 1 e 2 de Novembro de 1992, em que foram mortos, os negociadores da
UNITA, Jeremias Chitunda (Vice-presidente da UNITA), Adolosi Mango
Alicerces (Secretário-geral da UNITA), Elias Salupeto Pena (Chefe da Delegação
da UNITA na CCPM), Eliseu Chimbili (Chefe dos serviços administrativos da
UNITA), a cidade do Huambo, até então único símbolo de “coabitação política”,
“reserva de paz”, onde ainda era possível a UNITA e o MPLA partilharem o
mesmo espaço geográfico, foi sacudida pelo troar de canhões. Era a
generalização do conflito que reiniciara em Luanda...

O Dr. Jonas Savimbi, co-signatário dos Acordos de Paz, que abandonara Luanda,
em Outubro de 1992, para escapar do atentado que estava a ser preparado contra
a sua pessoa, encontrava-se no Huambo. Nessa cidade recebeu os dirigentes dos
Partidos Políticos da oposição para uma conferência conjunta, que adoptou uma
posição comum em torno da crise pós-eleitoral e do clima que se vivia. Recebeu
entidades ligadas à ONU e à administração americana...Designara os Generais
Demóstenes Chilingutila e Domingos Augusto “Wiyo” para trabalharem com
Jorge Sukisa na manutenção da paz no Huambo. Jorge Sukisa que garantira ao
Dr. Jonas Savimbi que no Huambo não haveria guerra mudou de posição quando
recebeu a ordem de JES que dizia: “Meu caro Sukisa. É urgente expulsar os
bandidos da UNITA do Huambo, porque o Huambo é politicamente estratégico e
militarmente decisivo”. (ibidem).

6
Neste contesta podemos presumir que, para além da fraude eleitoral alegada pela
Unita, o tribalismo, o assassinato dos dirigentes da Unita, a fuga do Dr. Jonas
Savimbi de Luanda para o Huambo e a ordem decretada pelo Eng. José Eduardo
dos Santos, ao comandante Jorge Sukisa para expulsar a UNITA da cidade do
Huambo, a UNITA tal como o MPLA estavam mais alienados aos interesses,
porque, sobre face disto, não haveria razões do MPLA usar a força para acabar
com seu maior inimigo e a UNITA que não se deixava teve que mostrar o seu
poderio o interesse de conquistar. São estes pontos cruéis que fomentaram o
início da guerra dos 55 dias no Huambo.

1.3.O início da guerra e a contradição nas datas.


Quanto ao início da guerra, existe um paradoxo no que diz respeito a data e a
duração da guerra, tal é o caso que se nota aos autores descritos. Mas, tivemos o
cuidado de apurar os factos e buscar uma data certa. Começamos com Ntyamba
(1994,p.25) '' Os combatentes revoltados do batalhão subiram para os tanques e,
com o comandante a frente, resolutamente, em coluna, marcharam para a cidade
ocupando-a nas primeiras horas da tarde do dia 9 de Janeiro. Inicia-se assim,
efectivamente, a guerra dos 56 dias que enlutou a cidade do Huambo''.

Nos contrapomos com a informação de Ntyamba ao dizer-nos que a guerra teve a


duração de 56 dias, isto porque as fontes escritas e as fontes orais dão-nos dados
de 55 dias de guerra. Uma outra problemática esta na data de início da guerra que
a Workshop (2002:17) ''A 10 de Janeiro de 1993 a cidade de Huambo começou a
ser bombardeada pela UNITA. Esse dia marcou o início da «guerra dos 55 dias»
na cidade, que terminaria com a tomada do Huambo pela UNITA a 6 de Março
de 1993. O Huambo foi directamente atingido pela guerra, e a cidade recebeu
deslocados durante todos esses anos, ao mesmo tempo que outras pessoas a
abandonavam. A área da cidade cresceu pouco, embora os fluxos de população
tenham sido intensos e muito complexos ''

Portanto, oficialmente a guerra no Huambo teve o início na tarde de Sábado do


dia 9 de Janeiro de 1993,acrescenta Ntyamba (ibidem, pp.25-26) ''quando o

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sargento Emércio faz os primeiros tiros contra a casa branca na rua 50,residencia
Dr. Jonas Savimbi, a guerra reacendeu. Calueio (15.06.2023:10 horas)

“Alega que este dia 9 de Janeiro de 1993 é uma data importantíssima para a
história do Huambo, na altura, as forças do Governo não tinham capacidade de
impedir o avanço e a tomada da cidade, porque a UNITA já tinha o domínio de
todos os municípios da província e não só, Bié, Kuando Kubango, uma parte
dos municípios de Benguela, Huila e Cuanza Sul, nestas regiões saia reforço
militar para travar a guerra no Huambo, por isso que a UNITA, cá no Huambo
teve mais forças de expulsar as forças do Governo e o único reduto das forças
do Governo foi Benguela.

1.4. As zonas estratégicas das FALA e das FAPLA.

A guerra não come árvores ''anónimas''. Mas, ela consome tudo que é alma
vivente sendo o homem o alvo principal. Logo o objectivo de uma invasão é de
tomar os pontos mais influentes, neste caso, quer as FALA e as FAPLA cada um
teve o desejo de se manter posicionado num determinado lugar da cidade.

Numa primeira fase, a UNITA ocupava os bairros da Chiva, a região da pedra


Cuca a noroeste da cidade, São João, salienta, Muenho (14.06.2023) que a
artilharia das FALA estavam concentrados na Chiva, Chipipa, lançavam os
abuses em direcção a cidade alta e Calomanda, onde se encontrava o exército do
Governo e sua equipa política. Com esses constantes bombardeamento, o prédio
da Fapa, rua cinco e outras partes da cidade estavam bem danificadas, muita
gente morreu e com isto, as FALA começaram a avançar até tomarem a cidade
baixa até a Fátima.

Para António (2020,p.3) ex-comandante do 9º batalhão conta:

“ No início dos combates tiveram algumas dificuldades, decorrentes da surpresa


e do facto de as forças da UNITA não terem dominado bem a cidade. “Nos
primeiros seis dias enfrentamos alguns problemas. As nossas forças precisavam
ser reagrupadas e a guerra urbana não fazia parte da experiência de muitos dos
nossos efectivos”, reporta Handa. “Tivemos que nos adaptar à nova realidade de
guerra, equipando os infantes não apenas com armas e munições, mas também
com instrumentos para abrir canais de comunicação e linhas de progressão”

Ainda Calueio (15.06.2023) diz '' toda cidade Alta era do Governo até
Calomanda, mais tarde o governo fica somente na cidade alta e São Pedro, a
maior parte da população teve que abandonar a cidade fugindo para Benguela
onde se concentrava uma boa massa do MPLA, estes tinham que passar pelas
matas entre Caála, Ecunha adiante para escapar do inimigo.

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Capitulo II. A tomada do aeroporto Albano Machado, a cidade alta e a
retirada das forças do governo.

A entrevista feita pelo Sr. Jorge (9.06.2023) “quando nós avançávamos


ofensivamente, no princípio tivemos o controlo da cidade baixa e os bairros ao
seu arredor, mas, o objectivo era de atingir o coração do adversário, e bloquear o
aeroporto para que os aviões de apoio militar das forças do governo não
penetrassem e torna-los fracos”

António (2020,sp) na sua reportagem apresenta o facto narrado pelo comandante


Ernesto Handa, diz: O ex-comandante do 9º batalhão conta que no início dos
combates tiveram algumas dificuldades, decorrentes da surpresa e do facto de as
forças da UNITA não terem dominado bem a cidade. "Nos primeiros seis dias
enfrentamos alguns problemas. As nossas forças precisavam ser reagrupadas e a
guerra urbana não fazia parte da experiência de muitos dos nossos efectivos”,

“Tivemos que nos adaptar à nova realidade de guerra, equipando os infantes não
apenas com armas e munições, mas também com instrumentos para abrir canais
de comunicação e linhas de progressão”, acrescenta.

"Conseguimos conter a ofensiva do inimigo naquela tarde com os comandos que


mostraram o que tinham aprendido e fizeram muito bom trabalho”, diz Ernesto
Handa, que depois passou a comandar o 9º batalhão regular chamado a intervir
no teatro do Huambo. No segundo dia, informa Ernesto Handa, os combates
retomaram muito cedo. “Desde o primeiro dia fiquei controlar aquela zona do
bairro dos ministros, fazendo frente ao Palácio do Governo e aos quartéis”.
(idem, 2020).

2.1. O Aeroporto Albano Machado, a cidade alta, nas mãos da UNITA.


“No transcurso dos meses de Janeiro e de Fevereiro, houve vezes que a situação
parecia sugerir algum equilíbrio de forças no teatro do Huambo, mas era às
FALA que mais a balança pendia favorecer, devido a factores objectivos.
Vastidão do território controlado pela UNITA, nas províncias do Huambo, Bié,
Huila, Benguela, Kuando Kubango e Kuanza Sul, de onde era impensável

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organizar qualquer operação de reforço às forças governamentais. ” António
(2020,sp)

“A extensa linha logística que separava a cidade do Huambo aos pontos de


origem de abastecimento logístico em Benguela e Luanda era outro factor
concreto que tornava difícil qualquer intenção de alavancar o esforço das forças
governamentais na cidade do Huambo. Esses factores associados ao desgaste
material e humano que era irreversível tiveram implicações no estado moral das
forças comandadas por Jorge Sukisa, que começavam a registar problemas de
desentendimento entre si.

“Com o avanço imparável das linhas de progressão das FALA para pontos
nevrálgicos da cidade, tal como o Palácio e edifícios ministeriais, a situação
passou a ficar cada vez mais complicadas para as forças governamentais, que
passaram a ter como zonas de refúgio o Instituto Veterinário de Angola - IVA.
Perante a superioridade das FALA e o acentuado desgaste das forças
governamentais, estas não podiam ter outra alternativa que não fosse recuar,
deixando para trás a cidade do Huambo, com saldo de numerosos mortos e
feridos abandonados.''O controlo do aeroporto Albano Machado e a destruição do
principal paiol de material de guerra pela certeira artilharia das FALA
constituíram o primeiro revés das tropas de Luanda, e teve grande influência no
desfecho da guerra dos 55 dias. ” (idem)

Esta informação é clara e enquadra com Calueio (15.06.2023) apresenta; “A


UNITA quando retoma o aeroporto Albano Machado, as forças do governo não
tinha outra saída se não retirar, mas Luanda teve que envidar esforços a todo
custo apoiar uma parte das forças que ainda se encontravam na cidade. Os aviões
não aterravam, porque a zona de aterragem esteve controlada pela UNITA,
faziam cair alimentos e armamentos com pára-quedas”

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Capitulo III. O papel das igrejas no percurso da guerra.

É obvio afirmar que as igrejas jogaram um papel importante na história de


Angola, desde a libertação nacional, a guerra civil que assolou o povo, as igrejas
nunca se excluíram do povo e sempre passaram a mensagem da paz para os
políticos. Acrescenta Serrano (1988,p.100) “ parece-nos que uma certa lealdade
religiosa no que se refere às três principais correntes protestantes em Angola
contribuíram para uma divisão tripartida entre os 3 movimentos nacionalistas
durante a luta de libertação nacional. ”

Fazendo também referência a igreja Católica quanto a sua presença nos conflitos
de Angola, salienta Nanga (2019,p.31) “A Igreja Católica durante a guerra civil
angolana, fez uma opção preferencial pelas vítimas da guerra, a começar pelos
jovens e pelas crianças, uma vez que estes foram e continuam a ser os mais
martirizados”.

Entre tanto, a respeito do papel das igrejas, na entrevista tida com Calueio
(15.06.2023) afirmou-nos “ nem todas as igrejas exerceram seu papel, porque foi
uma fase de crise terrível, apenas a igreja Católica, a Batista, a IECA e a
Adventista do 7º dia ficaram de olhos aos necessitados, reitera que, a igreja
Católica esteve mais destacada neste processo ”

A Igreja Católica, assim como as demais igrejas o papel que desempenho neste
percurso é impagável e do ponto de vista social, as igrejas não ajudaram apenas
em questões morais, mais tiveram um envolvimento profundo, em todas as
esferas, consolidando assim a missão '' Divina''. Também, é de sublinhar a
mensagem da igreja na voz do Cardeal Alexandre do Nascimento:
[...] «o amor está acima de tudo. A paz condiciona a sociedade civil, como a
própria sociedade eclesiástica. A nossa acção por causa da guerra foi sempre
de emergência. Salvamos vidas. Os nossos missionários expuseram a vida
muitas vezes, porque estivemos lá onde ou não estava o Estado, mas lá
estava a Igreja» (Neves, 2001,p.17 apud Nascimento, 1999. p.4)

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3.1. Uma falsa acusação à igreja Católica e o bombardeio bairro do Canhe.
Os Bispos atacam ainda a mentira orquestrada e, por vezes, veiculada na
comunicação social, visando até atingir autoridades e instituições eclesiásticas.
Ali se refere o caso das notícias que circularam sobre o arcebispo do Huambo e
sua alegada ligação à UNITA, o que serviu de justificação para a destruição
parcial do Paço Episcopal pela artilharia e pela força aérea do Governo. (Neves
2007, p.186)

É de salientar que a permanecia da igreja com o povo durante a guerra, confundiu


o governo, passando a informação de que, a igreja está do lado da UNITA uma
ideia falsa.

O Bairro do Canhe foi assolado quando as forças aéreas do governo começaram a


bombardear a cidade como acrescenta António (2020,sp) ''O pior desses
bombardeios que enlutaram cada vez mais a cidade e revelou o cúmulo da
crueldade do regime de Luanda ocorreu no mercado do Kanhe, arredores da
Missão Católica do Kanhe, que exterminou todos os feirantes que se
encontravam a comercializar produtos naquela tarde de uma aparente acalmia.
Segundo Henderson (1990, p.100) os Angolanos tiveram que se adaptar a uma
''independência'' que lhe levou a guerra, a violência, mais fome e cada vez mais
poder e influência das forças estrangeiras presente naquele país. Corroborando
com Henderson, o povo, assim como as igrejas tiveram que se adaptar com a
realidade da guerra.

3.2. O fim da guerra dos 55 dias e suas consequências.

Todo um conflito tem sempre uma resolução, ou seja, um término.

De Janeiro a Março de 1993 Huambo é assolado pelos grandes


bombardeamentos que ficaram conhecidos como “a guerra dos 55 dias.”
Huambo ficou sob controlo das forças da Unita até Novembro de 1994 com a
retomada da cidade pelas forças armadas do governo, nas vésperas da assinatura
do protocolo de paz em Lusaka”. (Workshop, 2005, p.13).

A guerra deixou muitos estragos e no final de tudo quem mais sofreu foi o povo,
as infra-estruturas ficaram destruídas, famílias separadas, forte fome, como
afirma Cassoma (17.06.2023) '' depois da retaguarda do governo, Sukisa volta

13
com reforço para reconquistar o Huambo, as forças do governo usaram os troços
de Cubal, Calukembe-Huila, e Balombo para atingir o Huambo e destroçar a
UNITA da cidade... Depois da retirada da UNITA na cidade do Huambo,

13
posicionou-se no Bailundo e Andulo, até 1998. Ainda acrescenta que a fome foi
de mais cá no Huambo, graças as ONGs organizações não governamentais como
a Cruz Vermelha que distribuía alimento, criava centros infantis, cozinhas nos
bairros, dando papas, funge com feijão para as crianças desnutridas, a
organização da igreja Católica Cáritas também ajudou muito o povo.

Consequências.
A guerra dizimou muita gente, a maior parte da população teve que abandonar a
província. As indústrias foram destruídas, estradas, escolas e deixou famílias
dispersas, crianças órfãs e a fome em primeiro lugar.

3.3.Fizeram parte da guerra os comandantes:


Das FAPLA: Jorge Sukisa delegado provincial do Interior e Comandante da
polícia no Huambo.
Comandante Candela Oficial Superior da polícia.
O Comandante Ngurra.
Das FALA: Ernesto Handa efectivo da guarda do Dr. Jonas Savimbi e
Comandante do 9º Batalhão
Brigadeiro Kibidi foi chefe dos serviços prisionais e Comandante da região
noroeste do Huambo

14
Conclusões
Pelo que constatamos, compreendemos que a guerra dos 55 dias no Huambo teve
o seu início no dia 9 de Janeiro de 1993 devido o desentendimento entre as duas
forças partidárias o MPLA e a UNITA, filhos da mesma nação e teve o seu fim
no dia 6 de Março de 1993 e no ano seguinte 1994 o Governo e a UNITA
assinam o Acordo de Lusaka que pós fim a estas atrocidades.

Esta mesma guerra retardou significativamente o desenvolvimento da província


do Huambo, algumas fábricas ficaram destruídas, edifícios malhados pelas
bombas.

Notou-se um grande êxodo urbano, a maior parte da população teve que voltar as
aldeias, alguns para as províncias litorais Luanda e Benguela.

As igrejas exerceram um papel importante perante o povo pela carência que


passavam e o jogo que exerceram de apelar a paz e a estabilidade nacional.

Portanto, a guerra foi desde muito tempo um atentado ao povo, um intruso


violento que mata sem piedade. É imperioso preservar a paz como uma dádiva de
Deus para que haja prosperidade. Logo, deve-se esquecer o passado, despir-se
dos preconceitos e do fanatismo

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.

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Brasil.

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HENDERSON, L. W. (1990.). A Igreja em Angola um rio com Varias Corrent,e.


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— Angola pela . luanda: Edição e Distribuição:Development Workshop DW
Angola: www.dw.angonet.org.

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FONTES ORAIS.
Constantino Muenho professor reformado de anos de idade, natural de Ombala
Chilemba comuna do Lunge do Bailundo província do Huambo, Diácono da
igreja IECA, residente no Lunge.

João Calueio de 62 anos de idade, natural do município da Ecunha, ex militar


das FAPLA, em 1990 foi administrativo da energia na Caála, actualmente
docente na escola primária nº 48 Kapango. Residente no bairro Kapango -
Huambo.

Inácia Lurdes Cassoma de 68 anos de idade natural do município da Ecunha


província do Huambo, ex militar das FALA com a patente de Tenente,
Enfermeira reformada, residente no bairro Benfica.

Laurindo Jorge de 76 anos de idade ex operador de máquinas no porto do


Lobito fez o 5º ano do Liceu, natural do município do Bailundo província do
Huambo, actualmente é membro conselheiro da igreja Adventista, residente no
bairro Espírito Santo - Bailundo.

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