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Assinado eletronicamente por FERNANDO LUÍS LOPES DANTAS, em 22/03/2024 às 13:08:30, conforme art.

1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.


Esta comunicação judicial possui 1 anexos eletrônicos que estão disponíveis para consulta juntamente com a conferência de autenticidade
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE - 2ª Vara Cível e Criminal de Laranjeiras -


TELEFONE: (79)3281-5900 - ENDEREÇO: Alamêda Iêda Rosa,S/N - PROCESSO: 202473200114 -
NÚMERO ÚNICO: 0000581-79.2024.8.25.0041 - NATUREZA: Destituição do Poder Familiar - DOCUMENTO:
202473200460 - PRIORIDADE: Urgente(Justiça Gratuita) - [TM4316, MD206] - REQUERENTE:
MINISTERIO PUBLICO - REQUERIDO E OUTROS: GILSON JOSÉ DOS SANTOS

Prezado(a) Senhor(a),

Através do presente, ( ) DETERMINO ou ( ) SOLICITO que seja cumprida a finalidade abaixo


transcrita:

Finalidade: Por meio deste, em cumprimento a ordem judicial do Exmo. Sr. Dr. Fernando Luís
Lopes Dantas, Juiz de Direito desta Comarca, proferida nos autos acima mencionados, que tramitam seus
termos pelo expediente do Cartório desta Vara, solicito que continue a promover para o incapaz os
atendimentos psicológicos e psiquiátricos necessários aos Requeridos MARINALVA DE JESUS SANTOS e
GILSON DOS SANTOS, residentes e domiciliados na Rua Nova, nº 306, Povoado Pastora, Laranjeiras/SE e à
incapaz MYLLENA VITÓRIA DE JESUS SANTOS.

Na resposta ao presente, favor mencionar o número deste processo.

Atenciosamente,

Nome: SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE LARANJEIRAS - Endereço: PRAÇA GETULIO VARGAS, ,


SN - Bairro: CENTRO - Cidade: LARANJEIRAS/SE - CEP: 49170000

[TM4316, MD206]

É dever de todos proteger crianças e adolescentes contra a violência infantil - Disque 100 (Direitos
Humanos Nacional) ou Disque 181 (Polícia Civil). A Denúncia é anônima. A ligação é gratuita.

Documento assinado eletronicamente por FERNANDO LUÍS LOPES DANTAS, Magistrado


(a) de 2ª Vara Cível e Criminal de Laranjeiras, em 22/03/2024, às 13:08:30, conforme art.
1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

O acesso aos documentos anexados bem como à conferência de autenticidade do


documento estão disponíveis no endereço www.tjse.jus.br/autenticador, mediante
preenchimento do número de consulta pública 2024006024052-67.

Recebi o mandado 202473200460 em _____/_____/__________

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE LARANJEIRAS


Assinado eletronicamente por FERNANDO LUÍS LOPES DANTAS, em 22/03/2024 às 12:24:34, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.
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Poder Judiciário do Estado de Sergipe


2ª Vara Cível e Criminal de Laranjeiras

Nº Processo 202473200114 - Número Único: 0000581-79.2024.8.25.0041


Autor: MINISTERIO PUBLICO
Réu: GILSON JOSÉ DOS SANTOS E OUTROS

Movimento: Decisão >> Aplicação de Medida Protetiva >> acolhimento institucional

Processo n.º: 202473200114

DECISÃO

I – RELATÓRIO

Cuida-se de AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR CUMULADA COM PEDIDO


LIMINAR DE SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR E COLOCAÇÃO EM ACOLHIMENTO
INSTITUCIONAL movida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SERGIPE em face de
M. DE J. S. e G. DOS S., tendo como interessado(a) o(a) incapaz M.V. DE J.S.

Em apertada síntese, o órgão ministerial alega ter instaurado procedimento extrajudicial de n.º
102.23.01.0092, por meio do Ofício n.º 158/2022, após ter recebido notícia de fato do
Conselho Tutelar do 1º Distrito de Laranjeiras com relato de que a incapaz interessada estaria
em situação de risco.

Especificamente sobre a Requerida/genitora, aponta que as denúncias foram no sentido de


que “como sempre drogada e bêbada chegou agredindo a criança com xingamentos e até
mesmo com uma faca atentou contra a vida do senhor Gilson”.

Por sua vez, sobre o Requerido/genitor, pontuou que a denúncia foi no sentido de que ele
abusaria da criança.

Ainda, salientou ter realizado audiência ministerial e que a rede de proteção informou não
haver família extensa que possa se responsabilizar pela incapaz, bem como que pontuou que
o acolhimento institucional seria a melhor alternativa para a infante no presente momento até
que o Requerido consiga se separar da Requerida.

Também, salientou que na audiência em comento o Requerido informou que a Requerida


sempre chegava em casa bêbada, querendo quebrar tudo, que não aparecia em casa há três
dias, enquanto que a incapaz interessada disse que quase todo dia a sua mãe lhe batia e lhe
xingava.

Ao final, em sede liminar, pleiteou pela suspensão do poder familiar de ambos os Requeridos e
do acolhimento institucional da incapaz.

Juntou os documentos de pp. 14/63.


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Os autos vieram conclusos. Decido.

II – FUNDAMENTAÇÃO

II.1 – Requisitos genéricos para concessão de tutela de urgência

Inicialmente, passo à análise da tutela provisória vindicada, à luz do art. 300, caput, do Código
de Processo Civil.

A tutela provisória de urgência (antecipada ou cautelar), nos termos do art. 300, “caput”, do
CPC/2015, tem cabimento quando presentes os seguintes requisitos: 1) a probabilidade do
direito, compreendida como a plausibilidade do direito alegado, em cognição superficial, a
partir dos elementos de prova apresentados; 2) perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo, caso a prestação jurisdicional não seja concedida de imediato.

Além disso, tem-se o requisito de caráter negativo previsto no §3.º do mesmo dispositivo, qual
seja, a reversibilidade da decisão, não devendo ser concedida a tutela caso exista o perigo da
irreversibilidade de fato (ressalte-se que, caso a irreversibilidade seja de direito, podendo ser
resolvida em perdas e danos, a medida poderá ser consentida).

II.2 – Caso concreto. Incapaz em situação de risco (art. 98, II, do ECA). Suspensão do
poder familiar dos Requeridos e deferimento do acolhimento institucional

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa


humana, sem prejuízo de proteção integral, assegurando-lhes o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

O Poder Público, em conjunto com a Sociedade, tem o dever de assegurar, com prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade, ao respeito e à convivência na família e na comunidade,
num verdadeiro exercício democrático em defesa da cidadania.

Desse modo, ao analisar os argumentos apresentados pelo parquet e todas as diligências


/relatórios/notícias desde 12/09/2023 até o presente momento, tem-se que atualmente a
incapaz interessada está em situação de risco a autorizar o pedido liminar pleiteado pelo
Ministério Público. Explico.

O relatório de p. 16 contém informação de que a família em questão é acompanhada desde


2021 a partir de denúncias que chegaram ao Conselho Tutelar sobre negligências e maus
tratos que a incapaz interessada estaria sofrendo. Nele, há também menção ao fato de que em
04/09/2023 os Conselheiros foram acionados novamente ante a notícia de agressão da criança
interessada pela sua genitora, com menção ao fato de que ela "como sempre drogada e
bêbada chegou agredindo a criança com xingamentos e até mesmo com uma faca atentou
contra a vida do Requerido, o qual teria pego a criança e saído sem destino com medo de ser
atingido pela Demandada.

Consta, ainda, menção de que a denúncia encaminhada igualmente indicou que o Requerido
abusa da criança.
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De maneira conforme ao aludido relatório, como ponto relevante para este momento, tem-se
que o relatório “psicossocial” de pp. 40/42 concluiu que a interessada demonstrou indícios de
alienação parental; que o Requerido, mesmo aparentemente insatisfeito com a conduta da
companheira, não buscou nenhuma ação capaz de preservar seu bem-estar físico, psíquico e
social; que há uma relação conflitante e que ela “se transformou em um elo doentio”.

Foi, ainda, sugerido que a incapaz interessada fosse colocada em ambiente salubre (família
extensa ou acolhimento institucional).

Especificamente sobre a narrativa do Requerido em tal relatório, tem-se que ele disse que a
Requerida costuma fazer uso de agressões verbais e físicas contra ele e contra a incapaz
interessada.

Avista-se, ainda, que houve a realização de audiência ministerial em 01/02/2024 (pp. 58/60) e
a incapaz interessada foi ouvida e disse ser boa aluna, nunca ter reprovado e que sua mãe
quase todos os dias lhe bate, ainda que sem motivo e tanto quanto está bêbada, tanto quanto
está sóbria.

Também, disse que ela às vezes passa quatro dias fora de casa e que o genitor cuida bem
dela e preferir ficar com ele, inclusive em caso de separação dos pais, com a ressalva de que
ele somente lhe bate quando faz muita bagunça.

Sobre o genitor, a Conselheira Simone informou que o Requerido não consegue “se libertar”
da Requerida e que ela não tem controle algum quanto à bebida, bem como que o Requerido
já mudou de endereço cinco vezes desde o início do acompanhamento familiar, com destaque
que acredita que ele o faz na tentativa de se desvencilhar da Requerida, mas que não
consegue. Ressaltou, ainda, que não há família extensa para se responsabilizar pela infante e
acreditar que “o acolhimento institucional seja a melhor alternativa para M. no presente
momento”, no que foi corroborado pela Sra. Ana Lúcia.

Do contexto acima apresentado e documentos que o acompanham resta demonstrado em um


Juízo de cognição sumária que a criança interessada está em situação de risco, seja pelos
narrados e supostos maus-tratos praticados pela genitora/Requerida em seu desfavor, seja
pela relação em tese conflituosa existente no relacionamento dos seus genitores, o que acaba
por refletir no risco à integridade física e psicológica da criança interessada, especialmente por
indicação da possibilidade de alienação parental pelo genitor/Requerido e denúncia sobre
suposto abuso, bem como pela narrativa de que a criança interessada apanha quase todos os
dias da sua genitora, ainda que sem motivo e mesmo estando sóbria.

Soma-se a isso o fato de que a Conselheira Simone e Ana Lúcia terem indicado a ausência de
família extensa que possa se responsabilizar pela interessada neste momento, especialmente
enquanto o Requerido possa estar sob acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico
(medidas que o CREAS já indicou como ter providenciado, conforme p. 60), ou tomar medidas
para que possa ter a guarda judicial da criança interessada (vide p. 60), tendo havido expressa
recomendação pelo relatório de pp. 40/42 pelo acolhimento institucional da criança e/ou
colocação em família extensa, sobre a qual não se tem notícia até o presente momento.

Assim, resta configurada uma das hipóteses do art. 98, notadamente a prevista no inciso II, da
Lei n.º 8.069/90, conforme abaixo transcrito:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os
direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
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I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III – em razão de sua conduta;

O art. 129 do ECA enumera medidas aplicáveis aos pais ou responsáveis, dentre eles a
suspensão ou destituição do poder familiar (inciso X), hipótese em que devem ser observado o
art. 24 do mesmo diploma legal, que passo a transcrever:

Art. 24. A perda e a suspensão dopoder familiar serão decretadas judicialmente, em


procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.

O art. 22, do ECA, por sua vez, dispõe que “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir
e fazer cumprir as determinações judiciais”.

Tem-se, portanto, demonstrada, ao menos em um juízo de cognição sumária, a existência de


falta, omissão, maus-tratos por parte da Requerida (genitora) e indiretamente pelo Requerido
(genitor) em decorrência, supostamente, da relação conflituosa que vive com a Requerida,
sem olvidar da existência de denúncia sobre suposto abuso e indicação da possibilidade de
alienação parental, amoldando-se à hipótese do art. 98, II, do ECA, e, consequentemente,
ensejando o deferimento do pedido liminar de suspensão do poder familiar dos genitores da
incapaz interessada, na forma do art. 129, X, c/c art. 157, ambos do ECA.

Consequentemente e em virtude da localização, neste momento, de outra pessoa capaz de


desempenhar os cuidados incapaz interessada denota-se a necessidade de um suporte estatal
que evite o agravamento do quadro, em razoável prestígio dos postulados do maior interesse,
da prioridade absoluta e da intervenção precoce, proporcional/adequada e atual, previstos no
art. 100 do ECA:

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas,


preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas:

I – condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes


são os titulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição
Federal;

II – proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida


nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de que crianças e
adolescentes são titulares;

III – responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos
assegurados a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos
casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3
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(três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade


da execução de programas por entidades não governamentais;

IV – interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender


prioritariamente aos interesses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
consideração que for devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos
interesses presentes no caso concreto;

V – privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser


efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;

VI – intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo
que a situação de perigo seja conhecida;

VII – intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e
instituições cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da
criança e do adolescente;

VIII – proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à


situação de

perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é


tomada;

IX – responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais


assumam os seus deveres para com a criança e o adolescente;

X – prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente


deve ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural
ou extensa ou, se

isso não for possível, que promovam a sua integração em família adotiva;

XI – obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de


desenvolvimento e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser
informados dos seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como
esta se processa;

XII – oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na


companhia dos pais, de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou
responsável, têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de
promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente considerada pela
autoridade judiciária competente, observado o disposto nos §§1 e 2 do art. 28 desta Lei.

Note-se, da simples leitura do trecho legal colacionado acima, que o microssistema processual
instaurado pelo ECA estabelece que a intervenção das autoridades competentes deve ser
efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida e que esta deve ser a necessária e
adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento
em que a decisão é tomada, o que denota a preocupação com que o legislador pátrio tratou a
questão de crianças e adolescentes em situação de risco, exigindo a atuação célere e efetiva
por parte do Poder Judiciário.
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Somando-se a isso, o art. 101, da supracitada lei, enumerou uma série de medidas específicas
de proteção às crianças e aos adolescentes quando seus direitos se mostrarem ameaçados ou
violados. Todavia, o rol estabelecido é enumerativo, o que permite ao julgador a adoção de
outras medidas que melhor se adéquem à situação fática, norteado pela satisfação dos
interesses do menor.

Assim, pelas razões supramencionadas, entendo razoável a medida pleiteada pelo Ministério
Público, devendo ser encaminhada a pessoa em desenvolvimento para entidade de
acolhimento adequada à sua correta avaliação e cuidado, dirimindo os riscos constatados.

III – DISPOSITIVO

Diante do aduzido, com fundamento nos artigos 1.634 e 1.638, II, do Código Civil e dos artigos
98, 101, VII, e 157 do ECA DETERMINO LIMINARMENTE A SUSPENSÃO DO PODER
FAMILIAR de M. DE J. S. e G. DOS S., com relação a seu(a)(s) filho(a)(s) M.V. DE J.S., ao
tempo em que determino o seu acolhimento institucional a título provisório, até que seja
possível a reinserção familiar ou colocação em família substituta/extensa.

O(A) incapaz em comento ficará, atualmente, sob a responsabilidade do Diretor(a)/Presidente


da instituição de acolhimento, devendo lá permanecer até ulterior decisão em sentido contrário.

Não refratário às determinações supramencionadas, determino ainda:

1) Que seja oficiado o Núcleo Psicossocial do TJSE, a fim de que realize, no prazo de 20
(vinte) dias e com a urgência que o caso requer, estudo social ou perícia por equipe
interprofissional ou multidisciplinar, a fim de que se verifique a presença ou não de alguma
causa de suspensão ou destituição do poder familiar, nos termos do art. 157, § 1.º, da Lei n.º
8.069/1990 (ECA);

2) Que sejam pessoalmente citados os genitores indicados e qualificados na inicial (ficando,


de logo, autorizada a expedição de carta precatória se houver necessidade) para, no
prazo de 10 (dez) dias, apresentarem contestação na forma escrita, podendo indicar as provas
que pretendem que sejam produzidas, adunar documentos e oferecer o seu rol de
testemunhas, advertindo desde já o meirinho da possibilidade de utilização da citação por hora
certa na hipótese da presença de fortes indícios de tentativa de ocultação, tudo nos termos do
art. 158 do ECA. Faça a Secretaria constar do(s) mandado(s) de citação a informação de que,
não possuindo os réus condições financeiras para constituir advogado, poderão requerer
assistência da Defensoria Pública, a fim de que lhe sejam assegurados os direitos ao
contraditório e à ampla defesa, contando-se o prazo legal a partir da intimação do despacho de
nomeação, como determina o art. 159 do ECA;

3) que seja oficiada a Secretaria Municipal de Saúde para que continue a promover para
o incapaz os atendimentos psicológicos e psiquiátricos necessários ao Requerido e à
incapaz;

4) Não sendo contestado o pedido e não tendo a parte Demandada apresentada qualquer
manifestação no sentido da necessidade de assistência judiciária gratuita, aguarde-se a
apresentação dos estudos requisitados e, com a chegada dos relatórios, venham os autos
conclusos para apreciação, com fulcro no que determina o art. 161 do ECA;
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5) Sendo apresentada(s) a(s) contestação(ões) no prazo legal, intime-se eletronicamente o


Ministério Público para manifestação e, com ela, volvam conclusos para designação da
audiência de instrução e julgamento, nos termos do art. 162 do ECA;

6) Expeça-se a guia de acolhimento, observando-se as cautelas de praxe e os procedimentos


elencados pelo CNJ, atentando para a urgência que o caso requer, de tudo certificando;

7) Em atenção ao disposto no art. 19, §3.º, do ECA, determino a expedição de ofício ao Abrigo
a fim de que o acompanhamento da situação da pessoa em desenvolvimento em apreço seja
contínuo, reavaliando-se o caso a cada três meses, devendo ser enviados relatórios
elaborados por equipe interprofissional ou multidisciplinar.

Atente a Secretaria para que, por meio de ato ordinatório e com antecedência de 10 (dez) dias
do vencimento do prazo, intimar as partes e conceder vista do processo ao Ministério Público,
a fim de que haja tempestiva manifestação quanto à manutenção do acolhimento e, após os
autos sigam conclusos para reavaliação da situação da pessoa em desenvolvimento.

Se necessário, expeça-se mandado de busca e apreensão das crianças, com posterior


emissão das guias de acolhimento exigidas pelo CNJ.

Intimem-se.

Cumpra-se.

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