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Tribunal de Justiça do Piauí

PJe - Processo Judicial Eletrônico

29/09/2021

Número: 0000838-65.2014.8.18.0004
Classe: ADOÇÃO C/C DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR
Órgão julgador: 1ª Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Teresina
Última distribuição : 25/04/2019
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0000838-65.2014.8.18.0004
Assuntos: Adoção de Criança
Segredo de justiça? SIM
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
REYJANE PAULA LIMA (INTERESSADO)
MARIA DE LOURDES CARVALHO DE SOUSA
(INTERESSADO)
REGINA DE SOUSA SILVA BORGES (INTERESSADO)
FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA (INTERESSADO)
VILMA MARIA VIANA ALVES SILVA (INTERESSADO)
SAMUEL RODRIGUES FERREIRA (INTERESSADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
19801 09/09/2021 19:53 Sentença Sentença
441
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ
1ª Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Teresina DA
COMARCA DE TERESINA
Praça Edgard Nogueira, Cabral, TERESINA - PI - CEP: 64000-830

PROCESSO Nº: 0000838-65.2014.8.18.0004


CLASSE: ADOÇÃO C/C DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR (1412)
ASSUNTO(S): [Adoção de Criança]
REQUERENTES: VILMA MARIA VIANA ALVES SILVA, FRANCISCO DAS
CHAGAS SILVA
REQUERIDOS: DOMINGOS ALVES FERREIRA e EVA RODRIGUES DE SOUSA

SENTENÇA

Visto etc.

VILMA MARIA VIANA ALVES SILVA e FRANCISCO


DAS CHAGAS SILVA, qualificados nos autos, requereram a ADOÇÃO
de SAMUEL RODRIGUES FERREIRA, nascido em 14 de junho de
2011, filho de DOMINGOS ALVES FERREIRA e EVA RODRIGUES DE
SOUSA.

Em apertada síntese, alegam que são os


responsáveis de fato pela criança desde os primeiros meses de vida
desta. Informam que obtiveram a guarda judicial do menino no bojo do
processo nº 0001539-94.2012.8.18.0004 e agora desejam adotá-lo.

Argumentam que satisfazem todos os requisitos


legais para o deferimento do pleito, bem assim, como o infante
encontra-se adaptado à família dos requerentes e recebe toda
assistência material e moral de que precisa para o seu pleno
desenvolvimento.

Aos autos, juntaram documentos.

Certidão, Num. 4855179 - pág 26, informa a


impossibilidade de citação pessoal dos genitores.

Laudo de estudo técnico, ID Num. 4855179 - Pág.


29/33.

Citados por edital, os genitores, DOMINGOS ALVES


FERREIRA e EVA RODRIGUES DE SOUSA, por intermédio da
Curadoria de Ausentes, contestaram por negativa geral, conforme Id

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Num. 4855183 - Pág. 13/16.

O Ministério Público, em Id Num. 4855183 - Pág.


19/20, apresentou endereço para citação pessoal dos genitores.

Nova tentativa de citação pessoal, Id Num. 4855183 -


Pág. 28, na oportunidade o genitor Domingos Alves foi citado
pessoalmente e informou ao oficial de justiça o falecimento da genitora
Eva Rodrigues de Sousa.

Revelia do genitor decretada em Id Num. 4855183 -


Pág. 40.

A parte autora, em Id Num. 8378719, requereu a


procedência do feito e a busca de resposta pelo registro do óbito da
genitora Eva Rodrigues de Sousa.

Sem êxito a tentativa de obtenção da certidão de óbito


da genitora, conforme Id nº 10513530.

Ata de audiência de instrução com oitiva de


testemunhas, Id Num. 18837418.

Instado, o Ministério Público emitiu parecer favorável


ao deferimento do pedido (ID Num. 19789420).

Conclusos vieram os autos.

É o Relatório.

Decido.

FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação na qual VILMA MARIA VIANA


ALVES SILVA e FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA pleiteiam a
adoção de SAMUEL RODRIGUES FERREIRA.

A adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual,


observados os requisitos legais, alguém estabelece,
independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo
ou afim, um vínculo de filiação, trazendo para sua família, sob a
responsabilidade de tratar, amar, respeitar, prestar suporte financeiro e

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emocional para as mais diversas necessidades da criança/adolescente
adotado (a), não havendo qualquer distinção em relação ao afeto, zelo
e compromisso proveniente de um laço sanguíneo.

O Instituto da adoção é regulamentado pelo artigo 39


e seguintes do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.0069/90.
Em regra, a adoção depende do consentimento dos pais, dispensado
este em relação à criança cujos pais sejam desconhecidos ou
destituídos do poder familiar (art. 45, § 1º, ECA).

No presente caso, os requerentes mantêm a criança


sob os seus cuidados e responsabilidade desde os primeiros meses de
vida do menino.

Tentou-se, por mais de uma vez, obter-se a


manifestação dos genitores Domingos Alves Ferreira e Eva Rodrigues.
Os quais, por intermédio da Curadoria de Ausentes, apresentaram
contestação por negativa geral (Num. 4855179 - Pág. 19). Some-se a
isso a notícia de que a genitora teria falecido. Ressalto que, as
tentativas de obtenção do registro do referido óbito foram infrutíferas,
conforme Id nº 10513530.

No entanto, não se pode prolongar ainda mais o


deslinde desta causa, pois, da análise do caderno processual, vê-se
que o vínculo familiar entre infante e requerentes encontra-se
estabelecido, há mais de 10(dez) anos.

Os autores comprovaram estabilidade afetiva e


econômica, são pessoas idôneas e dispostas a compartilharem a vida
com o adotando, garantindo a este um futuro melhor.

Nesse sentido, destaco trecho do depoimento da


testemunha MARIA DE LOURDES CARVALHO DE SOUSA, Em Id
Num. 18837418 - Pág. 2:

“que conhece o casal desde de 2007, mora em um


bairro próximo, o casal conheceu a criança ao
fazerem uma visita ao abrigo, e o casal se
apaixonou pela criança SAMUEL, que a criança é
tratada como filho biológico, que os pais biológicos
da criança nunca procuraram pela criança. O casal
tem um bom relacionamento, a pastora Vilma é

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uma pessoa acolhedora. Que o Samuel é uma
criança feliz, que o casal tem mais dois outros
filhos, os quais já são casados.”

Compulsando dos autos, tem-se que o estudo social


revela uma criança perfeitamente integrada à família dos adotantes, da
qual recebe total assistência material e moral. Em ID nº Num. 4855179
- Pág. 33, o setor técnico concluiu que “O infante em razão do tempo
decorrido e pelas relações de afeto construídas, naturalmente,
desenvolvera nos requerentes referências de pai e mãe, a criança
aparentemente saudável, demonstrando vinculação afetiva para com
os requerentes…”

Segundo Pontes de Miranda em “Tratado de Direito


Privado”, poder familiar “é o conjunto de direitos concedidos ao pai ou
à própria mãe, a fim de que, graças a eles, possa melhor desempenhar
a sua missão de guardar, defender e educar os filhos, formando-os e
robustecendo-os para a sociedade, a vida”.

É certo que o poder familiar encontra seu âmbito


natural e propício de funcionamento no seio familiar, mas a família
natural só será também protegida quando atender aos interesses da
criança.

Verifica-se que, no caso sob análise, que os autores


têm proporcionado todos os cuidados necessários ao desenvolvimento
e bem-estar do infante e apresentam as condições necessárias para
exercerem a maternidade/paternidade, além de preencherem os
requisitos legais (art. 42 e §§, 43 e 46 do ECA).

O Ministério Público opinou favoravelmente ao pleito,


conforme extrai-se do parecer Id Num. 19789420: “Ante o exposto,
considerando o princípio do melhor interesse da criança, o Ministério
Público Estadual opina que seja determinada a procedência do
pedido de adoção do infante SAMUEL RODRIGUES FERREIRA aos
requerentes VILMA MARIA VIANA ALVES SILVA e FRANCISCO DAS
CHAGAS SILVA, na forma do artigo 47 do ECA, ou seja, que seja
constituído o vínculo da adoção por sentença judicial, que será inscrito
no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.”

Portanto, restou demonstrado que a adoção


apresenta reais vantagens para SAMUEL RODRIGUES FERREIRA,

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hipótese adequada ao disposto no artigo 43 do ECA.

Além disso, foi constatado o preenchimento dos


requisitos indispensáveis à procedência do pedido de adoção, quais
sejam: idade mínima dos adotantes, estabilidade da família e diferença
de 16 anos entre adotantes e adotando (art. 42 e §§, 43 e 46 do ECA).

Presentes os pressupostos processuais, além das


demais informações trazidas no pleito inicial, tendo em consideração
os prevalentes interesses do infante, o deferimento do pedido é medida
que se impõe.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, considerando o que dos autos consta,


com fundamento nos arts. 39, 42, 43, 45, § 1º, 46, § 1º e 47 da Lei nº
8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - e tendo ainda
em vista o relatório técnico e o parecer ministerial, julgo procedente a
ação de ADOÇÃO ajuizada por VILMA MARIA VIANA ALVES SILVA e
FRANCISCO DAS CHAGAS SILVA, para DEFERIR a adoção
pleiteada, determinando: a) a extinção do poder familiar dos pais
biológicos, DOMINGOS ALVES FERREIRA e EVA RODRIGUES DE
SOUSA, o que faço com base no art. 1.635, inciso IV do CC; b)
cancelamento do registro civil da criança SAMUEL RODRIGUES
FERREIRA; c) abertura de novo registro com inscrição do nome dos
adotantes VILMA MARIA VIANA ALVES SILVA e FRANCISCO DAS
CHAGAS SILVA e de seus ascendentes respectivos; d) não poderá
constar da certidão nenhuma observação sobre a origem do ato e e)
INTIME-SE a parte autora para informar, em 05(cinco) dias, o nome
pelo qual a criança passará a ser chamada.

Expedições necessárias, inclusive atualização no


Sistema Nacional de Adoção.

Após o cumprimento das formalidades legais, dê-se


baixa na respectiva distribuição e arquive-se.

Sem custas.

P. R. e I.

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Número do documento: 21090919530577500000018675323
TERESINA-PI, data registrada no sistema.

MARIA LUIZA DE MOURA MELLO E FREITASJuíza de Direito Titular da 1ª Vara


da Infância e da Juventude

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