Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
143
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
Processo n° 1000178-22.2021.8.26.0704
1. Alega a autora, em apertada síntese que, no dia 12 de fevereiro de 2020, faleceu em São Paulo,
o de “cujus’, Sr. Carlos Ferreira de Sousa, que conviveu maritalmente com sua mãe Sueli Araújo
da Conceição, sendo que desta união veio, a filha Juliana Araújo de Sousa, a qual figura como
inventariante dos bens deixados, pelo falecido.
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – Conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br
fls. 144
3. Segue narrando, que o inicio da relação entre a mãe da requente e ora de “cujus”, iniciou-se,
quando ela tinha 3 (três) anos de idade, ressaltando que, a partir deste momento, o afeto e o
relacionamento público, sempre foi de pai e filha.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
4. Ainda assim, quando a autora atingiu a maioridade, passou a residir em residência distinta,
mas mesmo assim, argumenta que a afetividade, o relacionamento e os cuidados recíprocos,
continuaram até o falecimento.
5. Outrossim, que a relação parental da autora, com o Sr. Carlos Ferreira de Sousa, era pública
notória e permanente, conhecida pela sociedade, conforme documentos que acompanham a
exordial.
6. Por tais razões, pleiteia ao final a procedência da ação, com o reconhecimento da filiação
socioafetiva e que seja reconhecido o direito a herança deixada pelo pai socioafetivo.
8. Inicialmente, é imperioso esclarecer que, a realidade fática dos argumentos lançados pela
autora, não se mostram, conforme exposto na exordial, já que o pai da requerida, jamais
manifestou o seu interesse, em reconhecer a autora, como filha afetiva, em que pese a relação
estreita, que ambos tinham.
9. Há de ponderar, que tal situação, é facilmente demonstrada, haja vista que o de “cujus” Sr.
Carlos Ferreira de Sousa, antes do seu falecimento, pensou em todos os detalhes, tendo
manifestado apenas a vontade de deixar o seguro de vida, para o filho da autora (gabriel),
a fim de contribuir com os estudos da criança.
10. No entanto, jamais manifestou o interesse (vontade expressa) em reconhecer a autora, como
sua filha afetiva, porquanto a relação era estreitada, em virtude da relação que mãe da autora
(Sueli), tinha com o pai da requerida.
2
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br
fls. 145
11. Frisa-se, ainda, que caso o de “cujus” Sr. Carlos Ferreira de Sousa, quisesse realmente
reconhecer a autora como sua filha afetiva, teria deixado testamento, direcionando uma
parte dos seus bens e direitos a autora, mas assim, não o fez.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
12. No caso dos autos, o de “cujus’ Sr. Carlos Ferreira de Sousa, antes do seu falecimento, apenas
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
manifestou seu desejo, de deixar o seu seguro de vida (Cetesb), para o filho da autora (Gabriel),
a fim de contribuir com os estudos da criança, o que a requerida, em nenhum momento
contestou ou contestará tal situação, já que este, foi um desejo expresso de seu pai, antes do seu
falecimento.
13. Aliás, a requerida, desde o momento do falecimento do seu pai, vem sofrendo forte pressão,
inclusive diversas solicitações, para que reconheça a autora, como sendo filha afetiva, a fim de
que os bens deixados pelo de “cujus”, sejam partilhados entre a autora (Taciana), a requerida
(Nathalia) e a irmã Juliana (inventariante).
14. No entanto, a requerida, entende que não cabe a ela reconhecer a autora como filha afetiva,
do de “cujus” Sr. Carlos Ferreira de Sousa, mas que tal situação, deveria ser uma manifestação
de vontade própria do seu genitor (de cujus), o que não em nenhum momento,
confidenciou o interesse em tal reconhecimento.
15. Outrossim, conforme se depreende dos documentos carreados aos autos, inclusive dos
próprios documentos juntados com a exordial, não se mostram presentes, os requisitos
autorizadores para o reconhecimento post mortem da filiação socioafetiva, sendo as fotos
juntadas aos autos (110/118), frágeis demais, se pensarmos, na suposta relação de 29 (vinte e
nove) anos. Aliás, não há sequer uma foto do de cujus, por exemplo abraçando a suposta
filha afetiva ou bilhetes com declarações pessoais, cartões de aniversário e etc.
3
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br
fls. 146
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
17. No mais, a Corregedoria Nacional de Justiça, através do Provimento n. 83/2019, que trata
sobre novo procedimentos relacionados à Paternidade socioafetiva, traz em seu artigo 10-A o
seguinte:
18. Logo fica cristalino, que nosso ordenamento jurídico, preservou a possibilidade de se
declarar o reconhecimento afetivo, resguardada duas hipóteses: i) dentro de um processo de
4
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br
fls. 147
adoção, na qual já foi constatado a filiação afetiva; ii) inequívoca vontade do adotante, para
ver reconhecida tal situação.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
19. Contudo, no caso sob debate, não há qualquer indicio de inequívoca vontade do de
“cujus’, em ver reconhecida, a pretensão exordial, que na verdade, objetiva apenas a partilha
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
dos bens materiais, já que a autora tem como pai biológico (Djalma Pereira de Souza)
fls.,11.
21. Ademais, a autora, sequer constou como herdeira, em eventual disposição testamentaria, já
que repisa-se, há inexistência da vontade do “de cujus”, em ver reconhecida a autora, como sua
filha afetiva, para fins de reconhecimento post mortem da filiação socioafetiva.
22. Outrossim, a verdadeira intenção autoral resta cristalina nos autos, precipuamente
em vista da distribuição do inventário pela Inventariante Juliana (irmã da autora por
parte de mãe), que nada se aproxima da “vontade paterna” ou mesmo da questão
“sentimental” de que versa estes autos. Pelo contrário, vemos apenas o intento
puramente financeiro da autora, em conluio com sua irmã Juliana (inventariante).
23. Inequívoco que tal pretensão afasta sobremaneira a possibilidade de configuração da posse
de estado de filho, o que, como se verá ao longo desta defesa, faz com que esta demanda seja
destinada ao fracasso por qualquer prisma que se verifique a questão posta em juízo.
1
1 http://www.ibdfam.org.br/noticias/5768/Justi%C3%A7a+reconhece+filia%C3%A7
%C3%A3o+socioafetiva+post+mortem
5
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br
fls. 148
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
pai ausente não queira apenas reconhecer um filho que morreu e
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
ficar com a herança dele. O caminho inverso também deve ser
verdadeiro, pois presentes os mesmos aspectos de cunho moral,
já que reconhecer uma filiação socioafetiva de um pai que já
morreu certamente tem em mira apenas os efeitos econômicos
de uma herança”
25. De outro lado, não há dúvidas que ordenamento jurídico, reconhece a possibilidade
de que se estabeleça uma relação de parentesco fundamentada na sociafetividade,
notadamente para fins de reconhecimento de filiação.
26. Pietro Perlingeri, ensina que “o sangue e os afetos são razões autônomas de justificação para
o momento constitutivo da família, mas o perfil consensual e a affectio constante e espontânea
exerce cada vez mais o papel de denominador comum de qualquer núcleo familiar. O
merecimento de tutela da família não diz respeito exclusivamente às relações de sangue, mas,
sobretudo, àquelas afetivas que se traduzem em uma comunhão espiritual e de vida” (Perfis do
Direito Civil – Introdução ao Direito Civil Constitucional, 2. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2002, p. 244).
27. Nesta senda, conforme já decido pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, em sede de
repercussão geral, no Recurso Extraordinário nº 898.060, é possível reconhecer-se o parentesco
civil baseado na parentalidade socioafetiva, porém, conforme ressalvado no voto do Ministro
Relator, “A afetividade enquanto critério, por sua vez, gozava de aplicação por doutrina
e jurisprudência desde o Código Civil de 1916 para evitar situações de extrema injustiça,
reconhecendo-se a posse do estado de filho, e consequentemente o vínculo parental, em
favor daquele utilizasse o nome da família (nominatio), fosse tratado como filho pelo
pai (tractatio) e gozasse do reconhecimento da sua condição de descendente pela
comunidade (reputatio). (RExt 898.060, Informativo n. 840)
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
29. Logo, uma simples relação carinhosa, baseada na afeição e cuidados, não são suficientes para
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
que se reconheça como uma relação jurídica de parentesco, como obviamente se pode esperar.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
meio social em que vivem. 2. Embora se reconheça que a
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
paternidade não deriva apenas do vínculo de consanguinidade,
mas, sobretudo, em razão do laço de afetividade, é certo que se
revela necessário o consenso das partes para o reconhecimento
da paternidade socioafetiva, de forma a atender aos interesses de
ambos, não podendo o Judiciário impor a paternidade
socioafetiva, que, sobejamente, não condiz com a vontade de
uma das partes APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E
DESPROVIDA. SENTENÇA MANTIDA. (TJ-GO - AC:
03335476420178090028, Relator: Des(a). JAIRO FERREIRA
JUNIOR, Data de Julgamento: 23/03/2020, 6ª Câmara Cível,
Data de Publicação: DJ de 23/03/2020)
31. Por outro lado, nestes autos, tal situação não foi comprovada pela autora, limitando-
se a trazer para os autos declaração de imposto de renda, em que o falecido indicou ser
o seu responsável legal pelo pagamento das mensalidades da instituição de ensino,
todavia, limitando-se tal fato apenas ao ano de 2003 (fls.22/26), embora estivesse
supostamente sob sua ‘paternidade’ durante 29 anos.
32. Há proposito, a referida declaração de imposto de renda (fls.,22/26), sequer poderia ser
utilizada pela autora nestes autos, já que o referido documento, envolve sigilo fiscal, o que
indica que houve quebra de sigilo fiscal, com o rompimento da norma que rege a
matéria.
33. Ressalte-se que tais requisitos originam-se e são reputados como imprescindíveis
pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a saber: STJ. 3ª Turma. REsp
1.328.380-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/10/2014 (Info 552),
entendimento que se perpetua naquela Corte.
8
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br
fls. 151
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
processado, não há como proceder o reconhecimento socioafetivo.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
35. De outro lado, a existência da filiação socioafetiva deve, antes de tudo, decorrer de um ato
de vontade do de “cujus”, de uma manifesta intenção de estabelecimento da paternidade,
fundada no sentimento de afeição e de amor pelo outro ente humano.
36. Relembra-se, de que o estado de filho não se confunde com auxílios econômicos ou
psicológicos, única possibilidade interpretativa de tudo quanto fora exposto e trazido pela
demandante, neste processado.
37. Fortalecendo o direito ora defendido, trago à baila entendimento proferido pela Corte
Bandeirante, que assim se pronuncio em processo similar a este, vejamos:
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
ed., Manole, Barueri, 2011, comentário ao art. 1.596, p. 1786).
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
Nesse caso, a prova da ausência de vínculo biológico (fls. 80-81)
é o quanto basta para afastar a paternidade do réu. ((TJSP;
Apelação 0005874-05.2010.8.26.0587; Relator (a): Andrade
Marques; Órgão Julgador: 22ª Câmara de Direito Privado; Foro
de São Sebastião - 1ª V.CÍVEL; Data do Julgamento: 14/03/2013;
Data de Registro: 15/03/2013)
38. Destarte, por qualquer angulo que se analise o presente feito, percebe-se a obrigatoriedade
de comprovação evidente da vontade do de “cujus” em “adotar”, a fim de considerar a autora
como se sua filha fosse, o que não restou demonstrado nestes autos.
39. No caso dos autos, conforme exaustivamente exposto ao longo da presente defesa, em que
pese os esforços da patrona da parte ex adversa, não restou demonstrado qualquer
manifestação expressa de vontade do de “cujus”, em ver reconhecida a filiação socioafetiva,
pretendida pela autora.
40. Há propósito, a prova cabal destes autos, deveria ter sido produzida nesse sentido,
porquanto a filiação socioafetiva, remonta à vontade expressa do falecido em ver
reconhecido o direito pleiteado nesta demanda, o que não há em uma única linha da
exordial, qualquer argumento que demonstre tal situação.
41. Nesta toada, nunca é demais lembrar, regra básica a respeito da teoria do ônus da prova,
dispõe incumbir ao autor a demonstração do fato constitutivo de seu direito e ao réu o fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (Código de Processo Civil, artigo 373).
42. Doutrinariamente, ensina-se que "às partes cumpre dar a prova dos fatos que lhes
interessam e dos quais inferem o direito que pleiteiam: actori incumbit onus probandi et reus
in excipiendo fit actor. Porque cada um dos litigantes pretende modificar ou destruir a posição
10
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br
fls. 153
jurídica do adversário, nada mais natural e necessário, em conseqüência, que ambos provem as
afirmações tendentes àquele fim”
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
43. Ainda segundo a doutrina, "a dúvida ou insuficiência de prova quanto a fato
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
constitutivo milita contra o autor. O juiz julgará o pedido improcedente se o autor não
provar suficientemente o fato constitutivo de seu direito" (VICENTE GRECO FILHO,
in "Direito Processual Civil Brasileiro", Editora Saraiva, 2ª Edição, 1986, Vol. 2, pg. 177). Vale
dizer, "o autor, que não faz a sua prova, decai da ação, absolvendo-se o réu: actore non
probante reus absolvitur" (MOACYR AMARAL SANTOS, ob. cit., idem, idem)
44. Já a jurisprudência tem se posicionado de que "quem pede ao Juiz tem o ônus de afirmar
fatos que autorizam o pedido, logo tem o ônus de provar os fatos afirmados. Assim, tem
o autor o ônus da ação. Quem quer fazer valer um direito em Juízo deve provar os fatos
que constituem seu fundamento. A equivalência da prova do fato constitutivo alegado
pelo autor, com a do negativo contraposto pelo réu, determina o juízo de improcedência
da ação" (TARS - Apelação Cível nº 194034815 - Montenegro - 1ª Câmara Cível - Rel. Heitor
Assis Remonti - J. 12.04.1994)
45. No mais, no caso dos autos, a requerida, demonstrou claramente, não haver qualquer
prova de manifestação expressa de vontade do “de cujus”, carreada aos autos, em ver
reconhecida a filiação socioafetiva, nem tampouco foi lhe confidenciada, qualquer vontade do
seu pai, acerca dos direitos estreitados na exordial.
46. Por outras palavras, "toda pretensão deduzida em juízo tem por fundamento um fato.
Se o autor, a quem cabia o ônus da prova, não comprovou o fato constitutivo de seu
direito, não levando à conseqüência jurídica por ele pretendida, restando dúvida ao
julgador pela insuficiência das provas produzidas, é de rigor a improcedência do
pedido. Exegese do artigo 333, I, CPC" (TAPR – Apelação Cível nº 0080955400 -
Medianeira - 6ª Câmara Cível - Rel. Hirose Zeni - J. 21.08.1995.
47. Assim sendo, no caso sub judice, ficou demonstrado claramente, que a autora não
comprovou à vontade expressa do falecido, em ver reconhecida a filiação socioafetiva, no
entanto, a requerida demonstrou o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da
autora, nos termos do artigo 373, II do NCPC.
11
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br
fls. 154
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000178-22.2021.8.26.0704 e código B42D912.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MAURICIO JOSE MARCHI, protocolado em 14/07/2021 às 11:39 , sob o número WJMJ21411391071 .
a) Por tais, razões, levando em conta a fragilidade da prova produzida
nos autos, outro não pode ser o desfecho da ação, senão a improcedência integral do pedido
inaugural, com as condenações de estilo, porquanto ausente nos autos, a vontade expressa
do de “cujus”, em ver reconhecida a filiação socioafetiva, em que pese uma proximidade entre
autora e o falecido.
c) Por fim, requer que todas as intimações de atos deste processo sejam
feitas em nome de MAURICIO JOSE MARCHI, OAB/SP 281.884, nos termos do Capítulo
4, Seção 3, item 62, das normas da Egrégia Corregedoria.
Termos em que,
E. R. D.
12
________________________________________________________________________________________
Rua Plinio Colas, 278 – conjunto 21B – Mandaqui – 02435-030 – São Paulo – SP - Tel.: 55 11 96342-2226
mauriciomarchi@adv.oabsp.org.br