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Ofício n.

41/2024-P
Infogab 2021/184
Brasília, 27 de março de 2024

Excelentíssimo Senhor
DEOSDETE CRUZ JÚNIOR
Procurador-Geral de Justiça
Ministério Público de Mato Grosso
gab.pgj@mpmt.mp.br
(65) 3613-5123/5144

Assunto: (reitera) - Pedido de providências/informações – denúncia de ameaça a jornalistas em Mato Grosso.

Senhor Procurador-Geral de Justiça,

O Deputado Federal Emanuel Pinheiro Neto (MDB/MT) reportou à Presidência desta Comissão de
Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial suposta utilização de agentes da Segurança Pública de Mato
Grosso para perseguir jornalistas que denunciam o Executivo estadual (docto anexo).

2. O relato infere que decisão da Justiça estadual determinou apreensão dos computadores e celulares
dos jornalistas Alexandre Aprá, Marco Polo de Freitas Pinheiro, conhecido como Popó Pinheiro, e Enock
Cavalcanti; eles teriam sido alvos de um inquérito da Polícia Civil por supostas práticas dos crimes de calúnia,
ameaça e associação criminosa em desfavor de autoridades daquela unidade da federação.

3. Documento apócrifo, apensado ao pedido do parlamentar, descreve que os atos de perseguição a


profissionais da imprensa de Mato Grosso teriam se agravado após notícia do site Repórter citar a participação
do desembargador Orlando de Almeida Perri, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, na sociedade de uma
mineradora; ele teria atuado no julgamento de processo relacionado ao setor mineral daquele estado, diz a
correspondência (docto. anexo).

4. As denúncias de cerceamento à imprensa naquele Estado também já foram objeto de atuação desta
CDHMIR, consoante o Ofício n. 587/2021, enviado a esse Parquet (docto. anexo); sem resposta.
5. Atualmente, o caso é discutido no bojo da Reclamação n. 66.246, em trâmite no Supremo Tribunal
Federal, de relatoria da Ministra Cármen Lúcia.

6. A liberdade de expressão e de imprensa constituem um dos pilares do sistema democrático e


garantem o direito de obter, produzir e divulgar fatos e notícias por quaisquer meios, impossibilitando, assim,
que o Estado utilize medidas coercivas para constranger a atuação profissional e devassar a forma de recepção
e transmissão daquilo que é trazido a conhecimento público (art. 5º, XIV, da CRFB).

7. Não só a Constituição brasileira, mas instrumentos de proteção internacional de direitos humanos dos
quais o Brasil é signatário, entre eles, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, e o Pacto de San José da Costa
Rica, primam pela liberdade de expressão e de imprensa.

8. Esta CDHMIR tem atribuições regimentais de avaliar denúncias de ameaças e violações aos direitos
humanos (art. 32, inciso VIII, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados), razão pela qual reitero as
informações sobre eventuais medidas adotadas quanto ao mencionado no item 4, e solicito que Vossa
Excelência adote providências para a devida apuração da denúncia tem tela, prestando os esclarecimentos
pertinentes e correlatos para que esta Presidência siga acompanhando o assunto.

Cordialmente,

Deputada DAIANA SANTOS


Presidenta da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial
Câmara dos Deputados

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