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CÓDIGO: 41103
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TRABALHO / RESOLUÇÃO:
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No ato de posse, os agentes judiciais são submetidos a um juramento de
cumprimento da Constituição da República Portuguesa. A imparcialidade, ética
e rigor técnico por parte destes, é primordial para melhor eficiência e qualidade
de resposta. Todavia, nem sempre é o que se sucede.
Os agentes judiciais são seres humanos, dotados de valores e crenças incutidos
pelo meio que estão inseridos, e as suas personalidades e ideais vão, de facto,
ter influência e repercutir-se nas decisões tomadas, pondo a sua imparcialidade,
muitas vezes, em causa. Muitas decisões nem sempre são as mais corretas e
justas, havendo ainda discriminação de minorias éticas, preconceito e
tratamentos distintos alicerçados na posição social e económica dos cidadãos.
A caso de exemplo, num julgamento polémico, realizado no Tribunal da Relação
do Porto, o juiz minimizou um caso de violência doméstica, tendo atenuado a
pena ao agressor, alegando o facto da vítima do sexo feminino ter cometido
adultério. Proferiu declarações para com esta, ofensivas, desrespeitosas e
atentatórias dos princípios constitucionais e supraconstitucionais da dignidade e
igualdade humanas, tais como adúltera, dissimulada, falsa, hipócrita e desleal
(Ramos, 2019). O juiz invocou ainda a Bíblia, o Código Penal de 1886 e até
civilizações que punem o adultério com pena de morte, para justificar a violência
cometida contra a vítima pelo seu companheiro agressor (Ramos, 2019).
Perante tal atitude, o juiz violou, em minha opinião, direitos fundamentais
reconhecidos pela Constituição e pela lei, nomeadamente o artigo 25º da
Constituição da República, que declara que “a integridade moral e física das
pessoas é inviolável.” (2003, p.14); o artigo 13º da Constituição da República
(2003, p.11) e o artigo 2º da Declaração Universal dos Direitos do Homem
(1948). Este foi sancionado com uma advertência registada por infração
disciplinar por violação do dever de correção.
É visível, por parte do sistema judicial, uma incapacidade ao lidar com delitos
cometidos por pessoas poderosas, e acusar ou arquivar, absolver ou condenar
em tempo razoável. Os temas mais mediáticos não cumprem, muitas vezes, os
prazos com objetivo de servir interesses privados/públicos e estratégias,
podendo mesmo levar a casos extremos como a prescrição de processos.
Todas as desigualdades visíveis no sistema judicial português, permitem concluir
a existência de um paradoxo, uma vez que o sistema de justiça detende a função
de proteger os direitos das pessoas, e torna-se ele próprio agente de violação
dos mesmos.
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Referências Bibliográficas
Ramos, Vânia (2019, fevereiro 5). Juiz que citou Bíblia para minimizar violência
doméstica punido com advertência. TVI24. Disponível em
https://tvi24.iol.pt/amp/sociedade/neto-de-moura/juiz-do-acordao-que-citou-a-
biblia-punido-apenas-com-advertencia [acedido a 20.11.21].
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