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COMUNICAÇÃO SOCIAL E

TRIBUNAIS

26 DE JULHO DE 2021
IEFP DA AMADORA
Curso NSPRO – técnico/a de serviços jurídicos
Índice

Introdução 2

Relação histórica 3

Como conciliar o tempo da justiça co a liberdade de informar 5

O segredo de justiça deve existir? 7

“a Casa Pia pode ter sido o gatilho?” … para a reforma geral – 8


advogado Caros Pinto Abreu

Quem é Paulo Pedroso? 11

Biografia 12

Processo Casa Pia 14

A polemica das escutas telefónicas, fugas de informação e 18


pressão política

Discurso direto – entrevista ao correio da manhã 19

Caso Pedroso: Juiz “devia ter-se recusado a participar no 20


processo”
Webgrafia 21

1
Introdução
O presente trabalho explora a natureza da relação entre a comunicação social e os
tribunais, e o seu impacto na construção e consolidação da Democracia. Adotando um
olhar interdisciplinar, e recorrendo a várias pesquisas, examinam-se diversas dimensões
dessa relação, problematizando as suas implicações para o exercício da cidadania.
Tomando como caso de estudo o Tribunal e os principais meios de comunicação social
nacionais, procurou-se responder a questões sobre a relação da Justiça com o Jornalismo,
os problemas concretos e prementes ali existentes, e suas implicações. Também se
enfrenta o dilema do direito à informação e liberdade de expressão diante dos limites de
publicidade que reclamam os processos na Justiça e a postura dos magistrados diante do
papel de julgador, bem como a pressão da opinião pública e a nova realidade produzida
com as polêmicas das violações do segredo de justiça.

2
Contexto histórico
Em 1987, o legislador português estabeleceu regras simples, que distinguia entre uma
fase de investigação preliminar secreta e uma fase posterior de julgamento de carácter
público. A reforma de 1998 vai no sentido da concessão de margens adicionais à
publicidade, em especial ao tornar possíveis as comunicações públicas por parte das
autoridades em relação a assuntos que se podem encontrar em fase de investigação,
mas também introduzindo limitações à publicidade de dados e informações pessoais.
Com a reforma de 2007 todo o processo passou a ser público, desde a abertura do
inquérito; também modificaram o Código Penal, sobre o crime de violação do segredo
de justiça. A modificação de 2010, muito mais modesta, abunda também nessa direção.

O resultado dessa evolução é a nova versão do artigo 86.º CPP, que estabelece um
equilíbrio entre a regra geral da publicidade e a necessidade de que certos atos sejam
secretos, o direito a um julgamento justo e a uma boa defesa por parte de arguido, o
interesse social em conhecer o desenvolvimento dos processos penais e a difícil relação
de poderes entre juízes e o Ministério Público.

O artigo 88.º do CPP aborda as consequências que tem a publicidade ou o segredo dos
atos do processo penal, sobre a atividade dos meios de comunicação social. Em
princípio, admite-se a descrição minuciosa do conteúdo dos atos de um processo,
sempre que não estejam cobertos pelo segredo. Há certas restrições ou precisões
adicionais, que impedem, noutros extremos, a reprodução de atos do processo ou de
documentos incorporados ao mesmo, até que se dite sentença de 1.ª instância, a
publicação da identidade das vítimas de certos crimes, ou a difusão de conversas ou
comunicações intercetadas, se não se conta com o consentimento dos intervenientes.

O artigo 371.º do CP pune a violação deste segredo com pena de prisão, até dois anos
ou com multa de até 240 dias.

O Direito é hoje, um objeto privilegiado dos media e entrou no quotidiano dos cidadãos,
gerando uma nova, e emotiva relação, com os problemas da Justiça.

A maior parte da informação que o cidadão adquire do sistema judicial é a que provém
dos meios de comunicação social e, conjugado com o facto de apenas uma pequena
percentagem de cidadãos ter contatos diretos com os tribunais e respetivo código legal,
é provável que os media desempenhem um papel relevante na construção de opiniões
negativas sobre a justiça, designadamente por via da saliência do contraste entre os
tempos mediáticos e os tempos judiciais.

Com o desenvolvimento do conceito de Estado de Direito, foi-se sedimentando a ideia


de que, por um lado o poder do Estado se exerce por intermédio do direito e, por outro,
que o Estado está, ele próprio, sujeito ao direito. Nesta perspetiva os tribunais tendem
a aparecer não como uma extensão lateral do poder executivo (com vista à aplicação da
lei), mas como um instrumento e uma exigência do Estado de direito democrático.

3
Na sociedade dos nossos dias, o prestígio da Justiça perante a sociedade depende em
boa medida da sua imagem.

Ora, se a crítica à atuação dos Tribunais é exercida de maneira excessiva, se se ataca de


modo injustificado determinados juízes na sua reputação pessoal, se se submetem os
juízes e os Tribunais a campanhas deliberadas de pressão para condicionar o sentido
das decisões judiciais, não só se pode ver comprometido o prestígio dos Tribunais,
essencial em democracia, mas também se dificulta o cumprimento das
responsabilidades e demandas dirigidas ao Poder Judicial. Acresce que a falta de
informação, ou o caráter deficiente desta, dará necessariamente espaço a juízos
especulativos sobre a atividade do Poder Judicial que se aprestam a refletir-se
negativamente na imagem do mesmo e da forma como é exercido.

Nessa medida, torna-se imperioso que, entre outras ações a tomar no contexto da
procura da melhoria do sistema de modo que a Justiça chegue a todos de forma justa e
atempada, seja assegurado que a sociedade adquira uma correta imagem dos Tribunais,
reforçando assim a confiança nos mesmos bem como no Sistema de Justiça em geral.

Não é fácil, nunca foi e provavelmente nunca será fácil a relação da Justiça com a
Comunicação Social.

O direito de informar, apesar de tutelado no artigo 37º CRP, não é um direito absoluto.

há limites que não podem ser ultrapassados. Há direito á imagem, direito á honra, ao
bom nome e reputação. Estes princípios devem estar em concordância entre ambas as
partes.

É fundamental que a Justiça e a Comunicação Social desenvolvam boas praticas


deontológicas e éticas para ambas executarem um bom desempenho e assumirem o
papel que cada uma tem na sociedade.

A justiça é um pilar fundamental da nossa vida em sociedade. É uma conquista da


civilização que nós não podemos nunca esquecer. A justiça tem de ser absolutamente
independente na construção da sentença, absolutamente independente seja na
investigação ou no julgamento e não pode permitir interferência nenhuma.

A justiça deve ser muitíssimo mais célere do que é hoje, mas a justiça tem um tempo
próprio que temos de respeitar.

4
Como conciliar o Tempo da justiça com a liberdade de informar?
Não se concilia!

Não vale a pena…tempo é tempo.

O Tempo da comunicação social é hoje e o ontem.

O Tempo da justiça não é, não pode ser e não é desejável que seja esse tempo, portanto
a questão não é uma questão de conciliar o que é inconciliável. O que tem que se pensar,
é de que formas é que, havendo esta tensão incontornável, como é que elas se podem
entender.

A justiça e nomeadamente as magistraturas, têm nesta tensão uma grande


responsabilidade.

A justiça não sabe comunicar. A justiça não comunica e quando comunica, comunica mal,
e sobretudo, como as coisas avançaram muito depressa, a justiça não se soube adaptar
aos novos tempos.

A justiça tem que aprender a fazer isso, tem que aprender a comunicar.

A justiça tem que perceber que se está a dirigir a um Público que não conhece a
linguagem intrincada dos juristas. Tem que a saber traduzir, mas claro que depois o papel
principal neste aspeto será naturalmente da comunicação social. Mas há que encontrar
plataformas em que a justiça possa dar informações claras.

Mas será que a comunicação social está assim tão interessada em que a justiça
comunique de forma clara e unanime para todos os órgãos de comunicação e assim
acabar com a concorrência, e, consequentemente, acabar com a possibilidade da
exclusividade da notícia ficar deveras prejudicada?

Antigamente a comunicação social pressionava, quer políticos, quer justiça, para que a
notícia saísse no dia seguinte, ora quer o parlamento, quer os tribunais têm um tempo
próprio…as decisões tomadas precisam de ser sustentadas num tempo próprio.

Mas, se antigamente já era impossível conciliar estes “dois tempos”, atualmente esta
incompatibilidade de tempos degradou-se, porque agora, a televisão deixou de noticiar
apenas no jornal da 13 e das 20h e passou a noticiar na hora seguinte, a rádio passou a
noticiar no minuto seguinte, as plataformas digitais passaram a noticiar a cada segundo
e por isso a pressão já não é para o dia seguinte…é para o minuto seguinte!

A justiça tem funções de estado e de interesse Público.

5
Pode funcionar mal e realmente funciona muito mal, mas não alienou as suas funções,
enquanto a comunicação social que também tem funções de interesse Público alienou
essas funções de interesse Público, ou seja, não há interesse público na comunicação
social. A sua preocupação são as vendas.

O que é noticiado raras vezes é o que é de interesse público…se o for, melhor! mas aquilo
que comanda as operações são as vendas.

É o capitalismo! Ou a pior parte do capitalismo, que é o desprezo pelos direitos dos


cidadãos, pela verdade e pela democracia e somente em prol do lucro ou, na maior parte
dos casos, em nome do menor prejuízo.

Mas a conciliação tem de existir, é uma conciliação difícil, mas têm que existir porque que
é obrigatória. Obrigatória no sentido de que ambos convivem no mesmo universo e por
isso é preciso compreender a função a natureza.

O papel de um e de outro são absolutamente diferentes, só que, sistematicamente se


confundem.

É preciso percebemos a diferença entre a natureza, a função e o papel de cada um destes


intervenientes para rapidamente progredirmos numa análise mais sustentada e menos
sobressaltada destes temas.

A primeira distinção que tem de fazer feita é entre o assunto e o processo.

Vamos imaginar um enriquecimento súbito de um cidadão, pessoa ligada à política ou ao


desporto.

Isto é um assunto sobre o qual a comunicação social tem todo o direito de investigar, de
fazer a sua própria investigação, de perguntar, de interpelar, de querer saber.

E portanto, a comunicação social, um jornal, uma televisão, uma rádio, pode ir criando
um dossier sobre um determinado cidadão, porque o cidadão lhe interessa.

Outra coisa é o processo.

Se essa matéria se transformar em algo que está a condimentar um processo criminal,


então estamos fora do assunto e estamos dentro do processo.

Desde que se fale, apenas no assunto, em momento algum se está a violar o segredo de
justiça, o que não podem é revelar matéria específica do próprio processo.

É só isso que não podem revelar.

6
O Segredo de justiça deve existir?
Na nossa opinião, deve sim.

Pela defesa do arguido para defesa da investigação e até eventualmente para evitar que
o magistrado sofra pressões para lá daquilo que é normal.

O Segredo de justiça acabar, no enquadramento em que nós estamos presentemente,


significará a submissão do estado às vendas e aos lucros por contraposição a valores
perfeitamente estruturantes da nossa sociedade.

Julgamentos populares são absolutamente inadmissíveis e incompatíveis com a


democracia, mas muitas das vezes, é a política a usar o sistema judicial para fins políticos.

É a política a usar a justiça para difamar e/ou aniquilar um adversário no combate político,
o que é absolutamente inadmissível não só no quadro da separação de poderes como no
quadro da ética e do comportamento.

Mas repare-se que em tudo isto há uma verdadeira hipocrisia, porque se por um lado
temos o Segredo de Justiça que visa todos aqueles pressupostos, por outro temos a quase
impunidade de quem dá a conhecer ao público partes de um processo que está em
segredo de justiça (artº88 CPP), sendo essas partes (a comunicação social), capazes de
construir reputações e destruir reputações.

7
"A Casa Pia pode ter sido o 'gatilho' ...para a reforma penal -
advogado Carlos Pinto de Abreu
Os Códigos Penal e do Processo Penal definiram um novo enquadramento para o crime
continuado contra pessoas.

Com a entrada em vigor da reforma penal, em setembro de 2007, assistiu-se a mudanças


profundas na lei, relacionadas com escutas (artº187 CPP), segredo de justiça (artº86 CPP),
prisão preventiva (artº202 CPP) e outros temas polémicos. Em muitos casos, houve
mexidas com ligações evidentes a casos de pedofilia. Os processos de abuso sexual que
prescreviam ao final de dez anos, passaram a não extinguir antes de o ofendido completar
23 anos de idade.

A referência a "atos homossexuais com adolescentes" desapareceu do Código Penal, por


ser discriminatório, pois isso distinguia-os dos heterossexuais, com isto a lei passou a
considerar, apenas, "atos sexuais com adolescentes" -artº173 CP

Há quem considere que o processo Casa Pia não foi o que motivou a reforma penal. "Isso
é um mito urbano", diz o advogado Carlos Pinto de Abreu, que foi um dos membros da
Unidade de Missão para a Reforma Penal de 2007. "A Casa Pia pode ter sido o 'gatilho',
mas não a razão principal para as mudanças, que podem sempre influenciar o processo A,
B ou C", aponta.

Entre os pontos polémicos estão alterações relacionadas com prisões preventivas,


segredo de justiça, escutas e a tipificação de crime continuado. Todas diretamente ou
indiretamente ligadas ao processo.

Os termos em que se podia decretar prisão preventiva mudaram, estabelecendo a entrega


de indemnizações a quem cumprisse pena estando inocente. Antes de ser interrogado, o
arguido passou a ser informado dos factos que lhe são imputados e das provas que contra
si existem, desde que isso não ponha em causa a investigação - no "rebentar" do caso isso
não acontecia e foi uma das principais queixas de Carlos Cruz. Outra alteração foi os
termos em que podiam ser feitas escutas telefónicas: só a arguidos e suspeitos (o que
impediria o ex-líder socialista Ferro Rodrigues de estar sob escuta, como sucedeu no
âmbito do processo). A alteração que mais impacto causou no decurso do processo Casa
Pia deu-se na definição de “crime continuado”. Antes de 2007, não se aplicava a "crimes
contra bens eminentemente pessoais, tratando-se da mesma vítima" com a reforma
passou a aplicar-se. Porém, em 2010 voltou à fórmula inicial, no entanto, como se aplica
sempre a versão mais favorável da lei, os arguidos da Casa Pia beneficiaram dessa
alteração na altura da sentença.

8
Houve ainda alterações muito polémicas, principalmente a nível mediático, um deles
corresponde ao “segredo de justiça” que foi alvo das maiores críticas durante o escândalo
Casa Pia, pois isso veio a alterar o regime publicitário (todos os processos nascem públicos,
mas entram em segredo se alguma das partes o solicitar) com prejuízo para a cobertura
noticiosa dos temas judiciais.

As alterações registadas pelo legislador nos códigos Penal e Processo Penal foram,
também, encaradas como uma tentativa de contrariar algumas práticas dos magistrados
judiciais e do Ministério Público no processo da Casa Pia.

A reforma penal acabou ainda por dar sequência a um episódio marcante, quando o juiz
Rui Teixeira e alguns desembargadores do Tribunal da Relação de Lisboa foram postos
em xeque por um acórdão do Tribunal Constitucional, que marca uma viragem nos
direitos de defesa dos arguidos e forçou a uma mudança de comportamento e definiram,
pela primeira vez, que o primeiro interrogatório de arguido ser compatibilizado com a
Constituição.

A decisão foi adotada na sequência do recurso de um dos arguidos do inquérito da Casa


Pia, junto do tribunal constitucional (TC), por este não se conformar com o facto de o juiz
de instrução criminal (JIC) não o ter confrontado, após a sua detenção e durante o
primeiro interrogatório judicial, com nenhum crime em concreto, mas só lhe ter dito o
tipo de crime e o número de vezes em que o terá cometido. O JIC omitiu ainda onde
tinham sido cometidos os tais crimes, assim como a data e o local. E o arguido, tal como
os outros suspeitos deste processo, ficaram em prisão preventiva, com base em
depoimentos cujo teor não lhes foi revelado, sendo-lhes apenas referidas as folhas dos
autos onde estavam registados.

O Tribunal Constitucional não subscreveu esta postura do JIC e estabeleceu que os


arguidos deviam ser confrontados com os factos e as provas recolhidas na investigação.
E, acrescentaram os conselheiros do TC, os arguidos só poderiam ser privados de
liberdade quando o juiz de instrução os tivesse informado das circunstâncias de tempo,
lugar e modo dos crimes que lhe eram imputados. E ainda explicitasse quais as provas
que fundamentaram essa medida de coação privativa da liberdade.

Na reforma penal, o legislador estabeleceu que o arguido tem de ser informado dos
motivos da detenção, dos factos que lhe são concretamente imputados, incluindo,
sempre que forem conhecidas, as circunstâncias de tempo, lugar e modo do ilícito. E
ainda dos elementos do processo que indiciam os factos imputados, sempre que a sua
comunicação não puser em causa a investigação, não dificultar a descoberta da verdade,
nem criar perigo para a vida, a integridade física ou psíquica ou a liberdade dos
participantes processuais ou das vítimas do crime.

9
Essa defesa não salvou a reforma penal de críticas. "O legislador que a fez não devia estar
a pensar na Casa Pia, devia fazer leis em geral e abstrato", atira o penalista Manuel da
Costa Andrade, que lançou, em 2007, o livro Bruscamente no Verão Passado, a Reforma
do Código de Processo Penal, com "observações críticas sobre uma lei que podia e devia
ter sido diferente".

10
QUEM É PAULO PEDROSO?

11
Biografia
Paulo Pedroso é licenciado em Sociologia e pós-graduado em Sociologia Rural e Urbana
pelo ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa.

Entre 1993 e 1997, foi membro da Assembleia Municipal de Almada.

Entre 1996 e 1997, foi membro do Conselho Económico e Social.

Como presidente da Comissão Nacional do Rendimento Mínimo, foi o responsável pelo


projeto de criação do rendimento mínimo garantido.

No XIII Governo Constitucional, presidido por António Guterres, Paulo Pedroso foi
Secretário de Estado do Emprego e Formação (1997-1999).

No XIV Governo Constitucional, igualmente presidido por António Guterres,


desempenhou os cargos de Secretário de Estado do Trabalho e Formação (1999-2001) e
de Ministro do Trabalho e da Solidariedade (2001-2002).

Foi deputado do Partido Socialista nas VIII (1999-2002) e IX (2002-2005) legislaturas


da Assembleia da República. Em 2002 e 2003, foi vice-presidente do Grupo Parlamentar
do Partido Socialista.

Nas eleições autárquicas portuguesas de 2009, foi cabeça de lista pelo Partido Socialista
à presidência da Câmara Municipal de Almada, tendo sido derrotado pela então
presidente, Maria Emília de Sousa, que se havia recandidatado ao cargo.

Em janeiro de 2020, anunciou ter deixado de ser militante do PS.

Em Abril de 2020, tendo em consideração as suas qualificações nas áreas


do mutualismo e do terceiro setor da economia, foi contratado pela Associação
Mutualista Montepio Geral, com o objetivo de realizar estudos para a instituição nessas
áreas no quadro da reformulação que a mesma pretende operar.

Em Setembro de 2020, foi anunciado que Pedroso faria parte das estrutura organizativa
da candidatura da amiga Ana Gomes às eleições presidenciais portuguesas de 2021.

Um estudo realizado pela empresa de consultoria de comunicação Imago-Llorente &


Cuenca, em parceria com a Universidade Católica Portuguesa, divulgado em março de
2015, colocou Paulo Pedroso em sétimo lugar na lista dos políticos portugueses mais
influentes na rede social Twitter, numa lista liderada pelo líder do partido
político LIVRE, Rui Tavares.

Em setembro de 2020, com efeitos retroativos a abril, a Santa Casa de Lisboa contratou
Paulo Pedroso por 3700 euros mensais como consultor externo.

*fontes: Wikipédia, jornal expresso, jornal correio da manha, TSF, Youtube , canal SIC

12
13
Processo casa pia
"O Meritíssimo Juiz de Direito junto do 1.º Juízo do Tribunal de Instrução Criminal de
Lisboa (…) manda que se detenha a seguinte pessoa: Paulo José Fernandes Pedroso."
Foi este o início do texto do mandado de detenção que, a 21 de Maio de 2003, o juiz Rui
Teixeira entregou na Assembleia da República, dando início a um autêntico Verão
quente que assolou o PS”.

A 22 de Maio de 2003, Paulo Pedroso, na altura deputado do Partido Socialista na


Assembleia da República, foi detido, interrogado, constituído arguido e ficou em prisão
preventiva, no âmbito do processo Casa Pia. indiciado de vários crimes de abuso sexual
de crianças, designadamente numa casa em Elvas. Testemunhos de crianças e escutas
telefónicas foram a base para a detenção.

Terminado o interrogatório, o juiz Rui Teixeira considerou que não havia, como
defendeu o MP, perigo de continuação da atividade criminosa. Entendendo, por outro
lado, que os contactos dos dirigentes socialistas, com o então Presidente da República,
Jorge Sampaio, e com Souto Moura, procurador-geral, constituíam um perigo de
perturbação do inquérito, só acautelado com a prisão preventiva.

Os meses que se seguiram à prisão preventiva de Paulo Pedroso foram de intensa


batalha jurídica nos tribunais. E foi aqui que entrou o advogado Celso Cruzeiro. E, no
meio de centenas de páginas do processo, o advogado puxou por um argumento de
peso: a identificação de Paulo Pedroso, através de uma fotografia que constava de
álbum, não obedeceu à lei. O advogado contestou ainda o conceito de "fortes indícios"
do juiz Rui Teixeira para aplicar a prisão preventiva. Celso Cruzeiro salientou que os
indícios recolhidos pela investigação eram tudo menos fortes, já que nos depoimentos
dos jovens que apontavam o dedo a Paulo Pedroso existiam contradições e imprecisões
na sua identificação.

Em Maio de 2004, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu não levar o


dirigente socialista a julgamento, por existirem sérias dúvidas sobre a forma como Paulo
Pedroso foi identificado pelas alegadas vítimas de abuso sexual Além disso, acrescenta
a decisão, "as autoridades judiciais não consideraram a aplicação de medidas
alternativas à prisão preventiva". o MP insistiu com um recurso desta decisão, mas sem
sucesso, a mesma foi confirmada em 2005 pelo Tribunal da Relação.

Quando foi libertado da prisão, dirigiu-se imediatamente para a Assembleia da


República, tendo sido recebido em apoteose pelos seus colegas de partido, num gesto
que, na altura, gerou muita controvérsia. os corredores do Parlamento foram invadidos
por deputados, amigos de Pedroso, e imensos jornalistas que se acotovelavam para
conseguir a melhor imagem

Após ser ilibado, Paulo Pedroso anunciou a intenção de processar o Estado por erros
grosseiros cometidos com a sua detenção e prisão preventiva.

14
Pedroso, avançou com uma ação contra o Estado devido à sua detenção. Numa
primeira fase, o Estado foi condenado a pagar uma indemnização de 120 mil euros. Mas
esta decisão foi revogada, em Janeiro desse ano, pelo Tribunal da Relação de Lisboa
(com um voto contra). Pedroso avançou com recurso para o Supremo.

“…Os juízes conselheiros Azevedo Ramos, Silva Salazar e Nuno Carneira, do Supremo
Tribunal de Justiça, que no passado dia 22 absolveram o Estado de pagar qualquer
indemnização a Paulo Pedroso pelos quatro meses de prisão preventiva que cumpriu
em 2003.

Logo à partida, os conselheiros notam que a sua avaliação do caso reporta-se ao


momento em que a prisão preventiva foi decidida. Ou seja, «é irrelevante o facto de o
arguido, mais tarde, ter sido objeto de não pronúncia pelos crimes de que se
encontrava acusado». Aliás, salientam, o facto de Pedroso não ter sido pronunciado e
levado a julgamento apenas se ficou a dever ao «princípio in dubio pro reo», devido a
«dupla e insanável dúvida».

Depois de tudo visto e apreciado, os juízes do STJ concluem: «Todos estes elementos
conjugados, nomeadamente os depoimentos destes menores, identificando o autor
(Paulo Pedroso) por fotografia, pelo nome, ou pela atividade profissional, e imputando-
lhe a prática reiterada de abusos sexuais, com descrição de pormenores desses
contactos, referindo os locais onde os mesmos haviam ocorrido, designadamente numa
casa da cidade de Elvas, constituem uma forte e consistente plataforma indiciária
contra o autor»…

«A consistência do conjunto da referida prova afasta quer a inexistência dos factos,


quer a manifesta falta de provas e a manifesta inexistência de fortes indícios, no
momento em que foi decretada a prisão preventiva» - prosseguem os juízes-
conselheiros, concluindo, por isso, que não houve prisão preventiva injustificada.

Além disso, dão razão ao juízo feito por Rui Teixeira de que havia perigo de perturbação
do inquérito e de pressão sobre as testemunhas, tendo em conta as diligências feitas
pelo então líder do PS, Ferro Rodrigues, pelo líder parlamentar, António Costa, e por
outros amigos de Pedroso, junto do procurador-geral da República, Souto de Moura, e
do Presidente da República que ficaram patentes nas escutas telefónicas a Pedroso e a
Ferro Rodrigues. Recorde-se que, devido a uma fuga de informação, Pedroso soube que
estava a ser investigado e tentou que o juiz Rui Teixeira não enviasse ao Parlamento o
pedido de detenção para interrogatório, tendo-se disponibilizado para ir depor
diretamente ao processo.

15
Conclui o STJ: «Verifica-se a tentativa de contacto das mais altas instituições do Estado
(...) Terceiros, a pedido do autor, realizaram diligências junto de instituições (judiciais ou
políticas), ou pessoas socialmente relevantes, suscetíveis de criarem um perigo de
perturbação do inquérito e de gerarem um sentimento de insegurança e
intranquilidade públicas, com consequências a nível da prova» e com «tendência a
refletir-se junto das testemunhas».”

Paulo Pedroso queixou-se então ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem pela sua
detenção sem evidências relevantes da prática dos crimes que lhe foram imputados
pelo Ministério Público.

Estado foi condenado a pagar mais de 68 mil euros a Paulo Pedroso, no processo Casa
Pia. Tribunal Europeu considerou que deveriam ter sido tomadas "medidas alternativas"
à prisão preventiva.

“...O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou, esta manhã, o Estado
português a pagar 68.555 euros a Paulo Pedroso, após um recurso apresentado pelo
socialista relacionado com o processo Casa Pia, escreve a Agência Lusa. De acordo com
a sentença do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, o Estado tem três meses para
indemnizar o socialista.

Segundo a SIC Notícias, o Tribunal de Estrasburgo considerou que deveriam ter sido
tomadas “medidas alternativas” à prisão preventiva de Pedroso. Entendeu também que
não existiam provas suficientes de que o antigo ministro tivesse cometido os crimes de
abuso sexual de menores, e que este ficou impossibilitado de ter acesso a determinados
documentos relacionados com o processo.

Pedroso exigiu ao Estado uma indemnização por ter sido, então, detido
preventivamente sem indícios suficientes.

O TEDH determinou que o Estado terá de pagar a Paulo Pedroso 68.555 euros: 14 mil
euros por danos materiais, 13 mil euros por danos morais e 41.555 euros relativos a
despesas e custos nos tribunais nacional e europeu…”

Em 2014, numa entrevista à revista Visão, Pedroso dizia ter fechado a porta à política
uma vez que do processo Casa Pia ficou “o prejuízo à reputação”.

16
"Fiquei mentalmente danificado e continuo a ter ciclos depressivos"

https://www.youtube.com/watch?v=I2RFCWOGT8s
https://www.youtube.com/watch?v=ko_8N3dW6Rk
https://www.youtube.com/watch?v=iFIOa_qyUK8
https://www.youtube.com/watch?v=y5uUDdXmqRQ
https://www.youtube.com/watch?v=rCL9WnqkHog
*fontes: Wikipédia, jornal expresso, jornal correio da manha, TSF, Youtube , canal SIC, jornal Expresso, Diário de Noticias

17
A polémica das escutas telefónicas, fuga de informação e a
pressão política
Ao longo de todo o dia anterior, a 21 de maio de 2003, Paulo Pedroso esteve ao
telefone com figuras importantes do PS, nomeadamente António Costa e Eduardo Ferro
Rodrigues, também eles então deputados socialistas . O objetivo das conversas
era impedir a detenção de Paulo Pedroso. Semanas antes da detenção de Pedroso, já o
PS, liderado por Ferro Rodrigues, tinha recebido informações, de que a prisão de uma
“alta figura” do partido estaria iminente. Tais “dicas” foram transmitidas a cúpula
socialista pelo Ex- PJ Moita Flores e pelo fiscalista (já falecido) Saldanha Sanches. Perante
tais dados, Ferro Rodrigues colocou em campo António Costa, um ex-ministro da Justiça,
com vários contactos no meio judicial.

António Costa, durante várias conversas, disse a Paulo Pedroso: "Já fiz o contacto… Disse
que ia falar imediatamente com o Procurador do processo, portanto, o Guerra. O receio
que tem é que a coisa já tenha… já esteja na mão do juiz visto que é o juiz que tem de se
dirigir à Assembleia. Pá, talvez o teu irmão seja altura de procurar o Guerra".

"O Procurador-Geral falou com o magistrado do Ministério Público… porque lá o dito


Guerra está lá com ele e disse-lhe: 'Eh pá! O problema é que isso já está nas mãos do
juiz…'", foram outras palavras que António Costa dirigiu a Paulo Pedroso nos sucessivos
telefonemas. Mais tarde, numa conversa com Ferro Rodrigues, disse que "uma
testemunha da judiciária não é fiável”. Conclui-se que é verdade que as escutas
enunciadas por Rui Rio na entrevista à RTP existem. Nessas escutas, António Costa, Ferro
Rodrigues e Paulo Pedroso tentam arranjar forma de impedir a detenção do último, o
que viria a acontecer no dia a seguir. Decretada a prisão preventiva, os socialistas, ao
telefone, perderam as estribeiras. Mariano Gago, ex-ministro da Ciência Tecnologia e
Ensino Superior, defendeu junto de Ferro Rodrigues uma "medida brutal da
magistratura". José Sócrates, ao telefone com Ferro, insultava jornalistas e teorizava, de
forma muito própria, sobre a separação de poderes. Manuel Alegre, ex-candidato à
presidência da República, dizia para os investigadores "enfiarem as escutas...".
Defendendo que o Governo de Durão Barroso "tem de ir abaixo". Nascia, então, a "teoria
da cabala", da montagem de testemunhos contra o deputado socialista. Ao telefone, fala-
se frequentemente da existência de um "núcleo sinistro" ligado a elementos do Governo
de Durão Barroso e aos serviços secretos.

Durante os meses em que esteve preso preventivamente, Paulo Pedroso recebeu visitas
de praticamente todos os notáveis do PS: desde José Sócrates a Ferro Rodrigues.

https://www.youtube.com/watch?v=y9yIDxJ2fE4 – F, RODRIGUES ESCUTAS “Tou-me


cagando para o segredo de Justiça” Casa Pia

18
DISCURSO DIRECTO – entrevista ao Correio da Manhã
"ESTOU CONVICTA QUE PAULO PEDROSO NÃO É INOCENTE", Catalina Pestana, ex-
provedora da Casa Pia

Correio da Manhã – Está satisfeita com condenações a penas efectivas de prisão?

Catalina Pestana – Estou porque sei que é correto. Nesta fase só confio em alguns
homens e mulheres que trabalham na Justiça, e cinco anos de julgamento deram--me
total segurança para acreditar que este tribunal iria procurar a verdade.

– São penas justas?

– Nunca serão cumpridas...

– Este caso está encerrado?

– Para mim o processo acabou. O resultado da primeira instância, o que durante anos
tentou produzir a prova, é o único que me interessa. Tudo o resto será um lento caminho
até à prescrição final.

– Faltou alguém ser julgado?

– Indiscutivelmente. Muitas das testemunhas são, de facto, vítimas, só que os abusadores


que denunciaram, por ter prescrito o tempo legal de denúncia, não puderam ser
investigados. Basta ler o processo para ter consciência da quantidade dos que faltaram
no banco dos réus.

– Está a falar também de Paulo Pedroso?

– Estou.... Estou rigorosamente convicta que o doutor Paulo Pedroso não é inocente. Os
miúdos que me falaram nele descreveram-me o seu corpo em detalhe.

– Depois de tudo isto, acredita que ainda pode haver pedofilia na Casa Pia?

– Na Casa Pia, em qualquer outra instituição do mesmo cariz, na minha casa, na casa de
cada um de nós.

19
• Artigo nº 40 alínea c) – Impedimento por participação em processo
• Artigo nº43 nº1, nº2 e nº4 – Recusas e escusas

Caso Pedroso: Juiz “devia ter-se recusado a participar no


processo”
16 Junho, 2018

Paulo Pinto de Albuquerque, atualmente colocado no Tribunal Europeu dos Direitos


Humanos, foi o primeiro juiz titular do caso que julgou os abusos sexuais na Casa Pia.

O juiz português que condenou, esta semana, o Estado a indemnizar Paulo Pedroso por
o ter detido preventivamente há 15 anos sem ter suspeitas relevantes e suficientes dos
abusos sexuais, “devia ter-se recusado a participar no processo”, defende Manuel Nobre
Correia, advogado das vítimas do caso que julgou os abusos sexuais na Casa Pia.

Em causa está o facto de Paulo Pinto de Albuquerque, atualmente colocado no Tribunal


Europeu dos Direitos Humanos, ter sido o primeiro juiz titular deste caso.

O jurista argumenta que “existe no Código de Processo Penal um artigo que impede um
juiz que já tenha participado num processo a deliberar mais tarde sobre ele, para que não
parta para aquele caso com qualquer tipo de preconceito. Em nome desse princípio,
Paulo Pinto de Albuquerque devia ter recusado participar na deliberação do Tribunal
Europeu dos Direitos Humanos. E se não fosse ele e ter essa iniciativa, esse passo podia
e devia ser dado pelo tribunal europeu”, defende o advogado.

https://www.youtube.com/watch?v=x3o1jmOXur4

20
Webgrafia

Site: Wikipédia

Site: jornal expresso, jornal correio da manhã, TSF;

Site: Youtube;

Site: SIC.

http://julgar.pt/wp-content/uploads/2013/09/09-Santos-Cabral-Tribunais-e-
Comunica%C3%A7%C3%A3o-Social.pdf

https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/justica-e-comunicacao-social-
7207193.html

http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/Tribunais%20e%20novas%20tecnologias_Soc
iologias_2005%281%29.pdf

https://jornalistas.eu/deontologico/novo-codigo-deontologico/

https://www.verbojuridico.net/doutrina/2012/antonioramos_tribunaismeioscomunicacaosoci
al.pdf

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Trabalho de grupo das formandas:

❖ Ana Branco

❖ Carla Caeiro

❖ Cátia Almeida

❖ Cátia Martinho

❖ Cristina Santos

❖ Etelvina Batista

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