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FACULDADE CASA DO ESTUDANTE

DEMOCRATIZAÇÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA

ARACRUZ/ES
2019
FACULDADE CASA DO ESTUDANTE

ANA IZABEL JARDIM CHAGAS

LEONARDO DEMUNER PATUZZO

RENARY LUCAS DE CARVALHO SANTANA

WELINGTON MIRANDA

YAGO MATTIUZZI LADAIM

DEMOCRATIZAÇÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA

Trabalho solicitado pelo Professor


Marcelo José com fins avaliativos na
disciplina de sociologia jurídica do 3º
período de direito.

ARACRUZ/ES
2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………………… 04

2 DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA ………………………………….. 05

3 CONCLUSÃO ……………………………………………………………………….… 08

REFERÊNCIA …………………………………………………………………………………. 09
1. INTRODUÇÃO

A justiça sempre foi um recurso jurídico-político muito restrito, uma vez que somente a
elite tinha acesso a plenitude da prestação jurisdicional brasileira.

Com o advento de ideias como a do "wafare state" (estado de bem estar social" e como o
advento de constituições garantistas como a de 1988, aumenta-se a amplia-se o acesso à
justiça.

Desde 1988, o sistema de justiça brasileiro assumiu um papel de protagonismo social, a


ação penal 470 (mensalão), a própria operação lava jato vieram pra mostrar que, de certa
forma e em certo grau, a justiça alcança a todos.

Decisões de cunho social como, a constitucionalidade das cotas (ações afirmativas), a


possibilidade de casamento entre pessoas do mesmo sexo e a recente criminalização da
homofobia, mostram que o poder judiciário não dirime conflitos, mas também atua na
promoção da igualdade material, inerente a um estado democrático.

Apesar de todos esses avanços, O sistema de justiça brasileiro ainda está distante do
diálogo com a sociedade. A composição do Poder Judiciário revela o quanto esse poder
não condiz com a realidade social.

Trata-se de um poder formado, em sua maioria, por magistrados que não representam a
diversidade e a pluralidade da sociedade brasileira. Basta mencionar que a magistratura
brasileira é composta por 64% de homens brancos, de faixa etária média de 45 anos,
casados e com filhos. Essa singularidade no perfil dos operadores da justiça, aliada a
uma organização judiciária com estruturas hierárquicas, não transparentes e sem
mecanismos de controle social, refletem-se em decisões distantes da realização dos
direitos da maioria da população.
Ocorre que, embora o Judiciário, possua previsão constitucional estabelecida no art. 92
da Constituição Federal de 1988, ele muitas vezes tem sua legitimidade questionada, pelo
fato de seus membros não serem escolhidos pelo voto popular.

2. DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO A JUSTIÇA

A partir do momento em que o Estado impede a autotutela, ele evoca pra si a obrigação
de prestar assistência jurídica aos menos afortunados, efetivando a proteção e
concretização dos direitos.

O conceito de acesso à justiça tem sofrido uma transformação importante [...] Nos
estados liberais “burgueses” dos séculos dezoito e dezenove, os procedimentos
adotados para solução dos litígios civis refletiam a filosofia essencialmente
individualista dos direitos, então vigorante. Direito ao acesso à proteção judicial
significava essencialmente o direito formal do indivíduo agravado de propor ou
contestar uma ação. A teoria era a de que, embora o acesso à justiça 90 pudesse
ser um “direito natural”, os direitos naturais não necessitavam de uma ação do
Estado para sua proteção. Esses direitos eram considerados anteriores ao Estado;
sua preservação exigia apenas que o Estado não permitisse que eles fossem
infringidos por outros. O Estado, portanto, permanecia passivo, com relação a
problemas tais como a aptidão de uma pessoa para reconhecer seus direitos e
defendê-los adequadamente, na prática. (CAPPELLETTI, 1988, p. 9)

Atualmente, é comum em quase todas as nações a existência do Instituto da Assistência


Judiciária, uma vez que estão cientes de que devem observar o princípio da igualdade
perante a lei (isonomia legal) mas também devem se ater a igualdade material, cabendo
ao Estado a concessão do beneficio da isenção do pagamento de custas e o amparo de
um profissional habilitado (defensores, procuradores, advogados) para aqueles que não
podem arcar com os ônus de honorários advocatícios e custas processuais.

Apesar dos avanços já garantidos, muitos são os empecilhos que impedem o efetivo
acesso à justiça por boa parte da população, alguns dos entraves mais comuns são:
desigualdade socioeconômica, custas judiciais, honorários advocatícios, longa duração do
processo, aspectos culturais, psicológicos (a maioria das pessoas tem receios em estar
em juízo), jurídicos e procedimentais.

Fora as dificuldades acima elencadas, litigar é complicado, quando o cidadão consegue


acessar o judiciário, permanecer litigando se mostra muito dispendioso e complicado.
Entre as barreiras ao acesso efetivo à justiça estão: 1) as custas judiciais, 2) os recursos
financeiros das partes, 3) a aptidão das partes em reconhecer um direito e propor uma
ação ou defesa, 4) a disposição psicológica em recorrer a processos judiciais. Outra
barreira ao acesso à justiça referente aos custos judiciais, envolve as causas de pequeno
valor que se for necessário recorrer ao processo judiciário, talvez tenham gastos
superiores ao valor do direito reclamado na propositura da ação, ou seja, o gasto em
propor uma ação seja superior ao valor do direito reclamado.

Dentre os fatores desestimulantes está o tempo que uma solução judicial para a defesa
de um direito pode durar.

A morosidade dos procedimentos, a ineficácia das decisões, os altos custos das


ações, acabam por afugentar o grosso da população dos tribunais, privando-a, na
maioria das vezes, de seus direitos mais fundamentais, muitos dos quais
normatizados programaticamente nas cartas federal e estaduais e nas legislações
codificadas. (CESAR, 2002, p. 120)

No Estado Democrático de Direito, o Poder Judiciário desempenha papel importante na


democracia participativa, pois, além de solucionar os conflitos sociais, individuais ou
coletivos, viabiliza a efetivação dos direitos fundamentais, contudo uma saída viável para
mitigar o problema de acesso ao judiciário seria educar a população para que ela perceba
que estar em Juízo não é a única forma de solucionar conflitos.

A garantia de acesso à justiça, essencial ao exercício pleno da cidadania, não se limita ao


mero acesso ao Poder Judiciário, aos meandros dos Fóruns e dos Tribunais, na busca de
assegurar direitos e exigir deveres, assim como, preocupa-se apenas com as normas
processuais, estudando e criando mecanismos e garantias, não garantem o efetivo
acesso. O uso equivocado do acesso à justiça pela via judicial, por leigos e operadores do
direito, desestimula os cidadãos a exercerem seus direitos.

A criação de meios alternativos de solução de conflitos, ao lado de mecanismos


tradicionais e formais já existentes, ilustra a ênfase conferida ao tema da democratização
do acesso à justiça e a expansão da capacidade de o Judiciário intervir institucionalmente
no pleno reconhecimento dos direitos e garantias fundamentais, voltados para a
ampliação da cidadania e democracia participativa.

A conciliação é um Instrumento de resolução de conflitos de interesses, célere e eficaz,


instaurada a partir do processo ou de forma extrajudicial capaz de mediar partes, sem
necessitar da intervenção do Poder Judiciário.

A mediação é um processo voluntário que oferece àqueles que estão vivenciando um


conflito familiar, ou qualquer outro conflito de relação continuada, a oportunidade e o
espaço adequados para solucionar questões relativas à separação, sustento e guarda de
crianças, visitação, pagamento de pensões, divisão de bens e outras matérias,
especialmente as de interesse da família.

Na arbitragem, As partes envolvidas em um conflito podem escolher uma pessoa, física


ou jurídica, para solucionar a lide, deixando de lado a prestação jurisdicional estatal. A
arbitragem só poderá ser instituída para os conflitos que envolvam direitos disponíveis e
partes capazes.

As formas acima de soluções alternativas de conflito, se mostram uma verdadeira e viável


alternativa frente a morosidade da justiça brasileira.

O uso de meios complementares de resolução de conflitos auxilia o Poder Judiciário no


desenvolvimento de sua função constitucional e possibilita principalmente o atingimento
dos escopos da participação e da pacificação. Com efeito, o emprego de meios
complementares de solução de conflitos no âmbito do Poder Judiciário agrega
participação popular na Administração da Justiça, ajuda a pacificação social e tem
finalidade pedagógica, vez que contribui para que os cidadãos decidam a respeito das
questões em que estão envolvidos e assumam a responsabilidade por essas decisões

A utilização de tais meios seria uma das inúmeras possibilidades que podem ser utilizadas
para desafogar o sistema de justiça nacional, além de criar uma cultura de paz, no sentido
de promover a comunicação entre os conflitantes, que desta forma, serão capazes de
solucionarem suas diferenças entre si.
3. CONCLUSÃO

A sociedade brasileira é profundamente marcada por desigualdades sociais, do ponto de


vista material, racial, econômico e de gênero. Este contexto social contraditório
atravessado pela crescente complexidade dos conflitos emergentes, tem comprometido a
efetividade das instituições de justiça impedindo que direitos e garantias fundamentais
sejam observadas.

A estrutura judicial brasileira tem se revelado incapaz de promover uma assistência


contínua e igualitária para todo população, uma vez que, quem detém um capital superior
possui também a capacidade de litigar por anos a fio, se utilizando de recursos
processuais e obstando o cumprimento da pena, no caso de processos criminais.

É necessário impulsionar, o Poder Judiciário a repensar o exercício da atividade


jurisdicional para que foi criado, entendendo a necessidade de promover a realização do
interesse e da justiça social, como instrumento de inclusão, haja vista, que os direitos
constitucionais são de responsabilidade do Estado e este tem como obrigação propiciar o
acesso aos tribunais para vê-los efetivados.

O reconhecimento dos direitos sociais inicia uma nova fase no direito de acesso à justiça,
exigindo a adequação do Judiciário para a tutela dos direitos coletivos e das políticas
públicas, efetivando os direitos sociais consagrados pela Constituição, por meio de
mecanismos formais para o seu exercício e reivindicação.

O aperfeiçoamento na forma de prestação do acesso à justiça pelo Estado passa pela


reivindicação do cidadão, só assim o acesso à justiça será efetivo e a prestação de
assistência jurídica será integral.

Numa sociedade em contínua transformação, a cultura jurídica deve ser reformulada e as


responsabilidades e funções dos operadores do direito, devem ser orientadas a
assumirem uma postura crítica, na tentativa de adequar o ordenamento jurídico à
realidade socioeconômica.
REFERÊNCIAS

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Tradução e revisão: Ellen


Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris Editor, 1988.

CESAR, Alexandre. Acesso à justiça e cidadania. Cuiabá: EdUFMT (Editora da


Univesidade Federal de Mato Grosso), 2002.

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