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Desjudicialização como Política


Pública de acesso à Justiça

Adelson Luiz Correia

10.37885/210605105
RESUMO

O acesso à justiça é um direito cuja efetivação requer a superação da concepção tradi-


cional de acesso ao Judiciário como sinônimo de acesso à justiça e também a releitura
e atualização do próprio sentido de jurisdição. Dessa forma, busca-se compreender a
importância das políticas públicas de desjudicialização para a atualização e contextuali-
zação dos institutos visando à efetivação da justiça. A pesquisa é descritiva e bibliográfica
e adota Rodolfo de Camargo Mancuso (2011) como marco teórico. Inicialmente, faz-se
uma abordagem das matrizes do acesso à justiça; passa-se em seguida à explanação
dos conceitos tradicionais e suas implicações; e, por fim, analisa-se de que forma as
políticas públicas de desjudicialização contribuem para a efetivação da justiça.

Palavras-chave: Jurisdição Compartilhada, Meios Alternativos, Pacificação Social.

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Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa
INTRODUÇÃO

O acesso à justiça pode ser classificado como o mais básico dos direitos humanos,
por meio do qual se possibilita acessar uma gama de outros direitos. Tradicionalmente,
convencionou-se o que acesso seria por intermédio do Poder Judiciário, por essa razão, é
comum pensar nessa instituição quando se fala em acesso à justiça. O pensamento, embora
não seja equivocado, é incompleto, pois não considera outros meios de acesso à justiça.
Nas últimas décadas o sistema judiciário brasileiro passou por diversas mudanças,
todas voltadas para facilitar acesso ao Poder Judiciário. As reformas processuais contribuí-
ram para consolidar uma concepção de acesso ao Judiciário como sinônimo de acesso à
justiça. A criação de mecanismos de franca acessibilidade à máquina judiciária, tais como
a assistência judiciária gratuita, juizados especiais e a concessão dos benefícios da justiça
gratuita, dentre outros - inegavelmente deram corpo ao princípio inafastabilidade da jurisdi-
ção, aproximando o cidadão do Judiciário, mas, não necessariamente da justiça. Explica-
se: o cidadão consegue levar sua causa ao juiz, mas não obtém o bem da vida pretendido
em tempo razoável.
Relatórios do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam uma alta taxa de conges-
tionamento na via judicial. É inegável, pois, que o crescimento da litigiosidade representa um
maior acesso aos balcões do Judiciário. O atual congestionamento, porém, denuncia que
esse acesso não significa garantir justiça, pois o atraso demasiado na entrega da prestação
jurisdicional termina por, não raramente, invalidar os benefícios que ao provimento judicial
competia oferecer.
A ineficiência e insuficiência da jurisdição estatal têm sido objetos de debates entre
juristas e sociólogos. O iminente, senão já efetivado, colapso do aparelho judiciário expôs a
necessidade de se refletir sobre o sistema de tutela jurídica focado na jurisdição concentrada
e repressiva como único modo de fazer justiça.
Questiona-se, assim, o alcance da expressão acesso à justiça e até mesmo do sentido
de jurisdição. A distribuição da justiça não deve ser vista como uma exclusividade do Poder
Judiciário. É preciso torná-la mais democrática, com a participação de outros atores no cená-
rio jurídico, possibilitando que as partes acessem o bem da vida por vias céleres e seguras.
Nesse contexto, a adoção de políticas públicas de desjudicialização tem se mostrado
uma forma eficaz de realização do direito na medida em que se permite o acesso ao sistema
jurídico. O termo é um neologismo da língua portuguesa, ainda não expresso nos dicionários
pátrios, mas amplamente utilizado em textos jurídicos para explicar o deslocamento de vá-
rios procedimentos antes concentrados na figura do Estado-Juiz para outras esferas como
a administrativa, dando maior efetividade ao direito de acesso à justiça.

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Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa
A desjudicialização permite a atuação de novos agentes, órgãos e instâncias na con-
secução da efetivação da justiça, bem como autoriza a utilização de outros instrumentos na
realização do direito. Com esse viés pluralista e democrático, mais adequado às necessi-
dades da sociedade contemporânea, vislumbra-se um novo modelo de jurisdição, não mais
concentrada no Poder Judiciário, mas compartilhada com outros atores do cenário jurídico
- a partir da releitura e atualização do conceito de acesso à justiça.
Essa inflexão no sistema de tutela jurídica dos direitos subjetivos alinha-se com uma
nova concepção de acesso à justiça, consubstanciada no acesso à ordem jurídica justa, ou
seja, a oferta de uma solução justa, jurídica, adequada e eficiente, e não necessariamente
imposta pelo juiz. Para isso, todavia, é preciso quebrar paradigmas. Superar o apego ao
tradicional e vetusto sistema jurisdicional e dar boas-vindas aos novos meios de fazer justiça
é uma medida que se impõe.
Em relação aos aspectos metodológicos, a pesquisa é descritiva e explicativa quanto
aos fins e bibliográfica e documental quanto aos meios de investigação. Primeiramente, anali-
sa-se o conceito de acesso à justiça, sua matriz internacional e consagração como um direito
humano, bem como sua internalização como direito fundamental elencado na Constituição
Federal de 1988. Em seguida, busca-se demonstrar a necessidade de se repensar a con-
cepção tradicional de acesso à justiça e de jurisdição estatal a partir da exposição da crise
da Justiça. Ato contínuo, apresentam-se as políticas públicas de desjudicialização como
forma de superação do monopólio estatal na distribuição da justiça e da concepção vetusta
de acesso ao Judiciário, o que dá sustentação a uma jurisdição compartilhada, moderna,
democrática e participativa, capaz de conduzir ao acesso da ordem jurídica justa.

DESENVOLVIMENTO

As matrizes do direito de acesso à justiça

Como sinônimo de acesso aos tribunais, o direito de acesso à justiça foi sacraliza-
do como direito humano em tratados, pactos e convenções internacionais. A Declaração
Universal dos Direitos do Homem dispõe expressamente que “todo homem tem direito a
receber, dos tribunais nacionais competentes, remédio efetivo para os atos que violem os
direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei” (ONU, 1948).
Já a Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de São José da Costa
Rica (1969), que estabeleceu que:

Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal
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formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações
de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza (OEA, 1969).

O direito de acesso à justiça também foi erigido como direito humano pela Convenção
Europeia para a Salvaguarda dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais (1950)
e pelo Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966).
Em todos esses instrumentos internacionais o acesso à justiça é retratado na forma
expressa de direito de acesso ao Judiciário. Somente com a publicação dos estudos de
Cappelletti e Garth nos idos de 1960 a 1970 é que se começa a ampliar o conceito de acesso
à justiça (ALMEIDA, 2012).
Deveras, é a partir da segunda metade do século XX que se passa a dar maior im-
portância às questões que envolvem o acesso à justiça, bem como maior significação
ao seu conceito.
No Brasil, desde as Ordenações Filipinas de 1603, já se esboçava alguma preocupação
com a representação em juízo dos pobres. O embrião da assistência judiciária demorou a
se desenvolver e chegar ao porte que hoje se conhece. O histórico da assistência judiciária
representa apenas um capítulo na história do acesso à justiça estatal no Brasil.
A Constituição de 1934 foi a primeira a cunhar a expressão “assistência judiciária” em
seu texto, prevendo a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos. O instituto foi mantido
nas Constituições posteriores, com exceção da de 1937. Moreira (1993, p. 207, grifo do autor)
chama atenção para o fato curioso de a Constituição de 1934 ter concedido um “benefício
específico antes mesmo de inscrever nesse plano a franquia genérica”. Isso porque o direito
de acesso à justiça estatal só foi constitucionalizado a partir da Constituição de 1946.
O §4º, do art. 141, da Constituição de 1946 previa que “a lei não poderá excluir da
apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual” (BRASIL, 1946). Estava
estabelecido o princípio inafastabilidade do controle jurisdicional, também denominado di-
reito de ação, repetido nas constituições posteriores, tendo sofrido uma redução com o Ato
Institucional nº 06/68, que “restringiu a garantia da inafastabilidade, vedando a jurisdição
sobre os atos praticados pelo comando da revolução” (MOURA, 2007, não paginado).
A Constituição Federal de 1988, por sua vez, adotou a justiça como um valor nor-
teador do Estado Democrático. No preâmbulo da Constituição Federal, considerado “uma
proclamação de princípios, que tem o objetivo de mostrar as diretrizes políticas, filosóficas,
e ideológicas do Estado que acabou de ser criado” (BULOS, 2011, p. 118), ficou assentado
que se tratava da criação de um:

Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e


individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igual-
dade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista
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Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa
e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias. (BRASIL,
1988, sem destaque no original).

Torna-se irrelevante a discussão quanto à força normativa do preâmbulo em relação


ao princípio da justiça, especialmente quando se considera que o princípio não ficou adstrito
à ideia de valor norteador, exercendo força normativa, uma vez que não se limita ao rol de
intentos constitucionais. Significa dizer que o princípio esta consagrado também no texto
constitucional de 1988, mais precisamente no art. 5º, XXXV, que veda à lei excluir da apre-
ciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito (CORREIA; RIBAS, 2017).
A busca pelo ideal de justiça foi incorporada aos objetivos fundamentais da Constituição
Federal de 1988. De acordo com Moraes (2011) as autoridades constituídas devem observar
os objetivos fundamentais, de acordo com as regras estabelecidas pela Constituição nos
capítulos que se seguem ao rol de objetivos. Moraes (2011, p. 69) destaca ainda que:

O rol de objetivos do art. 3º não é taxativo, tratando-se tão-somente da previ-


são de algumas finalidades a serem perseguidas pela República Federativa
do Brasil. Os poderes públicos devem buscar os meios e instrumentos para
promover condições de igualdade real e efetiva e não somente contentar-se
com a igualdade formal, em respeito a um dos objetivos fundamentais da
República: construir uma sociedade justa.

Bulos (2011, p. 339) refere-se ao direito de acesso à justiça como princípio da inafasta-
bilidade do controle judicial e apresenta outras denominações dadas ao princípio: “princípio
da inafastabilidade do controle judicial, princípio da inafastabilidade da jurisdição, principio
do acesso à justiça, princípio da ubiquidade da Justiça, princípio da tutela jurisdicional, ou,
ainda, princípio do direito de ação”.
Percebe-se, assim, a tradição de se tomar acesso ao Judiciário como sinônimo de
acesso à justiça. O reducionismo conceitual somado à ideia ultrapassada de que o Judiciário
é panaceia para todos os males sociais e à concentração da distribuição da justiça nas mãos
do Estado- Juiz, resulta na falta de efetivação do direito de acesso à justiça.

O acesso ao judiciário como sinônimo de acesso à justiça e as implicações dessa


concepção

As facilidades e incentivos ao litígio levaram o aparelho estatal ao seu limite. Por um


lado, tem-se mais acesso ao Judiciário; por outro, a avalanche de processos impede a efe-
tivação da justiça, ou seja, o acesso efetivo ao direito por intermédio de uma decisão justa,
rápida e adequada.
Ao discorrer acerca do fundamento dos direitos do homem, Bobbio (1992, p. 25) conclui
que “não se trata de saber quais e quantos são estes diretos, qual sua natureza e fundamento,
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Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa
[...] mas sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das so-
lenes declarações, eles sejam continuamente violados”.
Efetivamente, o problema do acesso à justiça não é outro. Não lhe falta previsão em
normas, mas, sim efetividade. A deficiência da jurisdição estatal justifica a proposição.
O problema do acesso à justiça que se verifica não é uma questão de “entrada”, mas de
“saída”: a porta do templo da Justiça é larga o suficiente para entrar quem quiser, seja através
de representação por advogado constituído e pago pela parte, seja por meio da assistência
judiciária, não havendo, nesse ponto, dificuldade no acesso (ALVIM, 2003). O problema real
está na “saída”. Segundo Alvim (2003, p. 3), “todos entram, mas poucos conseguem sair
num prazo razoável, e os que saem, fazem-no pelas portas de emergência, representadas
pelas tutelas antecipatórias, pois a grande maioria fica lá dentro, rezando, para conseguir
sair com vida”. O autor (2003, p. 3, grifos do autor) sugere que cabe à doutrina, atenta à
realidade brasileira, contribuir para a “formação de uma onda de descesso (saída) da Justiça,
para que o sistema judiciário se torne mais racional na entrada, mas também mais racional
e humano na saída”.
Para Grinover (2006, p. 303), o acesso à justiça “um dos mais caros aos olhos proces-
sualistas contemporâneos, não indica apenas o direito de aceder aos tribunais, mas também
o de alcançar, por meio de um processo cercado das garantias do devido processo legal, a
tutela efetiva dos direitos violados ou ameaçadas”.
Embora o conceito de acesso à justiça esteja passando por fase de ampliação nos
últimos anos, na qual se pretende superar a ideia de acesso ao Judiciário como sinônimo de
acesso à justiça, ainda se pode afirmar que esta visão reducionista do princípio do acesso
à justiça reina em nosso sistema de tutela jurídica (OLIVEIRA NETO, 2015, p. 112).
Essa concepção tradicional e enraizada resultou em um congestionamento da via
judicial, inviabilizando a concretização da justiça por essa via em grande parte dos casos.
De acordo com o “Relatório Justiça em números 2017” do Conselho Nacional de Justiça,
cujo ano base foi o de 2016, a taxa de congestionamento1 na justiça de primeiro grau chegou
ao patamar de 73%, com um saldo de 80 milhões de processos sem julgamento para o ano
de 2017. E não se pode alegar que é um caso isolado. O próprio relatório afirma que “em
toda a série histórica, a taxa de congestionamento do Poder Judiciário se manteve em altos
patamares, sempre acima de 70%. [...] Ao longo de 7 anos, a taxa de congestionamento
variou em apenas 2,5 pontos percentuais” (BRASIL, 2017, p. 78).
Já o relatório de 2020, ano base 2019, aponta uma tímida melhora nos índices:

1 Taxa de Congestionamento é o indicador que mede o percentual de casos que permaneceram pendentes de solução ao final do

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ano-base, em relação ao que tramitou (soma dos pendentes e dos baixados).

Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa


A taxa de congestionamento do Poder Judiciário oscilou entre 70,6%, no ano
de 2009, e 73,4%, em 2016. A partir deste ano, a taxa cai gradativamente até
atingir o menor índice da série histórica no ano de 2019, com taxa de 68,5%.
Em 2019, houve redução na taxa de congestionamento de 2,7 pontos percentu-
ais, fato bastante positivo e, até então, nunca observado. Ao longo de 10 anos,
a maior variação na taxa de congestionamento havia ocorrido entre os anos de
2009 e 2010, com aumento em 1,4 ponto percentual (BRASIL, 2020, p. 112).

Em que pese a sutil redução da taxa de congestionamente, os números ainda são


desconcertantes e enunciam a incoerência na leitura de acesso ao Judiciário como fosse
acesso à justiça. Os relatórios do Conselho Nacional de Justiça sobre a produtividade do
Judiciário brasileiro demonstram que a “cultura judiciarista” tem resultado em uma avalanche
de processos, tornando a máquina judiciária cada vez mais onerosa para o Estado2, na me-
dida em que demandam mais fóruns, mais juízes, mais servidores e etc. Os investimentos
parecem nunca ser o suficiente, e a contraprestação permanece em mora, não crescendo
na mesma proporção, nem mesmo quantitativamente.
Pode-se-ia objetar que o crescimento das demandas judiciais e o próprio alargamen-
to da via judicial é manifestação da cidadania, mas essa ideia é combatida por Mancuso
(2011), que considera que transferir para o Estado a responsabilidade pela solução de toda
e qualquer pretensão resistida (judicialização do cotidiano) em nada se aproxima da con-
cepção de cidadania.
O congestionamento do via judicial denuncia, pois, a insuficiência da jurisdição estatal
diante da crescente demanda social por respostas às mais diversas questões e coloca em
xeque o monopólio do Estado na distribuição da Justiça.
A partir dessas discussões e diante da situação preocupante de soterramento da justiça
estatal, o próprio conceito de jurisdição passa a ter um novo sentido. Segundo Mancuso
(2010, sem paginação):

O sentido contemporâneo de jurisdição já se desligou da acepção meramente


semântica de “declarar o direito”, seja porque tal função não é mais exclusiva
dos órgãos jurisdicionais, mas consente o concurso de outros agentes, órgãos
e instâncias, seja porque o simples dizer o direito é muito pouco para que se
tenha por atendido o poder-dever de composição justa, efetiva, tempestiva e
duradoura do conflito, a que faz jus aquele cuja situação é tutelada pela ordem
normativa ou ao menos é com ela compatível.

Mancuso (2011) adverte que “é o momento de os operadores do Direito e os jurisdicio-


nados se conscientizarem de que a prestação jurisdicional a cargo do Estado tem natureza

2 De acordo com o relatório 2020, “As despesas totais do Poder Judiciário ultrapassaram pela primeira vez na série histórica o patamar
de R$ 100,00 bilhões, o que representou crescimento de 2,6% em relação ao último ano. Esse crescimento foi ocasionado, especial-

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mente, em razão da variação na rubrica das despesas com pessoal (2,2%)” (BRASIL, 2020, pag. 257).

Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa


peculiar (é de índole substitutiva e não excludente de outras soluções) [...]”. Com efeito,
a experiência demonstra que é chegada a hora de romper com a imagem de acesso ao
Judiciário travestido como única forma de acesso à justiça. A história fala por si. A justiça
estatal cada vez demanda mais e mais recursos públicos, mas devolve muito pouco para a
sociedade, mesmo considerando apenas o critério quantitativo3.
A mudança desse cenário, para tornar o acesso à justiça efetivo, perpassa pela redefi-
nição do conceito de acesso à justiça e da própria jurisdição, na medida em que empodera
o jurisdicionado e lhe dá novas possibilidades para defender ou acessar seus direitos. Esse
processo ocorre por intermédio de políticas públicas de desjudicialização. Transfere-se da
esfera judicial para a extrajudicial aqueles procedimentos que podem ser instrumentalizados
por agentes alheios à estrutura estatal.
Nesta senda, é imperioso repensar o monopólio jurisdição, concentrado na mão do
Estado-Juiz, bem como o próprio acesso à via judicial independentemente de quaisquer
requisitos ou condicionantes, como se isso significasse indiscutível direito constitucional de
acesso à justiça. Não se trata de resistência ou renúncia à jurisdição estatal na sua porção
indisponível (quando a decisão judicial é indispensável em razão da matéria, da pessoa ou
do fracasso dos meios alternativos), mas minimizar o manejo predatório da máquina judiciá-
ria, além de possibilitar que os jurisdicionados tenham acesso a direitos com mais certeza e
celeridade e fora da via judicial, a qual passaria a ser uma opção subsidiária; nas palavras
de Mancuso (2014, p. 71, grifos do autor) “como cláusula de reserva, preordenada a atuar
subsidiariamente e em situações específicas [...]”.
Uma das soluções que se vislumbra é a adoção de políticas públicas de desjudicializa-
ção, que contribuam para a contextualização e atualização do conceito de acesso à justiça.
Essa releitura implica reconhecer que o jurisdicionado tem mais do que o direito de bater
à porta do Judiciário, a ele deve ser garantido o ingresso “ao sistema jurídico, que deve
produzir resultados individuais e socialmente justos, ou seja, a solução de litígios deve ser
proporcionada por métodos com qualidade, tempestivos e efetivos, buscando-se sempre a
pacificação social” (ZANFERDINI, 2012, p. 245).
Segundo observa Oliveira Neto (2015), a efetivação do acesso à justiça resulta em
acesso a um ou mais direitos. É dizer que o acesso a direitos e o acesso à ordem jurídica
justa estão umbilicalmente interligados, sendo aquele a consequência deste.
É sob esse viés pluralista e democrático, a partir da ampliação do conceito de acesso
à justiça que se pugna por uma concepção moderna de uma jurisdição, compartilhada, com

3 Como visto, a redução da taxa de congestionamento, no ano de 2019, foi de 2,7%, ao passo que o orçamento para o Poder Judiciário,

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no mesmo período, aumentou em 2,6%.

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a atuação de novos atores no cenário jurídico, mediante a utilização de instrumentos e me-
canismo mais condizentes com as necessidades sociais e fora da estrutura do Judiciário.

Políticas públicas de desjudicialização: efetivação do acesso à justiça

Como já foi dito, a releitura do conceito de acesso à justiça implica na atualização da


concepção de jurisdição. Cabe ressaltar, porém, que a ideia de jurisdição compartilhada não
afasta o que Tavares (2013, s/p) conceitua como “núcleo duro da atividade jurisdicional”, ou
seja, o pronunciamento jurisdicional imprescindível em alguns casos4.
Nesta senda, com a jurisdição compartilhada, a oferta da justiça estatal e os
meios de acesso à justiça não se excluem ou se obstam mutuamente, na verdade eles
se complementam.
A proposta de uma jurisdição contemporânea, democrática e plural, é ofertar meios
alternativos, que possibilitem aos cidadãos acessarem os direitos sem a passagem obriga-
tória pela via judicial, a qual ficará livre para as demandas que realmente não podem ser
resolvidas fora da esfera judicial. Mancuso (2014, p. 60, grifos do autor), ensina que:

O sentido contemporâneo da palavra jurisdição é desconectado – ou ao menos


não é acoplado necessariamente – à noção de Estado, mas antes sinaliza para
um plano mais largo e abrangente, onde se hão de desenvolver esforços para
(i) prevenir formação de lides, ou (ii) resolver em tempo razoável e com justiça
aquelas já convertidas em processos judiciais. [...] Na visão contemporânea,
o que interessa é que as lides possam ser compostas com justiça, mesmo
fora e além da estrutura clássica do processo judicial, ou, em certos casos,
até preferencialmente sem ele. Essa concepção projeta, como externalidade
positiva, uma delimitação mais nítida do espaço propício à função judicial do
Estado que passa a ser ocupado pelas lides mais complexas e singulares,
não dirimidas em outras instâncias, ou insuscetíveis de sê-lo em virtude de
certas particularidades de matéria ou de pessoa, a par das ações ditas, pour
cause, “necessárias”.

Conquanto a nomenclatura seja moderna, a essência é antiga. Impende recordar que


a forma adjudicada de solução dos conflitos (judicial) não é a forma pioneira de solução de
conflitos. Por isso se diz que a designação “meios alternativos” denota um apego ao dogma
da jurisdição estatal como meio primário de pacificação social (CALMON, 2007). Foi a partir
da concentração da distribuição da justiça nas mãos do Estado, impedindo o exercício da
“justiça com as próprias mãos”, que entraram em desuso os meios autocompositivos legíti-
mos, ficando relegados ao segundo plano.

4 Mancuso (2011) exemplifica citando como de passagem obrigatória pelo crivo judicial os casos que resultem em ações rescisórias; de
anulação de casamento; de controle de constitucionalidade; de anulação de sentença arbitral; homologação de sentença estrangeira;

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e de modo geral as que exigirem conhecimento amplo e exauriente.

Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa


Somente após o soterramento do Judiciário, por uma avalanche de processos, que
os meios alternativos de solução de conflitos são redescobertos. As cifras assustadoras da
taxa de congestionamento da via judicial expõem o fracasso no desiderato constitucional
do aparelho judicial brasileiro, marcado pela insuficiência, morosidade, ineficiência e alto
custo aos cofres públicos.
Como salientam Costa e Ribas (2017, p. 2) “o acesso à justiça não se resume apenas à
possibilidade de se submeter o conflito, por meio do processo, ao crivo do Poder Judiciário;
é muito mais, é trazer ao cidadão que busca a justiça, que ela seja efetiva, satisfatória e hu-
manizada”. É sob as novas lentes do acesso à justiça que o conceito de jurisdição é relido,
atualizado e contextualizado. A ineficiência/insuficiência da prestação jurisdicional revelou
a necessidade de reflexão e de mudança no sistema de tutela jurídica focado na jurisdição
concentrada e repressiva como único modo de fazer justiça.
A mudança clamada no campo doutrinário5 influenciou a esfera legislativa e administra-
tiva, dando azo a um movimento de inflexão do sistema de tutela jurídica, desapegando-se
do dogma da jurisdição estatal como suficiente para atender todas as demandas sociais por
acesso ao direito.
Começa-se, então, a ampliação do caminho de acesso à justiça e, consequentemente,
do acesso aos direitos. Políticas públicas de desjudicialização criam instrumentos e meca-
nismos extrajudiciais que contribuem para a efetivação da justiça de modo célere e demo-
crático, sem olvidar a segurança jurídica. Consolida-se um modelo democrático e pluralista
de distribuição da justiça.
A título meramente ilustrativo cita-se a Lei n. 10.931/04, que introduziu o processo ex-
trajudicial de retificação do registro imobiliário; a Lei n. 11.101/05, que criou a recuperação
extrajudicial no processo falimentar; e o processo não-judicial de separação, divórcio, partilha
e inventário, nos termos da Lei 11.441/07; a Lei 13.105/15, que a possibilitou a demarcação
e divisão de terra por escritura pública, a extinção da união estável e a homologação do pe-
nhor por meio de escritura pública, e também a usucapião extrajudicial; a Lei n. 13.140/15,
que prevê a mediação e conciliação extrajudicial.
Além das citadas leis, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução n. 125/10,
que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de
interesses no âmbito do Poder Judiciário; e mais recentemente, o mesmo conselho editou

5 Medidas desjudicializadoras nem sempre são vistas com bons olhos por todos, especialmente os advogados. Em parecer solicita-
do pelas entidades de classe dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo, quanto à compatibilidade entre a função de
mediador e a atividade notarial e registral, Campilongo (2013, 4) consignou que monopólio da jurisdição e representação judicial de
interesses “não se confundem nem podem limitar as amplas possibilidades de acesso à ordem jurídica justa. Os juízes já se deram

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conta dessa realidade insofismável; os advogados, ainda não”.

Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa


o Provimento n. 67/18, que dispõe sobre os procedimentos de conciliação e de mediação
nos serviços notariais e de registro do Brasil.
Todas essas medidas representam políticas públicas importantes para o acesso à
justiça, pois conferem aos interessados instrumentos que possibilitam o acesso direto aos
direitos que se pretendem alcançar. Ainda oferecem às partes mecanismos menos formais
e opressores do que aqueles no âmbito dos tribunais. Corroboram, assim, para uma cultura
de pacificação e diálogo. Segundo Gouveia e Ribas (2015, p. 9):

A animosidade ilustrada no espaço judicial não existe nos mecanismos alter-


nativos de solução de conflitos como a mediação, a transação ou a concilia-
ção, pois a solução dos litígios por tais instrumentos permite um estado de
pacificação social no qual todos são vencedores. Assim sendo, a pacificação
se traduz efetivamente na aceitação da forma na qual o conflito deixou de
existir, de modo que a sensação de satisfação pessoal se reproduz em todos
os envolvidos, consistindo na plena segurança jurídica.

Segundo o Colégio Notarial do Brasil (CNB)6, a desjudialização dos divórcios e in-


ventários promovida pela Lei n. 11.441/07 já propiciou ao Poder Judiciário uma economia
aproximada de quatro bilhões de reais, resultante da lavratura de mais de dois milhões de
escrituras de divórcios e inventários; casos que iriam parar, desnecessariamente, nas mãos
dos juízes. O resultado positivo somente foi possível porque se tem superado a vetusta
e enraizada ideia de acesso ao Judiciário como única forma de acesso à justiça. Tem-se
aproveitado, ainda que de maneira tímida, o potencial de outras instâncias para promover
o acesso a direitos, como é o caso do Notariado, que o faz com celeridade, justiça e se-
gurança jurídica.
A desjudicialização tem contribuído para a ampliação das vias que permitem acessar
direitos, através da atuação de novos agentes, instâncias e instituições na distribuição e
efetivação da justiça. E é uma tendência mundial; o fenômeno não está circunscrito apenas
ao Brasil. Ocorre em outros países (DIAS; PEDROSO, 2002).
Segundo Dias e Pedroso (2002, p. 37) “o processo de desjudicialização de proce-
dimentos legais e de criação de meios de resolução de conflitos não judiciais impõe uma
aceleração da transformação das profissões jurídicas através da transferência ou atribuição
de novas competências a ‘velhas’ e ‘novas’ profissões”.
Com efeito, a desjudicialização tem causados impactos sociais e institucionais. Ao mes-
mo tempo que contribui para a efetivação da justiça, por meio da oferta de caminhos mais
participativos e democráticos, que permitem a emancipação do cidadão frente à escolha
da via que apresenta melhores perspectivas para seus reclamos, reflete positivamente no

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6 A pesquisa pode ser consultada na página eletrônica do CNB (2018).

Direitos Humanos na Contemporaneidade: problemas e experiências de pesquisa


Poder Judiciário, aliviando sua sobrecarga de trabalho, o que permite que os magistrados
se dediquem às questões que realmente requerem a atenção do Estado-Juiz. Há ainda a
questão do fomento da pacificação social e da capacitação de profissionais para atuarem
nesse contexto, tais como mediadores, conciliadores, notários, registradores e etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se, nessas poucas páginas, que o direito de acesso à justiça é um direito


humano consagrado em vários instrumentos internacionais e também internalizado no direito
brasileiro, erigido ao patamar de direito fundamental pela Constituição de 1988, mas que
ainda encontra barreiras na sua efetivação. A concretização desse direito requer a superação
de barreiras econômicas, sociais ou culturais, e até mesmo da leitura desatualizada do seu
próprio conceito, uma vez que induz à ideia equivocada de que acesso à justiça é somente
pela via judicial. A avalanche de processos judiciais que soterram o Poder Judiciário dá conta
da urgência de se repensar e de atualizar o conceito de acesso à justiça, superando-se, as-
sim, a vetusta concepção de acesso ao Poder Judiciário com fosse o único acesso à justiça.
Contatou-se que o Judiciário é um caminho de acesso à justiça, porém, não mais o
único. Isso porque nos últimos anos a insuficiente e ineficiência estatal na distribuição da
justiça tem fomentado a adoção de políticas públicas de desjudialização de procedimentos
legais. Tanto o Legislativo quanto o Judiciário têm empreendido forças no sentido de criar
instrumentos e mecanismos extrajudiciais. Meios alternativos de acesso à justiça, com o
deslocamento de vários procedimentos realizados sob a tutela do Poder Judiciário para
outros agentes, estranhos à estrutura judicial.
Essa política de desjudicialização contribui para a efetivação do ideário de justiça na
medida em que permite ao cidadão acesso dos direitos (fim último do acesso à justiça) de
forma mais célere, eficiente e segura; além de emancipar o cidadão para escolher a via que
mais se mostre adequada às suas demandas, contribuindo para o desafogo do Judiciário
e para a pacificação social.

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