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fundamental ser instrumento eficaz e efetivo de fazer com que os direitos subjetivos das
partes, quando em estado de conflito, sejam concretizados com celeridade e segurança. Para
alcançar a missão a que está destinado deve adaptar-se às exigências feitas pelo cidadão do
século XXI, no sentido de que as suas normas, quando convocadas para serem aplicadas,
gerem efetividade e eficácia com subordinação a uma razoável duração de tramitação dos atos
investigações científicas. Há vigorosa busca para que sejam fixados novos paradigmas
Há, não podemos deixar de reconhecer, uma postura explorada pelos cientistas
juristas que está voltada para ser vitorioso movimento que implante cuidadosa modificação na
estrutura até então consagrada do processo e dos seus propósitos, conforme assinala
Direitos”, Editora Verbo Jurídico, 2005, p. 281: “Todavia, inexplorada permanece a via que
como atualmente se configuram as sociedades políticas ditas mais desenvolvidas, já que ele se
forma modernamente sob o influxo das ideologias de cunho liberal, a partir do século XIX,
XX”.
As idéias de Jacqueline Mielke Silva, acima citadas, foram formadas sob inspiração de
afirmações feitas por Willis Santiago Guerra Filho, em “A Filosofia do Direito – Aplicada ao
registra, p. 281, obra referida, o que Willis Santiago Guerra Filho expõe sobre o vínculo entre
Constituição e processo. Eis o trecho em questão: “Segundo Willis Santiago Guerra Filho, ‘o
mostra tão pronunciada, é uma decorrência natural do novum histórico instaurado pela
organização política pela redação de um texto constitucional, isto é, constitutivo de uma nova
ordem jurídica. Tanto a legislação como a administração da res publica e de justiça necessitam
de formas procedimentais dentro das quais possam atuar atendendo aos novos padrões
século XXI, há de se ter em consideração o fato de que a sociedade está inquieta por não mais
Estado a que estamos acostumados: iniciativa legislativa popular (art 14, II, 29, II, 61, §2º);
publicidade (arts. 5º, incisos XXXIII e XXXIV, 37, 93, IX): fundamentação razoável (arts. 37,
caput – moralidade); 93, IX; 85, V, e 37, § 4º, 5º, inciso LIV, devido processo legal);
legalidade (art. 5º, inciso II e 37) mesmo porque ‘constituem objetivos fundamentais da
(....)promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
não fazer crescer a insatisfação da sociedade com o sistema legal que, no momento, o regula,
Alvim Wambier, em “Breves Comentários à 2a. Fase da Reforma do Código de Processo Civil”,
p. 10, Editora RT, proclamando a que “os clamores pela modernização do sistema processual,
voltada a imprimir-lhe maior eficiência, no sentido de que mais e melhores resultados efetivos
sejam obtidos com menor dispêndio, foram e estão sendo, certamente, as molas propulsoras
da comissão de Reforma do CPC, tanto em sua primeira fase, quanto agora, na segunda fase
sobre a reforma do sistema de justiça – sobre suas principais causas, identificando como
pontos fundamentais: a insuficiência da estrutura do Poder Judiciário para lidar com o volume
prática dos atos processuais; a desvalorização das decisões da primeira instância; entre outras
causas não menos relevantes” (Márcio Thomaz Bastos, ao prefaciar à obra “A Reforma do
de rediscutir competências, no afã de viabilizar as funções deste poder, bem como estabelecer
ao cidadão uma justiça efetiva, justa e de duração razoável, tal como preconizado em todas as
declarações fundamentais dos direitos do homem” (Luiz Fux, in “ Reforma do Processo Civil, ob
cit., Editora Impetus, inspirado, conforme registra, em Mauro Cappelletti e Bryan Garth, in
f) Ser veículo de aplicação do direito material, quer através da atividade estatal, quer
por via de meios alternativos de solução de conflitos, por opção das partes (arbitragem),
atuando de forma trilateral (juiz, autor e réu), como julgadores imparciais, respeitando a
profundas alterações no campos jurídico. Elas vão da pretensão de ser promulgada uma
conseqüência desse novo panorama dos relacionamentos do homem com o homem e deste
acontecendo. Exige-se, portanto, que a postura do Estado acompanhe essas mudanças e adote
denominado de ondas renovatórias do processo. As mencionadas ondas buscam fazer com que
o processo tenha regras modernas preocupadas com o social e com a efetivação e eficácia da
tutela jurisdicional.
do teor seguinte:
“Não consigo separar a pessoa humana, que objetiva alcançar seu desenvolvimento
espiritual, seja qual for a religião ou filosofia de vida que adote, do magistrado
eficaz e célere, às ameaças e violações dos direitos das pessoas. Não é trabalho
concreto seu comando, de forma que a parte não apenas ganhe a causa, mas
receba rápido e efetivamente o que foi declarado, pelo Estado-juiz, como seu
direito. É legítima, e, mais do que isso, imprescindível a exigência dos cidadãos que
batem à porta do Judiciário, pois o ideal de realização de todo homem, num Estado
Democrático de Direito, é a Justiça, porque, sem ela, bem ensina Kant, "já não
acessado em 21.02.2007:
em nossos dias, como valor geral a ser perseguido em toda a atividade judiciária. A
mais solene. Essa não é uma realidade nova: nela se inspiravam os interdita
dos juízos especiais simplificados, das ações de modelo monitório e até mesmo dos
custo e por vezes com demasiada sofreguidão, fugir à lenta, complexa e pesada
cognição judicial são necessariamente diversos, como distintos são, por razões de lógica
prestação jurisdicional cria o risco de sua inutilidade prática quando ao fim sobrevier, ou de
preservar o bem da vida em disputa, colocando-se sob custódia judicial a fim de que ele se
conserve com o mínimo de desgaste ou deterioração até que se decida de sua titularidade. Se,
por outro lado, a alta probabilidade de ter razão o autor desde logo se impõe ao espírito do
Juiz, razoável é, por igual, que àquele se outorgue, mesmo provisoriamente, a fruição desse
bem durante o curso do processo ou, quando menos, a subtração desse desfrute ao réu. Tem-
freqüentemente, esses dois requisitos são cumulativamente exigidos para que algum tipo de
uma das grandes dificuldades que o Direito Processual enfrenta neste século XXI. O
jurisdicionado nutre expectativa de receber a solução do seu conflito com terceiro no menor
tempo possível, exigindo do Estado que apresente um resultado justo oriundo da interpretação
A segurança jurídica é um valor que está inserido na compreensão de como deve ser
um Estado Democrático de Direito. Ela é essencial ao cidadão por ser um dos princípios
basilares da democracia.
aplicado, impondo segurança jurídica, ordem, conforme afirmações de Miguel Reale, em sua
obra “Filosofia do Direito”, São Paulo: Saraiva, 1996, a saber:.”....a idéia de justiça liga-se
intimamente à idéia de ordem. No próprio conceito de justiça é inerente uma ordem, que não
pode deixar de ser reconhecida como valor mais urgente, o que está na raiz da escala
está implícita no valor justiça. A lei, ao ser interpretada e aplicada pela via processual, garante
Com absoluta razão os que afirmam que a segurança jurídica é assegurada pela
Por fim, devemos lembrar que o ”grande desafio das reformas processuais, na busca
de uma justiça tanto quanto possível rápida e eficaz, está centrado numa técnica que assegure
I – INTRODUÇÃO
modificações introduzidas em nossos sistema processual civil recursal pela Lei n. 11.187, de
A abordagem que ora fazemos cuida da crise pela qual passa o processo, não obstante
mais de duzentos anos de sua consagrada autonomia científica, com apego à valorização que
damos as conclusões[i] que Paulo Hoffman, doutorando e mestre em Processo Civil pela PUC,
assume, em sua tese de mestrado intitulada “Razoável Duração do Processo”, publicada pela
Editora Quartier Latin do Brasil, 2006, pp. 214 e seguintes. Entre elas, destacamos as que
afirmam:
devido processo legal nem gerar insegurança para as partes, tampouco forçá-las a
tempo hábil para produção de provas e alegações das partes, com total
cerceamento de defesa”.
b) “Nosso posicionamento é cristalino no sentido de que o Estado é responsável
juiz, bem como por ineficiência da estrutura do Poder Judiciário, devendo indenizar
materiais e morais”.
c) “Para definição de prazo razoável não nos parece adequado qualquer outro
critério que não a análise de cada caso concreto, tal qual o excelente critério da
posta in gioco, estabelecido pela Corte Européia dos Direitos do Homem, que,
razoável e sem dilações indevidas e o próprio valor da indenização com base nos
lembramos o afirmado,com muita precisão, por Jacqueline Mielke Silva e José Tadeu Neves
mas com a consciência de que, em pouco tempo, esses valores virão a se modificar,
urgente, mais rápidas, dificultando a idéia do questionamento, que tem que ligar o
Diante do exposto, observa-se que o Processo Civil atual não pode conviver com
que invadiu o ordenamento jurídico formal civil brasileiro, nos últimos anos, está contribuindo
vontade presente no inciso LXXVIII, incluído no art. 5º da CF, por força da Emenda
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação”.
É cedo para ser feita uma afirmação positiva ou negativa. Proclamamos, apenas, que
o otimismo não invadiu, em grande escala, a compreensão que fazemos no sentido de que as
reformas pontuais feitas no Código de Processo Civil, especialmente, as dos últimos três anos,
cidadania.
REFERÊNCIAS
RAZOÁVEL DO PROCESSO
As reflexões introdutoras dos itens acima pretendem chamar a atenção do leitor para
definir se, realmente, a nova sistemática adotada para o agravo pela reforma anunciada, está
nova disciplina aprovada pela Lei n. 11.187, de 19.10.2005, em vigor desde 20.01.2006, para
modalidades, a saber:
a) O agravo retido que passou a ser considerado como regra geral. Está presente no
b.1) quando a decisão interlocutória for capaz de provocar lesão grave à parte e de
difícil reparação;
b.2) contra a decisão que julgar a liquidação da sentença (por arbitramento ou por
artigos) (art. 475-H (Lei n. 11.232, de 22.12.2005, em vigor seis meses depois);
b.4) nos casos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, isto é, concedendo-
b.5) nos casos de julgamento da impugnação à sentença executada (art. 475 M, § 3º),
b.6) contra a decisão que concede ou denega os efeitos antecipados da tutela (art.
273);
O panorama suso descrito demonstra que a sistemática adotada pelo legislador para o
agravo em nosso ordenamento jurídico formal não tem características de simplicidade. Embora
não seja de natureza complexa, evidencia-se, contudo, como recurso dotado de dificuldades
O agravo retido oral, uma das duas formas do agravo retido, está prestigiado pelo
instrução e julgamento. Deve ser interposto imediatamente. Não no prazo de 10 (dez ) dias
(prazo comum para o agravo retido não oral e para o agravo de instrumento (art. 522, caput).
Identifica-se como decisão sujeita ao agravo retido oral, por exemplo: a) decisão de
Ocorrerá a preclusão se o agravo retido oral não for apresentado imediatamente, isto é,
antes do prosseguimento do próximo ato em audiência. Não se deve, portanto, aguardar o fim
da audiência. Ex.: Se o juiz indefere a contradita , o agravo oral deverá ser interposto antes de
ser tomado o termo de compromisso da testemunha. As razões do agravo oral devem ser
audiência preliminar (art. 331), na audiência para justificação. Não cabe, após interposto o
O agravo retido oral já existia antes da reforma indicada pela Lei n. 11.187, de
retido oral deverá ser apresentado imediatamente após a decisão proferida pelo juiz na
audiência.
Rodrigo Cunha Lima Freire, co-autor da obra Reforma do CPC, RT, pg. 52, entende que
o sistema criado pela reforma para o agravo retido oral pode criar imensas dificuldades para a
duração desta, especialmente se o juiz aplicar por analogia o prazo do debate oral
previsto no art. 454 do CPC – ‘20(vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10
A doutrina está voltada para fixar entendimento uniforme sobre a exigência de que o
agravo retido oral seja interposto imediatamente. Qual o sentido jurídico do que seja
Rodrigues Cunha Lima, ob. cit., p.53, entende que “....o vocábulo imediatamente deve
ser interpretado sem sentido amplo, admitindo-se a interposição oral do agravo retido até o
“para que o juiz possa se retratar –se for o caso – de forma tempestiva”. Cita, como exemplo,
‘o agravo contra a decisão pela qual o juiz não permitiu a oitiva de uma testemunha”.
Jacqueline Mielke Silva e José Tadeu Neves Xavier, ob. cit., pp. 30 e 31, observam que
o agravo retido oral contra decisão proferida em audiência, como instituído pela lei reformista,
“O primeiro deles diz respeito a que, a partir do momento, em que a parte deve
retirando 10 dias de prazo (o agravo retido também tem o prazo de 10 dias, nos
termos do art. 522), circunstância essa que viola o artigo 5º, inciso LV da
Constituição Federal, eis que implica flagrante cerceamento de defesa. Por outro
Entendemos que a questão do prazo para interpor o agravo retido oral, em audiência,
bem como o de apresentar contra-razões, de acordo com a pregação da lei, deve ser
interpretado com a aplicação do princípio de que o processo há de ter uma solução em tempo
processo legal. Há de se ter em consideração que a decisão do juiz foi levada ao conhecimento
das partes, de modo indubitável, em audiência, de modo oral. Autor e réu, por seus
advogados, tomaram ciência de seus efeitos e estão aptos, conseqüentemente, para analisá-
las em toda a sua extensão jurídica. Nenhuma surpresa é imposta aos litigantes. Consolidado
norma.
Sobre o agravo oral retido, colhemos interessante observação feita por Guilherme
agravo teria que ser por ‘petição’, impedindo, assim, que fosse feito por termo nos
autos.
Embora a lei seja extremamente clara, ‘a prática tem demonstrado, não obstante,
atende ao princípio da economia processual, não havendo, nessa atitude, algo que
Mais uma vez a legislação foi aprimorada para que comportasse, de forma
Podia o agravo oral ser interposto em qualquer audiência, seja ela de conciliação,
entende-se de maneira contrária. Com efeito, o art. 245, caput, do CPC, determina
que a nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade que a parte
tiver para falar nos autos, sob pena de precluir o direito de fazê-lo. De tal forma
que se concorda com a lição de Humberto Theodoro Júnior , pela qual, tratando-se
oportunidade que tem para falar nos autos, que seria na própria audiência, por
meio de agravo retido interposto oralmente. Em outros casos que não de nulidade
de atos processuais, cabe a parte optar pelo agravo retido por petição ou oral.
Com efeito, toda essa discussão caiu por terra. A partir de janeiro de 2006, de toda
decisão proferida em audiência somente será cabível o agravo retido, como já está
a entender que uma terceira forma desse recurso foi criada pelo legislador. Essa é, por
exemplo, a opinião de Antônio Aguiar Bastos, mestrando em Direito Público pela Universidade
Federal da Bahia, conforme registrado no artigo de sua autoria “Uma leitura crítica do novo
http://www.unifaes.br/revistajuridica/edicao_janeiro2006/docente/doc_01.doc, ao afirmar:
“Ao modificar o § 3º e ao revogar o § 4º, do art. 523, do CPC, o legislador parece
ter concebido uma “terceira” e conturbada figura, que, a nosso ver, mais causa
Merece destacar que o citado autor considera essa terceira forma uma figura
conturbada e que provocará tumulto processual, indo de encontro à filosofia atual de ser
somente o agravo retido (§ 4º), exceto nos casos de dano de difícil e de incerta
decisão (§ 3º).
julgamento[i], foi modificação empreendida pela Lei n.º 10.352/2001, com o fito de
prolação da sentença.
alternativa a mais para o agravante. Não uma vedação, nem uma limitação à
audiência de instrução e julgamento. Isto, porém, não obriga a forma oral. Mesmo
retido o agravo, sua interposição poderá, a critério da parte, se dar por petição
(art. 522). A diferença é que, sob a forma oral, o recurso terá de ser interposto no
curso da própria audiência (art. 523, § 3º); e, se se adotar a forma escrita a parte
poderá agravar até dez dias após o encerramento da audiência (art. 523)
prossegue o autor tecendo outras considerações sobre o novo regime do agravo oral. Em
síntese, afirma:
audiência de instrução e julgamento, haja vista não seguir a disciplina da regra geral para esse
tipo de recurso;
julgamento, pelo que, em se tratando dos outros tipos de audiência, o agravo deverá ser por
d) não obstante o sistema do agravo oral retido em questão acenar para celeridade dos
atos processuais, pode haver retardamento da entrega da prestação jurisdicional, por alguns
questionamentos que poderão surgir, por o agravo retido oral ser interposto imediatamente
Composta por momentos distintos e inúmeros atos, ela está sujeita a uma série de
intercorrências, que vão da fixação dos pontos controvertidos sobre que incidirá a prova (art.
magistrado, das partes e de seus advogados, mas também das testemunhas, dos peritos e dos
assistentes técnicos. Além de ser necessário intimar a todos, a ausência de um deles, ou a sua
concentração de atos que poderiam ser praticados posteriormente sem qualquer prejuízo para
o andamento do processo. A assentada não tem outra finalidade senão a de colher a prova oral
e obter os esclarecimentos acerca da perícia[iii]. Quanto mais ela se estende, mais se retarda
certos casos, a assentada poderá ser suspensa, para continuar em outro dia, prejudicando o
andamento processual. Afora isso, não podemos desconsiderar a realidade forense, cujas
interposição de inúmeros agravos retidos, contra cada uma das decisões isoladamente, seria
facultar a apresentação do recurso por escrito, nos dez dias anteriormente previstos pela lei,
Lembra, ainda, o autor que o legislador não tratou do lapso temporal para a
apresentação das contra-razões pela parte adversa, pelo que deve valer o decêndio previsto
REFERÊNCIAS
de instrução e julgamento, Humberto Theodoro Júnior (2005, p. 641) explicava quando da vigência
pelo juiz no correr da audiência terão de ser impugnadas por agravo retido. É a
causa pode prejudicar o agravo; se assim não for, o agravo subirá juntamente com a
apelação.
Recurso improvido (AI n.º 8.216 – TJMT – 2ª Câmara Cível – Rel. Des. Odiles Freitas
Souza, j. 10.03.1998).
[ii] Os referidos §§ 3º e 4º, do art. 523, haviam sido inseridos no ordenamento pela Lei n.º
§ 4º. Será sempre retido o agravo das decisões posteriores à sentença, salvo caso de
inadmissão da apelação.
Posteriormente, a Lei n.º 10.352/2001 modificou este último comando, que passou a
estatuir:
julgamento e das posteriores à sentença, salvo nos casos de dano de difícil e de incerta
reparação, nos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é
recebida.
[iii] É o que diz Humberto Theodoro Júnior (2005, p. 526):
(art. 330).
O art. 527, II, em sua redação atual, estabelece um novo sistema para a conversão do
Antes da reforma atual (Lei n. 11.187, de 19.10.05), o inciso II, do art. 527, do CPC, de
conformidade com a Lei n. 10.352, de 26.12.01, tinha a seguinte redação: “Art. 527, II:
reparação, remetendo os respectivos autos ao juízo da causa, onde serão apensados aos
O inciso II, do art. 527, na sua redação atual (Lei n. 11.187, de 19.10.2005), determina
que o relator, em segundo grau, “converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo
quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação,
bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação
A doutrina tem comentado essa transformação, ora visualizando como positiva, ora
Flávio Cheim Jorge, em “A Terceira Etapa da Reforma Processual Civil”, Editora Saraiva,
pp. 238 e 239, analisa essa nova disciplina da conversão do agravo de instrumento em agravo
retido com a argumentação que nada foi modificado, conforme passamos a registrar:
particular. Nestas duas outras hipóteses agora excepcionadas (decisão que não
decisão recorrida. Se este não puder ser admitido, por falta de um dos requisitos de
foi apenas explicitar algo que já deveria ser obrigatoriamente analisado pelo
relator.
De fato, uma leitura pouco atenta e isolada das regras que disciplinam o recurso de
doutrinário, questões que não podem deixar de ser examinadas com reflexões voltadas para a
Luis Guilherme Aidar Bondioli, em “O Novo CPC e a terceira etapa da reforma”, São
Paulo: Saraiva, 2006, pg. 33, entende que há quatro portas abertas para a parte agravante
tentar levantar a retenção do agravo, não obstante a determinação contida no parágrafo único
do art. 527: “A decisão liminar, proferida nos casos dos incisos II e III do ‘caput’ deste artigo,
relator a reconsiderar”.
traz riscos, como já se disse. E uma outra faceta desses riscos está atrelada ao
As observações acima devem ser consideradas pelos Tribunais, a fim de que não seja
ofende ao devido processo legal quando está ligada à finalidade de fazer com que o processo
entende que o inciso II do art. 527, na redação atual, tem a função primordial de:
“a) tornar claro que a atitude do relator não é discricionária; e b) mostrar que os
De tudo exposto, verificamos que Rodrigo Cunha Lima Freire incorpora-se ao grupo de
juristas que entende ser obrigatória a conversão do agravo de instrumento em agravo retido
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação: b) nos casos de inadmissão da
apelação; c) nos casos em que o juiz determina em que efeitos recebe a apelação.
Rodrigo Cunha Lima Freire suscita uma questão que merece a atenção da doutrina e,
com certeza, será muito discutida no campo jurisprudencial. Ela concentra-se em uma
retido?”
com celeridade.
INSTRUMENTO, PELO RELATOR, NOS CASOS DOS INCISOS II E III DO ART. 527 DO CPC.
seguinte redação: “Art. 527, Parágrafo único: A decisão liminar, proferida nos casos dos
O inciso III do art. 527 admite que o relator atribua efeito suspensivo ao recurso de
comunicando ao juiz sua decisão. A redação desse inciso foi também dada pela Lei n. 11.187,
de 19 de outubro de 2005.
corrente que entende ser inconstitucional essa disposição, face agredir ao juiz natural que, no
Atuais dos Recursos Cíveis”, p. 79 a 82, citado em nota de rodapé por Luís Rodrigues
Wambier, Teresa Arruada Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina, na obra “Breves
e 239, enfrenta a questão da irrecorribilidade das decisões proferidas pelo relator do agravo de
expressamente, na parte final do inciso II do art. 527, o cabimento do agravo interno contra a
Ocorre que, conforme assinala Flávio Cheim Jorge, o legislador reformista “mudou a
Pensa o mencionado autor que “o escopo de tal reforma foi imprimir maior agilidade no
julgamento dos agravos de instrumento, impedindo que seja levado ao órgão colegiado aquele
A conclusão que o mencionado doutrinador firma é na linha de que não lhe “parece que
o parágrafo único do art. 527 comporte interpretação diferente. Ainda que sejamos
sua incidência faça com que haja o retorno da utilização do mandado de segurança, não se
conseqüências”.
Adverte, por fim, Flávio Cheim Jorge, ob. cit., que “....modificação ainda mais grave
ou nega o chamado ‘efeito suspensivo’ ao agravo de instrumento (art. 527, III). Aqui a
Rodrigo Cunha Lima Freire, em “Reforma do CPC”, ob. cit., p. 67, aponta, com muita
monocráticas proferidas pelos relatores dos recursos, especialmente no que diz respeito à
Essa questão foi abordada por Luiz Fux, em “A Reforma do Processo Civil”, Editora
reconsideração.
ser colegiado por força da cláusula pétrea da ampla defesa, a qual abarca o duplo
substitutivo do recurso.
Nada obstante, segundo o legislador, a mola propulsora dessa reforma pontual foi:
“Ademais, prevê que, das decisões dos relatores, ao mandar converter os agravos
agravo interno (que, aliás, na segunda hipótese vários tribunais já atualmente não
razão”.
A questão, portanto, está aberta. A jurisprudência irá definir da constitucionalidade ou
11.187, DE 2005.
Passamos a fazê-lo.
parte lesão grave e de difícil reparação, e outras determinadas no art. 522, caput, do CPC;
NA LEGISLAÇÃO ATUAL.
2007. Não tenhamos surpresa se, em pouco tempo, o legislador aprove novas modificações
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, ainda que proferida no curso de
instrumento”.
em vigor desde 01.01.1974 (art. 1.220), tem sido considerado uma das entidades que mais
alterações recebeu.
c) A Lei n. 11.187, de 19 de outubro de 2005, não modificou apenas o art. 522 do CPC.
Introduziu alterações, também, nos arts. 523 e 527, revogando, ainda, o § 4º do art. 523,
d) O artigo 523 do CPC, em sua redação originária, (de acordo com a Lei n. 5.869, de
11.01.1973, que institui o referido Código) determinava: “Art. 523. O agravo de instrumento
será interposto no prazo de cinco (5) dias por petição, que conterá: I – a exposição do fato e
do direito: II – a indicação das peças do processo que devam ser trasladadas. Parágrafo único.
e) Essa redação primitiva foi alterada antes da entrada em vigor do CPC, em janeiro de
1974, conforme expressão da Lei n. 5.925, de 1.10.1973. Por esse diploma legal, o art. 523
passou a ter a seguinte redação: “Art. 523. O agravo de instrumento será interposto no prazo
de cinco (5) dias por petição que conterá: I – a exposição do fato e do direito: II – as razões
do pedido de reforma da decisão; II – a indicação das peças do processo que devam ser
f) O artigo 523 sofre, contudo, radical modificação pela Lei n. 9.139, de 30.11.1995,
quando passou a ter a seguinte redação: “Art. 523. Na modalidade de agravo retido o
agravante requererá que o tribunal dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento
juiz poderá reformar sua decisão, após ouvida a parte contrária, em 5 (cinco) dias”.
Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá reformar
sua decisão”.
h) O art. 523 passou a ser composto, em 1995, também por mais um parágrafo, o 3º,
que foi introduzido pela Lei n. 9.139, de 30.11.1995. Segundo esta, o § 3º do art. 523 passou
i) A redação deste § 3º do art. 523 sofre, agora, com a Lei n. 11.187, de 19 de outubro
de 2005, nova alteração. Passa a ter a redação seguinte: “§ 3º Das decisões interlocutórias
proferidas na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser
interposto oral e imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele
j) O artigo 523 era composto, ainda, pelo § 4º, Este, de conformidade com a Lei n.
9.139, de 30.11.1995, que o introduziu, tinha a seguinte redação: “§ 4º Será sempre retido o
agravo das decisões posteriores à sentença, salvo caso de inadmissão da apelação” . A seguir,
seguinte: “Será retido o agravo das decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento
e das posteriores à sentença, salvo nos casos de dano de difícil e de incerta reparação, nos de
2005. A matéria por ele disposta está inserida, implicitamente, no caput do art. 523.