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Teoria Geral do Processo

2022/2
Prof.ª Me. Isadora Formenton Vargas
Aula 04 - 30/08
 Link do drive:
https://drive.google.com/drive/folders/1KsFT7CyhNV6FlCxNQ89VygSjVz3l
si-P?usp=sharing

 No drive, encontram-se as pastas separadas por aula, nas quais, além dos
slides, inseri obras de base referentes a cada aula.

 Nesta aula, vamos tentar examinar os seguintes tópicos da matéria:

1. História (fases) do processo civil e breve histórico do processo civil


brasileiro.
2. Processo e Constituição: neoconstitucionalismo (uma quarta fase)
3. Interpretação jurídica no Estado constitucional e Fontes do Direito
Processual Civil.
4. Direitos Fundamentais Processuais e Princípios do Direito Processual
(normas fundamentais processuais)
História (fases) do Direito Processual Civil
 3 fases metodológicas da ciência processual civil

1. SINCRETISTA / PRAXISTA (desde as origens)


2. AUTONOMISTA / PROCESSUALISTA / CIENTÍFICA
OU CONCEITUAL (meados séc. XIX)
3. TELEOLÓGICA / INSTRUMENTALISTA / FASE DO
ACESSO À JUSTIÇA (atual)

O direito é influenciado pela cultura, ideologia, realidade


social, tecnologia. Por vários ramos: filosofia, economia,
psicologia, informática, inteligência artificial.
História (fases) do Direito Processual Civil
 1. SINCRETISTA / PRAXISTA (desde as origens)

 Não havia doutrina própria, Direito Processual era


indissociável do direito material;
 Não havia autonomia didático-científica do Direito
Processual;
 Era o estudo da prática de resolver conflitos, e
 Até 1868 com a obra de Oskar Von Bülow – Teoria das
Exceções processuais e pressupostos processuais – deu
início à 2a fase.
 Nos primórdios, a ideia de processo como direito
privado.
História (fases) do Direito Processual Civil
 2. AUTONOMISTA / PROCESSUALISTA / CIENTÍFICA
OU CONCEITUAL (meados séc. XIX)

 Com a obra de Oskar Bülow, ocorre a autonomia, separação


entre direito material e direito processual: relação jurídica
processual;
 Predomina a técnica;
 Processo civil como ciência autônoma;
 Sistematização de ideias em torno da relação jurídica
processual (método e objetivo próprios)
 Essa autonomia levou a inserir o Direito Processual no ramo
de Direito Público, em razão da atuação do Estado, no papel da
Jurisdição.
História (fases) do Direito Processual Civil
 2. AUTONOMISTA / PROCESSUALISTA /
CIENTÍFICA OU CONCEITUAL (meados séc. XIX)

 Jurisdição: solução dos conflitos depende da força da do


Estado, Jurisdição, em relação à qual os litigantes estão
submetidos;

 A relação jurídica processual teria sujeitos (juiz, autor,


réu), objeto (prestação jurisdicional) e pressupostos
próprios (propositura da ação, capacidade para ser parte
e investidura na jurisdição daquele a quem a ação é
dirigida).
História (fases) do Direito Processual Civil
 Crise do conceito de relação jurídica processual

 A teoria de Bülow, ao sistematizar uma relação jurídica


processual, não escapou do conceitualismo ou do cientificismo
neutro.

 Neutralidade do conceito de relação jurídica processual x


realidade concreta;

 O esquema da relação jurídica processual – cuja figura


central é a jurisdição – ao desprezar a realidade
concreta dos seus sujeitos, pode acolher qualquer
forma de exercício de poder  Nenhum Estado é
neutro (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, p. 464)
História (fases) do Direito Processual Civil
 3. TELEOLÓGICA / INSTRUMENTALISTA / FASE DO
ACESSO À JUSTIÇA (atual)

 Não nega a fase anterior, mas reaproxima Direito Material


e Direito Processual;
 Direito Processual como instrumento, voltado à finalidade
de realização do direito material;
 Juiz passa a ser ATIVO;
 Ciência do processo civil: definir os objetivos com os
quais o Estado exerce a jurisdição, como premissa
necessária ao estabelecimento de técnicas adequadas e
convenientes (DINAMARCO, p. 19)
História (fases) do Direito Processual Civil
 3. TELEOLÓGICA / INSTRUMENTALISTA / FASE DO
ACESSO À JUSTIÇA (atual)

 De nada adiante a afirmação de que o processo é


instrumento. Como referido em outras aulas, é preciso
referir quais são os objetivos, finalidades  Processo
Civil de resultados

 Propósitos norteadores da sua instituição e das condutas


dos agentes;

 Escopos de natureza social, política e jurídica.


História (fases) do Direito Processual Civil
 SOCIAL: pacificação das pessoas mediante a eliminação dos conflitos com
justiça, exercício da cidadania.

 POLÍTICO: estabilidade das instituições políticas. Autoridade do Estado.


Processo como culto às liberdades públicas. Ex: ação popular (art. 5º,
LXXIII , CF), habeas corpus, MS individual e coletivo, habeas data
(arts. 5º, LXVIII, LXIX, LXX, art. 105, inciso I, letra b).

 JURÍDICO: atuação da vontade concreta do direito. O processo deve


propiciar a quem tem um direito tudo aquilo e precisamente aquilo que ele
tem o direito de obter, sob pena de carecer de utilidade e, portanto, de
legitimidade social. Visa à segurança jurídica.

 Embora seja o âmbito da incerteza, os procedimentos estão


definidos -> segurança jurídica inclusive na dúvida quanto às
normas e quanto ao procedimento: decisão justa.
História (fases) do Direito Processual Civil
 A tutela jurisdicional, assim enquadrada no sistema de proteção ao
homem em relação a certos valores, não se confunde com o próprio
serviço realizado pelos juízes no exercício de uma função estatal. Não se
confunde com a jurisdição (infra, n. 39). A tutela é o resultado do
processo em que essa função se exerce. Ela não reside na
decisão judicial em si mesma como ato processual, mas nos
efeitos que ela efetivamente produz fora do processo e sobre
as relações entre pessoas ou entre estas e os bens da vida. No
processo ou na fase executiva tutela só haverá quando o titular do direito
tiver obtido o bem desejado. No cognitivo o momento tutelar depende da
espécie de crise jurídica a debelar e, portanto, da natureza e eficácia da
sentença que acolher a pretensão daquele que tiver razão. As crises das
situações jurídicas e as de certeza são desde logo debeladas pela própria
sentença (constitutiva ou meramente declaratória, conforme o caso),
dando-se desde logo a tutela; mas as de adimplemento perduram depois
da sentença condenatória, e a tutela efetiva só poderá advir como fruto
da execução forçada (infra, n. 7). (DINAMARCO, p. 23).
História (fases) do Direito Processual Civil
 Em breve, veremos uma 4ª fase, referente ao
Neoprocessualismo.

 Agora, vale um breve histórico do processo civil


brasileiro.
Breve histórico do processo civil brasileiro.
 De acordo com Dinamarco (p. 33 e seguintes), podemos entender o
histórico do processo civil brasileiro a partir de dois aspectos: (i) pelas
fontes; (ii) pela doutrina;

 (i) Pelas fontes, Dinamarco divide em oito fases históricas:


 1ª fase: Ordenações Filipinas, Livro III – regia o processo civil em todo o Reino
Português (de 1603 a 1850). A partir da Independência em 1822, essa legislação foi
sendo, pouco a pouco, revogada e substituída por uma nacional. Em 1850, foi
promulgado o Regulamento 737 (processo civil somente para relações comerciais)
e o Código Comercial;
 2ª fase: Consolidação Ribas (reunião de todas as leis promulgadas com alteração das
disposições contidas nas Ordenações Filipinas, em 1876;
 3ª fase: Em 1890, o Regulamento 737 passou a contemplar o processo civil para as
causas cíveis em geral;
 4ª fase: Códigos estaduais, propiciada pela Constituição Republicana de 1891, ao
estabelecer a competência legislativa concorrente da União e dos Estados para
legislar sobre o processo. Essa fase não durou muito nem foi de bom nível a maioria
dos Códigos estaduais que chegaram a ser editados - e a doutrina costuma realçar
o bom nível somente dos Códigos da Bahia e de São Paulo;
Breve histórico do processo civil brasileiro.
 5ª fase: Em 1939, com a vigência do 1º Código de Processo
Civil brasileiro, reunificação da competência para legislar sobre
o processo, ditada pela Constituição Federal de 1934.
 6ª fase: Em 1974, com a entrada em vigor do Código de
Processo Civil de 1973.Várias inovações: efeito da revelia,
julgamento antecipado de mérito, recorribilidade das
interlocutórias, tratamento das cautelares em livro específico,
ênfase à ética processual.
 7ª fase: Reformas do Código de Processo Civil de 1973 e
Reforma da Reforma, seguidas da Lei do Cumprimento de
Sentença, de 2005, responsável pelo traçado de um novo perfil
do processo civil brasileiro, um novo modelo. A mudança de
maior impacto foi a implantação do processo sincrético, que reúne
em um único processo as atividades que antes eram realizadas
em dois processos distintos e separados - o de conhecimento
e o executivo.
Breve histórico do processo civil brasileiro.
 8ª fase:

 Entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil de


2016. O Anteprojeto desse Código foi elaborado por uma
Comissão de onze membros, escolhidos entre
conhecidos professores de direito processual civil e
profissionais do direito, os quais traçaram desde logo as
linhas fundamentais da nova reforma, com grande
valorização das garantias constitucionais do processo, dos
meios alternativos de solução de conflitos, da cooperação
entre os sujeitos processuais etc.
Breve histórico do processo civil brasileiro.

 Exposição de motivos do CPC:


https://www.verbojuridico.com.br/vademecum/CPC_EXPOSICAO_
DE_MOTIVOS.pdf

 1) A necessidade de que fique evidente a harmonia da lei ordinária


em relação à Constituição Federal da República fez com que se
incluíssem no Código, expressamente, princípios constitucionais.

 2) Pretendeu-se converter o processo em instrumento incluído no


contexto social em que produzirá efeito o seu resultado. Deu-se
ênfase à possibilidade de as partes porem fim ao conflito pela via da
mediação ou da conciliação. Entendeu-se que a satisfação efetiva das
partes pode dar-se de modo mais intenso se a solução é por elas
criada e não imposta pelo juiz, na sua versão processual.
Breve histórico do processo civil brasileiro.
 3) Com a finalidade de simplificação, criou-se a possibilidade
de o réu formular pedido independentemente do expediente
formal da reconvenção, que desapareceu. Extinguiram-se
muitos incidentes (...)

 4) O novo sistema permite que cada processo tenha maior


rendimento possível. Assim, e por isso, estendeu-se a
autoridade da coisa julgada às questões prejudiciais.

 5) A Comissão trabalhou sempre tendo como pano de fundo


um objetivo genérico, que foi de imprimir organicidade às
regras do processo civil brasileiro, dando maior coesão ao
sistema.
Breve histórico do processo civil brasileiro
 De acordo com Dinamarco (p. 33 e seguintes), podemos
entender o histórico do processo civil brasileiro a partir
de dois aspectos: (i) pelas fontes; (ii) pela doutrina.

 Já vimos sobre as oito fases das fontes do processo civil


brasileiro, agora quanto ao aspecto da Doutrina,
Dinamarco subdivide em duas fases.
 1ª fase: primórdios do século XIX até 1939;
 2ª fase: com a chegada, em 1939, do Prof. Enrico Tullio
Liebman no Brasil. Dinamarco ressalta o início de
uma postura constitucionalista dos processualistas
brasileiros.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Da continuação das fases metodológicas gerais do processo
civil, anteriormente referidas, surge uma 4ª fase:
neoprocessualismo.

 Permanece vinculada à 3ª fase quanto à concepção de que o


processo é um instrumento para se efetivar o direito
material, mas acrescenta em seu estudo todos os avanços
operados pelo Neoconstitucionalismo. Fase do
instrumentalismo revisitada pelos influxos do
neoconstitucionalismo e do pós-positivismo.

 Ver obra no drive: Neoprocessualismo: a constitucionalização


do processo civil e as norams fundamentais processuais:
https://drive.google.com/file/d/1omzqDnxvBlcWRFThKb2NN
Ofz1eo6JF4Y/view?usp=sharing
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 FORMALISMO-VALORATIVO: importância dos
princípios, regras, postulados (constitucionalização do
direito civil) (MARINONI;ARENHART; MITIDIERO)

 RS: Carlos Alberto Alvaro de Oliveira chama a fase do


neoconstitucionalismo de formalismo valorativo, no
sentido de que é preciso interpretar o processo a partir
dos valores da constituição, reforçando os aspectos éticos
dentro do processo, sobretudo o da boa-fé (art. 5º, CPC).
OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. Do formalismo no
processo civil . 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Processo formado a partir de valores: igualdade, justiça,
participação, efetividade, segurança.

 Juiz PARTICIPATIVO, mais do que ATIVO.

 Agora, a ideia de proteção dos direitos não tem a


ver com a antiga e remota concepção de tutela
dos direitos privados, própria à época anterior à
afirmação da autonomia do direito processual
(MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, p. 469)
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Pessoal, sobre a frase: fase do instrumentalismo revisitada pelos influxos
do neoconstitucionalismo e do pós-positivismo.

 É preciso compreender que poderíamos ter uma disciplina somente


sobre positivismo, pós-positivismo e a relação dessas correntes
filosóficas com a compreensão acerca da ciência jurídica.

 Sobre o tema: SARMENTO, Daniel. O neoconstitucionalismo no


Brasil: riscos e possibilidades. In: Filosofia e Teoria
Constitucionalcontemporânea, 2009, pp. 114-115.
 https://www.mpba.mp.br/sites/default/files/biblioteca/criminal/artigos
/neoconstitucionalismo_-_daniel_sarmento.pdf

 E o que precisamos saber, de forma bastante resumida?


Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 O que vou resumir sobre jusnaturalismo, positivismo e
pós-positivismo tem relação com a ciência jurídica como
um todo, para além do processo civil.

 Nos interessa diferenciar essas posições filosóficas sobre


o Direito, para entender, no final das contas, o que
significa o neoconstitucionalismo, especialmente em relação
à influência da Constituição no Processo Civil, justamente
porque vamos estudar normas FUNDAMENTAIS
processuais, direitos FUNDAMENTAIS processuais.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Dentro de cada uma das correntes – jusnaturalistas, positivistas,
pós-positivistas – existe uma quantidade considerável de
classificações, especialmente definidas a partir do decurso do tempo
(história do Direito). Ex.: positivistas tradicionais, positivistas
contemporâneos.
 Vamos apenas entender as PRINCIPAIS diferenças.

 JUSNATURALISMO:
 Norberto Bobbio: “O Jusnaturalismo é uma concepção segundo a
qual existe e pode ser conhecido um 'direito natural' (ius naturale),
ou seja, um sistema de normas de conduta intersubjetiva diverso do
sistema constituído pelas normas fixadas pelo Estado (direito
positivo)”.
 O Direito Natural possui um caráter universal, independe da
vontade humana, leis eternas, imutáveis.
 Thomas Hobbes; John Locke;. Jean-Jacques Rousseau.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 POSITIVISMO:
 O positivismo jurídico surgiu em meados do século XIX na
Europa, como uma corrente que defendia o direito como a lei
de único valor e emanada a partir do Estado.
 Este pensamento se contrapunha ao modelo do Direito
Natural, que acreditava na ideia de justiça universal baseada
nas leis da natureza, nas leis de Deus (sob a perspectiva da
Igreja) ou pela razão humana (Iluminismo).
 O Direito Positivo possui um caráter formal, temporal e
territorial. Leis podem ser revogáveis, variáveis e mutáveis.
 Augusto Comte; John Stuart Mill; Hans Kelsen; Norberto
Bobbio; H. L.A.Hart.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 PÓS-POSITIVISMO:

 Redemocratização da Europa, pós Segunda Guerra;


 Lembrar que a lei, por si só, pode não ser justa e pode
acarretar momentos históricos de barbárie, como foi o
caso do nazismo.
 No Brasil, com a Constituição Federal de 88;
 Reaproximação entre direito e moral, ultrapassando a
formalidade e o fracasso político da concepção positivista,
mas mantendo superado, também, o jusnaturalismo.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 PÓS-POSITIVISMO:

 Barroso: “é neste universo que se vive no Brasil um momento


de reconhecimento de normatividade a princípios como o da
dignidade da pessoa humana, como justiça, como o devido
processo legal, que são na verdade a porta de entrada dos
valores no sistema jurídico, de modo que o pós-positivismo nos
liberta da dependência absoluta do texto legislado para
reconhecer que há normatividade nos valores e nos princípios
ainda quando não escritos”.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 PÓS-POSITIVISMO:

 Daniel Sarmento: embora o pós-positivismo busque ligação entre


Direito e Moral, ele, porém, não recorre a valores metafísicos ou a
doutrinas religiosas para buscar a Justiça, mas sim a uma
argumentação jurídica mais aberta, intersubjetiva, permeável
à Moral, que não se esgota na lógica formal.
 Teoria dos Princípios, Teoria dos Direitos Fundamentais, Teoria
da Argumentação Jurídica...
 Ronald Dworkin (não-positivista), Robert Alexy (não-
positivista), Luís Roberto Barroso, Eros Grau, Paulo Bonavides.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Neoconstitucionalismo
 Pós-positivismo e neoconstitucionalismo não são sinônimos.
 Neoconstitucionalistas: defendem uma interpretação que reforce o
papel do Judiciário no Estado Contemporâneo: garante e concretiza
os princípios e direitos fundamentais
 Pós-positivistas: apenas aqueles que acreditam na conexão
necessária entre Direiro e Moral.

 Daniel Sarmento: a palavra "neoconstitucionalismo" não é empregada


no debate constitucional norteamericano, nem tampouco no que é
travado na Alemanha. Trata-se de um conceito formulado sobretudo na
Espanha e na Itália, mas que tem reverberado bastante na doutrina
brasileira nos últimos anos, sobretudo depois da ampla divulgação que
teve aqui a importante coletânea intitulada Neoconstitucionalismo (s),
organizada pelo jurista mexicano Miguel Carbonell, e publicada na
Espanha em 2003
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Daniel Sarmento: Os adeptos do neoconstitucionalismo buscam
embasamento no pensamento de juristas que se filiam a linha bastante
heterogênea, como Ronald Dworkin, Robert Alexy, Peter Häberle, Gustavo
Zabrebelsky, Luigi Ferrajoli e Carlos Santiago Nino, e nenhum deles se
define hoje, ou já se definiu, no passado, como neoconstitucionalista. Tanto
dentre os referidos autores, como entre aqueles que se apresentam como
neoconstitucionalista, constata-se uma ampla diversidade deposições
jusfilosóficas e de filosofia política: há positivistas e não
positivistas,defensores da necessidade do uso do método na aplicação do
dirieto e ferrenhos opositores do emprego de qualquer metodologia na
hermenêutica jurídica, adeptos do liberalismo político, comunitaristas e
procedimentalistas. Neste quadro, não é tarefa singela definir o
neoconstitucionalismo, talvez porque não exista um único
neoconstitucionalismo, que corresponda a uma concepção teórica clara e
coesa, mas diversas visões sobre o fenômeno jurídico na
contemporaneidade, que guardam entre si alguns denominadores comuns
relevantes, o que justifica que sejam agrupadas sob o mesmo rótulo, mas
compromete a possibilidade de uma compreensão mais precisa.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Neoconstitucionalismo: coincide com a fase do pós-
positivismo, acerca do pós-guerra (2ª Guerra Mundial) na
Europa e com o advento da Constituição Federal de
1988.

 Daniel Sarmento: a percepção de que as maiorias políticas


podem perpetrar ou acumpliciar-se com a barbárie, como
ocorrera no nazismo alemão, levou as novas constituições a
criarem ou fortalecerem a jurisdição constitucional, instituindo
mecanismos potentes de proteção dos direitos fundamentais
mesmo em face do legislador.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Em síntese, do que vimos, é possível concluir que ingressamos
em uma fase onde o Direito passou a contar com normas de
direitos fundamentais, abrindo à argumentação jurídica, com a
ponderação de princípios.

 As constituições passaram a incorporar princípios, não se


tratam de documentos procedimentais, passaram também a
abordar temas tais como economia, relações de trabalho,
família. Direitos sociais de natureza prestacional.

 Constitucionalização da ordem jurídica: interpretação


extensiva e abrangente das normas constitucionais pela ordem
jurídica.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Barroso aborda três marcos do neoconstitucionalismo. Já
vimos o (i) marco histórico, a respeito da
redemocratização da Europa, pós 2ª Guerra e, no Brasil,
com a CF de 88. O (ii) marco filosófico é o pós-
posititivsmo, com a reaproximação entre direito e moral.
Já o (iii) marco teórico, é composto pelas três grandes
transformações que a aplicação do direito constitucional
promoveu:
 1. Força normativa da Constituição
 II. A expansão da jurisdição constitucional
 III. Desenvolvimento de uma nova dogmática de
interpretação constitucional
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e
constitucionalização do Direito. Disponível em:
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquiv
osUpload/17657/material/Neoconstitucionalismo%20L%2
0R%20Barroso.pdf
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 (EMAGIS) Sobre o neoconstitucionalismo, avalie as seguintes
proposições.
I – Como marco histórico do neoconstitucionalismo, pode-se citar a
Revolução Francesa de 1789, que deu grande impulso ao surgimento das
constituições escritas.
II – O pós-positivismo, com a centralidade dos direitos fundamentais e a
reaproximação entre Direito e ética, é apontado como marco filosófico do
neoconstitucionalismo.
III – Como marco teórico do neoconstitucionalismo, aponta-se o conjunto
de mudanças que incluem a força normativa da Constituição, a expansão da
jurisdição constitucional e o desenvolvimento de uma nova dogmática da
interpretação constitucional.
Estão corretos somente os itens:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) I.
(E) I, II e III.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Daniel Sarmento: de poder quase "nulo", mera "boca que
pronuncia as palavras da lei", como lhe chamara Montesquieu,
o Poder Judiciário se viu alçado a uma posição muito mais
importante no desenho institucional do Estado
contemporâneo.

 Reconhecer a força normativa da Constituição, com o


fenômeno da Constitucionalização do Direito, também
impacta o Direito Processual (neoprocessualismo)
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 1. Força normativa da Constituição

 Constitucionalização do Direito, dois ramos:


 I. Inclusão: direito constitucional em várias áreas:
consumidor, família, meio ambiente.
 O direito processual constitucional percebe-se: (i) em um
conjunto de princípios e garantias (tutela constitucional
do processo); e (ii) jurisdição constitucional das
liberdades.
 II. Releitura: interpretação dos institutos jurídicos sob a
ótica da Constituição. Ex.: art. 1º do CPC e Normas
Fundamentais Processuais.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 Direito processual constitucional: (i) tutela constitucional do
processo:

 Art. 5º, da Constituição Federal:


 Isonomia – art. 5º, caput
 Inafastabilidade da jurisdição – art. 5º, XXXV
 Publicidade – art. 5º, LX
 Devido processo legal – art. 5º, LIV
 Contraditório e ampla defesa – art. 5º, LV
 Proibição de produção de provas ilícitas – art. 5º, LVI
 Duração razoável do processo – art. 5º, LXXVIII
 Motivação das decisões – art. 93, IX
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 (ii) Jurisdição Constitucional das liberdades.

 Exemplos:
 Mandado de segurança individual e coletivo – Art. 5º,
LXIX e LXX
 Ação Civil Pública – Art. 129, III (coletivização da tutela
jurisdicional)
 ADI, ADC, ADPF – Art. 102, parágrafo 1o e 103
 Exigência de juizados especiais – Art. 98, I
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 2. Releitura:

 Ex.: entender os direitos fundamentais processuais a


partir da influência da Constituição:

 Devido processo legal, não é apenas respeitar o


procedimento previsto na lei processual (formal), e sim a
observância à solução mais adequada e efetiva
(substancial).
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 II. A expansão da jurisdição constitucional

 A Jurisdição no Estado Constitucional caracteriza-se a


partir do dever estatal de dar tutela aos direitos.
 Deve proteger todas as espécies de direitos, Juiz deve
levar em consideração os direitos fundamentais, no caso
concreto.
 Críticas: excessiva judicialização; ativismo judicial.
Processo e Constituição: neoprocessualismo
(uma quarta fase)
 III. Desenvolvimento de uma nova dogmática de
interpretação constitucional

 Normas processuais abertas: à tutela adequada, efetiva e tempestiva.


 Ex.: técnica antecipatória, distribuição dinâmica do ônus da prova.

 Dinamarco, p. 53: Ao se conceber e interpretar os institutos de


direito processual, portanto, os princípios constitucionais devem
sempre ser tomados como superiores premissas de todo o sistema,
ponderando-se a importância concreta de cada um e buscando uma
solução que, na medida do possível, confira a máxima efetividade a
todos eles. Para os casos de eventuais colisões entre princípios o
sistema constitucional impõe a regra da proporcionalidade,
reafirmada nos arts. 8º e 489, § 2º, do novo Código de Processo
Civil e responsável pela harmonização dos princípios e pelo justo
equilíbrio entre os meios empregados e os fins a serem alcançados.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.

 Art. 489, § 2o No caso de colisão entre normas, o juiz


deve justificar o objeto e os critérios gerais da
ponderação efetuada, enunciando as razões que
autorizam a interferência na norma afastada e as
premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Dinamarco, p. 53:
 É a proporcionalidade que autoriza e legitima a concessão
de medidas urgentes antes da citação do réu (medidas
liminares concedidas inaudita altera parte) e portanto sem a
prévia efetivação da garantia constitucional do contraditório
(infra, n. 33) - sendo essa aparente violação um culto a um
valor também elevadíssimo e de igual modo amparado
pela Constituição Federal, que é o do acesso à justiça
mediante a efetividade e tempestividade da tutela
jurisdicional (Const., art. 5º, inc. XXXV - infra, n. 28).
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Dinamarco, p. 54:
 Mediante esse conjunto de disposições a Constituição
Federal quer afeiçoar o processo a si mesma, de modo
que ele reflita, em menor escala, o que em escala maior
está à base do próprio Estado de direito (legalidade,
devido processo legal, participação em contraditório).
 Ela quer um processo pluralista, de acesso universal,
participativo, isonômico, liberal, transparente, conduzido
com impessoalidade por agentes previamente definidos e
observância das regras, sem excessos etc. - porque assim
ela mesma exige que seja o próprio Estado e assim é o
modelo político da democracia.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Do que vimos até aqui, foi possível entender a força normativa
da Constituição em todos os ramos do Direito, devendo
passar pelo fenômeno da constituição de releitura, isto é,
necessidade de interpretar os institutos de acordo com
os valores e as normas fundamentais da CF (conteúdo
ético-normativo).

 No caso do CPC, já realizamos a leitura do Art. 1º do CPC.

 Em seguida, além de aprofundar aqueles direitos e princípios


fundamentais processuais citados anteriormente, iremos
abordar e aprofundar as normas fundamentais
processuais que se encontram dentro do CPC: do art. 2º ao
art. 12 do CPC, bem como outros princípios relacionados.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Com isso, é possível referir que os princípios
constitucionais processuais estão sujeitos a este teste de
proporcionalidade.

 De acordo com Robert Alexy, os princípios são


mandamentos de otimização, isto é, devemos promovê-
los na maior extensão, em observância aos elementos
fáticos e jurídicos: PONDERAÇÃO DE PRINCÍPIOS (art.
489, § 2º, CPC).

 Lei do sopesamento.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Vimos, então, que a Constituição Federal, por meio dos seus
direitos fundamentais e princípios constitucionais, recai sobre a
interpretação e sobre a aplicação dos institutos de todos os
ramos do direito (neoconstitucionalismo).

 Esse fenômeno social, político, jurídico, filosófico, quando recai


sobre o processo civil denomina-se neoprocessualismo. É
propriamente o conteúdo ético-normativo.

 Comentamos que o próprio CPC apresenta a ponderação


como técnica para o enfrentamento do conflito entre
princípios.

 Essa é, em si, a interpretação jurídica no Estado Constitucional.


Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Com a Constituição Federal e com o pós-positivismo,
passa-se a dar ênfase a técnicas legislativas mais abertas e
flexíveis, além dos princípios: cláusulas gerais, conceitos
jurídicos indeterminados.

 Lembrar que o Código Civil de 2002 apresenta a mesma


técnica aberta. Sobre isso: Judith Martins-Costa.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Claro que, falando em interpretação do Direito
Processual Civil, podemos ingressar nas formas de
interpretação, a partir de seus: sujeitos, meios ou
resultados. Não iremos aprofundar as formas, mas vale
reproduzi-las:

 Sujeitos: (i) autêntica; (ii) doutrinária; (iii) jurisprudencial;


 Meios: (i) gramatical; (ii) teleológica; (iii) histórica; (iv)
sistemática; (v) progressiva;
 Resultado: (i) declarativa; (ii) extensiva; (iii) restritiva.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Integração x Interpretação

 Integração  suprir lacunas

 Art. 140, CPC: O juiz não se exime de decidir sob a alegação


de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
 Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos
previstos em lei.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Ainda, é preciso compreender as dimensões da norma
processual no (i) espaço e no (ii) tempo (irretroatividade)
 (DINAMARCO, p. 46-47)

 I. Dimensões da norma processual no espaço

 Como as normas processuais destinam-se primordialmente à


disciplina de uma função estatal (jurisdição), é natural que a lei
processual se imponha exclusivamente no território do Estado
que a edita.

 Territorialidade das normas processuais (arts. 1º e 13 e 16, do


CPC)
 Art. 22, CF  competência privativa da UNIÃO 
processo civil.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 I. Dimensões da norma processual no espaço

 CPC, Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos


tribunais em todo o território nacional, conforme as
disposições deste Código.

 CPC, Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas


processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas
previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais
de que o Brasil seja parte.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Quanto aos atos processuais realizados no exterior com
reflexos no Brasil, o mesmo princípio da territorialidade da lei
processual, que impede a imposição desta além-fronteiras,
conduz ao reconhecimento da validade desses atos quando
obedientes à lei do país em que foram realizados e
compatíveis com a ordem pública brasileira. Se faltar um
desses requisitos não se homologa a decisão estrangeira (CPC,
art. 963) nem se têm por válidos os atos realizados no curso
de uma cooperação internacional (cumprimento de carta
rogatória para a citação do demandado ou para a produção
da prova etc. - CPC, art. 26- infra, n. 47). (DINAMARCO, p. 46).
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 II. Dimensões da norma processual no tempo

 Em princípio, a eficácia da lei processual é da sua entrada


em vigor até a revogação.
 Aplicação imediata: disciplinando fatos e situações
jurídicas a partir de quando entra em vigor.
 Situações já consumadas no passado não se regem pela lei
que entra em vigor, especialmente quando já se verificar o
direito adquirido, pelo ato jurídico perfeito ou pela
coisa julgada (art. 5º, XXXVI, CF e art. 6º, LINDB).
 Inversamente, não se regem pela velha lei fatos
posteriores à sua revogação.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 II. Dimensões da norma processual no tempo

 Isolamento dos atos processuais: a lei nova, encontrando


um processo em desenvolvimento, respeita a eficácia dos
atos processuais já realizados e as situações já
consumadas, disciplinando os atos a serem realizados a
partir de sua vigência.

 Arts. 14 e 1.046, caput, do CPC.


Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 II. Dimensões da norma processual no tempo

 CPC, Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável


imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada.

 CPC, Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições


se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada
a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
 § 1o As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais
que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não
sentenciadas até o início da vigência deste Código.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Diante de tudo que vimos até aqui, inegável que uma das
fontes do direito processual civil é a Constituição Federal.

 Mas existem outras...


Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Fontes do Direito Processual Civil (DINAMARCO):

 A) Constituição Federal;
 B) Lei Complementar Federal;
 C) Lei Ordinária Federal;
 D) Tratados, convenções ou acordos internacionais dos quais o
Brasil faça parte;
 E) Constituições e leis estaduais;
 F) Regimentos internos dos tribunais;
 G) Jurisprudência em algumas situações e dentro de certos
limites;
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Obs.: não há leis municipais sobre o direito
processual nem se admitem medidas provisórias
com esse objeto: art. 62, § 1º, letra b, da CF.

 A) Constituição Federal;
 Pelos princípios e garantias do direito processual;
 Pelo regramento básico do Poder Judiciário;
 Pela fixação de certas competências no âmbito do Poder
Judiciário;
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 B) Lei Complementar Federal;
 Lei aprovada pelo Poder Legislativo Federal e sancionada
pela Presidência da República, com a característica
consistente na exigência de aprovação por maioria absoluta
de cada uma das Casas do Congresso Nacional (Const., art.
69).
 A Lei Orgânica da Magistratura é uma lei complementar de
muita repercussão na ordem processual brasileira, na
medida de sua recepção pela Constituição Federal de 1988
(lei compl. n. 35, de 14.3.79).
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 C) Lei Ordinária Federal;
 Diploma normativo aprovado pelas Casas do Congresso e
sancionado pela Presidência da República.
 A competência para toda a legislação processual é exclusiva
da União (art. 22, I, CF) e o Código de Processo Civil é a
mais importante dentre as leis ordinárias federais
responsáveis pela disciplina do processo civil.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 D) Tratados, convenções ou acordos internacionais dos
quais o Brasil faça parte;
 Ocupam o mesmo lugar das leis ordinárias federais na
hierarquia das leis, exceto aquelas que tratam de direitos
humanos, como é o caso do Pacto de São José da Costa
Rica, que é a Convenção Americana de Direitos Humanos,
em vigor desde 1978 e incorporada à ordem jurídica
brasileira em 1992, por meio do Decreto 678 de 1992.
 De acordo com o art. 5º § 3º, da Constituição
Federal, no Brasil os tratados portadores desse
conteúdo gozam de status constitucional.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 E) Constituições e leis estaduais;
 Constituições Estaduais: tratam sobre a COMPETÊNCIA
de seus Tribunais de Justiça (art. 125, § 1º, CF).
 Leis Estaduais: tratam sobre a organização judiciária de cada
estado e sempre serão de iniciativa do Tribunal de Justiça
(art. 125, § 1º, CF).

 F) Regimentos internos dos tribunais;


 Disciplinam as chamadas questões interna corporis (art. 96, I,
letra a, CF)
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 G) Jurisprudência em algumas situações e dentro de
certos limites;

 Como vimos, a partir da 3ª fase, instrumental, e nesta 4ª


fase, do neoprocessualismo, em busca da efetivação do
direito material, o Juiz apresenta papel mais ativo e
participativo, respectivamente.
 Assim, fonte importante do direito processual civil passa a
ser a jurisprudência.
 Criar e progredir o Direito pelo papel da Jurisdição.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 G) Jurisprudência em algumas situações e dentro de
certos limites;

 Historicamente, a respeito da jurisprudência como fonte


normativa, vale referir a criação da Súmula da
Jurisprudência Predominante do STF, em 1963: não
possuíam caráter vinculante.

 Com o CPC de 1973, foi instituída a uniformização de


jurisprudência (arts. 476-479, CPC antigo): legitimou-se a
criação de Súmulas pelos Tribunais;
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 G) Jurisprudência em algumas situações e dentro de
certos limites;

 Década de 90: legislações que passaram a prever a


necessidade de observância de certos precedentes pelos
tribunais e pelos juízes;

 Implantação das Súmulas Vinculantes: observância


obrigatória em todos os graus de jurisdição, inclusive com
a possibilidade de Reclamação ao STF em caso de
descumprimento (art. 103-A da CF);
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 G) Jurisprudência em algumas situações e dentro de certos
limites;

 Em nível infraconstitucional, criação do incidente de


julgamento dos recursos repetitivos pelo STF ou pelo STJ (no
antigo CPC e no novo, agora, art. 1.036, ss)

 Nesse mesmo sentido, vale referir a importância dos


precedentes no Novo CPC: art. 332; art. 496, § 4º, art. 521, IV;
art. 932, IV e V; art. 966, § 5º; art. 988, III e IV; art. 1.040, IV; art.
927, §§ 3º e 4º.
 Tutelas provisórias: Tutela de Urgência (art. 300 e ss, CPC) x
Tutela da evidência (art. 311, II, CPC  prova documental
suficiente E tese firmada em julgamento de casos repetitivos
ou Súmula Vinculante).
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e
mantê-la estável, íntegra e coerente.
 § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados
no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de
súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante.
 § 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-
se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram
sua criação.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Fredie Didier 10 + 1 Fontes do Direito Processual
1ª Fonte Constituição Federal 6ª Fonte Precedentes

2ª Fonte Lei Federal Ordinária 7ª Fonte Negócio Jurídico Processual

3ª Fonte Tratados Internacionais de Direitos 8ª Fonte Normas Administrativas


Humanos com previsões processuais Resoluções CNJ, por exemplo.

4ª Fonte Medida Provisória. 9ª Fonte Regimentos Internos


Atualmente, proibido dispor sobre
direito processual

5ª Fonte Constituições e Leis Estaduais 10ª Fonte Costumes: normas de arbitragem


internacional. Direito Indígena, por
exemplo. Código Civil: art. 113.

11ª Fonte Soft law: tem conteúdo normativo,


mas não normativo jurídico. Ex.:
Recomendações CNJ
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Negócios Jurídicos Processuais:

 CPC, Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam


autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e
deveres processuais, antes ou durante o processo.
 Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a
validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes
aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção
abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte
se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
Interpretação jurídica no Estado Constitucional
e Fontes do Direito Processual Civil.
 Percebam que a ideia dos negócios jurídicos processuais é de
promover a tutela adequada, efetiva e tempestiva.

 Permitir às partes, observando-se a liberdade, a autonomia, o


estímulo à autocomposição, a possibilidade de flexibilizar as
regras do procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa.

 Recomendação de vídeos (3min):


 https://www.youtube.com/watch?v=deJLM2jeoHA&ab_channel
=RedeLFG
 https://www.youtube.com/watch?v=sYXHyB5tVtE&ab_channel
=FranciscoSaintClairNeto
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 Citamos anteriormente, alguns direitos fundamentais e
princípios constitucionais processuais, tais como:

 Art. 5º, da Constituição Federal:


 Isonomia – art. 5º, caput
 Inafastabilidade da jurisdição – art. 5º, XXXV
 Publicidade – art. 5º, LX
 Devido processo legal – art. 5º, LIV
 Contraditório e ampla defesa – art. 5º, LV
 Proibição de produção de provas ilícitas – art. 5º, LVI
 Duração razoável do processo – art. 5º, LXXVIII
 Motivação das decisões – art. 93, IX
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 Normas Fundamentais Processuais (rol exemplificativo).
Localização: art. 2º ao art. 12 do CPC
Art. 2º Dispositivo, impulso oficial Art. 8º Dignidade da pessoa humana,
proporcionalidade, razoabilidade,
legalidade, publicidade e eficiência
Art. 3º Inafastabilidade da Jurisdição e Art. 9º Contraditório Substancial
Estímulo à Resolução Consensual
dos Conflitos
Art. 4º Razoável Duração do Processo, Art. 10 Vedação às decisões surpresa
Primazia das Decisões de mérito e
efetividade
Art. 5º Boa-fé objetiva e processual Art. 11 Publicidade e fundamentação

Art. 6º Cooperação Art. 12 Ordem Cronológica


Art. 7º Isonomia Material e paridade de
armas
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: art. 1º, III,
CRFB, artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(1948) e art. 8º, CPC;
 Princípio do Contraditório: artigo 5º, LV da CRFB, bem
como art. 8, da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos e arts. 9º e 10 do CPC/15;
 Princípio da Ampla Defesa: “ampla defesa” aparece 11
vezes, enquanto o “contraditório” 3x, súmulas vinculantes n. 3
e 5, STF;
 Princípio da Publicidade: art. 5º, LX, art. 93, IX, ambos da
CF e nos arts. 8º e 11, do CPC;
 Princípio da Duração Razoável do Processo: artigo 5º,
LXXVIII, CRFB (incluído pela EC 45/04) e art. 4º, CPC/15;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 Princípio da Isonomia: art. 5º, caput, CRFB, bem como
nos artigos 7º e 139, I, CPC;
 Princípio do Devido Processo Legal: art. 5º, LIV,
CRFB, bem como art. 8º, da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos;
 Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição ou
Acesso à ordem jurídica justa ou Ubiquidade:
artigo 5º, XXXV da CRFB, bem como no art. 3º, CPC;
 Princípio da Cooperação: art. 6º, CPC;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 Princípio da Motivação das Decisões Judiciais: art.
93, IX, CRFB e art. 489, caput e §§1º, 2º e 3º do CPC;
 Princípio da Primazia da Decisão de Mérito: art. 4º,
CPC;
 Princípio da Boa-fé: arts 5º, 322, § 2º, 489, § 3º, CPC;
 Princípio da Segurança Jurídica e da Proteção da
Confiança
 Prova
 Assistência Judiciária Integral
CPC CF
Art. 2 º Disp ositivo, Im p u lso Oficial
Art. 3º In afastab ilid ad e d a Ju ris d ição e E stím u lo à Art. 5º, XXXV In afastab ilid ad e d a ju risd ição
Resolu ção Con sen su al d os Con flitos Art. 5º, LIV Devid o Processo Leg al

Art. 4 º Razoável Du ração d o Process o, Prim azia Art. 5º, LXXVIII Du ração razoável d o p rocesso
d as Decisões d e m érito e E fetivid ad e Art. 5º, LIV Devid o Processo Leg al

Art. 5 º Boa-fé ob jetiva e p rocessu al


Art. 6 º Coop eração Art. 5º, LIV Devid o p rocesso leg al
Art. 7 º Ison om ia M aterial ou Parid ad e d e Arm as Art. 5º, caput; Igualdade
Art. 5º, LIV Devido processo legal
Art. 5º, L
V Contraditório
Art. 8 º Dignidade da pessoa humana, proporcionalidade, Art. 1 º, III; Dignidade da pessoa humana
proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, Art. 5º, LX, Publicidade atos processuais
legalidade, publicidade, eficiência Art. 93, IX ponderação com a intimidade
Motivação das decisões
Art. 9 º Contraditório substancial Art. 5º, L
V Contraditório
Art. 5º, LIV Devido Processo Legal
Art. 5º, L
VI Proibição de produção de provas
ilícitas
Art. 10 Vedação às decisões surpresas Art. 5º, L
V Contraditório
Art. 5º, LIV Devido Processo Legal
Art. 1 Publicidade e fundamentação Art. 5º, LX, Publicidade atos processuais
Art. 93, IX ponderação com a intimidade
Art. 5º, LIV Motivação das decisões
Devido Processo Legal
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 1) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
 CF – Art. 1º, III e Art. 8º do CPC, Art. 1 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948)

 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
 (...)
 III - a dignidade da pessoa humana
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 1) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

 Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos


fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade
e a eficiência.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 1) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

 Impactos de tal princípio:


 A norma impõe um comportamento mais ativo do órgão
jurisdicional;
 Impõe a necessidade de uma fundamentação específica e
relevante (art. 489, §1º, I e II CPC);
 Dupla dimensão: defesa e promoção;
 Difícil pensar em uma eficácia da dignidade da pessoa
humana no processo civil que não se confunda com a
eficácia do devido processo legal;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 Humanização do Processo Civil (tutela dos direitos –
problemas reais que afetam a dignidade do indivíduo)
 Exemplos:
 Direito da pessoa com deficiência auditiva de comunicar-se,
em audiências, por meio da LIBRAS (art. 162, III);
 Direito das pessoas com deficiência à acessibilidade aos meios
eletrônicos de comunicação processual (art. 199, CPC);
 Proibição de pergunta vexatória à testemunha (art. 459, § 2º);
 Humanização do processo de interdição (arts. 751, §3º, 755, II)
 Impenhorabilidade de certos bens (art. 833, CPC). Ex.: cão-guia
 Tramitação prioritária de processos de pessoas idosas ou com
doenças graves (art. 1.048)
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 2) Princípio do Contraditório: artigo 5º, LV da CRFB,
bem como art. 8, da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos e arts. 9º e 10 do CPC/15;

 Art. 5º, LV, CF - aos litigantes, em processo judicial ou


administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 2) Princípio do Contraditório

 Mitigação do contraditório:
 Art. 9º, CPC. Não se proferirá decisão contra uma das partes
sem que ela seja previamente ouvida.
 Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
 I - à tutela provisória de urgência;
 II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311,
incisos II e III ;
 III - à decisão prevista no art. 701 .
 Rol exemplificativo: art. 355, art. 562 e art. 678, CPC.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 2) Princípio do Contraditório:

 Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição,


com base em fundamento a respeito do qual não se tenha
dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 2) Princípio do Contraditório:

 O processo é um procedimento estruturado em


contraditório;

 Reflexo do princípio democrático no processo;

 Pode ser decomposto em duas garantias:


participação(dimensão formal)(audiência, comunicação,
ciência) e possibilidade de influência na decisão (dimensão
substancial
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 2) Princípio do Contraditório:

 Se não há a possibilidade de influenciar a decisão, a


garantia do contraditório está ferida.
 Impede a prolação de decisão surpresa.
 Exemplos: 772, II e 77, §º 2, CPC; art. 493 (decisão ex
officio)
 Dever do Juiz pelo efetivo contraditório: art. 7º, CPC 
igualdade das partes e reequilíbrio do contraditório;
 Negócio processual: disposição sobre o contraditório,
dever do juiz por zelar pelo contraditório (art. 190, §
único, CPC);
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 2) Princípio do Contraditório:

 O Princípio do Contraditório está diretamente vinculado


com a regra da congruência:
 ultra petita: juiz vai além do pedido, concedendo mais do
que foi pleiteado.
 extra petita: juiz concede provimento estranho aos
pedidos das partes.
 infra petita: juiz não analisa certo pedido, ficando a decisão
aquém da esperada.
 Dimensão substancial: ciência, reação e poder de
influência  mais democrática.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 3) Princípio da Ampla Defesa: “ampla defesa” aparece 11
vezes, enquanto o “contraditório” 3x, súmulas vinculantes n. 3
e 5, STF;

 SV 3, STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União


asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão
puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
 Alteração com a Informação 967 do STF.

 SV 5, STF: A falta de defesa técnica por advogado no processo


administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 3) Princípio da Ampla Defesa:

 O contraditório é instrumento de atuação do direito de


defesa, ou seja, ela se realiza através do contraditório;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 4) Princípio da Publicidade: art. 5º, LX, art. 93, IX,
ambos da CF e nos arts. 8º e 11, do CPC;

 Art. 5º, LX a lei só poderá restringir a publicidade dos atos


processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
social o exigirem.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 4) Princípio da Publicidade:

 Art. 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário


serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
casos os quais a preservação do direito à intimidade do interessado
no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
 X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em
sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria
absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 4) Princípio da Publicidade

 Art. 8º, CPC. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos


fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a
eficiência.

 Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão


públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
 Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser
autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de
defensores públicos ou do Ministério Público
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 4) Princípio da Publicidade

 O processo em meio eletrônico deverá também observar a


publicidade (art. 194, CPC c/c Lei 11.419/2006);

 Tem duas dimensões:


 Interna: para as partes, bem ampla, em razão ao devido
processo.
 Função: proteger as partes contra juízos arbitrários e secretos.
 Externa: publicidade para terceiros, que pode ser restringida m
alguns casos.
 Função: permitir o controle da opinião pública sobre os
serviços da Justiça, principalmente sobre o exercício da
atividade jurisdicional
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Processual e Normas Fundamentais Processuais
 4) Princípio da Publicidade

 Art. 189, CPC. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam


em segredo de justiça os processos:
 I - em que o exija o interesse público ou social;
 II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio,
separação,união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e
adolescentes;
 III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à
intimidade;
 IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de
carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na
arbitragem seja comprovada perante o juízo.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 4) Princípio da Publicidade

 Art. 189, CPC. Os atos processuais são públicos, todavia


tramitam em segredo de justiça os processos:
 § 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite
em segredo dejustiça e de pedir certidões de seus atos é
restrito às partes e aos seusprocuradores.
 § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode
requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem
como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou
separação
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 4) Princípio da Publicidade

 Questão atual: Lei Geral de Proteção de Dados x


Publicidade dos atos.

 Acesso à informação x direito fundamental à


proteção de dados.
 Ex.: dados sensíveis  saúde.
 Política pública x intimidade
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 5) Princípio da Duração Razoável do Processo:
artigo 5º, LXXVIII, CRFB (incluído pela EC 45/04) e art.
4º, CPC/15;

 Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,


são assegurados a razoável duração do processo e os meios
que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 5) Princípio da Duração Razoável do Processo:

 Art. 4º, CPC. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a


solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

 Já estava contemplado no Pacto de San José da Costa Rica


(1992):
 Artigo 8º - Garantias judiciais 1. Toda pessoa terá o direito de ser
ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável,
por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus
direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de
qualquer outra natureza.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 5) Princípio da Duração Razoável do Processo

 Art. 139, CPC. O juiz dirigirá o processo conforme as


disposições deste Código,incumbindo-lhe:
 (...)
 II - velar pela duração razoável do processo;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 5) Princípio da Duração Razoável do Processo

 A Corte Europeia dos Direitos do Homem firmou


entendimento de que,respeitadas as circunstâncias de
cada caso, devem ser observados 3 critérios para que se
determine se a duração do processo é ou não razoável:
 1) a complexidade do assunto;
 2) o comportamento dos litigantes e de seus
procuradores ou da acusação e da defesa no processo;
 3) a atuação do órgão jurisdicional.
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Processual e Normas Fundamentais Processuais
 6) Princípio da Isonomia: art. 5º, caput, CRFB, bem
como nos artigos 7º e 139, I, CPC;

 Igualdade processual, paridade de armas.

 Igualdade formal:
 Art. 5º, caput, CF, Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
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Processual e Normas Fundamentais Processuais
 6) Princípio da Isonomia:

 Art. 7º, CPC. É assegurada às partes paridade de tratamento


em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais,
aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditório.

 Art. 139, CPC. O juiz dirigirá o processo conforme as


disposições deste Código, incumbindo-lhe:
 I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
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 6) Princípio da Isonomia:

 4 aspectos:
 Imparcialidade do juiz;
 Igualdade no acesso à justiça, sem discriminação;
 Redução das desigualdades que dificultem o acesso à
justiça, e
 Igualdade no acesso às informações necessárias ao
exercício do contraditório.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 6) Princípio da Isonomia:

 Art. 3º, I e III, CF: igualdade material.


 Art. 3º, IV, CF: igualdade como reconhecimento.

 Exemplos igualdade material no processo  permissão para


discriminação positiva:
 Ordem cronológica – art. 12, CPC;
 Precedentes  igualdade e previsibilidade  segurança
jurídica;
 Tramitação prioritária: idosos, ECA, doença grave, vítima de
violência doméstica; portadores de deficiência;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 7) Princípio do Devido Processo Legal: art. 5º, LIV, CRFB,
bem como art. 8º, da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos;

 Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens


sem o devido processo legal;

 Art. 8º Garantias Judiciais “Toda pessoa tem direito a ser ouvida,


com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um
juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal
formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou
obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra
natureza”.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 7) Princípio do Devido Processo Legal:

 Dimensão formal ou processual: fonte de direitos e


garantias que se referem à validade do processo. Ex.: juiz
natural, contraditório, publicidade, motivação.
 Dimensão material ou substancial: proporcionalidade e
razoabilidade  art. 8º, CPC
 Art. 8º, CPC. Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá
aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando
e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade
e a eficiência.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 7) Princípio do Devido Processo Legal:

 Eficiência – art. 37, CF e art. 8º, CPC;


 Administração Judiciária e Gestão de determinado
processo.
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 8) Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição ou
Acesso à ordem jurídica justa ou Ubiquidade:
artigo 5º, XXXV da CRFB, bem como no art. 3º, CPC;

 Aqui já ingressa em um princípio que aparece na parte da


matéria referente à Jurisdição!

 Art. 5º, XXXV, CF - a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito.
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Processual e Normas Fundamentais Processuais
 8) Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição ou
Acesso à ordem jurídica justa ou Ubiquidade:

 Art. 5º, XXXV, CF – três dimensões


 Impossibilidade de limitação do direito de ação;
 Unidade da jurisdição: não obrigatoriedade do
esgotamento da via administrativa para provocar o
Judiciário;
 Acesso à ordem jurídica justa, que só existirá com a
promoção de um processo que efetivamente tutele o
interesse da parte titular do direito material.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 8) Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição ou
Acesso à ordem jurídica justa ou Ubiquidade:

 Art. 3º, CPC. Não se excluirá da apreciação jurisdicional


ameaça ou lesão a direito.
 § 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
 § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução
consensual dos conflitos.
 § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes,
advogados, defensores públicos e membros do Ministério
Público, inclusive no curso do processo judicial.
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Processual e Normas Fundamentais Processuais
 9) Princípio da Cooperação: art. 6º, CPC;

 Art. 6º, CPC. Todos os sujeitos do processo devem cooperar


entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de
mérito justa e efetiva.

 Também se verifica no desdobramento de outros


princípios: contraditório, ampla defesa, duração razoável
do processo...
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 9) Princípio da Cooperação:

 Redimensionamento do contraditório, com a inclusão do


órgão jurisdicional no rol dos sujeitos do diálogo processual, e
não mais como um mero espectador do duelo das partes.

 A condução do processo deixa de ser determinada


exclusivamente pela vontade das partes.
 Se caracteriza pela exigência da lealdade no processo.
 Esclarecimento: os demandantes devem redigir a sua demanda
com clareza e coerência;
 Lealdade: as partes não podem litigar de má-fé.
 Proteção: a parte não pode causar danos à parte adversária.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 9) Princípio da Cooperação:

 Modelo inquisitivo; modelo dispositivo (adversarial) e


modelo cooperativo;
 Ideia de não haver protagonismo na condução;
 Condução compartilhada do processo (isonomia)
 Devido processo legal e boa-fé;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 9) Princípio da Cooperação:

 Deveres:
 Dever de esclarecimento: art. 489, § 1º, CPC (juiz); art.
357, § 3º, CPC (saneamento compartilhado);
 Dever de prevenção: art. 321, CPC (verificação dos
requisitos da petição inicial);
 Dever de consulta: arts. 9º e 10, CPC;
 Dever de adequação: art. 373, § 1º, CPC (inversão da
ordem das provas); ampliação de prazos.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 10) Princípio da Motivação das Decisões Judiciais: art.
93, IX, CRFB e art. 489, caput e §§1º, 2º e 3º do CPC;

 Art. 93, IX, CF todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário


serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
casos os quais a preservação do direito à intimidade do interessado
no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
 X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em
sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria
absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 10) Princípio da Motivação das Decisões Judiciais:

 Art. 489, § 1º, CPC. Não se considera fundamentada qualquer


decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão,
que:
 I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a
questão decidida;
 II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar
o motivo concreto de sua incidência no caso;
 III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer
outra decisão;
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 10) Princípio da Motivação das Decisões Judiciais:

 Art. 489, § 1º, CPC. Não se considera fundamentada qualquer


decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
 (...)
 IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
 V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
 VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 10) Princípio da Motivação das Decisões Judiciais:

 Art. 489, § 1º, CPC. Não se considera fundamentada qualquer


decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
 (...)
 § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto
e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões
que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas
fáticas que fundamentam a conclusão.
 § 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação
de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da
boa-fé.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 10) Princípio da Motivação das Decisões Judiciais:

 Atividade do Juiz é legitimada sobretudo pela


fundamentação de suas decisões;

 Controle vertical da atuação do Juiz: possibilidade


recursal.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 11) Princípio da Primazia da Decisão de Mérito:
art. 4º, CPC;

 Art. 4º, CPC. As partes têm o direito de obter em prazo


razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade
satisfativa.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
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 11) Princípio da Primazia da Decisão de Mérito:

 Exemplos:
 Art. 1.007, §§ 2º e 4º, CPC;
 Art. 932, parágrafo único, CPC;
 Art. 317, CPC;
 Art. 282, § 2º, CPC
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 12) Princípio da Boa-fé: arts 5º, 322, § 2º, 489, § 3º,
CPC;

 Implícito na Constituição Federal;

 Art. 5º, CPC. Aquele que de qualquer forma participa do


processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.

 Art. 322, § 2º, CPC. A interpretação do pedido considerará o


conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
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 12) Princípio da Boa-fé: arts 5º, 322, § 2º, 489, § 3º,
CPC;

 Art. 489, § 3º, CPC. A decisão judicial deve ser interpretada a


partir da conjugação de todos os seus elementos e em
conformidade com o princípio da boa-fé.

 No antigo CPC, de 1973, já se encontrava no art. 14:


 Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de
qualquer forma participam do processo: (Redação dada pela
Lei nº 10.358, de 27.12.2001)
 II - proceder com lealdade e boa-fé;
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 12) Princípio da Boa-fé: arts 5º, 322, § 2º, 489, § 3º,
CPC;

 Boa-fé objetiva: norma que impõe comportamentos


éticos, leais, de acordo com padrões objetivos de conduta
vigentes em uma determinada coletividade.
 Não tem a ver com a crença da pessoa.
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 12) Princípio da Boa-fé:

 Repercussões da boa-fé no processo civil:

 Impede o abuso de direitos processuais: esse


princípio torna ilícito o exercício abusivo de um direito
processual. Qualquer abuso de direito (art. 187, CC) no
processo é ilícito.
 Ex.: o abuso no direito de recorrer é litigância de má-fé
(art. 80,VII, CPC).
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 12) Princípio da Boa-fé:

 Repercussões da boa-fé no processo civil:

 Torna ilícitos os comportamentos dolosos:


 O abuso de direito é um ilícito independente da intenção
do sujeito (art. 187 do Código Civil), o agir doloso
obviamente é ilícito, no sentido de verificar-se má-fé.
 Ex.: retirada de uma peça do processo, pedido de citação
por edital quando o autor sabe onde reside o réu (art.
258, CPC).
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 12) Princípio da Boa-fé:

 Repercussões da boa-fé no processo civil:

 Proibição de comportamentos contraditórios: é o


chamado nemo potest venire contra factum proprium.
 Ex: pede-se a invalidação de um ato a cujo defeito deu
causa (art. 276, CPC)
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 12) Princípio da Boa-fé:

 Repercussões da boa-fé no processo civil:

 Surgimento dos deveres de cooperação


processual: já vimos anteriormente.
 Função hermenêutica: interpretar os atos e as
decisões de acordo com a boa-fé. A boa-fé incide na
interpretação. Tal função encontra-se nos arts. arts. 322,
§2º e 489, § 3º, ambos do CPC.
Direitos Fundamentais, Princípios do Direito
Processual e Normas Fundamentais Processuais
 12) Princípio da Boa-fé:

 Ato ilícito no Processo  se gerar dano: arts. 79,


80 e 81 do CPC  responsabilidade
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Processual e Normas Fundamentais Processuais
 13) Princípio da Segurança Jurídica e da Proteção
da Confiança

 Segurança jurídica: duas dimensões


 Objetiva: estabilização do ordenamento jurídico (certeza
do direito), tendo em vista a necessidade de respeito ao
direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada.
Nesse sentido, tem fundamento implícito no Estado
Democrático de Direito (art. 1º, CRFB) e no art. 5º,
XXXVI, CRFB.
 Subjetiva: expectativas legítimas geradas pelos atos
estatais.

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