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2. A contribuição dos meios virtuais para a resolução de conflitos e a evolução do direito brasileiro
Com efeito, o avanço da tecnologia alterou completamente os limites e rompeu as barreiras geográficas.
As distâncias foram ressignificadas e os canais de comunicação, alargados. A velocidade das informações criou
novos paradigmas e transformou a dinâmica das relações, impactando diretamente a sociedade.
Nesse particular, a internet contribuiu decisivamente para o desenvolvimento de novas ferramentas e
tecnologias, permitindo uma maior integração entre as necessidades e as exigências da atualidade.
No plano jurídico, os avanços também foram significativos. A Lei n. 11.419/2006 (Lei do Processo
Eletrônico), por exemplo, regula a comunicação e a prática de inúmeros atos processuais (citações, intimações,
notificações etc.) de forma eletrônica, estimulando a criação de Diários da Justiça eletrônicos (art. 4º) e também
sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais pelos tribunais (art. 8º).
No plano processual especificamente, o CPC positivou a prática de atos processuais eletrônicos (arts. 193
a 199), inclusive por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens
em tempo real (art. 236, § 3º). Dessa forma, permite-se, por exemplo, que o depoimento pessoal da parte – ou da
testemunha – que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo seja
colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo
real (arts. 385, § 3º, e 453, § 1º); que a acareação seja realizada por videoconferência ou por outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (art. 461, § 2º); que a sustentação oral de advogado
com domicílio profissional em cidade diversa daquela onde está sediado o tribunal seja feita por meio de
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For some years now, I have argued that the concept of access to justice should embrace four different elements. The first, of course,
is dispute resolution itself. This is the central service of courts and a crucial component of all legal and judicial systems. Any credible
justice system will offer some form of authoritative dispute resolution, a forum for the vindication of people’s legal rights. (...) At the
same time, second, we should also have better methods for dispute containment. Once disputes have arisen, we should want to be able
to nip them in the bud. Failing this, we should try to ensure that our justice system’s response to any dispute is proportionate and in the
best interests of litigants. (...) My third sense of access to justice, dispute avoidance, is inspired by the world of medicine where it is
commonplace to believe that prevention is better than cure. Immunization and vaccination are everyday features of our lives. All manner
of awful ailments and illness are thereby avoided. (…) It is unsatisfactory that people often have legal entitlements of which they are
entirely unaware, that there are legal benefits which they could secure if only they had the knowledge. In a distributively just system, it
seems to me, people would not be disadvantaged in this fashion. And so, in contrast, I look forward to the day when we will be committed
to legal health promotion underpinned by community legal services that are akin perhaps to community medicine programmes, except
that they will be available very largely online. Providing access to justice, in this fourth sense, will mean offering access to the
opportunities that the law creates. SUSSKIND, Richard. Online Courts and the Future of Justice. Oxford: Oxford University Press,
2019, edição Kindle.
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que o
requeira até o dia anterior ao da sessão (art. 937, §4º), entre outros.
Importante lembrar que as citações e intimações também devem ser feitas preferencialmente por meio
eletrônico (arts. 232, 246, V e § 1º, 270, 272 e 275). Na mesma linha, o CPC permite que a audiência de
conciliação ou de mediação seja realizada por meio eletrônico (art. 334, §7º), em consonância com o art. 46 da
Lei de Mediação.
Sem dúvida, ao estabelecer que a mediação pode ser feita pela internet ou por outro meio de comunicação
a distância, a lei especial maximiza as oportunidades de construção do consenso e otimiza a própria prestação
jurisdicional. Já há, inclusive, iniciativas no sentido de se utilizar as plataformas de mensagens instantâneas para
a prática dos atos de comunicação processual.
Além disso, o procedimento on-line impulsionou o surgimento de plataformas digitais de resolução de
conflitos e câmaras privadas de mediação/conciliação, que, há algum tempo, já vêm oferecendo serviços nessa
área e fomentando a mediação digital.
Nesse sentido, importante lembrar que o Decreto n° 10.197, de 2 de janeiro de 2020, alterou o Decreto nº
8.573, de 19 de novembro de 2015, para estabelecer o Consumidor.gov.br como plataforma oficial da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional para a autocomposição nas controvérsias em
relações de consumo. Desse modo, todos os demais órgãos que possuam plataformas próprias devem migrar para
a Consumidor.gov.br até o dia 31 de dezembro de 2020. Porém, assim como em qualquer atividade, existem
vantagens e desvantagens.
Se, de um lado, a mediação on-line aproxima virtualmente os mediandos e o mediador, evitando gastos
com deslocamentos e dispêndio de tempo, por outro, inviabiliza o contato pessoal (cara a cara) e dificulta a ampla
percepção e captação dos sentimentos, das angústias, dos interesses subjacentes ao conflito, o que pode prejudicar
o procedimento de construção do consenso.
Em vista disso, é importante que os mediadores on-line tenham, além da capacitação técnica, habilidade
e familiaridade com as particularidades do ambiente virtual. Mais do que isso, é imprescindível regular os critérios
de qualidade que garantam o funcionamento do procedimento digital de forma eficaz, transparente e eficiente.
Em suma, as novas tecnologias estimulam e valorizam a autocomposição, ampliando o acesso à justiça
(arts. 5º, XXXV, da CF e 3º do CPC) e racionalizando a prestação jurisdicional, apesar de algumas incertezas e
críticas que são ínsitas a qualquer processo de mudança.
Não custa lembrar, como já bem pontuado por Richard Susskind, que existem mais pessoas no mundo
hoje com acesso à internet do que com efetivo acesso à justiça.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 46 por
cento dos seres humanos vivem sob a proteção da lei, enquanto mais de 50 por cento das pessoas são usuários
ativos da Internet de alguma forma. Anualmente, diz-se que um bilhão de pessoas necessitam de “cuidados
básicos de justiça”, mas em muitos países, pelo menos 30 por cento das pessoas com problemas legais sequer
chegam a agir.
Ademais, Isabela Ferrari aponta que em um mundo hiperconectado, não demorou para que as ferramentas
de ADR em sua forma tradicional mostrassem as suas limitações: embora dispensassem a presença na Corte e a
atuação estatal, esses meios alternativos, como o Poder Judiciário, também demandavam a presença física das
partes em um determinado local, ao mesmo tempo.
Nessa perspectiva de ampliação da acessibilidade a partir de ferramentas virtuais, a Lei n° 13.994/2020
alterou os arts. 22 e 23 da Lei n° 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais). Pela nova redação, o
antigo parágrafo único do art. 22 foi convertido em § 1°, tendo sido acrescido o §2°, com a seguinte redação: “é
cabível a conciliação não presencial conduzida pelo Juizado mediante o emprego dos recursos tecnológicos
disponíveis de transmissão de sons e imagens em tempo real, devendo o resultado da tentativa de conciliação ser
reduzido a escrito com os anexos pertinentes”.
Ademais, o art. 23 teve sua redação ampliada. Na versão original constava: “não comparecendo o
demandado, o juiz togado proferirá sentença. Agora, a redação passa a ser a seguinte: “Se o demandado não
comparecer ou recusar-se a participar da tentativa de conciliação não presencial, o Juiz togado proferirá
sentença”.
Parece-nos, com a devida vênia, que essa exigência legal é exagerada. Talvez fosse razoável exigir-se
sincronicidade em sessões de mediação, quando há questões delicadas e sensíveis envolvidas e o mediador
necessita assegurar, a todo tempo, a qualidade da comunicação. Contudo, para disputas meramente patrimoniais,
nas quais não há uma preocupação com preservação do vínculo, essa exigência parece ser desnecessária.
Aliás, não custa lembrar que nem o art. 46 da Lei de Mediação ou o art. 334, § 7° do CPC trazem essa
determinação.
O segundo ponto a ser examinado é a recusa em participar de tentativa de conciliação não presencial.
Nada obstante a boa intenção do legislador (que parece trazer um objetivo pedagógico, inclusive), há um óbice
operacional: Como demonstrar essa recusa?
Temos que ter em mente um leque de situações que vão desde as dificuldades técnicas-operacionais
(sistema intermitente, má qualidade de sinal de telefonia / dados, inconstância de internet por cabo ou satélite)
até casos mais graves como a exclusão digital, que ainda atinge grande parcela da população brasileira.
Leonardo Figueiredo Costa esclarece que estar inserido digitalmente hoje é condição fundamental para a
existência de cidadãos plenos na interação com esse mundo da informação e da comunicação. Porém a maioria
das pessoas vive numa realidade com um grande número de desigualdades e miséria, e a inclusão digital não pode
perder isto de vista, buscando, ao menos, o desenvolvimento do indivíduo no binômio da inclusão digital e social.
Já Sérgio Amadeu da Silveira define a exclusão digital como a falta do acesso à Internet, atendo-se para
uma inclusão digital dos aspectos físicos (computador e telefone) e técnicos (formação básica em softwares).
Segundo dados do Mapa da Exclusão Digital quase 85% da população brasileira sofre além de outras
exclusões sociais, da exclusão digital. Em linhas gerais entende-se inclusão digital como uma forma de apoio aos
cidadãos numa nova perspectiva, a do cidadão na sociedade da informação.
Nesse sentido, retornando ao exame do texto legal, só se pode falar em recusa na hipótese em que as
partes solicitarem ou aceitarem expressamente a realização da audiência não presencial, inclusive com a
identificação precisa da data, horário e ferramenta a ser utilizada para a prática do ato. Nesse sentido, não custa
lembrar que, em grande parte dos feitos que tramitam nos juizados especiais, não há a assistência jurídica (causas
que não ultrapassam o patamar de 20 salários mínimos). Desse modo, a transmissão da informação e da potencial
sanção deve ser feita da maneira mais clara possível.
Por fim, vale destacar que o mencionado artigo 23 só faz referência ao não comparecimento ou à recusa
do demandado. Nada fala a respeito do demandante. Parece claro, porém, que, à luz de uma interpretação
sistemática e por simetria (art. 51, inciso I da Lei n° 9.099/95), o não comparecimento do autor ou sua recusa em
participar justifica a extinção do processo sem resolução de mérito.
3. O protagonismo do CNJ e a edição dos atos normativos necessários à viabilização do acesso à justiça
digital no Brasil e da justiça multiportas
Fundamental, nesse momento, referir as Resoluções editadas pelo CNJ acerca do tema, com especial
ênfase nos meios adequados.
Iniciamos pelo exame da Resolução n° 358, de 2 de dezembro de 2020, que instituiu o Sistema
Informatizado para a Resolução de Conflitos por meio da Conciliação e Mediação – SIREC.
De acordo com o art. 1° desse ato, os Tribunais deverão, no prazo de até 18 meses a contar da entrada em
vigor desta resolução, disponibilizar um sistema informatizado para a resolução de conflitos por meio da
conciliação e mediação - SIREC.
Os Tribunais darão preferência ao desenvolvimento colaborativo de um sistema, nos termos
preconizados pela Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro – PDPJ instituída pela Resolução CNJ nº
335/2020;
De acordo com o §4º desse art. 1°, o armazenamento e hospedagem do sistema ficará a cargo do Tribunal,
a quem pertencerão todos os dados e metadados gerados ou derivados do sistema informatizado para a resolução
de conflitos por meio da conciliação e mediação – SIREC, seja ele desenvolvido ou contratado.
Contudo, o §5º adverte que as soluções adotadas pelos Tribunais devem observar obrigatoriamente os
requisitos de segurança da informação e de proteção de dados pessoais estabelecidos na legislação específica, em
particular, na Lei n. 13.709 de 14 de agosto de 2018, bem como o disposto na Resolução nº. 335, de 29 de
setembro de 2020 do Conselho Nacional de Justiça.
No § 7º encontramos que o sistema a ser disponibilizado no prazo do caput, seja ele desenvolvido ou
contratado, deverá prever os seguintes requisitos mínimos, salientando-se o inciso II, a saber a integração com o
cadastro nacional de mediadores e conciliadores do CNJ (CONCILIAJUD);
Complementando, o § 8º prevê como requisitos para esse sistema, sem prejuízo de outros a serem
implementados pelos Tribunais:
I - Negociação com troca de mensagens síncronas e/ou assíncronas;
II - Possibilidade de propostas para aceite e assinatura;
III - Relatórios para gestão detalhada dos requerimentos das partes e das empresas, bem como por classe
e assunto das demandas que ingressaram no SIREC;
Finalmente, o art. 2° determina que o sistema informatizado para a resolução de conflitos por meio da
conciliação e mediação - SIREC, se desenvolvido pelo Tribunal, deverá atender a arquitetura, requisitos e padrões
de desenvolvimento da Plataforma Digital do Poder Judiciário (PDPJ), mantida pelo CNJ, nos termos da
Resolução nº 335, de 29 de setembro de. Ademais, os tribunais poderão se valer de solução tecnológica já
existente, mas deverá haver progressiva adaptação à Plataforma Digital do Poder Judiciário Brasileiro – PDPJ
instituída pela Resolução CNJ nº 335/2020.
Temos que observar, ainda, as seguintes Resoluções do CNJ que são aplicáveis, direta ou indiretamente à
temática da resolução “on line”2 de disputas no âmbito judicial:
1. Resolução nº 329, de 30 de julho de 2020. Regulamenta e estabelece critérios para a realização de
audiências e outros atos processuais por videoconferência, em processos penais e de execução penal, durante o
estado de calamidade pública, reconhecido pelo Decreto Federal nº 06/2020, em razão da pandemia mundial por
Covid-19.
2. Resolução nº 332, de 21 de agosto de 2020. Dispõe sobre “a ética, a transparência e a governança na
produção e no uso de Inteligência Artificial no Poder Judiciário, e dá outras providências.”
A normativa aborda os seguintes pontos: aspectos gerais; respeito aos direitos fundamentais; não
discriminação; publicidade e transparência; governança e qualidade; segurança; controle do usuário; pesquisa,
desenvolvimento e implantação de serviços de inteligência artificial; prestação de contas e responsabilização.
3. Resolução n° 335, de 29 de setembro de 2020. Institui política pública para a governança e a gestão de
processo judicial eletrônico. Integra os tribunais do país com a criação da Plataforma Digital do Poder Judiciário
Brasileiro – PDPJ-Br. Mantém o sistema PJe como sistema de Processo Eletrônico prioritário do Conselho
Nacional de Justiça.
4. Resolução n° 337, de 29 de setembro de 2020. Dispõe sobre a utilização de sistemas de
videoconferência no Poder Judiciário.
5. Resolução n° 341, de 7 de outubro de 2020. Determina aos tribunais brasileiros a disponibilização de
salas para depoimentos em audiências por sistema de videoconferência, a fim de evitar o contágio pela Covid-
19.
6. Resolução no 345, de 9 de outubro de 2020. Dispõe sobre o “Juízo 100% Digital” e dá outras
providências.
Segundo Valter Shuenquener, Anderson Gabriel e Fábio Porto a criação do “Juízo 100% Digital” por
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Importante atentar para a observação feita por Richard Susskind acerca dos sentidos amplo e restrito da expressão “on line Courts”:
“Today, people often and understandably use the expressions ‘online courts’ and ‘ODR’ interchangeably. This can be confusing.
Whereas online courts belong exclusively to the public sector, the term ‘ODR’ is used in both a wide and a narrow sense. In its wide
sense, ODR refers, broadly, to any process of resolving a dispute that is largely conducted across the internet. This broad definition,
therefore, includes the dispute resolution aspects of ‘online courts’. Online courts use ODR techniques. The narrower sense of ODR
equates ODR with electronic ADR (‘e-ADR’), that is, the systems that are an alternative to public, state-based court service. To avoid
the confusion, I now prefer to restrict my use of ‘ODR’ to the narrower sense, of private-sector, electronic ADR”. SUSSKIND, Richard.
Online Courts and the Future of Justice. Oxford: Oxford University Press, 2019. Versão Kindle.
iniciativa do ministro Luiz Fux consubstancia essa necessária alteração de referencial, concebendo a Justiça
efetivamente como um serviço (“justice as a service”) e deixando de relacioná-la a um prédio físico.
7. Resolução n° 354, de 19 de novembro de 2020. Dispõe sobre o cumprimento digital de ato processual
e de ordem judicial e dá outras providências.
O Art. 1o dessa Resolução regulamenta a realização de audiências e sessões por videoconferência e tele-
presenciais e a comunicação de atos processuais por meio eletrônico nas unidades jurisdicionais de primeira e
segunda instâncias da Justiça dos Estados, Federal, Trabalhista, Militar e Eleitoral, bem como nos Tribunais
Superiores, à exceção do Supremo Tribunal Federal.
Já o art. 2º traz as seguintes definições: I – videoconferência: comunicação a distância realizada em
ambientes de unidades judiciárias; e II – telepresenciais: as audiências e sessões realizadas a partir de ambiente
físico externo às unidades judiciárias.
Ademais, o art. 3o prevê que as audiências telepresenciais serão determinadas pelo juízo, a requerimento
das partes, se conveniente e viável, ou, de ofício, nos casos de: I – urgência; II – substituição ou designação de
magistrado com sede funcional diversa; III – mutirão ou projeto específico; IV – conciliação ou mediação; e V –
indisponibilidade temporária do foro, calamidade pública ou força maior. Já o parágrafo único desse dispositivo
ressalta que a oposição à realização de audiência telepresencial deve ser fundamentada, submetendo-se ao
controle judicial.
8. Resolução n° 363, de 12 de janeiro de 2021. Estabelece medidas para o processo de adequação à Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei no 13.709/2018 - LGPD) a serem adotadas pelos tribunais.
Dentre as principais obrigações determinadas pelo art. 1° dessa Resolução, destacam-se: (...) V – criar um
site com informações sobre a aplicação da LGPD aos tribunais, incluindo: a) os requisitos para o tratamento
legítimo de dados; b) as obrigações dos controladores e os direitos dos titulares nos termos do art. 1o , II, “a” da
Recomendação do CNJ no 73/2020; c) as informações sobre o encarregado (nome, endereço e e-mail para
contato), referidas no art. 41, §1º , da LGPD; VI – disponibilizar informação adequada sobre o tratamento de
dados pessoais, nos termos do art. 9º da LGPD, por meio de: a) avisos de cookies no portal institucional de cada
tribunal; b) política de privacidade para navegação na página da instituição; c) política geral de privacidade e
proteção de dados pessoais a ser aplicada internamente no âmbito de cada tribunal e supervisionada pelo CGPD;
9. Resolução n° 372, de 12 de fevereiro de 2021. Regulamenta a plataforma de videoconferência
denominada “Balcão Virtual” e determina que todos os Tribunais do país, à exceção do Supremo Tribunal
Federal, deverão disponibilizar, em seu sítio eletrônico, ferramenta de videoconferência que permita imediato
contato com o setor de atendimento de cada unidade judiciária, popularmente denominado como balcão, durante
o horário de atendimento ao público.
O art. 5° dessa Resolução determina que o link de acesso ao Balcão Virtual da unidade deverá ser
publicado no sítio eletrônico dos tribunais, preferencialmente junto aos telefones e endereços eletrônicos de cada
unidade judiciária, com a expressa menção de que o atendimento por aquela via se dará apenas durante o horário
de atendimento ao público estipulado por cada tribunal.
Como se observa, em menos de um ano, e sob pressão das nefastas consequências da Pandemia do
COVID-19, o CNJ foi capaz de idealizar e desenhar um sistema que verdadeiramente propicie a elevação do
acesso à justiça ao patamar digital, sem descurar do protagonismo dos meios adequados de resolução de conflitos.
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Na linha de nossa conclusão, mas numa perspectiva mais ampla, Richard Susskind assim sintetiza sua posição: “My line of argument
in summary is this—when I talk of improving access to justice, I am referring to much more than providing access to quicker, cheaper,
and less combative mechanisms for resolving disputes. I am also speaking of the introduction of techniques that deeply empower all
members of society—to contain disputes that have arisen, to avoid disputes in the first place and, more, to have greater insight into the
benefits that the law can confer. Today, even very capable people can feel disempowered when involved in legal processes. Tomorrow,
we should want citizens to be able to own and manage many of their own legal issues”. SUSSKIND, Richard. Online Courts and the
Future of Justice. Oxford: Oxford University Press, 2019, edição Kindle.