Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Belo Horizonte
2024
2
3
2 NORMAS PROCESSUAIS
2.1 Normas Jurídicas Materiais
2.2 Normas Jurídicas Processuais
2.3 A Lei Processual no Espaço
2.4 A Lei Processual no Tempo
4 SUJEITOS DO PROCESSO
4.1 Juiz
4.2 Partes: Autor e Réu
4.2.1 Litisconsórcio
4.3 Advogado
4.4 Ministério Público
4.5 Auxiliares da Justiça
4.5.1 Escrivão
4.5.2 Oficial de Justiça
4.5.3 Perito
4.5.4 Intérprete
4.5.5 Conciliador e Mediador
5
7 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
7.1 Pressupostos de Existência ou de Constituição
7.2 Pressupostos de Validade
6
Comumente as obras jurídicas iniciam-se com uma breve análise sobre a obra “As
Aventuras de Robinson Crusoé”, do escritor inglês Daniel Defoe, com o objetivo de ilustrar o
brocado jurídico ubi societa ubi jus (onde há sociedade, há direito). De fato, a obra de ficção
demonstra a necessidade da eleição de normas para regulamentar a vida em sociedade.
No referido livro, Robinson Crusoé é um naufrago, que sobrevive na mais completa
solidão em uma ilha por anos. Após mais de 15 anos, o protagonista descobre que,
surpreendentemente, não estava sozinho na ilha e salva a vida de um nativo selvagem fugitivo
que estava prestes a sacrificado por um grupo de canibais vindo do continente, decidindo
chamá-lo “Sexta-Feira”, numa alusão ao dia da semana em que o encontrou. A partir deste
momento, surge a necessidade de se estabelecer regras de convivência, a fim de reduzir os
conflitos entre os dois moradores da ilha e de resolver os conflitos que surgissem.
Na obra “Teoria Geral do Processo”, de Grinover, Dinamarco e Cintra, afirma-se que
“só não haveria lugar para o direito na imaginária hipótese de um ermitão vivendo em local
deserto, sem convívio com ninguém e sem a subordinação a um Estado soberano, como no
caso do legendário Robinson Crusoé, antes da chegada do índio Sexta-Feira à sua ilha isolada
no mundo.” (GRINOVER; DINAMARCO; CINTRA, 2015, p. 40).
A razão dessa correlação entre a sociedade e o direito está na função ordenadora que
este exerce naquela, representando o canal de compatibilização entre os interesses que se
manifestam na vida social, de modo a traçar as diretrizes, visando prevenir e compor os
conflitos que surgem entre seus membros.
Assim, esclarece Humberto Theodoro Junior que é “impossível a vida em sociedade
sem uma normatização do comportamento humano”, sendo necessário que o Estado não só
elabore as leis, devendo também instituir “meios de imposição coativa do comando expresso
na norma” (THEODORO JUNIOR, 2022, p. 3).
Também vale mencionar o ensinamento de Ada Pellegrinni Grinover, Cândido Rangel
Dinamarco e Antônio Augusto Cintra:
(...) pelo aspecto sociológico, o direito é geralmente apresentado como uma
das formas – sem dúvida a mais importante e eficaz dos tempos modernos –
do chamado controle social, entendido como o conjunto de instrumentos de
que a sociedade dispõe na sua tendência à imposição dos modelos culturais,
7
dos ideais coletivos e dos valores que persegue, para a superação das
antinomias, das tensões e dos conflitos que lhe são próprios. (GRINOVER;
DINAMARCO; CINTRA, 2015, p. 42).
O Direito Processual pode ser entendido como o conjunto de normas que regulamenta
o processo. É o ramo do Direito que possui como objeto de estudo a função jurisdicional,
exercida pelo Estado. No Estado Democrático de Direito, o exercício de poder soberano, uno
e indivisível, inclui o exercício de três funções: legislativa, administrativa e jurisdicional. É
justamente esta última função que é estudada pela Teoria Geral do Processo.
Sobre o conceito de Direito Processual:
O direito processual se preocupa com o processo e seus princípios, com o
procedimento (ação) e com a jurisdição, sempre com o objetivo de construir
o processo como sendo um espaço discursivo para que os litigantes (autor e
8
Alexandre Freitas Câmara esclarece que, apesar de inexistir uma definição unânime
utilizada pelos doutrinadores, este ramo do direito pode ser compreendido como “o ramo da
ciência jurídica que estuda e regulamenta o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional”
(CÂMARA, 2013, p. 7).
CONCEITOS RELEVANTES:
Processo: “procedere” – proceder ordenado, caminhar para frente.
Processar: deduzir pretensão em juízo.
Pretensão: fatos e fundamentos jurídicos narrados pelo autor ou pelo réu (pretensão resistida).
Lide: conflito de interesses.
Autos: materialização dos atos processuais.
Em razão da crescente complexidade das relações humanas, assim como pela abertura
democrática do Judiciário, percebe-se um crescente número de demandas judiciais e, por
consequência, um aumento na intervenção do Judiciário em questões que antes eram,
predominantemente, resolvidas por outros meios, como políticas públicas, administração e
10
legislação. Esse fenômeno é chamado de Judicialização e tem sido objeto de debate, pois
envolve questões relacionadas à efetividade do sistema de justiça, à separação das funções do
Estado e ao papel do Estado na solução de conflitos e na garantia dos direitos dos cidadãos.
Nesse sentido:
A judicialização decorre do modelo de Constituição analítica e do sistema de
controle de constitucionalidade abrangente adotados no Brasil, que permitem
que discussões de largo alcance político e moral sejam trazidas sob a forma
de ações judiciais. Vale dizer: a judicialização não decorre da vontade do
Judiciário, mas sim do constituinte. (BARROSO, 2009, p. 20)
Não se pode negar que é impossível falar em eficiência e razoável duração do tempo
procedimental em uma estrutura que conta com menos de 20 mil magistrados para julgar os
mais de 80 milhões de casos.
Como técnica para enfrentamento destes desafios, tem-se investido em outros métodos
de resolução de conflitos, principalmente pela via consensual, seja no curso de um
procedimento judicial ou de forma extrajudicial. Tem-se investido no incentivo à conciliação
e à mediação, além de outros métodos capazes de conduzir à adequada solução de conflitos.
Na tentativa de ampliar as possibilidades de resolução de conflitos, notadamente
diante da crise do Judiciário, o Código de Processo Civil de 2015 passou, não só a incluir a
mediação e conciliação, como fase do procedimento comum, mas também passou a incentivar
que a solução consensual de conflitos seja buscada pelo Judiciário, por advogados, defensores
públicos e membros do Ministério Público. Veja-se:
11
Vale destacar que, antes mesmo da entrada em vigor do atual CPC, o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) já havia editado a Resolução nº 125/2010, dispondo sobre a
“Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do
Poder Judiciário”, em que consta:
(...) cabe ao Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado
dos problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, que ocorrem em larga e
crescente escala na sociedade, de forma a organizar, em âmbito nacional,
não somente os serviços prestados nos processos judiciais, como também os
que possam sê-lo mediante outros mecanismos de solução de conflitos, em
especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação. (CNJ, 2010).
2 NORMAS PROCESSUAIS
São as normas que, apenas de forma indireta, contribuem para a resolução dos
conflitos interindividuais, mediante a disciplina da criação e atuação das regras jurídicas
gerais ou individuais destinadas a regulá-los diretamente. É o conjunto de normas jurídicas
que dispõem sobre a constituição dos órgãos jurisdicionais e sua competência, disciplinando
essa realidade chamada processo.
As normas jurídicas materiais constituem o critério de julgar, de modo que, não sendo
observadas, dão lugar ao “error in judicando”; as processuais constituem o critério do
14
No que diz respeito à aplicação da lei processual no tempo, ou seja, nos casos de
conflito temporal de leis processuais, poderiam ser adotados três posicionamentos:
• Unidade Processual – o processo é todo regido pela lei vigente na data de sua
instauração (tempum regit processum);
• Fases Processuais – postulatória, saneamento, probatória, decisória e recursal – em
curso o processo na entrada da vigência da lei nova, esta não disciplina a fase ainda
não encerrada, que é regida pela lei anterior, somente as fases seguintes obedecem a
lei nova;
• Atos Processuais Isolados ou Isolamento dos atos – aplica-se a lei vigente no
momento da prática do ato processual (tempus regit actum) mesmo que o processo já
esteja em curso.
3.1 Introdução
A solução dos conflitos entre os homens nem sempre se deu da forma que se conhece
atualmente, seja na via judicial ou extrajudicial. Antes de o Estado chamar para si a tarefa de
“dizer o Direito”, o que ocorria era a solução dos conflitos via vingança privada, ou seja,
sempre os mais fortes vencendo os mais fracos.
Com o passar dos tempos, o Direito aparece como uma das formas de controle social,
com o fim de solucionar os conflitos de maneira mais razoável. Surge, então, a importância de
se definir os valores protegidos pelo Direito e, o que importa de forma específica para os
estudos de Direito Processual, os procedimentos que devem ser observados na aplicação do
Direito ao caso concreto.
É importante ressaltar que num primeiro momento não existia a figura do Estado a
regular os conflitos existentes em sociedade. Pode-se considerar que nesse tempo imperava a
vingança privada (AUTOTUTELA), que era caracterizada principalmente pelo uso da força,
em que o grupo dos mais fracos acabava dizimado pelo grupo dos mais fortes.
Posteriormente, o Estado passou a controlar a solução dos conflitos que aconteciam
em sociedade.
Nas fases primitivas da civilização dos povos, inexistia um Estado suficientemente
forte para superar os ímpetos individualistas dos homens e impor o direito acima da vontade
dos particulares: por isso não só inexistia um órgão estatal que, com soberania e autoridade,
garantisse o cumprimento do direito, como ainda não havia sequer legislação.
Para que seja possível analisar como o Direito Processual se desenvolveu no Estado
Moderno, torna-se necessário analisar também os paradigmas estatais que foram adotados,
uma vez que, em cada paradigma, muda-se a atuação do Estado, abrangendo a função
jurisdicional.
20
A partir do momento que surge o Estado de Direito, o Direito passa a ser uma
ressonância do Estado em que se encontra – ou seja, não é possível compreender o Direito,
sem antes entender o Estado ao qual ele está vinculado.
E mais:
O liberalismo processual foi marcado por um processo essencialmente
escrito e apegado ao rigor excessivo e à observância de formas previamente
definidas, posicionando a atuação das partes em função do princípio do
21
Vê-se, portanto, que, nos Estados Liberais, mesmo no Direito Processual, prevalece a
autonomia das partes, que, praticamente, instauravam uma competição perante o juiz, que
permanecia como mero espectador.
Esclarece André Leal que “o paradigma do Estado Social perdeu fôlego e mostrou-se
insuficiente ao enfrentamento das várias indagações oriundas do fenômeno da perda de
22
Democracia deve ser compreendida como governo do povo, o que exige possibilitar a
participação popular, conferindo legitimidade à atuação do Estado nas esferas legislativa,
administrativa e judicial, nos termos dispostos no artigo 1º, parágrafo único, da Constituição
da República de 1988, segundo o qual “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente” (BRASIL, 1988).
E, como aponta Simone Goyard-Fabre, “é preciso que o princípio majoritário não seja
a supremacia absoluta e quase física da maioria sobre a minoria, mas seja acompanhado do
direito de existência de uma minoria: do que chamamos direito de oposição” (FABRE, 2003,
p. 308).
Portanto, tem-se que a instituição de um Estado Democrático de Direito depende da
possibilidade de participação contínua e irrestrita do povo, para que possa exercer oposição e
crítica, adotando-se, por isso, neste trabalho, a compreensão deste Estado como “não
dogmático” (LEAL, 2017, p. 116), conforme apresentado por Rosemiro Pereira Leal, que, em
sua Teoria Neoinstitucionalista do Processo. Rosemiro Pereira Leal afirma que o Estado
Democrático é gestado e “atuado por um direito que não se entrega ao paradigma, em sua
operacionalização, da alíbica ciência dogmática do direito, logo é concebido como Estado não
Dogmático”. (LEAL, 2013, p. 3)
Nesse mesmo sentido:
A instituição da democracia teve por objetivo a retirada da autoridade do
Estado, transferindo o poder para o povo, o que se dá não só pelo direito ao
voto, mas também pela possibilidade de fiscalização dos atos do Estado pelo
povo e pelo direito de participar ativamente na construção dos provimentos
estatais, sejam eles emanados pelo Executivo, Legislativo ou Judiciário.
(FREITAS; FREITAS, 2015, p. 27).
Quando da colonização, o Brasil viveu sob o império das três grandes codificações
portuguesas, também chamadas de Ordenações: Afonsinas, Manuelinas e Filipinas. Tais feitos
resultam de uma ideia de sistematização das leis anteriores já existentes e vigentes em
Portugal.
Em 1446, o rei Afonso V promulgou o primeiro Código português, as Ordenações
Afonsinas. Em 1521, vieram as Ordenações Manuelinas e, em 1603, foram promulgadas as
Ordenações Filipinas, também conhecidas como Ordenações do Reino. O sistema de
Ordenações também foi utilizado no Brasil, enquanto ainda colônia de Portugal.
No momento de seu descobrimento, o Brasil como Colônia Portuguesa, estava assim
sob a égide das ordenações portuguesas, sendo as Afonsinas à que vigiam a época quando se
começou a sistematizar o direito de Portugal.
As principais características do processo, descritas pelas Ordenações eram as
seguintes: divisão em fases; forma escrita; alguns atos ocorriam em segredo de Justiça;
predominância do princípio dispositivo, realizando-se as fases processuais por impulso das
partes; as provas ficavam todas a cargo das partes.
Em 1822, quando o Brasil tornou-se independente, vigoravam as Ordenações
Filipinas. Por decreto imperial, as normas processuais do novo país continuaram sendo as das
Ordenações e das posteriores leis extravagantes, desde que não comprometessem a soberania
brasileira e o regime instaurado.
Após a edição do Código Comercial, em 1850, o Brasil instaurou normas para o
processamento das causas comerciais por meio do Regulamento nº 737, que pode ser
concebido como a primeira legislação processual brasileiro. Após a Proclamação da
República, uma das primeiras providências do governo foi aplicar o Regulamento também às
causas cíveis. Em 1890, o Regulamento nº 763 ampliou a aplicação do Regulamento nº 737
para o processamento também das causas cíveis.
25
4 SUJEITOS DO PROCESSO
Diz-se sujeito processual todo aquele que desempenha alguma função processual, “são
as pessoas que direta ou indiretamente participam do procedimento e contribuem para a
formação da sentença” (SOARES, 2020, p. 275). São objeto do Livro III, da Parte Geral do
Código de Processo Civil de 2015.
4.1 Juiz
As partes do processo são o autor (quem propõe a ação) e o réu (aquele que responde à
ação) e devem se preocupar em atuar no processo sem promover atos infundados,
desnecessários e protelatórios, cumprindo também as determinações judiciais. “Parte no
processo é qualquer sujeito de direito que sofrerá os efeitos do provimento jurisdicional, na
qualidade de autor ou de réu” (JAYME, 2023, P. 149).
Sobre as partes:
Assim, para a definição do conceito de parte (em termos democráticos)
precisamos conhecer três elementos, quais sejam: a) a verificação de quem
deduziu a pretensão ou foi validamente citado; b) a verificação de quem
sofre os efeitos da decisão e da coisa julgada; c) oportunizar o efetivo direito
de participação das partes no procedimento e o direito de influenciar a
decisão. (SOARES, 2020, p. 280)
André Del Negri esclarece que “são as partes processuais que orientam a
fundamentação da decisão (relação jurídica entre normas), e não mais uma vontade emanada
da esfera solitária de convicção do juiz” (DEL NEGRI, 2011, p. 87).
4.2.1 Litisconsórcio
30
Vale destacar que os atos praticados por um litisconsorte não produzem efeitos quanto
aos demais litisconsortes. Se, por exemplo, um deles reconhece juridicamente a procedência
do pedido ou confessa, só produzindo efeitos em relação a ele. Nesse sentido, dispõe o art.
117 do CPC:
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte
adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em
que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão
beneficiar.
4.3 Advogado
O Ministério Público atua como parte autônoma e independente, buscando a defesa dos
interesses coletivos e individuais homogêneos, podendo ajuizar, em nome próprio, ações em
prol da coletividade, conforme prevê o art. 177 do CPC.
No âmbito processual penal, cabe ao MP ajuizar as ações penais incondicionadas ou
condicionadas à representação da vítima. Porém, sua atuação vai além da esfera penal. Pode
ajuizar Ação Civil Pública, para defender direitos dos consumidores, por exemplo, buscar
reparação por danos ambientais, pleitear que determino agente público promova
ressarcimento ao erário.
35
A título de exemplificação, menciona-se a Súmula 601 do STJ, que assim dispõe sobre
a atuação do órgão ministerial: “O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na
defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que
decorrentes da prestação de serviços públicos”.
Assim, o Ministério Público representa a sociedade como um todo e defende os
interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis, como questões relacionadas ao meio
ambiente, consumidor, criança e adolescente, entre outros. Ele atua como um guardião dos
direitos fundamentais e do interesse público.
Além de poder atuar como legitimado extraordinário, atua no processo civil como
custos legis (fiscal da ordem jurídica), nos casos previstos no art. 178 do CPC:
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta)
dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou
na Constituição Federal e nos processos que envolvam:
I - interesse público ou social;
II - interesse de incapaz;
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. (BRASIL, 2015).
Quando Ministério Público atua como fiscal da ordem jurídica, este é intimado para
intervir no procedimento, oportunidade em que oferta parecer antes do pronunciamento
judicial. Sobre esta atuação:
Nos casos em que intervém como fiscal da ordem jurídica, o MP terá vista
dos autos depois das partes, devendo ser intimado de todos os atos do
processo (art. 179, I), podendo produzir provas, requerer as medidas
processuais que considere pertinentes e recorrer (art. 179, II). O Ministério
Público tem prazo em dobro para a prática de atos processuais, que corre a
partir de sua intimação pessoal (art. 180), que se dá por carga, remessa ou
meio eletrônico (art. 183, § 1o, aplicável ao MP por expressa determinação
do art. 180, in fine). Não será duplicado o prazo, porém, nos casos em que
haja expressa previsão de um prazo para a manifestação do MP (art. 180, §
2o). (CÂMARA, 2022, p. 137).
4.5.1 Escrivão
4.5.3 Perito
4.5.4 Intérprete
consegue se expressar por uma deficiência orgânica ou física ou porque não conhece o
idioma.
Veja-se:
Art. 162. O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para:
I - traduzir documento redigido em língua estrangeira;
II - verter para o português as declarações das partes e das testemunhas que
não conhecerem o idioma nacional;
III - realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e
testemunhas com deficiência auditiva que se comuniquem por meio da
Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente, quando assim for solicitado.
(BRASIL, 2015)
Não é funcionário público, sendo, tal qual o perito, nomeado para atuar em um
determinado procedimento e exerce suas funções mediante remuneração.
Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas
jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta”.
Ao advogado público de Estado compete a missão de promover o colóquio entre o
interesse público decorrente da vontade dos representantes eleitos do povo, com o interesse
público advindo dos limites e possibilidades do ordenamento jurídico.
No âmbito processual, gozam de prazos em dobro e deve ser intimada pessoalmente
para praticar atos processuais.
Também prevê o art. 185 do CPC, que a Defensoria exerce “a orientação jurídica, a
promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos
necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita”.
Sobre a atuação da Defensoria:
A Defensoria Pública é uma instituição extremamente relevante para a
defesa dos economicamente necessitados, e fundamental para que a
implementação da garantia constitucional de assistência jurídica integral e
gratuita aos hipossuficientes econômicos. A ela incumbe, nos termos do art.
185, exercer a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a
defesa dos direitos (individuais e supraindividuais) dos necessitados, em
todos os graus de jurisdição, de forma integral e gratuita. (CÂMARA, 2022,
p. 139).
Tal teoria mostra-se insuficiente para o estudo da natureza jurídica do processo, tendo
em vista a jurisdição já ser obrigatória naquela época, tornando assim desnecessário o prévio
consentimento da parte para que o juiz pudesse proferir a decisão que lhe fosse favorável ou
desfavorável.
Büllow entende o Processo como uma relação jurídica entre autor, juiz e réu. Coloca o
juiz no centro do universo processual.
A atividade mediante a qual se desempenha em concreto a função
jurisdicional chama-se PROCESSO. Essa função não se cumpre, em
verdade, a um só tempo e com um só ato, mas através de uma série
coordenada de atos que se sucedem no tempo e que tendem à formação de
um ato final. ( LIEBMAN, 1985, p. 33)
entre sujeitos. Conceituavam o processo como relação jurídica entre autor, réu e juiz. Nessa
versão, o processo é meio, método ou finalidade abstrata (metafísica) de se obter provimento,
em nada se distinguindo do procedimento.
Informa Alexandre Freitas Câmara que, segundo essa doutrina, “o processo deixa de
ser visto como mero instrumento de atuação do direito material e passa a ser encarado
como um instrumento que serve o Estado a fim de alcançar seus escopos sociais, jurídicos e
políticos” (CÂMARA, 2013, p. 12).
Sobre tais escopos metajurídicos do Processo, lecionam Candido Rangel Dinamarco,
Ada Pelegrini Grinover e Antônio Cintra que a jurisdição teria finalidade pacificadora, tendo
o Estado três escopos em seu exercício: sociais, políticos e jurídico. (CINTRA;
DINAMARCO; GRINOVER. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 30).
a) baseia-se na divisão do processo em duas fases (...), com a crença de que
na primeira delas apenas se comprovam os pressupostos processuais e na
segunda apenas se examina o mérito, o que nem para o direito romano é
verdadeiro; b) o juiz tem obrigações no processo, mas inexistem sanções
processuais ao seu descumprimento; c) as partes não tem obrigações no
processo, mas estão simplesmente num estado de sujeição à autoridade do
órgão jurisdicional. (CINTRA; GRINOVER, DINAMARCO)
Informa Alexandre Freitas Câmara que, segundo essa doutrina, “o processo deixa de
ser visto como mero instrumento de atuação do direito material e passa a ser encarado como
um instrumento que serve o Estado a fim de alcançar seus escopos sociais, jurídicos e
políticos” (CÂMARA, 2013, p. 12).
É a crítica a essa escola feita por Aroldo Plínio Gonçalves:
Ao se admitir o processo como relação jurídica, na acepção tradicional do
termo, ter-se-ia que admitir, consequentemente, que ele é um vínculo
constituído entre sujeitos em que um pode exigir do outro uma determinada
prestação, ou seja, uma conduta determinada. Seria o mesmo que se
conceber que há direito de um dos sujeitos processuais sobre a conduta do
outro, que perante o primeiro é obrigado, na condição de sujeito passivo, a
uma determinada prestação, ou que há direitos das partes sobre a conduta do
juiz, que, então, compareceria como sujeito passivo de prestações, ou, ainda,
que há direitos do juiz sobre a conduta das partes, que então, seriam sujeitos
passivos da prestação. (GONÇALVES, 1992, p. 97)
Conceituar o processo como relação jurídica entre autor, juiz e réu (escolas da relação
jurídica e instrumentalista do processo) é manter-se fiel à idéia de Bülow, que refletia a
sujeição das partes ao regime de direitos subjetivos, de conotação nitidamente voluntarista,
em que o autor no polo ativo exige do réu, no polo passivo, cumprimento de um direito de que
se diz titular.
44
Para Jaime Guasp, que desenvolve, em 1940, a teoria do Processo como Instituição, o
Processo seria considerado uma instituição, ou seja, um meio de padronização voltado para as
necessidades de uma determinada sociedade. Parte da premissa sociológica de que o processo
representa uma escolha do grupo social. Não existe dúvida de que o processo seja realmente
uma instituição. Porém, o defeito desta teoria se encontra no fato de não estabelecer um
conceito de instituição, permanecendo um conceito aberto.
O defeito desta teoria, (...) está no impreciso conceito de instituição, pois
tudo pode ser reduzido ao esquema institucional, uma vez que tão elástico e
impreciso é o significado de instituição (...) razão não há para substituir-se a
noção de relação processual por aquela de instituição. (ALVIM, p.157,
2003).
Observa-se que Guasp aborda sua teoria através do conceito de instituição, que nada
mais é do que formas padronizadas de comportamentos. O comportamento correto (com
exceção em casos permitidos por lei) em face de um conflito de interesses se dará por meio do
processo, que como instituição deverá garantir a paz e estabilidade jurídica.
Porém, conclui-se que, está teoria não foi bem-sucedida devido à falta de precisão do
conceito de instituição que é abrangente.
Elio Fazzalari concebeu o processo “como uma espécie do gênero procedimento, pela
participação na atividade de preparação do provimento, dos interessados, juntamente com o
autor do próprio provimento” (GONÇALVES,1992, p. 112).
O ilustre processualista explicitou que o processo não se define pela mera
sequencia, direção ou finalidade dos atos praticados pelas partes ou pelo juiz,
mas pela presença do atendimento do direito ao contraditório entre as partes,
em simétrica paridade, no procedimento que, longe de ser uma sequencia de
atos exteriorizadores do processo, equivalia a uma estrutura técnica
construída pelas partes, sob o comando do modelo normativo processual.
(LEAL, 2010, p. 83.)
Assim, o processualista deixa claro que o Direito Democrático deve ser legitimado
pela via do processo, que deve ser considerado um instrumento de institucionalização
constitucionalizada sociedade da vontade democrática dos cidadãos, superando as noções do
Estado Absolutista e Social, rechaçando, por consequência, a figura do julgador como um ser
magnânimo e iluminado.
Nesse sentido:
Não há Estado Democrático de Direito pela imediatividade de valores,
metas, categorias ou silogismos, encerrados nos sistemas jurídicos que lhe
possam dar suporte, mas pela observância de uma condição jurídico-espacial
procedimentalmente processualizada (âmbito estatal democrático) como
mediadora técnica de construção, garantia, recriação e aplicação do direito.
(LEAL, 2002, p. 122).
Segundo Rosemiro Pereira Leal, o Processo deve ser norteado por uma visão pós-
moderna. Nesta pós-modernidade, o conceito de Processo, como instituição não se infere mais
pelas lições dos primeiros quartéis do século XX, mas pelo grau de autonomia jurídica
constitucionalizada, a exemplo do que se desponta no discurso da nossa Carta Constitucional,
como conquista histórica da cidadania juridicamente fundamentalizada em princípios e
institutos universais.
O que distingue a teoria Neoinstitucionalista do Processo da teoria Constitucionalista
do Processo é, principalmente, a proposta de uma teoria da constituição egressa de uma
consciência participativa em que o povo total da sociedade política é, por autoproclamação
constitucional, a causalidade deliberativa ou justificativa das regras de criação, alteração e
aplicação de direitos.
49
Desse modo, entende-se que o devido processo legal é a garantia imprescindível para
que o processo e o procedimento sejam compreendidos a partir de uma perspectiva
democrática, abarcando diversos outros princípios que “são co-dependentes e indissociáveis,
visto que a restrição ou a supressão de um deles significa o desrespeito aos demais”
(FIORATTO; BRÊTAS, 2010, p. 133). A observância ao devido processo legal desvincula a
atividade jurisdicional de elementos subjetivos e da discricionariedade do agente público
julgador, proporcionando a qualquer pessoa do povo, “ao postular a função jurisdicional, a
mesma segurança de obter decisão conforme o ordenamento jurídico vigente” (BRÊTAS,
2015, p. 124).
Então, o devido processo legal pode ser compreendido como a garantia destinada a
afastar a discricionariedade da atividade jurisdicional e permitir a participação igualitária das
partes na formação dos provimentos judiciais, ressalvando que sua observância não se limita
ao âmbito jurisdicional, abrangendo também os processos legislativos e administrativos e as
relações entre particulares. Desse modo, é possível perceber que o devido processo legal é a
garantia constitucional que deve direcionar o processo democrático, sendo seu principal
alicerce, por viabilizar a democratização da atividade jurisdicional pela ampla participação
das partes interessadas na construção do provimento.
Conforme amplamente abordado na literatura jurídica nacional, existem duas
dimensões em que o devido processo legal se manifesta. Uma dimensão formal, na medida
em que o processo deve seguir os ditames da lei, e uma dimensão material, substancial, na
medida em que o processo deve ser justo e efetivo, sendo que apenas a observância da
legislação não é suficiente. A dimensão formal do devido processo legal diz respeito aos
procedimentos e garantias processuais que devem ser seguidos pelo Estado ao tomar decisões
que afetam os direitos dos indivíduos. Já a perspectiva substancial refere-se ao conteúdo das
decisões proferidas.
6.2 Isonomia
Assim, a igualdade das partes não se limita somente à sua participação no processo
jurisdicional, mas também na criação da norma jurídica e sua interpretação.
6.3 Contraditório
1
No original: “Este princípio fundamental de todo regímen democrático y que en términos generales implica la
igualdad de oportunidades há transcendido el ambito procesal em varias direcciones, y uma de las mas
importantes es el llamado caracter dialético del proceso o “contraditório”, el cual significa que todo
procedimiento jurisdicional requiere de la intervención equilibrada de las partes esenciales que poseen intereses
contrapostos, y se condensa el la frase: audiatur et altera pars”. FIX-ZAMUDIO, Hector. Constituición y Proceso
Civil em Latinoamérica. México: Instituto de Investigaciones Juridicas, 1974, p. 63/64.
52
Art. 5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
Esse princípio indica a possibilidade de revisão, por via de recurso, das causas já
julgadas pelo juiz de primeiro grau, que corresponde à denominada jurisdição inferior.
Garante, assim, um novo julgamento, por parte dos órgãos da instância superior.
O princípio do duplo grau de jurisdição funda-se na possibilidade de a decisão de
primeiro grau ser injusta ou errada, daí decorrendo a necessidade de permitir sua reforma em
grau de recurso. (não possui previsão legal/constitucional expressa).
O princípio do duplo grau, que se encontra implícito no ordenamento jurídico
brasileiro, consiste no direito concedido à parte de exigir a revisão do julgamento que lhe fora
contrário por uma instância jurisdicional superior. O princípio visa ao controle da atividade do
juiz, por conseguinte, a segurança jurídica, a fim de evitar que decisões contrárias à lei ou à
prova dos autos sejam impostas à parte sem que seja conferido ao jurisdicionado a
possibilidade de sua revisão.
O duplo grau de jurisdição existe por dois motivos de ordem prática: 1) Possibilidade
de erro do magistrado prolator da decisão; 2) Possibilidade de inconformismo da parte
55
recorrente – ou seja, mesmo que os juízes profiram uma sentença irretocável processualmente,
a parte pode ter outra visão material da decisão.
Chama-se poder dispositivo a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus
direitos. Em direito processual tal poder é configurado pela possibilidade de apresentar ou não
sua pretensão em juízo, bem como de apresentá-la da maneira que melhor lhes aprouver e
renunciar a ela ou a certas situações processuais. Trata-se do princípio da disponibilidade
processual.
O Judiciário é inerte (inércia da Jurisdição), não podendo instaurar uma demanda, por
iniciativa própria, isso porque “o direito de ação, sendo o direito de provocar a jurisdição por
meio do processo, é disponível, cabendo somente ao interessado decidir se o exercerá no caso
concreto” (NEVES, 2011, p. 14).
Encontra-se previsto no art. 2º do CPC, que dispõe que “o processo começa por
iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial”, o que significa que, após iniciada a
demanda, cabe ao juiz zelar por seu prosseguimento, garantindo seu desenvolvimento,
independentemente de vontade ou provocação das partes.
Para que o processo tenha legitimidade democrática, é preciso que o juiz atue de
forma imparcial, ou seja, não exibir-se de forma tendenciosa para qualquer das partes.
No âmbito do Direito Processual, a figura do juiz desempenha um papel relevante na
administração da justiça. Um dos princípios basilares que regem o exercício da magistratura e
a condução de processos judiciais é o princípio da imparcialidade do juiz. Este princípio é
essencial para garantir a equidade e a confiança das partes no sistema judicial. Por isso, o juiz
deve estar livre de qualquer preconceito, favoritismo ou influência externa que possa
comprometer sua objetividade na análise dos fatos e na aplicação da lei.
Para garantir a efetiva aplicação desse princípio, o ordenamento jurídico prevê
mecanismos que abordam situações em que a imparcialidade do juiz pode estar
comprometida. Dois desses mecanismos são o impedimento e a suspeição, que servem para
58
evitar que juízes envolvidos em situações específicas atuem em processos nos quais sua
imparcialidade possa ser questionada.
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no
processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,
funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento
como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou
membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro,
ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa
jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer
das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha
relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu
cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por
advogado de outro escritório; (Vide ADI 5953)
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
(...)
Nessas hipóteses, em razão da responsabilidade das partes por dano processual, a parte
que litiga de má-fé poderá ser condenada ao pagamento de multa de 1 a 10% do valor da
causa, devendo ainda indenizar a parte contrária por todos os prejuízos que tiver sofrido,
incluindo honorários advocatícios e despesas processuais.
60
6.12 Cooperação
Dispõe o art. 6º do CPC que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si
para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.”
Não se imagina que haverá uma verdadeira confraternização entre as partes, mas sim
que os sujeitos processuais ajam com retidão em todas as etapas do procedimento, de modo a
possibilitar uma comunicação e colaboração capazes de conduzir o procedimento, sem
interferências.
permitir que se alcance, ao final, a análise do mérito, ou seja, do pedido formulado na peça
inicial.
62
7 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Para que um processo exista, exigem-se algumas condições mínimas: uma correta
propositura da ação, feita perante uma autoridade jurisdicional, por uma entidade capaz de ser
parte em juízo. A ausência de tais pressupostos ocasiona a inexistência do processo e, por
consequência, a invalidade de todos os atos que forem praticados.
a) Órgão investido de jurisdição: Para que o processo exista é preciso que haja um
órgão investido de jurisdição, ou seja, um órgão com poder de julgamento, sem o qual não se
poderá falar em processo.
b) Demanda: Para que nasça o processo, é preciso que haja um ato que instaure o
processo perante o órgão jurisdicional (petição inicial), que haja um requerimento inicial da
parte pleiteando a prestação da atividade jurisdicional, tendo em vista que o juiz jamais
poderá começar o processo sem qualquer provocação.
c) Capacidade de ser parte: É a aptidão de ser parte em um processo, personalidade
processual, confunde-se com a capacidade civil. Assim, dispõe o art. 70 do CPC: “Toda
pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.”
Os absolutamente incapazes, ou seja, os menores de 16 anos, devem ser representados
por seus pais ou representantes legais e os relativamente incapazes devem assistidos por seus
pais ou representantes legais (art. 71, CPC).
Outras hipóteses de representação processual encontram-se previstas no art. 75 do
CPC:
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
63
As partes incapazes sem representante legal, o réu preso ou revel serão representadas
por curador especial, nomeado pelo juiz, nos termos do art. 9º do CPC.
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste
colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora
certa, enquanto não for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública,
nos termos da lei.