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AULA 1 – CONFLITO DE INTERESSES E CONFLITOS CORRELATOS – DA

AUTOTUTELA À JURISDIÇÃO

1. Processo como caminho/meio para resolução de conflitos


2. Conflitos de interesses:
a) Autotutela: ausência da figura do Estado. Os conflitos eram
solucionados pelas próprias partes, sem a intervenção de um terceiro
para buscar a solução.
Estado natural – homem como auto-garantidor de seus direitos.
No Brasil, atualmente, ainda há formas de autotutela de direitos,
conhecida como meios de autodefesa, como greve, prisão em
flagrante por cidadão comum e legítima defesa. Todavia, qualquer
extravagância desse meio de defesa, pode importar em crime (art.
345 CP – exercício arbitrário das próprias razões)
b) Autocomposição: forma pela qual as partes ajustam suas vontades,
podendo haver necessidade de que uma ou ambas as partes cedam
em certa medida.
Exs: Negociação – acordo entre as partes;
Conciliação – acordo entre as partes por intermédio de um
terceiro, que expõe a matéria, mas não opina;
Mediação – acordo celebrado entre as partes, na presença de
um mediador que intervirá nas propostas (Lei n.º 13.140 de 26 de
junho de 2015);
Desistência – renúncia à pretensão;
Transação – concessão recíproca de direitos.
c) Jurisdição: Dizer o Direito. Presença do Estado.

“Se é certo que a jurisdição, no final do século XIX, encontrava-se


totalmente comprometida com os valores do Estado liberal e do
positivismo jurídico, passa a importar agora a relação entre esses
valores e a concepção de jurisdição como função voltada a dar
atuação aos direitos subjetivos violados” (MARINONI, Luiz
Guilherme. Novo Curso de Processo Civil. p. 38)
“Consiste na substituição definitiva e obrigatória da atividade
intelectual ao só das partes, mas de todos os cidadãos, pela
atividade intelectual do juiz, ao afirmar existente uma vontade
concreta da lei em relação às partes” (CHIOVENDA, Giuseppe.
Principios del derecho procesal. p. 365)

“Jurisdição como função de justa composição da lide, entendida


como o conflito de interesse qualificado pela pretensão de um pela
resistência de outro interessado” (MARINONI, Luiz Guilherme. Novo
Curso de Processo Civil. p. 42)
AULA 2:
A JURISDIÇÃO NO ESTADO CONSTITUCIONAL
DIREITO PROCESSUAL CIVIL NO BRASIL. O NOVO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL

Jurisdição – vem do latim jurisdictio, que significa “dizer o direito”

Mas a quem cabe dizer o Direito? Ao Estado.

Como é exercida a jurisdição no Estado Constitucional?

“A garantia jurisdicional da Constituição – a jurisdição Constitucional – é um


elemento do sistema de medidas técnicas que têm por fim garantir o exercício
regular das funções estatais. Essas funções também têm um caráter jurídico:
elas consistem em atos jurídicos” (KELSEN, Hans. Jurisdição Constitucional. p.
123/124.)

 Legislação: Poder Legislativo


 Execução: Poder Judiciário

Constituição como norma Soberana – princípio da Supremacia da Constituição.

Lei Normas Fundamentais

Normas Fundamentais Lei

Comparação da Jurisdição nos Códigos de Processo Civil de 1973 e de 2016.

Art. 1º do Código de Processo Civil de 1973:

“A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o


território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece”

Art. 1º do Novo Código de Processo Civil:


“O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os
valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República
Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código”

Correspondência do art. 1º do CPC/73 no CPC/16 está no art. 16, Livro II,


Título I – Da jurisdição e da Ação

“Art. 16: A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o
território nacional, conforme as disposições deste Código”
AULA 3 – MODELO CONSTITUCIONAL DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Princípio da Supremacia da Constituição sobre todos os demais ramos do


Direito
Constituição como “modo de ser do direito processual civil”.
Constituição como “forma de exercício do Poder Estatal”.
 Plano técnico do processo – reflexo da Constituição, forma de
concretização, de aplicação e de realização dela.
 Plano teleológico do processo – processo aplicado e interpretado
conforme o modelo constitucionalmente estabelecido, com os olhos
voltados à realização concreta de valores e situações jurídicas que são e
ele exteriores.
Definição de processo sob o viés constitucional: “método de manifestação do
Estado Democrático de Direito e que, por isso mesmo, ao solucionar os
conflitos são levados ao Estado-juiz, o processo viabiliza o atingimento de duas
finalidades ao mesmo tempo”
1ª – satisfação dos litigantes mediante o reconhecimento e a atuação do direito
controvertido;
2ª – o atingimento dos objetivos do Estado, prestacionista por definição, com a
realização dos valores e ideologias que caracterizam e justificam a sua própria
razão de ser.
Quatro grupos de modelo processual constitucional
1. Tutela constitucional do processo: princípios e garantias
constitucionalmente consagradas e impostas como modo de
institucionalizar critérios e parâmetros democráticos, dos quais não se
pode afastar a lei infraconstitucional e segundo os quais os magistrados
pautarão suas decisões e a própria interpretação dos direitos.
Princípios constitucionais do processo, que integram, rigorosamente, o
que pode ser chamado de “modelo constitucional do processo civil”.
 Direitos fundamentais: normas invioláveis previstas na Constituição
Federal. Art. 5º da CF. São direitos multifuncionais: defesa (cidadão) e
prestações (Estado). As leis têm sua validade circunscrita aos direitos
fundamentais.
2. Normas voltadas a disciplinar específicos modos de exercício de tutela
jurisdicional: são procedimentos constitucionalmente diferenciados,
voltados à manter a harmonia do Estado Democrático de Direito.
Exs: mandado de segurança (art. 5º, LXIX); ADI (art. 102, I, a);
pagamentos pelo Estado (art. 100), entre outros.
3. Organização da Justiça: normas relativas à organização do Poder
Judiciário (arts. 92 e ss)
4. Funções essenciais da Justiça: normas que se voltam ao “modo de ser”
das instituições destinadas, desde o nascimento da Constituição, a
exercer e colaborar, no sentido amplo, com o exercício da função
jurisdicional, bem como com a administração da justiça, para o
atingimento das finalidades fundamentais do Estado (art. 3º)
Exs: magistratura, Ministério Público, Advocacia e Defensoria Pública
(arts. 127 e ss)

Diante disso, é possível afirmar que o Direito Processual funciona como


instrumento do direito material?
Sim. Prestação jurisdicional adequada às necessidades do caso concreto.
AULA 4 – DIREITO PROCESSUAL CIVIL: CONCEITO, AUTONOMIA, RELAÇÃO
COM OS DEMAIS RAMOS DO DIREITO
DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL: DISTINÇÕES PERTINENTES

A) Conceitos de Direito Processual Civil:

“Ramo do Direito que estuda o conjunto de normas e princípios que regulam a função
jurisdicional do Estado em todos os seus aspectos e que, portanto, fixam o
procedimento que se há de seguir para obter a atuação do direito positivo nos casos
concretos, e que determinam que as pessoas que devem submeter-se à jurisdição do
Estado e os funcionários encarregados de exercê-la” (CÂMARA, Alexandre de Freitas.
Lições de Direito Processual Civil. p. 5)

“É o ramo do direito que contém as regras e os princípios que tratam da jurisdição civil,
isto é, da aplicação da lei aos casos concretos, para a solução dos conflitos de
interesses pelo Estado-Juiz.” (GONÇALVES, Marcos Vinicius Rios. Direito Processual
Civil Esquematizado. p. 37)

B) Direito processual civil como ramo do direito público.

Juiz
Autor
Réu
Obs: a relação civil entre duas pessoas, pode ser privada. Mas, quando posta em
juízo, forma uma nova, de cunho processual, que pertence ao direito público.

C) Direito Material e Direito Processual:


 Relação de Direito Material:

A R

 Relação de Direito Processual


J

A R
Direito material: as normas de direito material indicam quais são os direito que cada
indivíduo possui. Trata-se de um interesse primário do titular do direito;
Direito processual: as normas de direito processual são instrumentais e servem para
que o titular do direito material violado socorra-se ao Estado Juiz para buscar o
resguardo de tal direito. Não é uma norma que se esgota em si mesmo, mas é um
instrumento utilizado para fazer valer o direito desrespeitado.

Direito Processual como instrumento a serviço do Direito Material


Direito Processual como meio indispensável de atuação do Estado para atingimento
do escopo da jurisdição

D) Processo Civil e demais ramos do direito.


1. Processo civil e direito constitucional
2. Processo civil e processo penal
3. Processo civil e direito penal

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