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O que é o direito?

O Direito é a integração daquilo que é do interesse de todos. Direito e interesse surgem em


normas base no nosso ordenamento jurídico.O Direito surge no sentido de direitos
subjetivos.Está para além das leis.

O que é interesse?

É a proteção direta de indivíduos. Esta proteção é direta porque é conferida a quem pode
arrogar titularidade de direito.Noutros casos, os interesses têm conexão mais distante com
os objetivos da lei e já não merecem tutela no plano indemnizatório. O artigo 268.o no4 da
Constituição expressa mais uma contraposição entre direito e interesse

Direito objetivo: Direito como ordem jurídica (ou um sistema) composta por um conjunto de
normas jurídicas válidas num dado momento histórico e num território determinado, normas
que designadamente atribuem direitos subjetivos e reconhecem interesses. Direito
português é um direito em sentido objetivo

Direito subjetivo: Direitos e facilidades para que as pessoas sigam os seus fins próprios,
ou seja, exposições jurídicas que são atribuídas individualmente.

Metodologia jurídica

A metodologia não dá informações diretas sobre o conteúdo das normas, mas sobre o
método que deve ser seguido para apurar esse conteúdo, ou seja, quer conhecer o caminho
para atingir um fim e não conhecer diretamente esse fim.

Doutrina relativa ao método da aplicação do direito: ocupa-se do método de


interpretação de normas já formuladas;

Doutrina relativa à criação do direito, na medida em que esta possa ser configurada:
enquanto atividade deliberada e intencional, como sucede na legislação, onde estão em
causa aspetos prospetivos, criativos e estratégicos da atividade jurídica, desde a
elaboração de contratos à logística.

Ordenamento jurídico: dimensão hierárquica das normas do direito de um Estado, dotada


de unidade, coerência e completude; conjunto de normas.

Direito Público: Direito que regula as relações dos órgãos do Estado e desses com os
cidadãos. Direito público: Direito que regula as relações dos órgãos do Estado e destes
como cidadãos, ou seja, pelo menos um dos sujeitos é público, rege-se pelo interesse do
Estado, que se encontra em posição de supremacia.

Direito privado: ordenamento jurídico que reage aos interesses particulares. Direito
privado: ordenamento jurídico que rege os interesses dos indivíduos, encontra-se em
posição de igualdade, pois todos os sujeitos são particulares.

Tanto o Direito público como o privado têm vários critérios que o explicam:
Critério de interesses:

*Direito público: interesses do Estado


*Direito privado: Interesses dos próprios indivíduos

Critério da qualidade dos sujeitos:

*Direito público: pelo menos 1 dos sujeitos é público


*Direito privado: Ambos os sujeitos são particulares

Critério da posição dos sujeitos:

*Direito público: sujeito com posição de supremacia


*Direito privado: posição de igualdade

Estas diferenciações originam as variações dos ramos de Direito:

O Direito Público e o Direito Privado incluem também os Direitos Comuns e os Direitos


Especiais, bem como o Direito Substantivo (trata do conteúdo das relações jurídicas) e o
Adjetivo (trata dos litígios em relação a estas relações e como são tratados nos tribunais).

Funções do direito:

- O direito é o ponto de equilíbrio entre as exigências da sociedade e a atuação livre


do indivíduo.
- Tem funções de paz e controlo social na relação entre o Estado e os cidadãos. –
Relação cidadão- estado
- Paz e controlo social nas relações entre indivíduos. - Relação cidadão- cidadão
- Proteção de valores materiais.

Direito internacional:

Direito Internacional Convencional: resulta de convenções, tratados. Estas normas


vigoram no ordenamento jurídico português, se forem regularmente aprovadas, enquanto o
Estado estiver vinculado internacionalmente. Em certas circunstâncias, estas normas
podem ser afastadas por violarem a própria constituição (artigos 277.o, 278.o e 280.o da
Constituição). Mesmo que o Tribunal Constitucional ache que a norma vá de encontro com
a Constituição, o Estado não deixa de estar vinculado internacionalmente.

Direito internacional publico: Estados com relações entre si; abrange também
organizações e, por vezes, sujeitos particulares.

Direito da união europeia: Evolução do direito internacional público. Organizações feitas


por Tratados, competentes para criar direito

Direito internacional privado: direito de conflitos. Está regulado por convenções entre
Estados e disposições do Código Civil (a partir do artigo 14.o

Princípio da dignidade humana: É uma qualidade inerente ao ser humano, que o protege
contra todo tratamento degradante e discriminação odiosa, o assegurando condições
materiais mínimas de sobrevivência. Trata-se, portanto, de um atributo que o indivíduo
possui, inerente à sua condição humana, não importando qualquer outra condição referente
à nacionalidade, opção política, orientação sexual, credo etc. Cabe ao Estado proteger a
dignidade humana, tal como o artigo 1.o da Constituição o diz.
Fórmula do objeto: a pessoa nunca pode ser tratada como mero objeto e deve ser sempre
tratada com um fim em si mesma; A dignidade surge como um valor absoluto, insuscetível
de ser comprimido por outros valores.
Há autores que defendem que a dignidade não é um princípio de direito objetivo inviolável,
mas é um princípio positivado pelo direito. É uma norma de direito subjetivo e significa que
é algo que pode ser ponderado com outros princípios e direitos. É suscetível de ponderação
por ser um direito subjetivo. A dignidade humana é um princípio sujeito a ponderação em
caso de conflito com outros valores o princípios.

Princípio da igualdade de estado: Consagrado no artigo 2.o da Constituição. Há um


acordo relativo ao conteúdo do Estado de Direito

Para uns o Estado de Direito é um conjunto de princípios a que se sujeita uma realidade
prévia que é o Estado como poder político;

Para outros o Estado é desde o início conformado com normas jurídicas.

Igualdade: Está consagrada no artigo 13.o Constituição. Há uma ideia de igualdade a nível
proporcional, porém há problemas a aplicar esta ideia. Há uma ideia mais radical que nos
diz que a igualdade não é só isto, é também fazer com que as pessoas sejam iguais em
todos os planos possíveis.

A primeira é mais digerível que a segunda ideia e esta última pode ter conotações extremas
totalitárias, em certas situações

Liberdade: Direito de ninguém se intrometer na nossa vida.

Democracia: Como nos atuais estados é impossível concretizar a democracia direta, hoje
temos uma democracia representativa pela eleição de deputados que se reúnem em
assembleia. Muitos dizem que a perspetiva correta é a democracia exercida diretamente e a
representativa é apenas um sucedâneo. Outros dizem que a democracia direta é impossível
atualmente.

Direito objetivo: Direito como ordem jurídica (ou um sistema) composta por um conjunto de
normas jurídicas válidas num dado momento histórico e num território determinado, normas
que designadamente atribuem direitos subjetivos e reconhecem interesses. Direito
português é um direito em sentido objetivo.

Direito subjetivo: Direitos e facilidades para que as pessoas sigam os seus fins próprios,
ou seja, exposições jurídicas que são atribuídas individualmente.

Argumentos
Argumento a contrário: tipo de argumento mediante o qual se defende que a regulação de
uma determinada situação de facto por parte da lei implica uma regulação em sentido
negativo da mesma, ou seja, excluindo outras situações de facto por ela não literalmente
abrangidas.

Argumento analógico: como o tipo de argumento que, no quadro do desenvolvimento do


direito ou da interpretação jurídica, permite justificar a extensão da regulação de uma
determinada situação a outras situações, com base na existência de semelhanças entre
ambas. O argumento analógico exclui em qualquer das suas modalidades o argumento
contrário e que, no quadro da interpretação, justifica a interpretação extensiva.

Argumento por maioria de razão: Se uma lei prevê uma determinada regra para uma
determinada situação, então, deve prever a mesma regulação para uma situação que seja
mais grave, mais evidente a necessidade dessa regulação.

É a partir daqui que se diz que a lei que permite o mais permite o menos, a lei que proíbe o
menos proíbe o mais.

Coloca-se no plano valorativo, tem duas dimensões possíveis:

➢ Sempre que eu tenho uma lei que permite fazer uma coisa, também posso ter algo por
isso;

➢ É inverso: Se eu proíbo uma ação, não estou necessariamente a proibir algo menor que
essa ação.

Argumento pelo absurdo: serve para demonstrar que determinada norma interpretada de
uma certa forma conduz a um absurdo.

Argumento económico: não devemos interpretar uma norma num sentido que faça
coincidir com outra norma já existente no sistema, quando a interpretamos devemos sempre
encontrar um sentido específico da norma que não se limite a seguir a mesma interpretação
que outra. Implica a utilização do elemento sistemático.

Argumento da autoridade: atribuímos um sentido normativo a uma disposição porque


alguém dotado na matéria já o fez, e apenas por essa razão.

Argumento naturalista: consiste em sobrepor a um enunciado normativo um outro


enunciado que resulte de raciocínios próprios de ciências descritivas.

Argumento equitativo: leva a evitar soluções que sejam arbitrárias ou decenárias.

Argumento com base nos princípios jurídicos: Pode ter duas formas
1a forma: A partir de várias disposições que existem numa lei, extraímos por indução um
princípio, aplicando-o a situações análogas.
2a forma: Quando interpretamos uma ordem devemos fazê-lo procurando maximizar
princípios que já estejam num direito.

Argumento da legitimação dos meios pelos fins: Não diz que os meios justificam os fins,
mas sim que se um fim é legitimo então deve de haver um meio também legitimo para
perseguir esse fim.

Operação analógica: uma operação de estabelecimento de semelhanças entre casos ou


situações, a qual pode ser utilizada, por exemplo, no contexto da integração de lacunas.
Hierarquia normativa entre normas produzidas por lei e normas produzidas por decreto-lei
Inexiste uma hierarquia normativa entre normas produzidas por lei e normas produzidas por
decreto-lei em virtude do disposto no n.º 2 do artigo 112.º da Constituição da República
Portuguesa.Explicitar a diferença entre a hierarquia e a subordinação, fornecendo como
exemplo a relação entre leis de autorização e decretos-leis autorizados e entre leis de
bases e decretos-leis que as desenvolvem.

Analogias
Analogia da lei (Analogia legis): corresponde á aplicação de uma solução normativa
contida numa disposição isolada a uma situação de facto não regulada por ela, sempre que
no caso omisso procedam as razões justificadas subjacentes ao previsto na lei, ou seja,
perante um caso omisso, existindo outro semelhante que esteja regulado pela lei, aplicamos
a sua regulamentação no caso omisso.

Analogia do direito (analogia iuris): a partir da abstração de um princípio a partir de um


conjunto de regras (método indutivo de descoberta de princípios jurídicos), através do qual
se procede á resolução do caso, ou seja, a partir de diferentes regras vamos obter por
indução o princípio jurídico depois podemos aplicar em casos omissos.

*Doutrina: Miguel Teixeira de Sousa entende que quando se consegue extrair do


ordenamento jurídico um princípio material que resolva o caso omisso não existe qualquer
lacuna, pelo que pode ser feita a sua integração. São as opiniões dos especialistas em
determinadas questões jurídicas; orientações maioritárias sobre determinados assuntos.
Clarifica modos de produção normativa que são alcançados de outra forma, não é uma
fonte imediata de direito, mas sim mediata. A sua valia jurídica é extrínseca, não tem uma
autoridade própria, mas tem apenas a autoridade que a bondade dos seus argumentos
permite. Ninguém está obrigado a seguir uma doutrina como, por exemplo, se tem de seguir
a lei, por isso se diz que não é determinadamente uma fonte de direito, muito menos uma
fonte imediata, mas tem a importância de ajudar a resolver problemas jurídicos pelos
tribunais e muitas vezes pelo próprio legislador.

Interpretações

Interpretação e aplicação
É através das regras de interpretação que aprendemos a pensar como juristas. Quando se
fala de interpretação existem dois sentidos possíveis:

→Interpretação em sentido estrito: Fixar o sentido das palavras utilizadas pelo legislador,
olhar para um texto legislativo e partir dele reconstruir a norma incita nesse texto, as
palavras do legislador são o limite para a resposta dos casos.

→Interpretação em sentido amplo (para além da letra da lei): Desenvolvimento da lei e do


direito para além do sentido possível das palavras usadas pelo legislador para encontrar
resposta para casos concretos.
Exige um esforço adicional de justificação forte porque se de facto estou a encontrar uma
solução para um caso que não tem correspondência na letra da lei, estou a exceder os
limites da lei;

Tem limites previstos na constituição que não existem em sentido estrito, porque em sentido
estrito estamos a respeitar as palavras do legislador; Atualmente é sempre necessário
interpretar a lei mesmo que ela nos pareça clara, para chegar a essa conclusão temos de a
interpretar. O sentido das palavras utilizadas pelo legislador é muitas das vezes diferente do
sentido comum que atribuímos às palavras, só esse facto demonstra a importância de
interpretamos a lei

Qual é o objeto da interpretação? O texto.

Não é inteiramente correto porque quando interpretamos normas, não interpretamos apenas
o texto, porque surgem sempre problemas concretos que não estão contidos no texto. Esse
objeto é identificado, como um diálogo entre dois aspetos que fazem o objeto da
interpretação. A norma jurídica não é o texto, mas é obtida a partir dela, para além disso, as
palavras da lei são incertas, pois as leis não são redigidas com base numa linguagem
formal.

Qual é o propósito do intérprete? / Fins da interpretação


Existem 4 respostas possíveis:
→Subjetivismo: O fim da norma é descobrir a intenção do legislador;
→Historicismo: Interpretar a norma como quando foi criada;
→Objetivismo: Sentido objetivo da norma;
→Atualismo: Interpretar a norma é descobrir o seu sentido atual;

Subjetivismo e Historicismo: relacionam-se na medida em que procuro o sentido que o


autor da norma tinha em mente quando a criou- Combinação mais comum

Subjetivismo e Atualismo: relacionam-se na medida em que querem descobrir a vontade


do autor da norma se ele tivesse em atenção as condições atuais.

Objetivismo e Historicismo: relacionam-se na medida que posso querer descobrir o


sentido objetivista da norma quando foi criada.

Objetivismo e Atualismo: relacionam-se na medida que posso querer descobrir o sentido


objetivista da norma quando a aplicar - Combinação mais comum

No artigo 9 cc há alusões às duas orientações, objetivas e subjetivistas.

Alusão à teoria subjetivista: quando se diz que a interpretação deve reconstruir a partir do
texto o pensamento legislativo. Não se diz pensamento do legislador ou pensamento da lei;
Alusão ao historicismo: deve ter em conta as circunstâncias em que a lei foi elabora;

Alusão ao atualismo: condições específicas do tempo em que é aplicada.

Qual é a orientação que devemos seguir entre objetivismo e subjetivismo?

O subjetivismo deve ser integrado no objetivismo, ou seja, a vontade do legislador é


revelante, mas é revelante como razão que deve ser ponderada atendendo á legitimidade
do legislador.Já não será revelante se por subjetivismos se entender querer recuperar o
sentido da norma, o único sentido possível seria identificado com a vontade do legislador.O
sentido da norma só pode ser aquele que o legislador entender.

Modalidades da interpretação:

Se eu posso interpretar a lei também a posso alterar, uma lei pode interpretar outra lei não
há verdadeiramente interpretação, pode dizer que está a interpretar a lei, mas está a
alterá-la 112/ 5 artigo cc.
Interpretação doutrinal: verdadeira interpretação, feita pelos juristas; interpretação cuja
força persuasiva resulta da fundamentação das rações em que se baseia;

Interpretação autêntica: feita pelo próprio autor da norma;

Interpretação judicial: está a meio caminho entre a doutrinal e autêntica. O juiz não pode
alterar a lei, mas interpretação que ele faz tem uma força vinculativa às partes que estão
sujeitas à decisão pelo juiz;

Interpretação expositiva: interpretação encontrada nos manuais quando se expõe a


matéria e se interpretam as normas cujo objeto é expor o texto da lei em termos que
permitam facilitar a aprendizagem de o aprender;

Interpretação prescritiva: pretende resolver o caso concreto, interpretação no sentido


pleno da palavra, parte da lei com o objetivo de resolver o caso prático;

Interpretação particular: feita por quem não entende nada da lei.


Elementos da interpretação:
→O elemento literal: O texto, as palavras. É o mais importante;
→O elemento sistemático: O contexto;
→O elemento histórico: Considerar na interpretação o que estava antes para
compreender oque eu está depois;
→Elemento teleológico: elemento que visa dar importância ao fim da norma;
Tem um problema: às vezes é difícil saber qual o objetivo da norma. Todos os elementos
apontam para o mesmo resultado, ou não.

Quando o elemento literal é ambíguo, mesmo que recorramos aos outros não teremos um
mesmo resultado. O elemento literal é o mais importante pois recorremos a ele é o ponto de
partida e o ponto de chegada quando a interpretação é feita em sentido restrito dos
restantes elementos interpretativos. Começamos com as palavras do legislador, recorrendo
aos outros elementos de interpretação, mas não podemos recorrer de tal forma que se
afaste do que o legislador disse (art9/2).
Elemento sistemático

É seguro porque uma solução normativa no sentido de uma lei, se temos 2 sentidos
possíveis para uma lei se um deles não é compatível com o contexto da lei temos de o
afastar. Se tivermos dúvidas temos de escolher o sentido da lei que se atoniza como as
outras leis ou disposições constituídas em torno das que estamos a formas. Se uma lei tiver
diversos sentidos e um for incompatível com a constituição, então temos de o afastar

Elemento histórico

Tem 3 dimensões:
1. Quando quero interpretar uma lei e tenho dúvidas, devo consultar os precedentes
legislativos, as leis anteriores;

2. Estudos preparatórios realizados pelos autores que são mais significativas e tem uma
estrutura mais científica

3. Caso legis: Circunstância histórica que motivou a analise do legislador

Elemento literal
Surge no artigo 9, este elemento é o limite de toda a interpretação em sentido estrito.
Compreende a aspetos puramente descritivos e normativos utiliza a língua portuguesa com
as mesmas regras gramaticais e sentido geral das palavras, ou seja, uma linguagem
corrente.Para resolver as ambiguidades, os filósofos do direito usam várias estratégias e
classificações, por exemplo:

Distinção entre:

• núcleo (realidades que sabemos que são designadas pelas palavras do legislador)

• periferia do conceito (quando a certeza se vai diluindo);

• Candidatos positivos á aplicação da lei: temos a certeza que a lei se aplica naquele
caso

• Candidatos negativos á aplicação da lei: temos a certeza que não se aplica

• Candidatos neutros á aplicação da lei: não temos a certeza que se aplica ou não

É graças aos candidatos neutros que recorremos aos outros elementos.

Conceitos normativos: não se limitam a descrever a realidade, mas permitem que a


realidade se vincule ao que neles está abrangido;

Em suma, as palavras usadas pelo legislador são uteis como fonte de partida, tendo de usar
o elemento literal de modo a controlar o recurso ao elemento extraliterário, contudo, quando
o elemento literal é ambíguo, este perde a sua importância e temos de recorrer aos outros
elementos de modo a interpretar a norma.

Elemento teleológico:

Atende á finalidade da lei, e, visa libertar o intérprete de uma subordinação cega e


formalista à letra da lei.

Este elemento tem dois critérios:

→ Critério teológico-subjetivo: procura apurar qual o fim que o legislador histórico teve
em vista ao adotar a lei; conhecer a realidade para conseguir saber o que o legislador
entende;

→ Critério teológico-objetivo: procura apurar qual o fim da disposição legislativa “aqui e


agora”. Princípios éticos jurídicos para saber o fim da norma.
Problema do elemento teleológico: é fácil compreender o que significa o legislador
perseguir determinados objetivos com a adoção de uma determinada norma, parece,
contudo, incompreensível pretender que a própria lei tenha objetivos de atuação de alguém.

Operação da interpretação:uma operação de determinação dos significados das


formulações normativas, não deixando de indicar tanto o objecto (e discussão existente a
esse respeito) quanto o resultado da interpretação.

Interpretação conforme com a Constituição: não poder ignorar os demais elementos


interpretativos, os quais configuram pressupostos da mesma, e de configurar uma regra ou
princípio de prioridade entre os vários resultados interpretativos.
Interpretação orientada pela Constituição: Em certos casos,nomeadamente as
disposições legislativas carecidas de concretização judicial, não é possível ao Tribunal
Constitucional proceder a uma interpretação conforme no quadro do controle de
constitucionalidade, nesses casos, no entanto é possível uma interpretação orientada pela
constituição, no quadro do elemento sistemático, a ser realizada pelos tribunais comuns ou
mesmo pelo Tribunal Constitucional.

Interpretação declarativa: o interprete chega quando todos os elementos da interpretação


convergem no mesmo sentido, o elemento literal conduz à mesma interpretação que os
extras literal.
Existem ainda três tipos de interpretação:

➢ Interpretação declarativa lata:

➢ Interpretação declarativa media:

➢ Interpretação declarativa restrita:

Interpretação extensiva: ocorre quando o resultado da interpretação, revelado pelos


elementos extraliterais da interpretação, é mais amplo do aquilo que aquilo que resultaria
em termos estritos do elemento literal, embora o referido resultado tenha ainda na letra da
lei um mínimo de correspondência verbal (ao contrário do que ocorre na extensão
teleológica).

Interpretação restritiva: (O sentido literal é mais amplo que o real). Os sentidos literais das
palavras têm de ser restringidos para coincidir com os elementos extra literais, ocorre no
quadro do linguisticamente admissível.

Interpretação corretiva: verifica-se quando o sentido real da lei é afastado, modificado ou


corrigido pelo intérprete, com fundamento na injustiça ou inoportunidade, ou seja, o
legislador não teria legislado aquela norma se tivesse previsto o seu resultado.

Interpretação ab-rogante lógica: não há norma no texto da lei, não é possível retirar um
enunciado normativo, uma norma jurídica, com sentido útil, pode acontecer nestas
situações.

*As palavras não fazem sentido gramatical

* A lei remete para outro regime que não existe *Na mesma lei existem regimes contrários

Interpretação ab-rogante valorativa: acontece em situações que o intérprete procura


resolver uma incompatibilidade valorativa entre dois preceitos. Pode acontecer nesta
situação:

*O legislador legislar duas normas sobre a mesma cujo

Lacuna
Ocorre quando uma situação devia ter uma norma reguladora de acordo com a ordem
jurídica, mas esta não existe naquele caso. Temos de perceber se se trata de um espaço
livre de direito ou se é contraria ao plano da própria ordem jurídica.

Existem 2 perspetivas:

O sistema é completo e autossuficiente, não existem lacunas.


Quando falamos em lacunas estamos a falar de lacunas que tenham a ver com a ausência
de atos normativos e temos de falar em lacunas dos atos legislativos, não normativos.
Assim sendo, o sistema é completo a nível normativo

Quais é que são as modalidades de lacunas?

Lacunas genuínas: lacunas que se detetam na própria revelação do legislador


Lacuna teleológica: detetamos pelo fim da disciplina legal
Lacuna oculta: está associado á ideia de redução teológica, só descobrimos quando
reduzido o âmbito de aplicação de uma norma;
Lacunas iniciais: existe desde o momento em que a norma é criada;
Lacuna subsequente: ocorre quando em virtude do desenvolvimento tecnológico e
económico surgem informações que não estão contempladas na letra da lei;
Lacunas consciente: quando o legislador propositadamente não quer legislar sobre uma
vertente porque ainda anão tem segurança para o fazer;
Lacuna inconsciente: o legislador não se apercebe que determinada matéria parece
revolução jurídica;
Lacuna de colisão: ocorrem quando duas normas dispõem de sentido contrário sobre a
mesma matéria;
Preenche-se as lacunas através da analogia

​ nalogia para integração de lacunas. Podem ter 2 formas:


A
​→ Analogia da lei: temos um caso omisso, há um outro caso semelhante que está
regulado pela lei, então vamos buscar a solução legal e aplicar ao caso omisso;
​→ Analogia do direito: A partir de diferentes regras vamos obter por indução o princípio
jurídico que depois podemos aplicar em casos omissos.

Proibições de analogia

Ordens excecionais: Essa proibição não pode ser dividida em termos literais, ou seja, não
se pode ler o artigo 11 e extrair a conclusão de que todas as normas excecionais não
admitem analogia, isso só acontece em exceções em sentido próprio, aquelas cujo as
rações de ser assentam uma unicamente nas vontades do legislador e não no
reconhecimento de um determinado princípio que justifique a analogia á regra geral nesse
caso já será possível a analogia.

Normas penais positivas: Normas que definem crimes ou medidas de segurança, essas
normas não são passíveis de analogia porque isso resulta de um princípio constitucional
está previsto no artigo 29/3 crp. Em suma, não é possível a analogia a partir de um crime.

Normas que definem os elementos essenciais do imposto: Aquela que está prevista para as
normas tributárias, as normas que determinam a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e a
garantia dos contribuintes à luz do disposto artigo 103 da crp. Estas normas não são
suscetíveis de aplicação de analogia, resulta alias do artigo 11 da lei geral tributária. Não
pode haver aplicação de analogia por razão de segurança e objetividade é evidente, está
em causa uma lei que cria um imposto é uma lei que cria um vínculo forte para os cidadãos
e eles tem de saber contar com os impostos no planeamento da sua vida. Se o fisco
pudesse por analogia aplicar normas tributárias a situações nelas não expressamente
contempladas, poria em causa a segurança do trafico jurídico.

Grupo de casos que escapam ao direito da lei

Envés de falarmos em direito de desenvolvimento da lei falamos de desenvolvimento do


direito. São estas as figuras que permitem uma expansão do direito para além da lei. Estão
previstos na lei no sentido em que a lei reconhece a sua impotência para disciplinar todas
as situações. Ao reconhecer prevê mecanismos que poderem permitir a solução do caso
concreto
Existem 2 tipos de mecanismos:

Institutos regulados pela lei como se sucede;

A lei utiliza conceitos que permitem uma grande margem de intervenção ao juiz.

O ponto principal é o reconhecimento pelo legislador a rigidez da norma abstrata tende a


ver válvulas de escape.

O grupo de casos são:


Norma que o intérprete quereria: artigo 10/3 cc o que fazer quando existe uma lacuna na
lei, mas não existe nenhum caso anal(?). Se houver uma lacuna, então o intérprete
preenche a lacuna através de uma norma que ele formula para o caso corneto como se
fosse o legislador a fazê-lo. O intérprete preenche a lacuna, mas nunca faz desaparecer a
lacuna.

Equidade: artigo 4 cc. A equidade é quando a lei remete para a equidade, então oque está
a dizer é que restringe totalmente do direito escrito e a solução é uma solução que se
basearia no caso em concreto, ou então, a equidade não prestinge do direito positivo, mas
sim de tudo o que é formal mantem tudo aquilo que é subjetivo. De acordo com o stor nem
uma nem outra é correta, porque a equidade é perante um caso omisso, nós entramos
numa posição que seja suscetível de generalização e é com base nessa solução que
resolvemos o caso concreto. Só há justiça quando pensamos numa forma de resolver o
caso que consigamos ascender para outras situações idênticas. O artigo 10/3 é a definição
de equidade, de acordo com o stor, temos de resolver um caso de forma que esta solução
pudesse ser universal.

Direito de necessidade: direito em que as normas rígidas não servem. Também aqui
temos de atender á especificidade do caso em concreto
Abuso de direito e as figuras da boa-fé: se aplicássemos rigidamente as normas não
havia qualquer ilícito, mas se considerarmos o fim elegido estabelecido pelo titular do direto,
então as normas tinham de ser interpretadas uma nova fez. O conceito de abuso de direito
introduz o conceito de boa-fé:

• Boa-fé: terá grande relevância no direito.

• Concretização de clausulas gerais, conceitos indeterminados e princípios jurídicos:

Casos em que se pretende ultrapassar/contornar os efeitos da rigidez abstrata:


Utilização pelo legislador de conceitos indeterminado que exigem ao juiz tendo em conta as
especificidades do caso concreto

Conceitos indeterminados: a sua determinação não pode resultar.

Concretização do direito para além da lei

O reconhecimento que lei tem certas matérias nas quais reconhece ser demasiado rígida,
criando institutos que permitam combater essa rigidez.

Casos em que a lei utiliza conceitos que dão uma grande margem de intervenção ao juiz
por isso confrontam com a necessidade de exercer um ato criativo quando aplica a lei,
dentro de limites do sistema em que se integra.

Cláusulas Gerais: em vez de haver uma regulamentação fechada, existe uma


regulamentação aberta.

Conceitos indeterminados: pode ser usado na cláusula geral e tem várias características
que impedem a sua utilização:

● Conceitos politécnicos: apresentam vários sentidos;

● Vaguidade: conceitos que admitem, para além de uma zona de certeza negativa e
positiva, ou núcleo, uma zona de incerteza ou periferia, em que se torna duvidoso se
o conceito é, ou não, aplicável;

● Porosidade: ocorre quando um conceito empírico se vê confrontado com novas


«experiências» ou «descobertas» não previstas pelo legislador;

● Conceitos de valor: a aplicação no caso concreto também pode ser altamente


questionável e conduzir a resultados diferentes quanto os seus aplicadores;

Prognose: o intérprete faz um juízo de antecipação sobre como a situação vai evoluir.
Ao usar estes conceitos, aquilo que parecia ser uma característica essencial da aplicação
da lei pelo tribunal, é posto em causa por que o Juiz quando aplica a lei tem de fazer uma
avaliação própria dos conceitos ao caso concreto, dando por esse motivo maior margem ao
juiz na aplicação do direito.
Uma primeira fonte de atribuição de poder ao juiz, poder que não pode ser como simples
utilização da lei, resulta do empregue de conceitos indeterminados e de clausulas gerais
Realidades que atribuem maior poder ao juiz:
Natureza das coisas: conceito que visa salientar que um legislador quando regula certas
matérias não pode deixar de ter em atenção as exigências próprias e específicas dessas
matérias.
Tipologia: Utilização ou formulação da lei sem recorrer a conceitos precisos que podem ser
definidos, mas recorrer a outra forma mais aberta de designar as realidades a que a lei se
aplica;

Circunstância de as leis usarem normas de estrutura de princípios envés de normas


que tem estrutura de regras:
→ Qualquer norma usada nas leis tem a estrutura ou de uma regra ou de um princípio, se
tiver a estrutura de uma regra significa que a aplicação dessa norma é uma questão de se
aplicar ou não.

→ A mesma norma pode ser formulada como uma regra ou princípio;

→ Não serve dizer que os princípios envolvem conceitos vagos enquanto as regras não;

→A ideia de determinabilidade é o mais importante, as regras dizem respeito a condutas


específicas enquanto os princípios dizem respeito a condutas inespecíficas e
indeterminadas, o que está em causa é uma aplicação daquilo que é possível em
ponderação com outros princípios.

Interpretar VS Aplicar a lei

Atualmente é necessário interpretar a lei para depois a aplicar, só interpretamos quando
estamos a resolver casos em concreto, a aplicação é parte da interpretação.
Interpretar e aplicar não é uma ideia uniforme
Segundo o método substantivo, as regras aplicam-se de acordo com a ideia de silogismo
(forma de raciocínio que parte do geral para o particular) judiciário, significa a ideia de que é
possível aplicar as normas passando de premissas gerais para chegar a uma conclusão
concreta. A dificuldade é que no direito estamos a reconduzir situações a normas, e isto
obviamente que muda tudo e torna a ideia de subsunção inviável, especialmente quando
está em causa conceitos indeterminados, clausulas, conceitos gerais, tipologias (...) então
de facto a aplicação da lei segundo o esquema substantivo torna totalmente impossível. A
conclusão que temos de reconhecer é que as formas de interpretação e aplicação do direito
não são uniformes. Há muitos modelos de aplicação do direito, certas normas podem ser
aplicadas segundo este método, outras já não podem, mas sobrepõem uma ponderação
para a aplicação no caso concreto. Estes reconhecimentos poem em causa certos
princípios básicos do ordenamento jurídico e do sistema constitucional: princípio da
separação de poderes (quanto mais autonomia o juiz tiver, mais ativo será no papel de
aplicar lei);

O juiz está a contribuir para o desenvolvimento de um projeto coletivo que começou muito
antes que ele e irá terminar após este.
Perspectivas
Perspectivas se distinguem do ponto vista daqueles que as adoptam (historiador do direito
ou sociólogo na perspectiva externa e juiz ou em geral aqueles que têm de resolver casos
concretos).
Perspectiva externa: o Direito pode ser encarado como um puro facto ou,
alternativamente, como um sistema de constituído por direitos, deveres ou outras posições
jurídicas alicerçadas em normas jurídicas vigentes e válidas que pressupõe, também, que
exista alguém que encare o Direito da perspectiva interna, em que o essencial é prescrever
condutas em determinadas circunstâncias.
Perspectiva interna: as afirmações sobre o direito, neste caso afirmações internas, podem
ser inteiramente comprometidas (que implicam a adopção e aceitação das regras por parte
de todos os destinatários e por diversas razões) ou afirmações em que aqueles que as
proferem aceitam o conteúdo do direito e das normas que nele se compreendem porque
fazem parte de uma determinada prática institucional, mas não presumem a aceitação pela
generalidade dos destinatários das normas.

Extensão teleológica: o procedimento através do qual se alarga o campo de aplicação de


uma norma com fundamento na sua teleologia a casos não literalmente abrangidos pelo
texto.

Redução teleológica: Reduzimos o elemento literal ultrapassando o mínimo de


correspondência verbal estabelecido no art. 9 C.C. Algo que caberia na letra da lei é
excluído para salvaguardar o fim da norma. Quando interpretada uma lei dela se retira uma
regra mais ampla o intérprete atendendo à finalidade da lei, vai restringir o sem âmbito de
aplicação para além do sentido literal. Não está em contradição com o art.9 2 C.C pois este
artigo rege à interpretação e aqui já não se trata da interpretação. Se é permitida a
aplicação analógica da regra, por se entender que a intenção normativa abrange o caso
omisso, também deve ser permitida a redução teológica, que é o procedimento inverso.

Costume: (Regras jurídicas que nascem da prática da sociedade) Parte do Direito


primário, imediata, mesmo que o C.C não o diga, tendo o mesmo valor que a lei. Não tem o
mesmo relevo quantitativo e qualitativo que a lei.O costume tem elementos fundamentais:
*É uma prática social reiterada
*Convicidade obrigatoriedade (Surge a dificuldade no requisito)

Tende a haver uma ideia de valor que justifique a prática reiterada. Se se pretender explicar
o surgimento do costume, deve-se ter em conta os 2 elementos.

Relação do costume com o código cívil


Tem de haver uma ideia de valor que justifique a prática reiterada. Se se pretender explicar
o surgimento do costume, deve-se ter em conta os dois elementos.
Algumas partes do código cívil fala apenas em usos, cujos a lei permitia a sua prática (art.3
do C.c). Há uma série de disposições do código que admite a relevância dos usos. Uma vez
fala-se de usos e outra de costumes. O costume para se formar não precisa do
reconhecimento da lei. O costume é fonte imediata mesmo que o código não o diga.
Uma coisa é aceitar o costume como uma coisa em si mesmo, outra é a lei, os tribunais
reconhecê-la. O costume é fonte de direito imediata independente do que a lei diz sobre
isso, mas os tribunais não estão vinculados, a apanhar sempre o costume.
Como se relaciona a lei e o costume?

*Contrário a lei: O costume pode afastar a lei, mas deve distinguir se o costume que afasta
de uma situação em que há desuso da norma legal, mas isto não põe termo a lei.

*Conforme a lei: não há dúvida em aceitá-los.

*Para além da lei: Se a lei for omissa, poderá aceitar-se

Objetivo/Material: Prática repetida

Subjetivo: convicção de obrigatoriedade, vínculo de que é jurídica

Norma VS Sistema

Norma
Configuram os significados desses enunciados, ou seja, constituem o conteúdo de dever
ser comportado por tais enunciados; acrescentar que inexiste, porém, uma biunivocidade
entre enunciado e norma, assim como uma explicitação da estrutura das normas.

Sistema
Todo ordenado das normas jurídicas e compreende duas dimensões.
Sistema externo: consiste na ordenação das normas jurídicas segundo pontos de vista
formais, com intuitos essencialmente expositivos. A compreensão deste é auxiliada pelo
conhecimento dos diferentes tipos de leis normalmente existentes numa determinada ordem
jurídica. // relação de contexto; intérprete só pode interpretar a lei depois de a ter
enquadrado no sistema mais vasto.
Sistema interno: princípio da consistência; consequência e postulado da unidade do
sistema jurídico, princípios que explicam e fundamentam o nosso sistema jurídico.

Enunciados normativos VS Normas

Os enunciados normativos são as formulações linguísticas produzidas pelas autoridades


normativas para comunicar aos respectivos destinatários como pretendem conformar a sua
conduta, as normas configuram os significados desses enunciados, ou seja, constituem o
conteúdo de dever ser comportado por tais enunciados; acrescentar que inexiste, porém,
uma biunivocidade entre enunciado e norma, assim como uma explicitação da estrutura das
normas.

Normas Gerais VS Normas individuais


A generalidade costuma ser indicada como propriedade necessária das normas. Em
concreto, enquanto a generalidade significa que uma norma tem destinatários
indeterminados ou indetermináveis (e.g. regras usualmente criadas pelas autoridades
legislativas), as normas individuais ou particulares teriam destinatários determinados ou
determináveis (e.g., decisões judiciais e decisões administrativas).

Proposições Normativas
As proposições normativas constituem o conteúdo de enunciados descritivos sobre o direito
(por exemplo, as normas existentes nos sistemas jurídicos), podendo por isso ser
verdadeiras ou falsas consoante correspondam aos objectos normativos descritos (deve
ainda mencionar-se os vários tipos de proposições normativas, e exemplificar).

Normas primárias VS Normas secundárias


Embora sejam ambas regulativas, as normas primárias regulam genericamente a conduta
humana, enunciando as liberdades e os direitos e deveres dos respectivos destinatários,
pelo que têm como conteúdo condutas naturalísticas, ao passo que as normas
secundárias regulam a conduta dos operadores jurídicos (como os juízes) e têm como
objecto fenómenos puramente deônticos.

No quadrado de modalidades deônticas, quais são as modalidades contrárias?


De acordo com o quadrado das modalidades deônticas, as modalidades contrárias são a
proibição e a obrigação; acrescentar ainda no que consiste essa relação de contrariedade e
como se diferencia das demais relações lógicas enunciadas pelo quadrado, em particular a
subcontrariedade (mas também a implicação e a contradição); dar exemplos.

Normas regra VS Normas de princípio


É possível distinguir entre regras e princípios (ainda que alguns autores neguem a
distinção) com base em critérios quantitativos (o que autoriza uma distinção somente de
grau) ou em critérios qualititativos. Explicitar que os critérios distintivos se podem, por seu
turno, subdividir em critérios linguísticos (como o atinente à vagueza), em critérios
pragmáticos (como os referentes ao uso dado aos dois tipos de normas no discurso jurídico,
como a tese de Dworkin e a de Alexy), e em critérios lógico-sintácticos, como o critério da
genericidade da conduta regulada (que tem vindo a ser defendido pela escola de Lisboa).

Permissões bilaterais VS Permissões unilaterais


Permissões bilaterais (as que permitem a acção e acção contrária) e permissões unilaterais
(as que somente permitem uma acção, mas não a contrária) e, outro lado, entre permissões
fortes (as resultantes de normas permissivas) e permissões fracas (as que resultam da
inexistência de norma proibitiva). Exemplificar.

Normas regulativas VS Normas constitutivas


Norm
a regulativa (as que prescrevem ou regulam condutas), norma constitutiva (as que criam ou
definem ex novo formas de conduta cuja existência depende dessas mesmas normas
constitutivas). Exemplificar. Aludir à discussão sobre o conceito de norma constitutiva.
Elencar os argumentos que estão na base da posição científica que defende que as normas
constitutivas não são regulativas; nomeadamente, por terem um esquema «X counts as Y»
distinto do das normas regulativas «if X, then O Y», ou por não compreenderem na
consequência uma acção (na medida em que, em vez disso, o que fazem é criar a acção
em causa).

Normas corporativas: existiam em 1967 quando eram normas aprovadas por órgãos
corporativos. São normas de associações públicas ou privadas. (artigo 1 nº2 do C.C) e é
possível fazer uma interpretação actualista das referências às normas corporativas contidas
no artigo 1.º, nelas incluindo, entre outras, (i) as que estabelecem o estatuto, a organização
e a disciplina interna de entes de base associativa, públicos ou privados; (ii) estatutos e
regulamentos internos de organizações privadas internacionais.
Normas excecionais

O que são normas excecionais? Artigo 11

Normas excecionais: normas que preveem para um conjunto limitado de situações, um


regime contrário ao regime regra. Não existe uma exceção sem existir uma regra.

Se uma disposição é adotada para uma situação excecional, não pode ser aplicada
analogicamente a casos em que não se verifique a situação excecional, nem em casos que
se verifica em outras situações excecionais.

Quando o juiz decide num caso omisso aplicando por analogia uma solução prevista na lei,
o caso omisso vai continuar a existir, só deixando de existir caso o legislador elimine a
lacuna. O intérprete preenche a lacuna num caso concreto, pode eventualmente criar uma
corrente de jurisprudencial e podendo vir (ou não) a constituir fonte de direito.

Se quisermos aplicar por analogia a norma excecional a um outro caso que se imponha ao
legislador, que por razões de princípios não pode deixar de ser a mesma solução por aquela
que está contemplada na norma excecional, então esta pode ser objeto de analogia, ou
seja, sempre que o caso omisso concretize um princípio que é tambem expresso pela
norma excecional, a analogia é possível apesar do que diz o artigo 11. Este só se aplica
aquelas exceções que tem como único fundamento não o princípio jurídico, mas a vontade
política do legislador.
Se a solução consagrada na exceção se apoia no princípio, a mesma será meramente
formal. Pelo contrário, uma exceção será material quando se integre na estratégia depois de
prossecução duma determinada política.

Norma costumeira

Um costume internacional, ou norma jurídica costumeira é, segundo o art.38 do Estatuto da


CIJ, o resultado de “ uma prática geral aceita como sendo o direito”.

Norma permissiva

Expressam uma liberdade de ação, logo a conduta do agente, nesse caso, não cria um
risco proibido (não têm sanção). Já a norma justificante autoriza uma ação ou reação contra
um perigo ou ataque humano para salvaguardar um dos bens jurídicos em conflito.

Coercibilidade das normas

● A coercibilidade pode ser explicada como a possibilidade do uso da força para


combater aqueles que não observam as normas. Essa força manifesta-se mediante
coação, que atua na esfera psicológica, desestimulando o indivíduo a descumprir a
norma, ou por sanção, que é o resultado do efetivo descumprimento.

● É a característica necessária da ordem jurídica

● O Estado pode usar a coercibilidade de forma excessiva


Convenções coletivas de trabalho: há convenções coletivas que são acordos e são
verdadeiras normas jurídicas.

Fontes de Direito

Problema das fontes de direito

Consiste em saber “de que modo se constitui e manifesta o direito positivamente vigente
numa determinada comunidade histórica?”. Dito de outro modo, estão aqui em causa os
modos de criação (constituição) e revelação (manifestação) do direito.

A noção deve ser entendida como fontes de juridicidade, não saber onde se releva o direito,
como se forma historicamente e como se justifica, mas como se produz o direito. Quais são
os factos sociais aptas a produzir direito. A noção de fontes podia ser abrangida por todos
os factos sociais que fossem aptos a produzir normas num sentido geral e abstrato. A
resposta ao problema das fontes não pode ser encontrada no Código Civil- Quando se
procuram as fontes como modos de produção de normas gerais e abstratas, faz-se porque
a Constituição pressupõe um conceito de norma geral e abstrata.

Fontes de direito interno: Estas prendem-se com a experiência jurídica legislativa; a


experiência jurídica consuetudinária; e, por fim, com a experiência jurídica jurisprudencial ou
dos tribunais.

Hierarquia das fontes de direito

Hierarquia das fontes de Direito: Fala-se em hierarquia das fontes e não das normas pois,
a hierarquia das normas pode dar origem a um problema de hierarquia das fontes, como
acontece quando dizemos que a norma constitucional é superior à legislativa e esta á
administrativa.

A lei - as suas características opõem-se à experiência jurídica do costume. O Direito


transcende à sociedade. Na base do direito legislado, há uma ideia da autoria da lei, sendo
possível identificar quando foi aprovada, qual era o governo, etc. A dimensão escrita é
fundamental. A lei é reduzida ao escrito e, enquanto não for escrita e publicada, não é
válida. A lei aplica-se para o futuro. Uma sociedade que assente nesta experiência jurídica
difere da experiência jurídica do costume. Como? É uma sociedade assente na mudança
social e é uma sociedade centralizada devido ao tamanho dos Estados.

O costume: Para os costumes não há distinção entre o comportamento das pessoas e o
Direito. Não há mediações institucionais. Nestes ordenamentos, a norma jurídica encontra-
se automaticamente nas ações das pessoas. Há tribunais costumeiros/consuetudinários,
mas ninguém sabe quem criou o costume. O Direita brota da sociedade. Há transmissão
oral do Direito, muitas das vezes nem se encontra escrito. A dimensão temporal é o
passado, ou seja, o Direito encontra a sua explicação no passado. A sociedade é
descentralizada. O costume na relação entre as pessoas só pode ter relevância local.

As decisões dos Tribunais (jurisdicional) - Radicalmente diferentes das anteriores. Tem


características especificas. Quando decidem, decidem sempre um caso concreto
(normalmente). Resolvem sempre um litígio entre duas ou mais pessoas. Pressupõe
critérios normativos preexistentes. Os tribunais podem produzir Direito, mas não podem
atuar sem que haja um direito preexistente. Criam Direito e aplicam direito preexistente. A
margem que têm é menor que a margem que tem o legislador, devido à natureza da
atuação do tribunal. A existência do tribunal implica uma mediação institucional, surgindo
sempre como um terceiro imparcial no que toca a litígios entre partes. Os tribunais decidem
por argumentação (uma sentença tem sempre 3 partes: um relatório com a identificação das
partes e o resumo da posição de cada; fundamentação de facto e direito, dizendo o que
está provado em audiência de julgamento; decisão onde dá razão a uma ou a outra parte do
processo. A fundamentação é a parte mais importante, porque só se decide se houver
fundamentação).

Entre a lei e o costume existe uma equiparação, no sentido em que uma pode afastar a
outra. Também não existe uma hierarquia entre lei e jurisprudência, pois jurisprudência
constrói-se sobre o sistema jurídico em conjunto e, desenvolve a lei em formas que
ultrapassam o sentido literal.

Hierarquia das normas: art 12/2 cc não há hierarquia entre normas, leis diferentes, decretos
de lei etc…

Hierarquia das normas de direito internacional e direito interno: As normas do direito


da união prevalecem sobre a própria constituição 8/4 art cr. O direito da união prevalece
sobre a constituição única e simplesmente se forem respeitados os princípios fundamentais
do estado direito democrática. O que revela uma ideia de entrelaçamento e não de
hierarquia

Lei: Expressão do direito; A ordem jurídica assenta na Constituição. A lei é, sem dúvida, a
principal fonte de direito. A constituição é a base do nosso ordenamento jurídico.
Constituem a experiência jurídica legislativa a Constituição, as leis, os decretos legislativos
do Governo e Regionais, Regulamentos do Governo e das Autarquias e etc.

Regulamentos: Normas administrativas, não aprovados por órgãos de soberania, mas


podem ser aprovados pelo Governo enquanto órgão que chefia a administração pública.
Tem de estar subordinada à lei. Uma das principais classificações é aquela que distingue os
regulamentos com base na lei

*Externo: Vinculam todas as pessoas;


*Interno: Vinculam a própria administração

Fontes mediatas do Direito: são aquelas que criam normas jurídicas, impondo direitos e
obrigações. São:

*leis

*normas corporativas

Fontes imediatas do direito: são aquelas que não criam normas jurídicas, mas contribuem
para a sua formação. São:

*jurisprudência

*doutrina

*costume

Jurisprudência: Conjunto das decisões dos tribunais.


É fonte de Direito? Quando o juiz aplica a lei de forma objetiva e quase automática não se
fala de jurisprudência como fonte de direito. (Não é fonte)

Devemos aceitar a jurisprudência como fonte de Direito?

*A jurisprudência nunca pode ser fonte de direito, só a lei pode ser e tudo o resto são
aplicações da lei. O juiz é a boca que pronuncia as palavras da lei, e a fazer cair o caso
concreto sobre essas palavras atrás do silogismo judicial.

*Muitas vezes o juiz não pode aplicar a norma segundo o silogismo judicial, tendo em conta
que há coisas que não estão previstas na lei, mas é ela que tem de prever estes casos, não
o juiz, porque quem legisla é o legislador e não o juiz. Quando não existem normas para
resolver determinados casos, o juiz intervém em segundo plano para resolver o caso em
concreto, não como a intenção de criar uma norma, mas sim de resolver o caso em
concreto. Caso a decisão vire uma norma máxima não é problema para o juiz.

*É de rejeitar que a verdadeira fonte de direito são os tribunais porque o torna o legislador
um meio auxiliar de tribunal e não respeita a separação de poderes. O legislador cria a lei, o
tribunal aplica a lei.

Quando o juiz tem de acrescentar à normatividade jurídica algo que vai para além do
conteúdo da lei, fala-se em fonte de direito a ideia de que os tribunais são jurisprudência
(criam normas) quando a lei preveja através de determinados mecanismos chamados
assentos.

Assentos: previstos no art. 2 C.cC, eram normas criadas pelo supremo tribunal de justiça
quando dois tribunais superiores tivessem decidido um caso semelhante em sentido oposto
havia um recurso para o supremo tribunal de justiça que imitam um assento que dizia qual
era a orientação correta, criando uma norma geral abstrata que passava a ser uma norma
para o futuro.

No passado os assentos eram lei?Sim, porque tinham forma de uma norma jurídica e
tinham uma vinculação normativa geral, através dos assentos os tribunais resolviam um
caso concreto ou a dizer que perante duas conclusões opostas diziam qual devia ser e para
o futuro deviam ser de acordo com a norma emitida. Esta atitude não é própria do tribunal.
Não, os assentos não eram lei, porque apesar de criarem uma norma geral e abstrata o
tribunal constitucional também o pode fazer, o argumento não vale grande coisa porque o
tribunal elimina uma norma, não a cria.

O supremo tribunal de justiça não tem liberdade para criar assentos nem de haver uma
série de sobrepostos para dar origem a um assento. O legislador pode criar uma norma e
depois eliminá-la, o tribunal podia criar assentos, mas não os podia eliminar. Em suma,
explicar jurisprudência como fonte de direito através dos assentos não é correto. Os
assentos valem como fonte de direito através dos precedentes subsidiários, ou seja, se um
tribunal indica uma decisão sobre um caso concreto em que a lei contribui margem de
decisão do juiz, os tribunais futuros vão ter de seguir essa mesma orientação em casos
futuros, devem de o fazer por uma questão de igualdade e segurança jurídica.

A uniformidade da jurisprudência: A uniformidade da jurisprudência que recaem sobre


casos semelhante é importante para:

*Segurança jurídica: certeza jurídica e a previsibilidade das decisões jurisdicionais.


*Realização do princípio da igualdade: Tratar decisões iguais de igual maneira, os tribunais
são obrigados a decidir dessa maneira salvo justificação.
*Desenvolvimento do Direito *Facilitar administração da justiça
As decisões não constituem lei, mas há razões para decidir igual a outro tribunal.

Acórdão de uniformização de jurisprudência: é uma decisão proferida pelo Supremo


Tribunal de Justiça (STJ) que tem por objetivo, em nome da segurança jurídica, pôr termo a uma
divergência ou contradição entre acórdãos proferidos por este Tribunal ou pelos Tribunais da
Relação, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão de direito. Não põem em
causa a liberdade da decisão dos tribunais nem a sua vinculação à lei. Não implicam, à luz da
referida liberdade e da vinculação do juiz à lei, a elevação da jurisprudência a fonte de direito.

Precedente: Princípio de decisões dos casos concretos segundo o qual os tribunais devem
seguir as decisões. São os tribunais posteriores que vão procurar procedentes nos
anteriores. Existem 2 tipos de casos semelhantes:

*Ratio decidendi: preposições que se apresentam como necessárias para fundamentar o


resultado da decisão, são determinantes.

*Obteier dectum: considerações pouco significativas quando se trata de procurar um


precedente para decisões posteriores em virtude do seu caráter contingente na perspetiva,
não são determinantes.

Casos Práticos

Assumindo uma perspectiva da interpretação objectivista-actualista, interessa


começar por analisar o enunciado normativo em causa “É proibida a entrada em
estádios de futebol com quaisquer objectos contundentes”, de modo a proceder à
sua interpretação, isto é, à sua descodificação semântica (identificação e escolha de
significado normativo a atribuir-lhe). No caso sob análise, é possível compreender
que os problemas linguísticos repousam no termo “objecto contundente”, o qual
manifestamente padece de vagueza linguística (se o perspectivarmos como
abrangendo “objectos duros, pesados, e aptos a causar uma contusão ou outros
danos”, de imediato se percebe a possível variação à luz dos critérios da dureza e
do peso). Não obstante a patente vagueza, do ponto de vista linguístico, não
parecem sobrar dúvidas de que abrange objectos como cassetetes ou pistolas, que
se encontrariam na «zona de certeza positiva» do termo (Hart). O que se acaba de
afirmar conduziria à conclusão surpreendente de que os agentes policiais estariam
impedidos de entrar no estádio com armas e/ou cassetetes.

Na doutrina, duas são as possíveis soluções para o caso vertente: (i) ou se recorre
a uma «redução teleológica» (Nogueira de Brito) ou (ii) se procura apurar a
existência de outras normas do sistema jurídico que excepcionem a aplicação da
proibição aos polícias (David Duarte). No que toca à primeira possibilidade, por
estarmos perante um caso de «sobreinclusividade» (Schauer), teria de se de
recorrer ao elemento teleológico (razão de ser da norma), o que permitiria afirmar
que como a norma em causa tem como ratio evitar ferimentos nos intervenientes do
jogo, nos adeptos, evitar danos no património, etc., então, não faria sentido aplicá-la
ao caso concreto dos polícias. O problema é que a redução teleológica,
contrariamente ao que sucede com a interpretação restritiva, vai para além do que
âmbito de significação linguística permite, o que parece violar tanto o disposto no
artigo 9.o, n.o 1, do Código Civil (e, portanto, o princípio da legalidade), como ainda
o princípio da separação de poderes, na medida em que teríamos
intérpretes-aplicadores a corrigir os enunciados criados pelas autoridades
normativas, valendo o mesmo que dizer que teríamos intérpretes- aplicadores a
criar direito como se fossem autoridades normativas. Consequentemente,
inexistindo incerteza linguística no caso em concreto (não há dúvidas linguísticas de
que as pistolas e os cassetetes são objectos contundentes), a solução mais
adequada à luz das competências distribuídas pelas autoridades normativas e pelos
intérpretes oficiais (como os juízes) é a que sublinha o facto de esta norma entrar
em conflito normativo com as normas especiais que regulam a actividade policial, e
permitem os agentes, no exercício das suas funções, usarem armas e/ou
cassetetes. Ou seja, estas normas reguladoras da actividade policial
excepcionariam os polícias da norma que proíbe de entrada em estádios com
objectos contundentes.

b. Nesta segunda hipótese, malgrado a vagueza do termo objecto contundente, não


existe igualmente dúvidas quanto ao facto de uma garrafa de vidro ser qualificável
como sendo um objecto contundente. Termos em que a norma proibitiva era
aplicável ao caso. Ao contrário do caso anterior, porém, não parece existir qualquer
norma especial ou excepcional que derrotasse a aplicação da norma em causa.

Caso estivesse em causa uma garrafa de plástico, o caso mudava de figura, na


medida em que um tal objecto se encontraria na «zona de incerteza» do termo
“objecto contundente”, que, como se viu, padece de vagueza linguística. Para a
resolução do caso seria, então, necessário perceber se alguma das normas que
regulam a interpretação se aplicariam ao caso, como, por exemplo, a referente ao
critério sistemático ou teleológico.

Hipotizando que a garrafa de plástico estava cheia de água e fechada, atendendo à


norma que impõe a consideração da teleologia subjacente à norma, que neste caso
se prende com a protecção dos adeptos, intervenientes do jogo, etc., poderia
dizer-se que havia razões para interpretar in concreto o enunciado normativo em
causa como abrangendo a garrafa de plástico cheia de água e fechada, o que
levaria à proibição de entrada no estádio nessas condições. O resultado da
interpretação em tais condições seria aquilo a que se costuma apodar de
«interpretação restritiva».

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