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04/09/2023

TEORIA GERAL DO
PROCESSO (aula
04)
PROFESSORA: GLEYCE JACQUELINE RIBEIRO
gleycejacqueline@gmail.com

JURISDIÇÃO
FUNÇÕES DO ESTADO

LEGISLATIVA

EXECUTIVA

JUDICIÁRIA

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JURISDIÇÃO
FUNÇÕES DO ESTADO

Art. 2º CF- São Poderes da União,


independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

JURISDIÇÃO
FUNÇÕES DO ESTADO

 O poder, como expressão da soberania do Estado, é


fundamentalmente uno, pelo que a tradicional
“separação dos poderes” deve ser entendida no
sentido de divisão funcional do poder. Por isso, afirmava
Chiovenda, ser o poder do Estado uno na sua essência,
mas fracionado no seu exercício.
 A soberania, doutrina Chiovenda, é o poder inerente
ao Estado, ou seja, a organização de todos os cidadãos
para fins de interesse geral; mas este poder único
compreende três grandes funções: legislativa,
administrativa e jurisdicional.

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JURISDIÇÃO E EQUIVALENTES
JURISDICIONAIS
 A palavra jurisdição vem do latim ius (direito) e
dicere (dizer), querendo significar a “dicção do
direito”, correspondendo à função jurisdicional,
que, como as demais, emana do Estado.
 Atualmente, além do Estado-juiz, apenas pessoas
ou instituições autorizadas pelo Estado podem fazer
justiça, como acontece com os árbitros, cuja
atividade é toda ela regulada por lei (Lei n.
9.307/96, alterada pela Lei n. 13.129/15).

JURISDIÇÃO E EQUIVALENTES
JURISDICIONAIS
Segundo Carreira Alvin, “A jurisdição é uma função
do Estado, pela qual este atua o direito objetivo na
composição dos conflitos de interesses, com o fim de
resguardar a paz social e o império do direito. No
exercício desta função, o juiz não atua
espontaneamente, devendo, para tanto, ser
provocado (Ne procedat iudex ex officio- Não
proceda o juiz de ofício) por quem tenha interesse
envolvido em lide.”

Jurisdição: poder-dever, atividade típica do Estado,


exercida por intermédio do Juiz. Aplicar a Lei ao caso
concreto.

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JURISDIÇÃO E EQUIVALENTES
JURISDICIONAIS
 A jurisdição é uma atividade complementar da legislativa, cuja
existência seria dispensável se os preceitos legais fossem
voluntariamente cumpridos pelos seus destinatários, mas acontece que
não são, em virtude da diversidade de interesses em lide.
 Com a jurisdição, o Estado-juiz garante a sua autoridade de Estado-
legislador, fazendo com que se realizem, no mundo dos fatos, as
consequências práticas dos preceitos enunciados pelas normas de
direito.
 A legislação é uma atividade que independe de provocação de quem
quer que seja, sendo, por isso, automovimentada, operando o Estado-
legislador na exata medida das necessidades sociais e coletivas do
grupo social.

JURISDIÇÃO E EQUIVALENTES
JURISDICIONAIS
 As distinções entre a atividade jurisdicional e a administrativa nestes
termos:
a) o juiz age atuando a lei; a Administração age de conformidade
com a lei;
b) o juiz considera a lei em si mesma; o administrador considera a lei
como norma de sua própria conduta;
c) a administração é uma atividade primária ou originária; a jurisdição é
uma atividade secundária;
d) quando a Administração julga, julga sobre sua própria atividade;
quando a jurisdição julga, julga sobre uma atividade alheia e sobre uma
vontade de lei concernente a outrem.

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JURISDIÇÃO E EQUIVALENTES
JURISDICIONAIS
 Os “equivalentes jurisdicionais” são meios pelos quais se pode atingir a
composição (rectius, resolução) da lide por obra dos próprios litigantes,
como a transação, ou com o auxílio de um particular, desprovido de
poder jurisdicional, como na mediação.

 A arbitragem brasileira não se inclui entre os equivalentes jurisdicionais


porque ela configura o exercício de atividade jurisdicional exercida por
um particular, com autorização do Estado.

 É espécie de jurisdição. A Lei que a regula é a 9.307/96. Forma alternativa da


solução de conflitos, ao lado da jurisdição tradicional. A sentença é proferida por
um árbitro e forma título executivo judicial. Não dispõe de
coercitividade direta, não oferece meios de execução.

JURISDIÇÃO E EQUIVALENTES
JURISDICIONAIS
A conciliação é um instituto que participa do funcionamento
da justiça, remontando à antiga Lei n. 968/49, que
estabeleceu uma fase preliminar de conciliação ou acordo,
nas causas de desquite litigioso ou de alimentos, inclusive os
provisórios, cujo art. 1º dispunha que, nessas causas, o juiz,
antes de despachar a petição inicial, logo que esta lhe fosse
apresentada, promoveria todos os meios para que as partes
se reconciliassem ou transigissem, nos casos e forma em que a
lei permite a transação.
. A mediação é uma prática exercida fora do âmbito e do
controle do poder judiciário. Busca restaurar o diálogo entre
as partes, para que elas mesmas cheguem a um acordo, que
poderá ser levado ou não ao Judiciário para homologação.

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JURISDIÇÃO- CARACTERÍSTICAS

 Para Couture – 3 elementos próprios:


a) Por forma, entende-se a presença de partes, de juiz e
de procedimentos estabelecidos na lei;
b) por conteúdo, considera-se a existência de um conflito
com relevância jurídica, que deve ser dirimido pelos
órgãos da jurisdição, mediante uma decisão que
adquira a autoridade de coisa julgada;
c) e por função entende-se o encargo ou a incumbência
de assegurar a justiça, a paz social e demais valores
jurídicos, mediante a aplicação eventualmente
coercível do direito.

JURISDIÇÃO- CARACTERÍSTICAS

 Para Couture – 3 elementos próprios característicos da


Jurisdição:
a) Por forma, entende-se a presença de partes, de juiz e de
procedimentos estabelecidos na lei;
b) por conteúdo, considera-se a existência de um conflito
com relevância jurídica, que deve ser dirimido pelos órgãos
da jurisdição, mediante uma decisão que adquira a
autoridade de coisa julgada;
c) e por função entende-se o encargo ou a incumbência de
assegurar a justiça, a paz social e demais valores jurídicos,
mediante a aplicação eventualmente coercível do direito.

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JURISDIÇÃO- CARACTERÍSTICAS

 Outras características
a) um órgão adequado, distinto dos que exercem as funções de
legislar e administrar, colocado em posição de independência,
para exercer o seu ofício imparcialmente;

b) um contraditório regular, que permita às partes pugnarem por


seus interesses, fazendo valer suas razões, a fim de que a
autoridade judiciária tudo decida conforme o direito;

c) um procedimento preestabelecido, com formas


predeterminadas, para assegurar uma resolução justa (conforme
a lei) do conflito..

Características da Jurisdição
1. Substitutividade: Estado substitui as partes na resolução dos litígios

2. Inércia: Deve ser provocada


CPC
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve
por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.

2.1. Congruência: Magistrado deve agir dentro dos limites dos pedidos
2.2. Impulso oficial: Não é necessário solicitar ao magistrado o andamento
do processo.

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Características da Jurisdição
3) Secundariedade: o autor precisa comprovar o seu interesse de agir, a
necessidade e utilidade de se recorrer ao judiciário para satisfazer a
pretensão.

4) Definitividade: toda decisão judicial pode produzir coisa julgada:


adquirir caráter definitivo, não se sujeitando a recursos. Não é passível
de controle externo.

5) Unidade: soberania da atividade jurisdicional em todo território


nacional. (COSTA, 2023)

Características da Jurisdição
6) Inafastabilidade da tutela jurisdicional:
Está relacionada ao acesso à justiça - art. 5º, XXXV, CF/88,

CPC:

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a


direito.

Ademais, mesmo que não exista norma aplicável ao caso, o magistrado deve
proferir uma decisão, já que o juiz não se escusa de julgar invocando lacuna
de Lei. (COSTA, 2023) - PRINCÍPIO DO NON LIQUET - ART. 108

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Características da Jurisdição
7) Imperatividade: Coercitividade das decisões judiciais, que obrigam os
litigantes. Seria inútil a substitutividade das partes pelo E stado, que
formula uma decisão imutável, se não fossem assegurados meios de
coerção para impor o cumprimento do que se decidiu.

8) Indelegabilidade: A atividade jurisdicional é indelegável, só podendo


ser exercida pelo Poder Judiciário, sob pena de ofensa ao princípio do
Juiz natural. (COSTA, 2023)

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO
Princípio da investidura - a jurisdição só pode ser
legitimamente exercida por quem tenha sido dela investido
por autoridade competente do Estado, de conformidade
com as normas legais.

Art. 328 CP. Usurpar o exercício de função pública: Pena –


detenção, de três meses a dois anos, e multa.

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO
 Princípio da aderência ao território- Este princípio significa que a
jurisdição pressupõe um território sobre o qual é exercida, não
se podendo falar em jurisdição, senão enquanto correlata com
determinada área territorial do Estado. É também chamado de
princípio da improrrogabilidade da jurisdição.

O princípio da aderência ao território comporta, no ordenamento


jurídico nacional, não poucas exceções, tanto no âmbito civil
como, por exemplo, nos casos de prevenção (CPC, art. 60); de
citação em comarca contígua (CPC, art. 255); e no âmbito penal,
na hipótese de haver desclassificação da infração da
competência de outro juízo (CPP, art. 74, § 2º, parte inicial) ou de
desaforamento do julgamento do réu (CPP, art. 427, caput).

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO

Princípio da indelegabilidade- sendo o juiz


investido das funções jurisdicionais, como
órgão do Estado, deve exercê-las
pessoalmente, sem poder delegar atribuições.

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO

Princípio da indeclinabilidade- o juiz não pode


declinar do seu ofício, deixando de atender quem
deduza em juízo uma pretensão, pedindo a tutela
jurisdicional. Nem mesmo a lacuna ou a
obscuridade da lei exime o juiz de proferir decisão
ou sentença,devendo, nesses casos, valer-se dos
costumes, da analogia e dos princípios gerais de
direito.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO
Princípio do juízo natural- em face desse princípio, não
pode haver lugar para tribunais ou juízos de exceção,
como tal considerado todo aquele que vier a ser
constituído post factum (depois do fato), para julgar um
fato já ocorrido ao tempo da sua constituição.
Todos têm, em igualdade de condições, direito a um
julgamento por juiz independente e imparcial, segundo as
normas legais e constitucionais. O juiz (rectius, juízo) natural
é sinônimo de juiz legal ou juiz constitucional, competente
para processar e julgar ao tempo em que ocorre o fato a
ser processado e julgado.

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO
 Princípio da inércia - não pode haver “jurisdição sem ação”,
pois a jurisdição depende de provocação do interessado no
seu exercício, não sendo, de regra, automovimentada.

 Existem, no ordenamento jurídico nacional, poucas exceções


ao princípio da inércia, tanto no âmbito civil stricto sensu como
no trabalhista e no penal. Assim, por exemplo, o juiz pode
decretar de ofício a falência do comerciante, se, no curso de
um processo de recuperação judicial de empresa, verificar que
falta algum requisito para a sua concessão; a execução no
processo trabalhista pode instaurar-se de ofício pelo juiz;
também o habeas corpus pode conceder-se de ofício.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO
Princípio do acesso à justiça- A simples faculdade acesso
à justiça acabou erigida num princípio, segundo o qual a
todos é assegurado o acesso ao Judiciário, para defesa de
seus direitos; servindo a expressão “acesso à Justiça” para
determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico:
a) primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos
(gratuidade da Justiça e assistência gratuita);
b) b) segundo, deve ele produzir resultados que sejam
individual e socialmente justos.

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
JURISDIÇÃO
Princípio da nula poena sine iudicio- Este princípio é
exclusivo da jurisdição penal, significando que nenhuma
sanção penal pode ser imposta sem a intervenção do juiz,
através do competente processo. Nem com a
concordância do próprio infrator da norma penal, pode ele
sujeitar-se voluntaria e extrajudicialmente à sanção penal

JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES

A jurisdição, considerada em si mesma, é emanação da


soberania do Estado, pelo que, sendo única a soberania,
una também é a jurisdição.

A doutrina, no entanto, costuma classificar a jurisdição,


segundo vários critérios, quando se fala, então, em
espécies de jurisdição, a saber:

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JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES

Quanto à gradação
Quanto à gradação dos seus órgãos: jurisdição inferior e
jurisdição superior.
 A jurisdição inferior é a que se exerce na primeira instância,
por juízo que conhece e julga, originariamente, as causas;
 A jurisdição superior é a exercida nos tribunais, por força de
recurso interposto em causa já sentenciada, como
consequência do duplo grau ou por força de remessa
necessária.

JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES

Quanto à matéria

Quanto à matéria: jurisdição penal e jurisdição civil.

 A jurisdição penal tem por objeto as lides de natureza


penal;
 A jurisdição civil compreende as causas de natureza
extrapenal, como as civis, comerciais, administrativas,
tributárias, constitucionais etc.

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JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES

Quanto à origem
Quanto à origem: jurisdição legal e jurisdição convencional.

 A jurisdição legal é permanente, nasce da investidura do


juiz no cargo com as atribuições próprias de seu ofício, de
dizer ou declarar o direito;
 A jurisdição convencional é momentânea, exercida pelo
árbitro ou tribunal arbitral, por força de compromisso
assumido pelas partes.

JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES

 Quanto aos organismos judiciários


Quanto aos organismos judiciários que a exercem: jurisdição especial e
jurisdição comum.

 A jurisdição especial tem o seu campo de atuação assinalado pela lei,


como a militar, eleitoral e trabalhista;
 A jurisdição comum tem competência sobre todas as causas que não
estejam expressamente atribuídas a outras jurisdições, como a jurisdição
comum federal e a estadual.

OBS: Na doutrina, prevalece o entendimento de que a justiça federal se


enquadra na jurisdição comum, porque esses juízes processam e julgam
qualquer lide não compreendida na competência reservada às justiças
especiais. Assim, ao lado de uma justiça comum federal, existe uma justiça
comum estadual.

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JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES

 Quanto à forma
Quanto à forma: jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária.

 A jurisdição contenciosa é exercida em face de litígio, quando


há controvérsia (inter nolentes);
 A jurisdição voluntária, quando o juiz se limita a homologar a
vontade dos interessados, ou quando o juiz decide, mas em
face de interesses não litigiosos (inter volentes).

 A doutrina tem reconhecido, porém, que a chamada jurisdição


voluntária não é verdadeira jurisdição, e nem voluntária; pois
voluntário no caso seria o procedimento.

JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES

 Na jurisdição voluntária, ao contrário, não há partes, há


requerentes (ou interessados).
 Para a doutrina tradicional a jurisdição voluntária consiste em
um procedimento de natureza administrativa sem litigiosidade,
ou seja, as partes estão em comum acordo acerca da situação.
Nesse sentido, o Estado apenas exercerá atos de pura
administração, somente orientando e concluindo o “acordo”
entre as partes.

 Contrariando a doutrina tradicional, que afirma a natureza


administrativa da jurisdição voluntária, negando haver nela
atividade jurisdicional, opõe-se a tese revisionista, que afirma o
seu caráter de verdadeira e própria jurisdição, permitindo a seus
adeptos falar em processo contencioso e processo voluntário.

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JURISDIÇÃO E SUAS DIVISÕES

Na jurisdição voluntária, ao contrário, não há partes, há


requerentes (ou interessados).

Contrariando a doutrina tradicional, que afirma a natureza


administrativa da jurisdição voluntária, negando haver nela
atividade jurisdicional, opõe-se a tese revisionista, que
afirma o seu caráter de verdadeira e própria jurisdição,
permitindo a seus adeptos falar em processo contencioso e
processo voluntário.

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