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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
LEI MARIA DA PENHA: CONSTITUCIONALIDADE X INCONSTITUCIONALIDADE
Governador Valadares/MG
2008
CARLA ALVES SOUZA
ELISÂNGELA COSTA MAIA
JOÁRIA SANTOS ARAÚJO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
LEI MARIA DA PENHA: CONSTITUCIONALIDADE X INCONSTITUCIONALIDADE
Governador Valadares/MG
2008
CARLA ALVES SOUZA
ELISÂNGELA COSTA MAIA
JOÁRIA SANTOS ARAÚJO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
LEI MARIA DA PENHA: CONSTITUCIONALIDADE X INCONSTITUCIONALIDADE
Banca Examinadora:
__________________________________________
Prof: Dr. Fabriny Neves Guimarães - Orientador
Universidade Vale do Rio Doce - Univale
__________________________________________
Prof. Dr.
Universidade Vale do Rio Doce - Univale
Dedicamos a nossos pais pelo
incentivo e apoio na realização
desse trabalho e a Deus pela
força nessa longa
caminhada.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus em primeiro lugar, aos nossos pais que ao nosso lado
superaram todos os árduos obstáculos para que chegássemos até aqui e a todos os
professores que contribuíram para nosso crescimento intelectual e espiritual.
Por fim, agradecemos a todos que, de alguma forma, contribuíram para que este
trabalho fosse possível.
“Quando a violência começa com um tapa ou empurrão, ela tende a se
agravar. Se as mulheres realmente tiverem o apoio que a lei prevê, com
certeza o agressor será conscientizado. Assim, a estatística sobre mulheres
assassinadas e violentadas vai diminuir.
A lei por si só não vai resolver muita coisa. Tem que haver implementação de
mais delegacias, casas abrigos e juizados para que a população sinta que
existem mecanismos reais de combate à violência. Até existem essas
instituições, mas a quantidade ainda é muito pequena em relação ao número
de denúncias.
A violência contra a mulher está relacionada à força física, ao machismo e à
idéia que o homem é superior a mulher. Essa idéia está se desfazendo, e,
com o trabalho desenvolvido pelas mulheres que militam contra a violência
doméstica, tenho certeza que esse pensamento discriminatório vai acabar.
Sentimos não merecedoras disso e realmente não merecemos esse
tratamento brutal e medieval. A discussão entre um casal deve ser através do
diálogo e não na base da porrada.
A mulher agredida deve procurar instituições sociais, como os centros de
referência, as entidades de mulheres organizadas e até a própria delegacia
da mulher, que não é só local de denúncia, para se interar sobre seus direitos
e também a respeito do que ela tem a seu favor no combate à violência com a
nova lei.
As vitórias e conquistas de nós mulheres sempre se dão através da luta dos
movimentos sociais. A atuação dessas entidades é fundamental para
organização e justiça sociais.
Onde chego sempre ressalto que o movimento de mulheres não deixou de
lutar. Temos agora um desafio muito maior, que é a efetiva implementação
das políticas públicas previstas na lei.
Nós precisamos continuar com nossa luta, para cada dia melhorar mais a
situação da mulher, principalmente daquelas que vivem em regiões
longínquas, onde o acesso à informação ainda é muito difícil, logo, onde
ocorrem mais casos de violência doméstica”.
Maria da Penha
RESUMO
Among all types of violence against women in the world that practised in the family
environment is one of the most cruel and perverse. The home, identified as a cozy
place of comfort and becomes, in these cases, an environment of continuous danger
that results in a state of permanent fear and anxiety. Surrounded in the tangle of
emotions and emotional relationships, domestic violence against women remains,
even today, as a shadow in our society. The presidential sanction to the newly
baptized Law Maria da Penha sealed the fate of millions of women victims of
domestic violence and family in Brazil. From the personal tragedy of a Brazilian
citizen, victim of attacks that left permanent marks on the body and soul, the country
finally sees rise in national law the most important response to the international
society on the commitments entered into by treaties and conventions are no more for
ten years to combat domestic violence against women. And many changes:
innovations in the judicial process in the roles of the police and prosecutors, changes
in the Penal Code, the Code of Criminal Procedure and the Law of Criminal
executions. This is a real status in combating domestic violence and family. Domestic
violence is no shadow of doubt one of the most, if not more, cruel and inhuman form
of violence against women, therefore, is the environment "of the cozy home" that has
to literally attacked after sessions of beatings and humiliations to sleep with the
enemy, leaving the mercer of external and internal violence, which, if not kill, cause
wounds admitted that in most cases are never healed. Preventing and combating
violence against women is the most complex task and requires public policy as the
articulation of different services in an integrated network of attention to women living
in situations of violence.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 12
MARIA DA PENHA?............................................................................................................................. 41
DESIGUALDADE.................................................................................................................................. 42
24 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 48
1 INTRODUÇÃO
Violência em seu significado mais freqüente, quer dizer uso da força física,
psicológica ou intelectual para obrigar outra pessoa a fazer algo que não está com
vontade; é constranger, é tolher a liberdade, é incomodar, é impedir a outra pessoa
de manifestar seu desejo e sua vontade, sob pena de viver gravemente ameaçada
ou até mesmo ser espancada, lesionada ou morta. É um meio de coagir de
submeter outrem ao seu domínio, é uma violação dos direitos essenciais do ser
humano.
Assim, a violência pode ser entendida como uma forma de restringir a
liberdade de uma pessoa ou de um grupo de pessoas, reprimindo e ofendendo física
ou moralmente.
2 Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas,
dezembro de 1993
“Adão foi levado ao pecado por Eva, e não Eva por Adão. É justo e
certo, então, que a mulher aceite como amo e senhor aquele que ela
encaminhou para o pecado”.5
5TELES, Maria Amélia de Almeida. O que é a violência Contra a Mulher. São Paulo:
Brasiliense, 2002, p. 31
20
6 VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Muito se tem feito para mudar essa situação. Houve êxitos importantes.
Desenvolveram-se por toda parte a luta pela igualdade de direitos, o reconhecimento
da situação das mulheres e as proposituras de ações afirmativas que garantem
oportunidades e condições iguais. São tratados, declarações internacionais,
assinados praticamente em todos os países do mundo e que representam
instrumentos de desenvolvimento e progresso para a sociedade.
Mesmo com esses avanços, há desigualdades que continuam a se perpetuar:
as mulheres conquistaram o direito ao voto graças ao movimento das sufragistas, no
início do século XIX, mas ainda são pouco representadas nos espaços de poder
político, seja no executivo, legislativo ou judiciário.
As mulheres têm garantidos seu ingresso no sistema educacional, mas vivem
em situação de desigualdade no trabalho, pois recebem salários mais baixos e
enfrentam dificuldades maiores para galgar os postos de chefia.
6 TELES, Maria Amélia de Almeida. O que é a violência Contra a Mulher. São Paulo:
Brasiliense, 2002, p. 16
21
7
Machado, Lia Zanotta. Matar e morrer no feminino e no masculino in: Oliveira, Dijaci de; Geraldes, Elen Cristina; Lima,
Ricardo Barbosa de. Primavera já partiu: retratos de homicídios femininos no Brasil. Brasília: MNDH; Petrópolis: Vozes, 1998,
p. 96-121.
23
8 TELES, Maria Amélia de Almeida. O que é a violência Contra a Mulher. São Paulo:
Brasiliense, 2002, p. 120
24
9TELES, Maria Amélia de Almeida. O que é a violência Contra a Mulher. São Paulo:
Brasiliense, 2002, p. 47
25
10 NILCÉA FREIRE, médica e ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Foi
12 Luiza Nagib Eluf é procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo
O Estado tem ao longo dos anos caminhado com passos vagarosos quando
se trata da adoção de medidas efetivas para o enfrentamento a violência contra a
mulher (forma de violação aos direitos humanos). Uma das provas do que se acaba
de dizer, foi a tardia, mas muito bem-vinda Lei Maria da Penha, que chegou para
inserir as mulheres na Constituição, uma vez que, até então, eram tratadas como
qualquer coisa, menos como cidadã para a qual o Estado também possuía
responsabilidades. A antropóloga Sheila Bezerra salienta que:
“Se as formas comuns de desrespeito aos direitos humanos como a
apologia e a incitação ao crime, inclusive à prática da tortura,
linchamento e outras formas de violência, bem como a discriminação
racial, de gênero, religião e orientação sexual, não têm sido
reconhecidas pelo Estado, cabe a nós, sociedade civil, embora não
seja nossa obrigação, lembrar da responsabilidade de quem a tem.
O que se deseja é dignidade, reconhecimento e respeito. O que se
deseja é a efetivação das leis por parte do Estado e, por assim dizer,
punição de quem colabora para a disseminação da violência. O que
se deseja é um mundo sem violências. Contudo, sabemos que esta
só se alcançará se também os símbolos dessa cultura forem postos
em xeque. No mais, é importante enfatizar que aqui não se reivindica
o tolhimento da liberdade, nem a volta à censura, mas sim a
efetivação dos direitos das mulheres, que temporal e espacialmente,
têm ficado à margem dos processos da vida pública e violentadas no
mundo privado. Se com a sua emancipação, se deu e está se dando
cada vez mais também sua inserção no mundo público e por outro
lado, também as violências ficam mais visíveis, é importante enfatizar
a importância e necessidade de medidas efetivas contra quem
protagoniza tais agressões inclusive se estas venham em forma de
cartazes de shows, propagandas de cerveja e/ou de músicas como a
que a foi citada acima e tantas incontáveis outras.
Leis não faltam, pressão da sociedade civil também não. Se as leis
existem para, por um lado, prever direitos e, por outro, instituir
sanções a quem infringir os códigos de conduta que possibilitam
cidadãs e cidadãos ao usufruto de tais direitos, recorramos às
mesmas e aos órgãos competentes para que tomem as atitudes
cabíveis e efetivem assim a cidadania das mulheres, em qualquer
situação, em qualquer espaço, mas não em qualquer tempo. O
tempo para transformações é hoje, é agora. Não dá para fingir que
não ouvimos quando ouvimos, não dá para fechar os olhos quando
vemos, não dá para calar quando sentimos. A vida é agora, a
efetivação do direito das mulheres é para ontem”.14
14 Sheila Bezerra é mestra em Antropologia/UFPE, pesquisadora do SOS Corpo - Instituto Feminista para a Democracia e
integrante do Fórum de Mulheres de Pernambuco.
31
Essas manifestações são tão aceitas que muitas vezes acabam representando uma
licença para atos violentos.
Existem pesquisas que procuram explicar a relação entre masculinidade e
violência através da biologia e da genética. Além da constituição física mais forte
que a das mulheres, atribui-se a uma mutação genética a capacidade de manifestar
extremos de brutalidade e até sadismo.
16
Relatório nº 54, de 2001 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, em que o Brasil é condenado por
negligência nos casos de violência doméstica
36
A Lei Maria da Penha tem como fundamento o disposto no art. 226, § 8º, da
Constituição Federal, segundo o qual:
A violência tem sido usada milenarmente para dominar, para fazer a mulher
acreditar que seu lugar na sociedade é estar sempre submissa ao poder masculino,
resignada, quieta, acomodada.
Com a sansão do novo Código Civil Brasileiro a palavra “homem” é
substituída por “pessoa” porque ambos, mulher e homem, passam a ter direitos
iguais na sociedade conjugal. Amplia-se o conceito de família, passa a ser
reconhecida a união estável, a comunidade de mãe ou pai solteiros e o casamento
propriamente dito. O poder familiar cabe a mulheres e homens de maneira igual.
Não há mais problema legal a mulher deixar de ser ou não virgem. Tanto a mulher
quanto o homem têm direito de pedir pensão. A guarda do filho fica com o homem
ou a mulher dependendo de quem tiver melhores condições para exercê-la. Os
filhos, havidos ou não no casamento ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações.
É verdade que entre lei e a vida há um fosso. Mais difícil que mudar as leis é
mudar as mentalidades. Muita coisa da lei ainda precisa ser transformada e aplicada
efetivamente, mas existe uma vontade e, mais do que isso, uma necessidade de
mudar as relações assimétricas entre mulheres e homens. Tais mudanças podem
conduzir as mulheres à igualdade, liberdade e autonomia tão saudáveis para a
humanidade.
41
A cada 5 anos, a mulher perde 1 ano de vida saudável se ela sofre violência
doméstica.
Uma mulher que sofre violência doméstica geralmente ganha menos do que
aquela que não vive em situação de violência.
Violência sexual - ação que obriga uma pessoa a manter contato sexual,
físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com uso da força,
intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer
outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal. Considera-se como
violência sexual também o fato de o agressor obrigar a vítima a realizar
alguns desses atos com terceiros.
Consta ainda do Código Penal Brasileiro: a violência sexual pode ser
caracterizada de forma física, psicológica ou com ameaça, compreendendo o
estupro, a tentativa de estupro, o atentado violento ao pudor e o ato obsceno.
48
24 CONCLUSÃO
25 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BURKE, Peter. A violência das mínimas diferenças. in Jornal Folha de São Paulo,
Caderno MAIS!, 21 de maio de 2000.
ECO, Umberto. Entrevista. Jornal Folha de São Paulo, Caderno MAIS!, 03 de abril
de 1994.
Lei Maria da Penha: Inconstitucional não é a lei, mas a ausência dela. Site da
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Publicado originalmente no Correio do Estado (MS), em 17/10/07.
50
BRASIL, Constituição Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p.290.
Teles, Maria Amélia de Almeida.. O que são os direitos humanos das mulheres.
São Paulo: Brasiliense, 2006.