O livro discute os obstáculos para o acesso à justiça, como custos judiciais e falta de conhecimento sobre direitos. As soluções propostas incluem assistência jurídica gratuita e meios alternativos de resolução de conflitos. Apesar dos avanços, ainda há desafios para garantir igualdade no acesso à justiça.
O livro discute os obstáculos para o acesso à justiça, como custos judiciais e falta de conhecimento sobre direitos. As soluções propostas incluem assistência jurídica gratuita e meios alternativos de resolução de conflitos. Apesar dos avanços, ainda há desafios para garantir igualdade no acesso à justiça.
O livro discute os obstáculos para o acesso à justiça, como custos judiciais e falta de conhecimento sobre direitos. As soluções propostas incluem assistência jurídica gratuita e meios alternativos de resolução de conflitos. Apesar dos avanços, ainda há desafios para garantir igualdade no acesso à justiça.
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça: Trad. Ellen Grancie
Northfleet. Porto Alegre: Fabris, 1988.
No livro "O Acesso à Justiça", Cappelletti e Garth refletem sobre os principais
obstáculos para o acesso efetivo à Justiça e propõem soluções para que eles sejam transpostos. Em uma linha introdutória, os autores trazem uma reflexão sobre a expressão “acesso à justiça”, aduzindo que seria uma expressão de difícil definição, mas que serviria para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico: que o sistema deve ser igualmente acessível a todos e que deve produzir resultados que sejam individuais e socialmente justos. Assim é que, em seu primeiro capítulo, iniciam um estudo sobre a evolução do conceito teórico de acesso à justiça, partindo da premissa de que o conceito de acesso à justiça vem sofrendo uma transformação importante. Isso porque nos estados liberais, os procedimentos adotados para as soluções de litígio refletiam um comportamento puramente individual dos direitos vigentes, onde acesso à justiça se limitava ao direito formal do indivíduo de propor ou contestar uma ação. Unicamente! Logo, muito embora fosse considerado um direito natural, não havia participação do Estado; o Estado permanecia passivo em relação aos problemas que obstavam o acesso à justiça, como por exemplo a incapacidade que muitas pessoas tinham de utilizar plenamente a justiça e suas instituições. Era um acesso à justiça formal, mas não efetivo. Dessa forma, com o aumento da população, as ações e relacionamentos adquiriram um caráter mais coletivo que individual e as sociedades modernas precisaram abandonar a visão individualista dos direitos, e, com isso, o conceito de direitos humanos se transformou, de modo que vem ocorrendo o reconhecimento progressivo da importância fundamental do direito ao acesso efetivo à justiça. Mas o reconhecimento, por si só, não é suficiente. O conceito de efetividade, ainda que pós-evolução, é, por si só, algo muito vago, de modo que a efetividade perfeita poderia ser expressa como a completa igualdade de armas, algo obviamente utópico, vez que não há como se ter igualdade de armas em um país tão desigual; as diferenças entre as partes não podem jamais ser completamente erradicadas. No segundo capítulo somos levados a entender/identificar os obstáculos a serem transpostos para o efetivo acesso à justiça. O primeiro obstáculo seriam as custas judiciais, vez que o ajuizamento de uma demanda, a instauração de uma lide e o litígio como um todo é custoso, principalmente considerando que o Brasil adota o principio da sucumbência, onde aquele que perde é duplamente penalizado, o que serve de desestimulo. Ainda, para além dos custos com o próprio processo, existem os valores dispendidos com a contratação de advogado. De outro lado, além da limitação econômica, tem-se a possibilidade das partes, no sentido de que quem pode pagar mais, suporta mais o tempo do processo. Pessoas ou organizações que possuam recursos financeiros tem maior vantagem, primeiro porque podem pagar para litigar (sejam as custas, sejam advogados) e segundo porque podem suportar a demora do litígio. Ainda, tem-se a barreira pessoal do reconhecimento do próprio direito. Com isso se evidencia que muitos são os obstáculos a serem vencidos (financeiro, pessoal, educacional, cultural), o que nos leva a conclusão que não podem ser eliminados um por um, são obstáculos inter-relacionados, portanto, a solução para transpor uma barreira pode exacerbar a outra. No terceiro capítulo, os Autores tratam sobre as soluções práticas para os problemas de acesso à justiça e fazem isso mediante uma subdivisão cronológica dos movimentos de acesso à justiça em “ondas”. A primeira “onda” teria sido a assistência judiciária; a segunda referia-se a representação jurídica para os interesses difusos e a terceira “onda” que seria o “enfoque de acesso à justiça”. A assistência judiciária para os pobres foi necessária como primeira onda, vez que a parcela mais carente da população, em virtude dos altos custos processuais, taxas e honorários advocatícios, começaram a renunciar a seus direitos. Já na segunda onda buscou-se ultrapassar o obstáculo do acesso à justiça em relação à representação dos direitos difusos e coletivos. Nesse ponto, e diante do surgimento de direitos que já não se enquadravam mais em público ou privado e que demandavam igualmente a proteção estatal (direito ambiental e dos consumidores), a segunda onda consistiu na reforma das noções tradicionais do processo civil e o papel dos tribunais, para garantir a tutela jurisdicional da coletividade. Por fim, a terceira onda diz respeito ao enfoque mais amplo do acesso à justiça, no sentido de promover o acesso à justiça não apenas pela via judicial, mas com a implementação de políticas públicas de incentivo a conciliação, arbitragem e mediação; os meios alternativos de solução de conflito. No quarto capítulo somos levados a compreender as tendências no uso do enfoque ao acesso à justiça, onde brilhantemente os Autores explicam que o enfoque do acesso à Justiça requer muito mais que a criação de tribunais ou mudanças na legislação. É necessária a modernização dos procedimentos, para que se tornem mais simples e eficientes, de modo a viabilizar resultados mais justos, que não reflitam as desigualdades entre as partes. Encerram, no quinto e último capítulo, com as limitações e riscos desse enfoque, na medida em que os riscos e limitações dessas mudanças não podem ser ignoradas, na medida em que a complexidade do sistema judiciário e as variadas formas de governos existentes, ensejam, em muitas vezes, o desrespeito as garantias fundamentais dos indivíduos. Com todas essas reflexões trazidas pelos Autores na obra, compreende-se que o acesso à justiça e a superação dos obstáculos vai muito além da mera criação de leis e investimento nos órgãos jurisdicionais. Por óbvio, muito já foi conquistado: a promoção de acesso à justiça a população carente por meio da criação da Defensoria Pública, a concessão de assistência judiciária gratuita para ajuizamento de demandas, tanto na esfera comum, quanto na justiça especial, além da regulação de leis próprias e órgãos especializados para a proteção de direitos coletivos. Todavia, não é o bastante. A complexidade do sistema judiciário ainda existe e muito ainda precisa ser feito, mas o resultado final precisa ser único: o acesso à justiça como sinônimo de igualdade entre as partes na busca da tutela pretendia, de forma justa e acessível; não pode se resumir a uma briga em quem possui mais dinheiro ou menos dinheiro para demandar em juízo; ou de quem tem mais conhecimento ou menos conhecimento sobre o seu próprio direito; não se pode medir o direito em uma situação desigual. O acesso à justiça precisa ser igualitário, para que, somente assim, toda e qualquer parcela da população, enxergue no sistema judiciário, a possibilidade de efetiva justiça.
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