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Shirley S.S Barbosa-OAB.MG.200.

550
Avenida Ursino Cardoso, nº 941, centro em
Verdelândia.MG.

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE JANAÚBA /MG.
Processo nº: 0001825-53.2023.8.13.0351

AILTON FERREIRA MARTINS, já devidamente qualificado nos autos da ação penal


que lhe move o Ministério Público Estadual, por suas advogadas subscritoras, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar suas
ALEGAÇÕES FINAIS

Em forma de memoriais escritos, com fulcro no art. 403, §º3 do Código de Processo Penal,
pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
I- DA SÍNTESE FÁTICA
Trata os presentes autos de ação penal pública incondicionada proposta pelo
Ministério Público de Minas Gerais em desfavor de AILTON FERREIRA MARTINS, foi imputado o
crime artigo 129, §13, do Código Penal, no contexto de violência doméstica e familiar praticada
contra a mulher (art.5, da Lei nº 11.340/06) em relação à vítima Luciana, e art. 21 da Lei de
Contravenções Penais- em relação a Nice, tudo na forma do art.69 do código penal.
Em síntese, dispõe a peça inaugural que:
Fato 01. Em 7 de abril de 2023, em horário não precisado ,
sabendo-se para tanto que durante a madrugada, na Rua João
Paulo II,nº29, complemento 29, bairro Barreiro do Rio Verde em
Verdelândia/MG, o denunciado Ailton Ferreira Martins, com
consciência e vontade de praticar o ilícito por razão da
condição do sexo feminino ofendeu a integridade corporal da

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sua ex-companheira Luciana Barbosa Penha da Silva Alves, no


contexto de violência doméstica e familiar.

Fato 02. Ainda no mesmo dia e local indicados acima, mais,


horário não precisado, o denunciado, com consciência e
vontade de praticar a conduta ilícita em contexto de violência
contra mulher, praticou vias de fato contra Nice Rodrigues dos
Santos, amiga de sua ex-companheira Luciana.
A denúncia foi oferecida (9785303872) e recebida, conforme ID:9785379233.
O acusado foi pessoalmente citado e apresentou defesa prévia (ID:9798879513 )
Realizada a audiência de instrução e julgamento foram ouvidas 1 (um) testemunha,
dispensado a oitiva a testemunha Maria Fernandes Lopes, foi ouvida a vítima Luciana , e MP,
desistiu da oitiva da suposta vítima Nice Rodrigues dos Santos e ao final o réu foi interrogado
(método áudio visual).
É o relatório, no essencial.
Processo constituído validamente, sem nulidades aparentes.
II- DO MÉRITO
No mérito, a pretensão acusatória não merece prosperar.
A defesa, segura do conhecimento de Vossa Excelência e certa de que nenhum
detalhe escapará da análise criteriosa dos autos em apreço.
Conforme se extrai dos autos, na fase inquisitorial foram ouvidas 2 (duas)
testemunhas/policias, contudo todas elas afirmaram que não presenciaram os fatos,que
compareceu na residência , após ser acionados pela SOU.
O acusado jamais teve a intenção de praticar o ato imputado ao mesmo, no caso
lesão corporal, contra sua companheira, saliente ainda que houve desentendimento entre
ambos, a qual todos fez ingestão de bebida alcoólica.

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Em instrução foi ouvido à testemunha PAULO DIONATAS CAMPOS CARVALHO:


Que confirma que, tudo que sabe do ocorrido, foi relatado pelas supostas vítimas,
que no caso de Nice, a mesma relatou que foi somente ameaça.
No mesmo sentido relato do Policial/Testemunha MARIA FERNANDA LOPES
perante autoridade policial, que não se sabe o que de certo ocorreu naquele dia, só se tem nos
autos a palavra das supostas vítimas, não se tem uma testemunha ocular que presenciou os
fatos.
Já o exame de corpo delito apresentado somente descreve supostas lesões, nem
se quer foi juntado fotografia da lesão relatada.
Foi alegado aperto fortemente no pescoço , porem na descrição do medico e
somente escoriação no pescoço a direita,bem estranho NE?
Já que foi apertado fortemente o pescoço deveria está os dois lados.
A mesma em audiência relata, e demonstra, como foi a suposta agressão
sofrida,porém o laudo apresentado somente consta escoriação no pescoço do lado direito.
Nos relatos perante Autoridade policial, a vítima Luciana .
No seu depoimento a mesma e incontroversa em algum pontos , primeiro a mesma
fala que pediu ajudar para uma vizinha , em outro momento fala que foi sua amiga Nice que
ajudou a mesma sair da residência , que quando Nice chegou já era quase madrugada.
Interessante o ponto onde a mesma relata que o acusado tem as chaves da
porta e Quando estão de boa ela/Vitíma deixa Ailton entra. (declaração perante
autoridade policial, fl.06).
A pergunta que ser faz e. para que no caso da vítima pedir socorro ao judiciário ?
já que a mesma com protetiva vive de idas e vindas com acusado, da chave da residência para o
mesmo, e ainda deixa ele entra quando estão de boa.

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Um caso que deveria ser investigado mais de perto , a sra. Luciana sempre busca o
suposto socorro para vítima de violência domestica , mais sempre auxiliar na quebra da medida
imposta .

III-OFENSAS MÚTUAS COM ÂNIMOS ALTERADOS – AUSÊNCIA DE DOLO– ATIPICIDADE DE


CONDUTA
Com clareza percebe-se que o contexto dos fatos em que aconteceu entre o
acusado e Nice ocorrera quando ambos estavam com ânimos alterados.
E isso, sem qualquer dúvida, afasta a lucidez das palavras e, via de conseqüência,
a vontade de praticar o ato delituoso.
Veja que há nos autos relato da sra. Nice onde ambos relata que empurrou um ao
outro.
Além do mais não existe testemunha ocular , que realmente viu o que aconteceu, a
sra. Luciana em audiência de instrução , fala que ouviu eles discutido lá foram, não
presenciando empurrão .
Noutro giro , no depoimento do Policial Paulo, o mesmo , narra que Nice narrou
somente ameaça para mesmo.
Das lições do professor Guilherme de Souza Nucci, extraímos a seguinte
passagem:

“Em uma discussão, quando os ânimos estão alterados, é


possível que as pessoas troquem ameaças sem qualquer
concretude, isto é, são palavras lançadas a esmo, como forma
de desabafo ou bravata, que não correspondem à vontade de
preencher o tipo penal.” (NUCCI, Guilherme de Souza. Código
penal comentado. 13ª Ed. São Paulo: RT, 2013, p. 741).
Por todo o exposto, pleiteamos a absolvição primando-se pelo in dubio pro reo,

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com fulcro no art. 386,VI, VII, do CP.


Eventualmente, em relação ao crime imputado, tem-se que a vitima e ex.
companheira do acusado e, conforme se observa os fatos não foram motivadas por razões do
sexo feminino em contexto de violência doméstica, mas em razão de via de fatos entre ambos.
Assim, não ha, no caso, motivação especial de gênero.

Caso Vossa Excelência, entenda não se caso de Absolvição passamos as tese


subsidiarias.

IV- DO REGIME INICIAL


O Regime inicial é estabelecido pela análise de dois dispositivos legais: o art. 33, §
2°, alínea a, b e c, combinado com o art. 59, IV, do CP. O art. 33, § 2º, apresenta uma tabela
considerando a pena da condenação e a primariedade do condenado.
As situações em que o Juiz, com base na tabela, tem mais de uma opção de regime
inicial deve-se privilegiar o regime mais benéfico, iniciando o regime pelo menos rigoroso. Bello,
Rodrigo manual de prática penal/Rodrigo Belo, Felipe Novaes. – 6. Ed.- Rio de Janeiro: Forever;
São Paulo: MÉTODO, 2020. Pag. 79.
Assim, como o réu faz jus a este benefício, requer pela concessão.
V- DA DOSIMETRIA DA PENA EVENTUALMENTE APLICADA
Caso não sejam aceitas por Vossa Excelência as teses absolutórias acima,
subsidiariamente a pena base há que ser fixada no mínimo legal, posto que nos autos não há
elementos concretos que fundamentam o posicionamento diverso.
Deverá ser observadas circunstâncias intrínsecas do réu para a sua aplicação,
não podendo Vossa Excelência julgar de modo genérico a conduta da ré frente a tipicidade do
delito e de seu comportamento, devendo atender de modo cumulativo os requisitos do art. 59
do CP.
VI- DA REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA

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Não a razão , para o fundamento da preventiva para assegura à aplicação da lei


penal, haja vista que acusado em nem um momento tentou fugiu, ao contrario estava em sua
residência(mora com pai) , consubstanciado na garantia da ordem pública.
Os fundamentos trazidos na decisão que determinou a conversão da prisão em flagrante delito
em prisão preventiva do acusado, prolatada em 07.04.2023, não mais subsistem, o que torna
necessária a revogação da medida.
Isto posto que Ailton não fugiu do local, e sim foi para sua residência, quando a
policia chegou o mesmo estava tomado banho, e não resistiu a prisão .
De acordo com o art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão preventiva poderá
ser decretada se, além da presença de prova da existência do crime e indícios suficientes de
autoria, houver risco para a ordem pública, ordem econômica, aplicação da lei penal,
conveniência da instrução criminal e/ou aplicação da lei penal.
A natureza cautelar da prisão provisória, como também da liberdade, decorre da
Constituição da República, ao estabelecer o princípio constitucional da liberdade e, mais
especificadamente, o princípio da inocência (art. 5°, LVII, CR/88).
Dessa forma, ainda que grave o delito, devem estar presentes os requisitos que
autorizam a custódia cautelar, sob pena de flagrante violação ao mencionado princípio
constitucional, que deve, sempre, ser observado pelo Poder Judiciário no momento da
manutenção da prisão preventiva.
No âmbito do processo penal, os requisitos são o fumus boni iuris e o periculum in
mora. O fumus boni iuris (fumus commissi delicti) consiste na plausibilidade do “direito de
punir”, isto é, na plausibilidade que se trata de um fato criminoso, constatada por elementos
probatórios sólidos.
O periculum in mora (periculum libertatis) representa o risco que a liberdade do
acusado acarreta para a ordem pública, para a ordem econômica, para a instrução criminal ou
para a aplicação da lei penal (art. 312 do CPP).

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Por oportuno, a gravidade do delito, por si só, não induz a necessidade da prisão
cautelar para a garantia da ordem pública, conforme já explanado.
A simples prática de um crime não induz perigo à ordem pública, pois, se assim o
fosse, toda prática de fato definido como crime acarretaria perigo à ordem pública, ensejando a
prisão cautelar, o que seria um absurdo.
No presente caso, a soltura do acusado não trará qualquer perigo à ordem
pública, diante de ausência de provas concretas de que o denunciado viria a praticar novos
crimes.
Inexiste risco para a aplicação da lei penal, pois, além de possuir residência fixa,
possiu vaga de emprego disponível (doc.juntado ao autos), o acusado se compromete a
comparecer em juízo sempre que for solicitado, não havendo dados concretos que permitam a
presunção de fuga (como a alienação de bens, compras de passagens para o exterior etc).
Diante do exposto, a Defesa requer, a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA.
V – DOS PEDIDOS
Diante do exposto requer de Vossa Excelência que:

a) No mérito, requer seja aplicando-se o Princípio In Dubio pro Reo, , devendo ser
proferida sentença absolutória , conforme artigo 386, ,VIe VII, do Código de Processo
Penal.
b) Por fim, não sendo reconhecidas as teses absolutórias acima, requer subsidiariamente
que a pena base seja fixada no mínimo legal.
c) Revogação da prisão preventiva.

Respeitosamente, pede deferimento.

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Verdelândia/MG, 21 de maio 2023.

SHIRLEY SOUZAS REGINA MARIA BARBOSA OAB/MG 200.550 OAB/MG


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