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ACÓRDÃO
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 0023380-74.2013.815.0011 - 1ª Vara Criminal da
Comarca de Campina Grande
RELATOR : O Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos
APELANTE : João Paulo de Almeida Silva
ADVOGADO : Altamar Cardoso
APELADO : Justiça Pública
RELATÓRIO
Perante a 1ª Vara Criminal da Comarca de Campina Grande, o
representante do Ministério Público ofereceu denúncia contra JOÃO PAULO DE
ALMEIDA SILVA, bastante qualificado nos autos, incurso nas penas dos arts. 213,
caput, do Código Penal.
É o relatório.
VOTO:
Consta dos autos que no dia 17 de junho de 2013, por volta das
9:30 horas, a vítima, deficiente visual, foi abordada no alojamento feminino por João
Paulo, que, usando de violência, jogou-a na cama, tirou-lhe a calcinha e subiu-lhe o
vestido, apalpando as partes íntimas da ofendida, sem, contudo, conseguir manter com
ela conjunção carnal, em face da resistência oferecida. Tendo ela se desvencilhado do
réu, este saiu correndo do local, oportunidade em que a vítima telefonou ao porteiro do
Instituto, pedindo que o mesmo se dirigisse ao alojamento feminino. Lá chegando, José
Salvador Filho deparou-se com a ofendida, que estava trêmula e em prantos, dizendo
que “o cobrador, João Paulo, tentou me estuprar.” A par disso, ele dirigiu-se à cozinha
para pegar um copo de água com açúcar para a moça atacada, quando deparou-se com o
ora apelante, que perguntou o que havia acontecido, acrescentando que o mesmo nada
tinha feito e que a vítima tinha um problema. O porteiro retornou ao alojamento
acompanhado da cozinheira Carmen Lúcia, quando encontraram os diretores do
Instituto John e Luciene. Como a vítima recusava-se a falar o que havia acontecido,
John pediu para que Lúcia voltasse para a cozinha, para conversar com aquela sobre o
que tinha acontecido. A vítima afirma que Luciene pedira para ela levantar o vestido
para ver se tinha algum machucado em seu corpo, tendo Lúcia respondido que estava
vermelho abaixo da costela. A diretora teria, ainda, desaconselhado a ofendida a tomar
providência, sob a justificativa de que não daria em nada e que o irmão de João Paulo
era perigoso.
“Que a vítima era muito amiga da depoente; que ela a ajudava a guardar
os materiais após a aula de Educação Física e fazia muitas confidências
para a depoente, porque tinha confiança nela; que conhece a vítima há
muitos anos, não apenas na época do fato,mas de quando era atleta de um
esporte que era só para cegos; que viajaram para João Pessoa com uma
equipe, uma delegação de homens e mulheres, quando conheceu ela; que
a vítima confiava muito em sua professora; que um dia a vítima
confidenciou que João Paulo estava dando em cima dela; que o
cobrador falava que a vítima era muito bonita, tinha um corpo muito
bem feito; que o marido dela tinha muita sorte, que ele seria muito
feliz com uma pessoa assim; que a depoente indagou se o acusado tinha
mesmo falado isso, ao passo que a vítima respondeu que sim; que a
depoente ficou nervosa com a confissão, porque a vítima era casada e
isso colocava em questão a fidelidade conjugal dela; que a vítima
perguntou o que fazer naquela ocasião, se ficava ou não, se dava
mole; que sabendo desse comportamento por parte da vítima, pois a
mesma tinha tido um caso no Instituto dos Cegos de João Pessoa,
falou para aquela ter cuidado, pois também era casada, assim como
o acusado e isso poderia dar problema; que contestou a verdade em si
por causa das atitudes da vítima; que o réu sempre foi uma pessoa
extremamente educada, sempre esteve no instituto, nunca passou na
varanda, porque a relação dele era com o presidente e a segunda
tesoureira, Elisangela; que ele sempre foi muito simpático com todos;
que soube do acontecido por meio do vigia, Salvador; que esperou a
vítima procurá-la e contar sua versão; que como a vítima não disse nada,
a depoente a questionou sobre o ocorrido, quando teve conhecimento dos
fatos tal como narrado na denúncia; que nunca falou para tomar
cuidado com o réu por ser o mesmo uma pessoa perigosa, mas
advertiu a vítima do seu comportamento promíscuo, porque ela era
casada, mandando ela ter cuidado consigo mesma, pois perguntava
se dava mole, dava uma chance para João Paulo; quanto ao fato só
sabe a versão contada pela vítima, mas tem opinião diferente sobre o
ocorrido; que as pessoas do instituto dizem que o fato não aconteceu; que
ninguém viu João Paulo entrar na área onde estava a vítima; que outros
alunos do instituto confidenciaram à professora que Alexsandra já
tinha dado em cima deles.”
É como voto.