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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SMAB
Nº 70065460933 (Nº CNJ: 0231471-21.2015.8.21.7000)
2015/CRIME

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TRIBUNAL DO


JURI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. OMISSÃO
IMPRÓPRIA. PRONÚNCIA.
1. No procedimento dos delitos dolosos contra a vida,
ao juízo de pronúncia se exige o convencimento
quanto à materialidade do fato e a constatação de
indícios suficientes de autoria ou participação. Assim é
porque se trata de juízo de admissibilidade da
acusação, do que resulta dispensável o grau de
certeza inerente às sentenças de mérito.
2. No caso, o conjunto de indícios integrantes dos
autos é convergente a apontar que a acusada estava
buscando todas as formas de atendimento médico e
espiritual ao filho, cujo estado de saúde vinha piorando
no decorrer dos meses. Ausência de indícios de
omissão do dever de cuidado, quanto menos orientada
ao resultado morte. Atipicidade do fato denunciado.
Absolvição.
RECURSO PROVIDO, POR MAIORIA FICTA.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70065460933 (N° CNJ: 0231471- COMARCA DE SAPUCAIA DO SUL


21.2015.8.21.7000)

ANDREA VANESA DA SILVEIRA RECORRENTE


ALIEVI

MINISTERIO PUBLICO RECORRIDO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Terceira Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, após os votos, do Des. Sérgio,
provendo o recurso para absolver sumariamente a ré, do Des. Tovo,
negando provimento ao recurso, e do Des. Diógenes, provendo em parte o
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recurso para despronunciar a ré, na forma regimental, o Presidente


proclamou o resultado, por maioria ficta, preponderante o voto Relator, por
falta de maioria desfavorável à recorrente: na forma regimental resulta
absolvida, com fundamento no artigo 415, III, do Código de Processo Penal.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. JOÃO BATISTA MARQUES TOVO (PRESIDENTE) E DES.
DIÓGENES VICENTE HASSAN RIBEIRO.
Porto Alegre, 29 de outubro de 2015.

DES. SÉRGIO MIGUEL ACHUTTI BLATTES,


Relator.

RELATÓRIO
DES. SÉRGIO MIGUEL ACHUTTI BLATTES (RELATOR)
O Ministério Público denunciou Andrea Vanessa da Silveira
Alievi, já qualificada, dando-a como incursa no artigo 121, §2°, I, e §4°,
parte final, cumulado com o artigo 13, §2° “a”, e artigo 61, II, “h”, todos do
Código Penal, pela prática do seguinte fato delituoso:
Na tarde de 21.11.2009, na Rua Ipiranga, 209, AP. 202, nesta
Cidade, a denunciada, omitindo-se do dever de agir, matou GUILHERME
DA SILVA ALIEVI, seu filho, então com 11 anos de idade (d.n 12/09/1998),
por septicemia secundária a paritonite por lesão de víscera oca (intestino
grosso), causa da morte (auto de necropsia das fls. 52/55, complementado
na fl. 99).
Dias antes GUILHERME, que estava doente já algum tempo, foi
severamente violentado na região anal, sofrendo lesão traumática no ânus,
canal retal e reto, provocada com instrumento contundente.
Essas lesões traumáticas foram feitas no mínimo com a conivência
da mãe (uma vez que o garoto estava sob seus cuidados diretos desde que

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adoecera cerca de um mês antes), seguramente por pessoa de suas


relações próximas e com acesso à residência da família.
Ao percebê-las, não obstante a extensa gravidade e o manifesto
convalescimento do garoto, a mãe, omitindo-se do dever legal e natural
inerente à maternidade e consistente no agir para preservar a saúde do filho
e evitar, a todo custo, seu perecimento, coisa que só seria possível por
atendimento hospitalar especializado, optou por tratá-lo em casa com
práticas não convencionais, inadequadas ou caseiras, tudo com a finalidade
de evitar que fosse descoberta a violência anal praticada no garoto – para o
que acabou assumindo os riscos de provocar a morte do próprio filho.
Tal omissão culminou com parada cárdio-respiratória do garoto na
tarde de sábado (21/11/2009), e só então, quando já era tarde demais, a
mãe resolveu levar o filho ao adequado socorro no Hospital Municipal
Getúlio Vargas.
Lá chegou desnutrido (com apenas 25kg) e sem pulso, não
respondendo às tentativas de reanimação e falecendo às 17h36min.
O crime foi cometido por motivo torpe, uma vez que a denunciada
deixou de levá-lo a pronto atendimento hospitalar para evitar que fosse
descoberta a violência praticada contra o garoto, e pela qual ela poderia ser
responsabilizada.
O crime foi praticado contra pessoa menor de 14 anos de idade.
O crime foi praticado contra criança.

A denúncia foi recebida em 09.02.2011 (fl. 182).


Pessoalmente citada (fl. 495v), a ré apresentou resposta à
acusação (fls. 203-270).
Foi designada audiência de instrução (fl. 440).
Durante a instrução, foram inquiridas as testemunhas (CD fl.
583) e interrogada a ré (CD fl. 634).
Foram apresentados memoriais pelo Ministério Público (fls.
636-645) e pela defesa (fls. 648-754).
Sobreveio decisão que pronunciou Andrea Vanessa da
Silveira Alievi como incursa no artigo 121, §2°, I, e §4°, parte final,
cumulado com o artigo 13, §2° “a”, todos do Código Penal. Mantida a
liberdade provisória da ré (fls. 755-760).

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Pessoalmente intimada da decisão (fl. 847), a ré interpôs


recurso em sentido estrito (fl. 763).
Nas razões, alega a inexistência de prova acerca da
materialidade do crime. Refere ausência de dolo, uma vez que a mãe tratou
o filho com o devido cuidado, jamais tendo evitado levar seu filho a
atendimento médico. Sustenta que a conduta é atípica. Subsidiariamente,
requer a desclassificação do delito para homicídio culposo. Ainda de modo
subsidiário, postula o afastamento da qualificadora por motivo torpe, por não
ter sido evidenciado no caso concreto (fls. 764-835).
Apresentadas as contrarrazões (fls. 838-844), subiram os
autos.
Nesta instância, emite parecer o Procurador de Justiça
Eduardo Bernstein Iriart, opinando pelo desprovimento do recurso (fls. 849-
853).
É o relatório.

VOTOS
DES. SÉRGIO MIGUEL ACHUTTI BLATTES (RELATOR)
Eminentes colegas:
Trata-se de recurso em sentido estrito interposto pela defesa
de Andrea Vanessa da Silveira Alievi, em face de decisão que a
pronunciou a julgamento pelo Tribunal do Júri, nos termos da denúncia.
No caso, a recorrente foi denunciada por homicídio
qualificado praticado por omissão. Isso porque, segundo a inicial
acusatória, na condição de mãe da vítima (criança de 11 anos de idade) e
ciente das lesões traumáticas nela causadas (violência perpetrada na região

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do ânus), a acusada deixou de encaminhá-lo a atendimento médico


hospitalar e, assim, deu causa ao resultado morte, decorrente de septicemia
secundária a peritonite por lesão de víscera oca (intestino grosso). Consta,
ainda, que assim agiu para evitar responsabilização referente à violência
sexual antes praticada contra o garoto, de modo que torpe o motivo do
delito.
Diante da pronúncia, a defesa recorre alegando atipicidade da
conduta e ausência de dolo, mesmo eventual. Alternativamente, requer a
desclassificação para a forma culposa ou, ainda, o afastamento da
qualificadora.
Adianto que colhe êxito a pretensão recursal.
A prova oral foi assim destacada na decisão de pronúncia:
“A testemunha VITOR ANTONIO ALVES, perito médico legista que
realizou exame pericial no corpo da vítima, aduziu que a cada da morte de
Guilherme foi uma peritonite, causada por lesão de víscera oca. Afirmou
que a lesão apresentada poderia lembrar a doença de Fournier, mas após
analisar o prontuário médico da criança, disse que não observou em
nenhum momento sinais prévios de existência da síndrome e, sim lesões
traumáticas que não causariam a síndrome. Disse ser possível afirmar que
as lesões ocorreram por instrumento externo para dentro do ânus, que é
compatível com a introdução de um instrumento contundente de fora para
dentro do ânus, o que poderia acarretar lesões, infecção e a síndrome de
Fournier, caso decorresse de trauma ou dilatação anal. Acredita que a
vítima sofre uma lesão entre dois a quatro dias antes do óbito, em face da
formação de fibrina que apresentava os tecidos do corpo (mídia de fl. 583).
O médico pediatra EDGAR HEUSER falou que atendeu a vítima
algumas vezes. Narrou que presenciou os atos de reanimação de
Guilherme, recordando-se que a vítima apresentava hematomas grosseiros
que vinham da região do pênis e passavam pelo ânus e vísceras, com
cores diferentes, que indicavam não terem sido produzidas no mesmo dia.
Afirmou que durante o processo de reanimação. A vítima verteu uma
mancha de sangue, que quinze centímetros do ânus, o que chamou a
atenção da equipe médica e apresentava arranhões nas regiões axilares e
nas costas ou região lateral do tórax (mídia de fl.583).
A médica ANA CAROLINA TABAJARA RAUPP narrou que iniciou o
atendimento de reanimação da vítima no Hospital Municipal Getúlio Vargas.
Afirmou que a criança chegou morta ao hospital não sendo possível
identificar a causa do óbito, contudo, apresentava lesões corporais

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sugestivas de lesões infligidas a ele, tais como equimose na região perianal


e laceração do ânus, facilmente visualizadas (mídia de fl. 583).
A Conselheira Tutelar CARLA PATRÍCIA DA SILVEIRA relatou que
viu o menino no hospital e entrevistou a genitora da criança no hospital.
Disse que a criança apresentava lesões nas axilas, pescoço e no ânus,
sendo que a genitora justificou que as lesões no pescoço e axilas ocorreram
quando ela segurou a criança, que começou a vomitar. Perguntaram a mãe
da vítima, o que havia ocorrido e ela mencionou que a criança havia
passado mal à noite e depois de “ir aos pés”, notou assaduras e passou
pomada hopoglós no local. No dia seguinte, teria levado o filho ao centro
espírita São Francisco, em São Leopoldo e após o meio dia, ele teria
passado mal e foi levado ao hospital (mídia de fl.583).
A ex. Conselheira Tutelar IARA LUIZ GEIGER afirmou que estava de
plantão, no dia do fato. Recebeu comunicação de óbito pelo Dr. Edgar, no
Hospital Getúlio Vargas. A criança apresentava sangramento anal e em
estado precário, magra, apresentando arranhões no pescoço e na axila,
mas as unhas da mãe e do padrinho eram curtas, ruídas. Ao ser
questionada, a mãe disse que, na noite anterior apresentava coloração
vermelha e assaduras na região anal, então havia colocado pomada
hipoglós (mídia de fl. 583).
O pai da vítima PAULO CESAR ALIEVI falou que teve contato com a
vítima três dias antes do óbito. Afirmou que acompanhou o período em que
a criança esteve doente, três dias no hospital e outros quatorze dias, em
sua residência, na cidade de Sapucaia do Sul, auxiliando nos cuidados.
Afirmou que o filho passou a apresentar deficiência na escola e, no meio do
ano, apresentou um quadro de vômito, ficando afastado da escola durante
um período. No dia 02 de novembro, a criança apresentou uma crise de
epilepsia e baixou no Hospital da Criança Santo Antônio, quando
detectaram um nódulo de gordura, no cérebro, mas por apresentar bom
estado de saúde, recebeu alta e passou a ser medicado em casa. Falou
que, no dia 17 de novembro, ao retornarem à consulta com neurologista
souberam que os exames não apresentavam alterações físicas e foram
orientados que procurassem auxílio psicológico. Certo dia, já em casa, a
criança se queixou ao ir ao banheiro e quando auxiliou ele a se limpar, viu
sangue no papel higiênico. Retornou para Brasília e, posteriormente, soube
do óbito do filho e da acusação contra Andrea. Ao retornar à Sapucaia do
Sul foi informada que Andrea a Cláudio teriam levado a vítima para tomar
um “reike” e invocado uma entidade, que havia judiado do ‘Gui’. Também
soube que no sábado, após constatarem que o filho apresentava uma lesão
no ânus, Cláudio e a ré teriam levado o menino a um pai de santo, que
afirmou que um espírito queria levar o menino embora e que apresentava
uma lesão muito grave no pulmão. Ainda, teriam conduzido a criança, a um
centro espírita kardecista, mas a criança após padecer à tarde toda, faleceu
(mídia de fl. 583).
A amiga da ré VANESSA MORAES DA SILVEIRA falou que estava
presente na casa da ré, quando a criança faleceu. Afirmou ter chegado na
residência três horas antes, sendo que o menino estava ativo e
conversando. Adisse que Andrea mostrou que havia um “roxo” na bundinha
de Gilherme e resolveram levá-lo ao médico, mais tarde (mídia de fl. 583).
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O padrinho CLAUDIO ALEXA AIRES HERMES falou que Andreia


ligou em torno de 11h30min, relatando que “Gui” teria feito muito “cocô” a
noite e apresentava algumas assaduras. Passou na residência de Andrea e
constatou que ele realmente apresentava assaduras escuras. Decidiram,
então, colocar pomada hopoglós, na região afetada. Afirmou que em torno
de 1h da tarde que informaram que fariam orações para que a saúde de
Guilherme melhorasse. Em torno de 17h, começaram a rezar na sala, e
“Gui”começou a passar mal, então tentou reanima-lo e correram para o
hospital, chegando em torno de 17h15min, quando foi iniciado processo de
reanimação pelos médicos. Em seguida foram informados do falecimento
(mídia de fl. 635).
A irmã da ré ADRIANA MARIA DIAS DA SILVEIRA HERMES
confirmou ter visto assaduras no corpo do sobrinho, que ficavam entre o
testículo e o ânus (mídia de fl. 635).
A vizinha da ré JOCELEI MARGARIDA DELAVATI DA SILVA falou
que Guilherme já estava doente em razão de um tumor, no cérebro.
Realizaram uma corrente de orações em favor da saúde de Guilherme, que
passou mal e faleceu (mídia de fl. 635).
A vizinha da ré MARLISE CLARA LAURINI DE CORDOVA narrou
que esteve na casa da ré, na manhã de sábado. Afirmou que ‘Gui’havia
evacuado à noite e “estava assadinho” (mídia de fl. 635)
A irmã da vítima e filha da ré ARIANE DA SILVA ALIEVI relatou que
ao acordar foi informado que sua mãe e seu ‘dindo’ haviam saído para levar
‘Gui’ em uma casa espírita. No fim da tarde, uniram-se com vizinhos para
fazer uma oração em favor da saúde de Guilherme e, em seguida, ele
começou a passar mal. Ligou para o SAMU, mas como ia demorar, sua
mãe, seu padrinho e uma vizinha correram com ele para o hospital, mas ele
faleceu (mídia de fl. 635).
Ao ser interrogada ANDREA VANESSA DA SILVEIRA ALIEVI negou
o fato. Afirmou que o filho Guilherme passou mal durante o mês de outubro,
aparentando um quadro viral e foi encaminhado para atendimento médico.
Passados três dias da consulta, o filho reclamou que a visão estava turva,
então consultou outra médica pediatra, que confirmou que o menino estava
com uma virose e mandou ministrar uma dieta mais calórica, para auxiliar
em sua recuperação. Disse que como a criança não melhorava e falava que
estava se sentindo mal, encaminhou-o a atendimento no plantão da
Unimed, sendo que o pediatra que prestou atendimento afirmou que ele
estava bem. Questionou o diagnóstico e, no mesmo diagnóstico e, no
mesmo dia, levou ‘Gui’, ao Hospital da Criança Santo Antonio, sendo que
na sala de espera ele teve uma convulsão e foi encaminhado para fazer
uma tomografia, sendo diagnosticado depois do exame, um tumor cerebral.
Guilherme permaneceu internado no hospital, recebendo alta assim que
detectaram que era um tumor benigno. Na terça-feira da semana seguinte,
Guilherme foi levado para uma reconsulta, ocasião em que o neurologista
responsável pelo tratamento afirmou que ele estava bem, apenas
apresentando uma vermelhidão na garganta, que poderia ser em razão do
ar condicionado do hospital. Na sexta-feira à noite, a vítima foi ao banheiro
e fez muitas fezes, de cor um pouco esbranquiçada e reclamou de dor,
quando visualizou que ele apresentava uma fissura no ânus. Durante a
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noite, “Gui” reclamou que estava com “dor no bumbum”, então passou um
pouco de pomada hipoglós nele. Na manhã seguinte, ligou para sua irmã e
decidiu levar “Gui” para uma casa espírita kardecista, sendo que ele tomou
um passe e água fluidificada. Em casa, à tarde, Guilherme reclamou que
estava sentindo dor na bundinha, então baixou a cuequinha dele e viu
bolhas na região do ânus. Ficou apavorada e começou a trocar a roupa do
filho para irem ao hospital. Viu que o filho não estava bem e ao ministrar
medicação anti-convulsiva, a criança vomitou um jato de sangue escurecido
e desfaleceu. Tentou realizar massagem cardíaca com Cláudio, e levaram a
criança de carro ao hospital, que veio a falecer. Esclareceu, ainda, que
Cláudio apareceu com uma garrafa de champanhe para dar como oferenda
pela saúde de Guilherme, mas quando viu mandou ele despejasse o
conteúdo, na pia do banheiro. Não ideia de como o filho perfurou o intestino.
Reafirmou que nada foi colocado no ânus da vítima (mídia de fl. 634).”

Examinado este conjunto probatório, bem como os elementos


probatórios periciais, não identifico omissão dolosa a sustentar a decisão
de pronúncia.
A propósito, consigno que não está em questão, aqui, a autoria
e as circunstâncias das lesões perpetradas contra a vítima. A imputação
formulada na denúncia parte da existência dessas lesões e busca apurar a
responsabilidade pela suposta omissão de socorro, imputando-a à mãe da
criança, que detinha sua guarda e estaria ciente da existência das lesões,
bem como teria evitado buscar auxílio médico para evitar responsabilização
criminal.
Pois bem, de início, registro não pairar dúvida quanto às lesões
traumáticas mencionadas na denúncia, causa indireta da morte, pois na
origem da septicemia que levou a vítima ao óbito. As fotografias (pen drive e
CD das fls. 582/583) não deixam dúvidas, e os laudos periciais, bem como os
relatos dos médicos que prestaram atendimento ao infante na chegada ao
hospital, também confirmam o quadro de evidente trauma na região anal.
No entanto, este cenário não corrobora a hipótese acusatória
de omissão de socorro. A propósito, destaco o relato do pai da criança, que

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narrou a preexistência de problemas de saúde do infante no decorrer do


último ano, indicando que também a acusada estava fazendo o possível
para garantir a melhora do quadro clínico de saúde do filho. Destaco
novamente trecho do depoimento de Paulo Cesar Alievi, in verbis:
O pai da vítima PAULO CESAR ALIEVI falou que teve contato com a
vítima três dias antes do óbito. Afirmou que acompanhou o período em
que a criança esteve doente, três dias no hospital e outros quatorze
dias, em sua residência, na cidade de Sapucaia do Sul, auxiliando nos
cuidados. Afirmou que o filho passou a apresentar deficiência na escola e,
no meio do ano, apresentou um quadro de vômito, ficando afastado da
escola durante um período. No dia 02 de novembro, a criança
apresentou uma crise de epilepsia e baixou no Hospital da Criança
Santo Antônio, quando detectaram um nódulo de gordura, no cérebro,
mas por apresentar bom estado de saúde, recebeu alta e passou a ser
medicado em casa. Falou que, no dia 17 de novembro, ao retornarem à
consulta com neurologista souberam que os exames não
apresentavam alterações físicas e foram orientados que procurassem
auxílio psicológico. Certo dia, já em casa, a criança se queixou ao ir ao
banheiro e quando auxiliou ele a se limpar, viu sangue no papel
higiênico. Retornou para Brasília e, posteriormente, soube do óbito do filho
e da acusação contra Andrea. Ao retornar à Sapucaia do Sul foi informada
que Andrea a Cláudio teriam levado a vítima para tomar um “reike” e
invocado uma entidade, que havia judiado do ‘Gui’. Também soube que
no sábado, após constatarem que o filho apresentava uma lesão no ânus,
Cláudio e a ré teriam levado o menino a um pai de santo, que afirmou
que um espírito queria levar o menino embora e que apresentava uma lesão
muito grave no pulmão. Ainda, teriam conduzido a criança, a um centro
espírita kardecista, mas a criança após padecer à tarde toda, faleceu (mídia
de fl. 583).

Como visto, a ré, tanto quanto o pai da vítima, estavam


prestando o devido auxílio, recorrendo a atendimento médico em
estabelecimentos hospitalares. Ocorre que o quadro de saúde do menino
estava piorando, o que, aparentemente, fez com que a acusada buscasse
também auxílio espiritual, ocasião na qual, segundo Paulo Cesar, o menino
teria sido judiado.
Bem possível, neste cenário, que as lesões causadas na região
anal, detectadas pelos médicos no momento do atendimento hospitalar,

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tenham sido causadas durante o reike, e não pela acusada. Isso, porém, não
autoriza supor que a mesma não tenha procurado auxílio médico para evitar
possível responsabilização criminal. Aqui, tem-se uma ilação inadmitida no
âmbito processual penal. Não há provas neste sentido, e não se pode
presumir que uma mãe possa ter negligenciado socorro com o intuito de
evitar uma responsabilização criminal.
Aliás, a derruir essa hipótese acusatória está o fato de a
acusada ter levado o filho à emergência do hospital. Fosse efetivamente seu
intuito omitir-se, não o teria feito.
Ainda, razoável supor que, diante da evolução do quadro
clínico da doença, bem como após o atendimento espiritual, o menino possa
ter piorado, “indo aos pés” diversas vezes durante a noite, o que pode ter
gerado assaduras, como sustentou a acusada.
Enfim, não paira dúvida de que a acusada é mãe da vítima e
detinha sua guarda. Portanto, que tinha o dever legal de prestar o devido
amparo e evitar o resultado morte, eis que ciente do quadro clínico do
infante.
Porém, tenho que o cenário probatório dos autos é
convergente no sentido de que ela estava prestando o devido amparo ao
filho, tanto assim que buscou todos os meios de atendimento, e não
conseguindo encontrar uma solução médica, buscou auxílio espiritual.
Não identifico, pois, sequer indícios de omissão dolosa de parte
da acusada, tampouco na forma eventual.
De fato, não há nenhum indicativo de que a acusada tenha se
omitido com o intuito de causar a morte do filho, o que é imprescindível a
sustentar a imputação de homicídio doloso por omissão. Neste caso, a

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conduta omissiva deve estar finalisticamente orientada ao resultado morte,


sem o que não há que se falar em crime comissivo por omissão. E no caso
dos autos, desde o início a acusação justifica a omissão da acusada por
uma teórica intenção de se furtar à responsabilização penal, e com intenção
de causar a morte do filho.
Aliás, sequer é caso de desclassificação para a forma culposa,
a meu juízo.
Isso porque, como destacado, a acusada vinha se dedicando
aos cuidados do filho, buscando todas as formas de atendimento possíveis,
pelo que não é possível imputar a ela uma conduta negligente.
Impõe-se ressaltar que a evolução do quadro clínico,
aparentemente, pelo que destacaram os médicos, foi rápida, do que se
afasta a hipótese de negligência. O fato, enfim, enquadra-se de modo mais
apropriado no conceito de infelicitas facti, em que não há propriamente
conduta culposa, pois impossível ao agente evitar o resultado, ainda que
previsível este.
Da mesma forma, estou a dar provimento ao recurso ao efeito
de absolver a acusada, com fundamento no artigo 415, III, do Código de
Processo Penal.

DES. JOÃO BATISTA MARQUES TOVO (PRESIDENTE)


Com a mais respeitosa vênia, mantenho a decisão hostilizada
por seus próprios fundamentos. Há três fatos suficientemente indicados pela
prova dos autos que sustentam a tese acusatória e garantem seu trânsito a
julgamento pelo Tribunal do Júri: (1) a causa da morte foi peritonite por lesão

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de víscera oca, indicativa de trauma por introdução de objeto na cavidade


anal; (2) os danos primários e secundários dessa lesão eram perceptíveis a
qualquer pessoa, sobretudo a uma mãe, e demandavam fosse procurado
imediato atendimento médico, o que não houve; (3) a mãe só levou o filho ao
hospital em seus estertores, ele lá chegando sem mínima chance de ser
salvo. A defesa contestou os dois primeiros fatos, mas não logrou fossem
desacreditados modo suficiente a impedir o juízo de pronúncia, e eles são
suficientes a embasar tanto a modalidade de culpa imputada no óbito quanto
a motivação sustentada. Se a ré é inocente ou culpada, não cabe perquirir
aqui, deve decidi-lo o Tribunal do Júri, competente para o julgamento. E não
carece dizer mais, aliás, nem deve ser dito, para que a pronúncia não induza
os jurados a uma decisão, de modo que a crítica feita pela defesa à extrema
brevidade da sentença é indevida.
POSTO ISSO, voto no sentido de negar provimento ao recurso.

DES. DIÓGENES VICENTE HASSAN RIBEIRO


Estou acompanhando o eminente Relator, em certos termos,
rogando, então, vênia ao eminente Des. João Batista Marques Tovo que
apresentou divergência. Entendo que não há elementos para manter a
pronúncia, mas, diversamente do eminente Relator, entendo que também
não há dados que possibilitem, desde logo, a absolvição sumária. Por isso,
não adoto a solução do art. 415, mas sim a do art. 414, porque não
vislumbro nos autos indícios suficientes de autoria da omissão
penalmente relevante da acusação.

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PODER JUDICIÁRIO
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SMAB
Nº 70065460933 (Nº CNJ: 0231471-21.2015.8.21.7000)
2015/CRIME

Sem a mínima dúvida trata-se de processo que apresenta


graves dificuldades de análise e solução. A primeira delas decorre do
caso, que é tétrico, doloroso, pois versa sobre a morte de um menino
com 11 anos de idade, em situação não bem esclarecida. Menino
nascido do casamento da recorrente com o pai, militar do exército, que
estavam separados há cerca de 4 anos antes da morte do filho. Segundo
relatos produzidos nos autos, a separação do casal foi conturbada e o filho,
na época, provavelmente tinha idade de cerca de 7 anos. O pai, segundo
consta, é o principal acusador da genitora, ora recorrente e acusada.
A acusação é de homicídio por omissão, na forma do art. 13, §
2º, do Código Penal – omissão penalmente relevante – nos termos da alínea
“a” – dever de evitar o resultado por quem tinha, por lei, obrigação de
cuidado, proteção e vigilância.
Segundo consta da peça acusatória:
Na tarde de 21.11.2009, na Rua Ipiranga, 209, AP. 202, nesta
Cidade, a denunciada, omitindo-se do dever de agir, matou GUILHERME
DA SILVA ALIEVI, seu filho, então com 11 anos de idade (d.n 12/09/1998),
por septicemia secundária a paritonite por lesão de víscera oca (intestino
grosso), causa da morte (auto de necropsia das fls. 52/55, complementado
na fl. 99).
Dias antes GUILHERME, que estava doente já algum tempo, foi
severamente violentado na região anal, sofrendo lesão traumática no ânus,
canal retal e reto, provocada com instrumento contundente.
Essas lesões traumáticas foram feitas no mínimo com a conivência
da mãe (uma vez que o garoto estava sob seus cuidados diretos desde que
adoecera cerca de um mês antes), seguramente por pessoa de suas
relações próximas e com acesso à residência da família.
Ao percebê-las, não obstante a extensa gravidade e o manifesto
convalescimento do garoto, a mãe, omitindo-se do dever legal e natural
inerente à maternidade e consistente no agir para preservar a saúde do filho
e evitar, a todo custo, seu perecimento, coisa que só seria possível por
atendimento hospitalar especializado, optou por tratá-lo em casa com
práticas não convencionais, inadequadas ou caseiras, tudo com a finalidade
de evitar que fosse descoberta a violência anal praticada no garoto – para o
que acabou assumindo os riscos de provocar a morte do próprio filho.
Tal omissão culminou com parada cárdio-respiratória do garoto na
tarde de sábado (21/11/2009), e só então, quando já era tarde demais, a
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mãe resolveu levar o filho ao adequado socorro no Hospital Municipal


Getúlio Vargas.
Lá chegou desnutrido (com apenas 25kg) e sem pulso, não
respondendo às tentativas de reanimação e falecendo às 17h36min.
O crime foi cometido por motivo torpe, uma vez que a denunciada
deixou de levá-lo a pronto atendimento hospitalar para evitar que fosse
descoberta a violência praticada contra o garoto, e pela qual ela poderia ser
responsabilizada.
O crime foi praticado contra pessoa menor de 14 anos de idade.
O crime foi praticado contra criança.

Como se vê, a própria denúncia menciona que o menino


“adoecera um mês antes”.
Resta examinar, para efeito de cabimento da pronúncia,
sobre se a genitora foi, ou não, negligente nos seus deveres de
cuidado, proteção e vigilância com vista a tornar-se possivelmente
responsável por omissão e, então, acusada de homicídio por essa forma,
residual e excepcional.
A constatação que faço é a de que não há prova que possibilite
a pronúncia.
Com efeito, rememorando os dados existentes nos autos,
desde a fase inquisitorial, há as primeiras declarações prestadas pelo pai da
vítima, constantes das fls. 77-79. No final dessas declarações, o pai da
vítima teria dito: “reforça total confiança na conduta da mãe e no
padrinho Cláudio, inclusive com intensos trabalhos, dedicação
exclusiva ao filho.”
Nessas declarações o pai da vítima historia o sofrimento da
vítima nos dias anteriores aos fatos, desde, pelo menos, o mês de setembro
de 2009. Disse, expressamente, e depois confirmou em juízo, embora
residente em Brasília, que esteve por vários dias em Sapucaia do Sul, pois
se encontrava em licença para os cuidados do filho, retornando a Brasília

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no dia 18 de novembro de 2009, sendo que o fato morte teria ocorrido


no dia 21 de novembro.
O pai da vítima produz relato consistente, pois lá consta,
inclusive, que entre 20 de outubro e 10 de novembro a vítima teria perdido 5
kg de peso. Mencionou que a vítima esteve hospitalizada por vários dias e
que teria ficado com trauma de hospital. Importante dar destaque ao fato de
que, no dia 16 de novembro, ele teria levado “o filho ao banheiro, o mesmo
fez cocô muito duro, com força, doeu, ocorrendo inclusive sangramento no
ânus, sangue vivo. O filho se queixou de dores no ânus, sendo colocado
hipoglós. O filho, pelo que se recorda, ficou uns quatro dias sem evacuar.
Não se teve orientação quanto à evacuação” (fl. 79).
No relato do pai da vítima, nessas declarações, há a descrição
das idas e vinda do filho e dos familiares, dele, pai, e da acusada, aos
médicos diversos, menção a diversos medicamentos ministrados à vítima e
seu histórico de patologias, inclusive sobre a necessidade de frequência a
psicológo.
As demais declarações policiais e depoimentos judiciais
existentes nos autos não destoam desse quadro patológico enfrentado pela
vítima nos dias, mais de 30, talvez 60 dias, anteriores ao evento morte.
Os documentos dos autos (fls. 316 e seguintes) indicam que a
vítima esteve internada no Hospital da PUCRS a partir de 2 de novembro de
2009, tendo realizado tomografia no dia 1º de novembro de 2009. A alta
hospitalar (fl. 324) ocorreu em 5 de novembro. Os medicamentos
mencionados nas declarações do pai da vítima estão descritos nesse
documento (fl. 324).

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A recorrente também acostou documentos aos autos indicando


afastamento do trabalho por licença-saúde, inclusive para cuidados com o
filho (fl. 423).
Fundamentalmente, no laudo pericial o perito médico deu
essa resposta a um dos quesitos formulados: “4) as lesões perianais e
anais são exclusivas de abuso sexual ou podem ser advindas de fezes
endurecidas? Ou outros fatores, se positivo quais? Não são exclusivas
de abuso sexual, podendo ser advindas de fezes endurecidas. Outros
fatores são doença de Crohn, retocolite ulcerativa, tuberculose, sífilis,
neoplasia, blastomicose e outras”.
Portanto, não há elementos nos autos que autorizem
considerar a recorrente, neste juízo de pronúncia, responsável, por omissão,
pela morte do seu filho, pois ela, assim como o pai, desde cerca de 30 ou 60
dias antes do fato morte, adotaram inúmeras providências, inclusive com
internação hospitalar no mesmo mês de novembro de 2009, da vítima.
Adotaram providências diversas para que ele fosse diagnosticado e
corretamente tratado.
Como consta do laudo pericial e diante dos relatos dos autos,
especialmente o relato do pai da vítima, sobre o fato de alguns dias do fato,
no dia 16 de novembro, a vítima ter permanecido por 4 dias sem evacuar e,
então, ter produzido fezes duras, com dor e intenso sangramento, o que, nos
termos do laudo pericial, pode ter acarretado o quadro de infecção e a
peritonite mencionada como causa da morte.
Assim, não chego ao ponto, como consta do voto do
eminente Relator, de encontrar nos autos dados que possibilitem
desde a absolvição sumária, mas chego à conclusão de que a genitora
deve ser despronunciada, por inexistência de indícios sufientes de
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autoria na responsabilidade por omissão, nos termos do art. 414, do


Código de Processo Penal.

DES. JOÃO BATISTA MARQUES TOVO - Presidente - Recurso em Sentido


Estrito nº 70065460933, Comarca de Sapucaia do Sul: "“APÓS OS VOTOS,
DO DES. SÉRGIO, PROVENDO O RECURSO PARA ABSOLVER
SUMARIAMENTE A RÉ, DO DES. TOVO, NEGANDO PROVIMENTO AO
RECURSO, E DO DES. DIÓGENES, PROVENDO EM PARTE O RECURSO
PARA DESPRONUNCIAR A RÉ, NA FORMA REGIMENTAL, O
PRESIDENTE PROCLAMOU O RESULTADO, POR MAIORIA FICTA,
PREPONDERANTE O VOTO RELATOR, POR FALTA DE MAIORIA
DESFAVORÁVEL À RECORRENTE: NA FORMA REGIMENTAL RESULTA
ABSOLVIDA, COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 415, III, DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL.”"

Julgador(a) de 1º Grau: JAQUELINE HOFLER

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