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Concurso de pessoas
O motivo de honra constitui elementar do tipo, de modo que o terceiro que
concorrer para a exposição ou abandono de recém-nascido, pelo genitor,
responderá como coautor ou partícipe do crime em tela, em face da
comunicabilidade daquela condição pessoal entre os participantes (CP, art. 30).
Se o terceiro não tinha conhecimento das elementares (dados fundamentais de
uma conduta criminosa), responde por abandono de incapaz.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
● Crime próprio: por exigir uma situação de fato ou de direito diferenciada por
parte do sujeito ativo, que nesse caso só poderá ser a mãe ou o pai da vítima;
● Crime de perigo concreto: por exigir que a ação do sujeito ativo (mãe/pai)
cause um resultado consistente na criação de um perigo concreto de lesão
para o bem tutelado (a vida e a saúde do recém-nascido);
● Doloso: não há previsão da modalidade culposa. Entretanto, se o agente
abandonar culposamente o recém-nascido e sobreviver a sua morte ou a
ocorrência de lesões corporais, deverá ele responder pelos delitos de homicídio
ou lesão corporal na modalidade culposa;
● De forma livre: Admite variadas formas para a prática da conduta típica.
● Comissivo ou omissivo-impróprio: A comissão se relaciona ao ato de
expor o neonato a um perigo real. Já a omissão está associada à falta de
assistência devida.
● Monossubjetivo: Pode ser praticado por uma só pessoa;
● Plurissubsistente: Há um prolongamento temporal, cuja ação é composta
por diferentes atos que compõem uma mesma conduta;
● Transeunte: É o crime que não deixa vestígio material. Via de regra é
transeunte, a não ser nas hipóteses qualificadas, em que se verifica a lesão
corporal de natureza grave ou a morte do recém-nascido;
● Instantâneo de efeitos permanentes: Significa dizer que o crime é
consumado em um dado instante (com a exposição ou abandono), mas seus
efeitos perduram no tempo, independentemente da vontade do agente, já que o
resultado produzido pela conduta subsiste sem precisar ser sustentado por ele.
Elementos objetivos
● Expor (conduta positiva) ou abandonar (conduta omissiva); ambas significam
deixar o recém-nascido sem assistência, ao desamparo;
● Crime de ação múltipla/conteúdo variado: dois núcleos previstos;
● Tipo misto alternativo: tanto faz expor ou abandonar
● Crime único: o indivíduo, que por meio de uma ou várias condutas, pratica
contra mesma vítima e no mesmo contexto fático um único delito;
● Tal abandono é físico. Deixar ao desamparo. Não é, por exemplo, deixar de
alimentar;
● A exposição ou abandono do recém-nascido deve criar uma situação de
perigo
concreto, a qual deve ser comprovada;
● Abandono de gêmeos: Será considerado concurso formal impróprio, com a
soma das penas dos crimes concorrentes, se a ação ou omissão for dolosa e o
agente possuir a intenção de, com uma só ação, praticar mais de um crime,
com desígnios autônomos.
Elemento Subjetivo
● Dolo de perigo concreto, consistente na vontade livre e consciente de expor
ou abandonar o recém-nascido, acrescido do fim especial de ocultar desonra
própria;
● Se a causa do abandono for outra (miséria, prole excessiva, filho doente), a
mãe responderá por abandono de incapaz;
● Não se admite dolo eventual por ser incompatível com o fim especial de agir
exigido pelo tipo penal; trata-se de dolo direto de perigo, consistente na
vontade e consciência de expor ou abandonar o recém-nascido, acrescido do
fim especial do agente, de “ocultar desonra própria”
● Se houver dolo de dano, ou seja, se a agente realizar o abandono com a
intenção de causar a morte do neonato, responderá, se estiver no estado
puerperal pelo delito de infanticídio; ausente este estado, responderá por
homicídio.
Consumação
Por se tratar de um crime instantâneo de efeitos permanentes, o delito é
consumado com o abandono ou com a exposição, desde que resulte perigo
concreto para o recém-nascido.
Da mesma forma que o delito de abandono de incapaz, não há que se falar em
exclusão do crime na hipótese em que o agente temporariamente abandone o
recém-nascido, vindo a retomar a sua guarda posteriormente, pois, desde que
a vida ou a saúde do recém-nascido tenha sido exposta a perigo com o
abandono, estará consumado o delito. Entretanto, nada impede que no caso
incida o instituto do arrependimento posterior (art. 16, CP).
Tentativa
De igual forma ao delito de abandono de incapaz, a tentativa é admissível nos
crimes de perigo, desde que o delito seja praticado na modalidade comissiva,
de modo a haver um iter criminis a ser fracionado.
Ex.: Mãe é surpreendida quando se dirige para um lugar remoto, onde
abandonaria seu filho recém-nascido.
Formas
7.1. Simples
Está totalmente previsto no Caput.