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CURSO RENATO SARAIVA (CERS) – UTI 60 HORAS – 1ª FASE OAB – XVII EXAME DA ORDEM

DIREITO PENAL – OVERDOSE


Aula 1 – Geovane Moraes

1)PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO -> quando um crime é apenas meio executório para a prática de outro delito inicialmente
pretendido o crime meio vai ser englobado pelo crime fim. -> Exemplo: Indivíduo falsifica documento para fins de
prática do crime de estelionato e usa esse documento falsificado para a prática do estelionato. Neste caso, o agente
responde apenas por um delito: estelionato (art. 171 do CP). Não responde pela falsificação por causa do princípio da
consunção, pois este crime foi crime meio que se exauriu no crime fim pretendido, que era o estelionato.  Súmula 17
do STJ -> crime meio é absolvido pelo crime fim.

Exemplo: Indivíduo arromba a porta de uma casa, adentra o domicílio para furtar uma televisão. Destruir a porta da casa
de alguém é crime de dano (art. 163 do CP), entrar na casa dos outros sem autorização é crime de violação de domicílio
-> mas ele só fez isso como forma executória para atingir o crime de furto originariamente pretendido, então não
responde por estes dois primeiros crimes, pois estão vão ser englobados pelo contexto do crime de furto – só vai
responder pelo crime de furto qualificado por destruição de obstáculo.

2)MOMENTO CONSUMATIVO DO FURTO E DO ROUBO -> STF e STJ o momento consumativo do furto e do roubo
deverá ser aferido com base na Teoria da Apreensão: estarão consumados no momento da subtração da coisa móvel
alheia, ainda que o agente delituoso não consiga ter a posse mansa e pacífica do bem, ainda que ele sequer consiga
evadir-se do local da subtração.

STJ já disse que o fato de existir sistema de vigilância e monitoramento não torna impossível a consumação do crime de
roubo e de furto.

3)LATROCÍNIO -> é o roubo qualificado pelo resultado morte da vítima – art. 157,§3º, parte final do CP. Pena de
reclusão de 20 a 30 anos – quando ficar claro que a intenção inicial do agente, o animus primário é subtrair coisa alheia
móvel com emprego de violência ou grave ameaça e quando se utiliza destas acaba matando. O agente delituoso não
foi para matar, ele empregou violência ou grave ameaça para roubar, mas no contexto do roubo acabou matando a
vítima.

LATROCÍNIO NÃO VAI PARA TRIBUNAL DO JÚRI! O JÚRI POSSUI COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL ORIGINÁRIA PARA
APRECIAR OS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA TENTADOS OU CONSUMADOS. LATROCINIO NÃO É CRIME CONTRA A
VIDA, MAS SIM CRIME PATRIMONIAL.

No latrocínio, o momento consumativo do crime É QUANDO A VÍTIMA MORRE, ainda que os bens não cheguem a ser
subtraídos. -> Súmula 610 do STF. Mesmo que a coisa móvel não tenha sido subtraída, mesmo que o agente não
tenha levado os bens, o latrocínio está consumado.

Roubo qualificado porque dele resultou lesão corporal.

4)CRIME DE ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO -> é quando o sujeito enrola, faz fake para o INSS para conseguir concessão
de um benefício que ele não tem direito. Alguém está enganando, iludindo o INSS objetivando conseguir uma vantagem
indevida. Exemplo: Sou pessoa saudável e jovem, mas sou preguiçoso e não quero trabalhar. Resolvo enganar o INSS
dizendo que tenho doença, fraudo perícia e o INSS me aposenta.  TODO CRIME DE ESTELIONATO PRATICADO CONTRA
O INSS TERÁ A PENA AUMENTADA EM 1/3 -> §3º do art. 171 do CP.

JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA: O crime de estelionato previdenciário quando praticado pelo próprio beneficiário é
crime permanente -> ou seja, a consumação deste delito vai acontecer no momento em que o beneficiário recebeu o
primeiro pagamento que lhe foi concedido de maneira indevida e a permanência vai se estender pelo tempo em que ele
continuar recebendo este pagamento.  isso impacta no início de contagem do prazo inicial de prescrição: a prescrição
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do crime só começa a ser contada do dia que cessar a permanência, ou seja, do dia que ele receber o último
pagamento. Em crimes permanentes ou continuados o termo inicial da contagem da prescrição só começa a contar
quando cessa a permanência.

5)PRESCRIÇÃO -> termo inicial do contagem do prazo prescricional nos crimes sexuais contra criança e adolescente ->
Lei Joana Maranhão – Lei 12.650/2012 -> introduziu o inciso V no art. 111 do CP: o termo inicial de contagem do prazo
prescricional no crime sexual contra criança e adolescente só começa a contar do dia que a vítima completar 18 anos,
desde que a o crime tenha sido praticado depois da entrada em vigor desta lei, pois se trata de lei penal mais gravosa e
lei penal mais gravosa não vai retroagir, porque leis penais só retroagem para beneficiar o agente.

Exemplo: Sujeito de 18 anos conhece menina de 13 anos e ele sabe da idade dela e eles têm relações sexuais – praticou
crime de estupro de vulnerável, e não importa o consentimento dela. A prescrição deste crime só vai começar a fluir no
dia que essa moça completar 18 anos, por causa da lei 12.650/2012, salvo se a este tempo já tiver sido proposta a ação
penal.

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