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CRIMES CONTRA A HONRA

Legítima Defesa da Honra: é uma tese que perdurou pelo Tribunal do Júri por muito tempo, mas hoje é uma tese
superada.

Honra Subjetiva x Honra Objetiva: tal divisão tem utilidade na prática.

Honra Subjetiva: é o que pensamos de nós mesmos. É protegida pela injúria.


Honra Objetiva: é aquele conceito que gozamos/desfrutamos perante terceiros, perante a sociedade. É o que
as pessoas pensam de nós.

A calúnia e a difamação protegem a honra objetiva.

× Tais crimes podem ser cometidos pela palavra, por gestos, pela escrita.
× Deve-se levar em consideração o contexto: o que é ofensivo no dia a dia, pode não ser ofensivo num campo de
futebol.
× O próprio silêncio pode influir na questão da honra: “Fulano... eu nem vou falar o que penso dele”.
× Há pessoas que estão mais expostas à comentários/insinuações, como políticos e pessoas famosas. Alguns autores
defendem que se deve relativizar um pouco, visto que são pessoas que chamam atenção do público. Elemento Subjetivo
× Tanto a calúnia, quanto a difamação e a injúria são regidas pelo dolo, que pode ser direto (vontade livre e consciente
de escrever/falar algo) ou eventual (não tem certeza, mas assume o risco - encaminhar Fake News). De forma alguma
pode ser culpa.
× Exigem o dolo específico/Elemento Subjetivo do Injusto/do Tipo: é o fim especial de agir. Isso significa que se exige
que o autor tenha o fim especial de atingir alguém. Tentativa
× No âmbito acadêmico, pode-se pensar na discussão sobre a tentativa, principalmente na modalidade escrita. Na
prática, não é possível pensar nisso.

CALÚNIA
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois
anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga

× Ou seja, encaminhar mensagens em Rede Social não exime a pessoa do crime.

§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.


× Somente a calúnia. O sujeito passivo aqui não é o morto, mas sim seus familiares.

§3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:


I - Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - Se o fato é imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível;
III - Se do crime imputado, embora a ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

× O agente está imputando a alguém um fato. Não precisa ser detalhado, mas é um fato que é definido como crime.
× Deve ser definido como crime, não bastando ser contravenção penal.
× Assim, a calúnia deve ter três elementos: um fato específico (não necessariamente detalhado); fato definido como
crime; fato atribuído deve ser falso (tanto quanto à pessoa quanto ao fato em si).
× Calúnia e Difamação se consumem no momento em que um terceiro tome conhecido da difamação. Aqui, é relevante
a distinção de honra subjetiva e objetiva, uma vez que o que importa é quando o terceiro toma conhecimento.

DIFAMAÇÃO
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e
multa.

Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao
exercício de suas funções.

× Também se fala de fato, mas aqui, o fato não é crime, mas sim ofensivo à reputação de alguém.
× Não importa aqui se é verdadeiro ou falso.
× Calúnia e Difamação se consumem no momento em que um terceiro tome conhecido da difamação. Aqui, é relevante
a distinção de honra subjetiva e objetiva, uma vez que o que importa é quando o terceiro toma conhecimento.
INJÚRIA
× Não se fala mais em fato, mas sim da dignidade.
× Exemplo: falar que alguém é ladrão. Não é um fato específico, mas sim uma atribuição negativa. Se falasse: “Ele
roubou a loja X no dia de ontem”, estaria atribuindo fato específico.
× Aqui, o crime se consuma quando o próprio injuriado toma conhecimento dela (honra subjetiva)

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem
aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

Injúria Real Muitas vezes, pode-se agredir alguém fisicamente, com dolo de injuriá-la, ou seja, de atingir a honra dessa
pessoa.
O exemplo mais claro é o tapa na cara, que pode ter caráter ofensivo. Tais comportamentos podem prejudicar a honra.
Alguns autores citam jogar estrume nos outros. Ou seja, o uso da violência aqui é mais do que uma violência em si, uma
vez que se visa a atingir a honra da vítima.

§ 3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa.

Injúria Racial Injúria Racial x Racismo: Esse parágrafo é um crime contra a honra. Assim, na injúria racial, para se
atingir a honra de alguém, faz-se menção à raça, à cor, à etnia, à religião, à origem ou à condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência. O crime de racismo é diferente. Assim, no crime do racismo, comerciante, por exemplo, que
proíbe8i a entrada de um negro em seu estabelecimento - nega-se um direito a uma pessoa.

RETRATAÇÃO
Observação: os crimes de calúnia, difamação e injúria são do âmbito privado, exceto nos casos previstos no art. 145.

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140,
§ 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisiçã9o do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste
Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art.
140 deste Código.

× A retratação é o desfazer do crime de calúnia, da difamação e da injúria:

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de
comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.

× Não pode ser algo parcial; não pode se argumentar que foi um exagero.
× Deve-se dar a mesma publicidade à retratação.

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode
pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela
ofensa.

× Muitas vezes, certas ofensas não ficam claras. Fica-se na dúvida o que a pessoa quis dizer com aquilo. Aquele,
pretensamente ofendido, pode não entrar com a ação penal privada, já processando, mas sim com período anterior de
explicações. Chama-se a pessoa em juízo, não como querelado, mas para explicar. A vítima não é obrigada a aceitar,
podendo entrar com a ação penal.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

FURTO
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
× Não utiliza de ameaça ou violência - professor Canedo acredita ser uma pena desproporcional. Exemplo: Um rapaz e
uma moça vão a um motel e têm relações sexuais com proteção. Após o ato, o jovem se desfaz do preservativo no lixo
do banheiro. A moça pega a camisinha e injeta o esperma em si mesma para tentar uma gravidez. Houve furto? Nesse
caso, o rapaz desfez do preservativo, então não é coisa alheia mais, uma vez que, voluntariamente, havia sido
descartável.
× Para si ou para outrem: levanta a questão do furto de uso que não é punido pela legislação brasileira. Caso se subtraia
para usar, não se configura como crime. É o caso de quem subtrai algo, usa e devolve.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

× “Repouso noturno” e não “noite”: alguns autores defendiam que se considerasse repouso noturno como noite, ou seja,
de 18h às 06h da manhã do dia seguinte. Outros autores não concordam - se o legislador quisesse colocar noite, teria
colocado. Além disso, repouso não significa, necessariamente, estar dormindo. Assim, compreende-se repouso noturno
como hábito local: quem vive no campo, por exemplo, o período de repouso é diferente. A ideia da lei, assim, é aumentar
a pena de quem se aproveita de um momento que a pessoa está mais relaxada, mais desconcentrada. Uma boa parte
da doutrina entende, ainda, que a vítima não precisa, necessariamente, estar repousando no momento que a subtração
é feita. Exemplo: Alguém que entra numa casa às 2h para subtrair algo, em um momento que os donos da casa não
estavam em casa. Assim, não necessariamente a vítima precisaria estar em casa. O crime foi realizado, em tese, num
momento que os hábitos daquela comunidade indicam repouso noturno. Não se trata, portanto, de necessariamente
estar repousando, mas sim de se olhar o conceito de forma mais abstrata.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

× Causa de diminuição de pena - “coisa de pequeno valor”: Há uma diferença entre coisa de pequeno valor e coisa de
valor insignificante.

Valor Insignificante - Princípio da Insignificância: aqui, absolve-se por ausência de tipicidade. Há uma certa margem de
polêmica e falta de segurança. Pequeno Valor: não está claro o que é considerado pequeno valor. Há uma corrente
jurisprudencial que defende que o valor de referência é o salário mínimo. Se a coisa subtraída é menor que um salário
mínimo, aplica-se o §2º. Outro critério (minoritário) é a análise do patrimônio da vítima e do possível impacto no
patrimônio dela. O problema desse critério é que, levado ao extremo, gera situações problemáticas - haveria muita
relativização. Exemplo: quem subtrai um carro caríssimo de um jogador de futebol famoso. O critério do salário mínimo
dá maior segurança.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;


× Arrombar um cofre; quebrar vidro do carro. Precisam ser comprovados através de laudo técnico pericial.

II - Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;


× Exemplos: pessoas que trabalham em determinada casa ou empresa que têm acesso a armários, a gavetas; circulam
livremente por tais estabelecimentos.
+ Observação: qual o grau de confiança para configurar como abuso? Exemplo: uma pessoa que está na praia pede
para um desconhecido vigiar suas coisas enquanto entra no mar. Há abuso de confiança, em uma análise imediata. Há
uma relação de confiança, mas é uma confiança ordinária. Há jurisprudências que defendem que esse abuso deve estar
relacionado a uma relação especial de confiança e não uma confiança ordinária - exemplo: um empregado que está há
muito tempo trabalhando na casa/no emprego.
× “Fraude”: se faz passar por uma pessoa para ter acesso à residência.
× “Escalada”: transposição de um obstáculo. A jurisprudência defende que para a escalada ser uma qualificadora do
furto ela deve exigir algum esforço (olhar caso concreto). Pular um muro baixo, para esses defensores, não exige
esforço. Cavar túnel também é considerado escalada.
+ Observação: Uso de ofendículas (cerca elétrica, cacos de vidro no muro). Se uma pessoa pula um muro com cerca
elétrica e morre eletrocutado, haverá crime por parte do proprietário? Pode-se afastar a tipicidade por legítima defesa do
patrimônio ou por exercício regular do direito, mas a pessoa pode responder por excesso. Uma cerca elétrica, por
exemplo, tem uma altura mínima e uma voltagem a ser regulada.
× “Destreza”: utilização de habilidade especial.
III - com emprego de chave falsa;
× Alguns autores defendem que não se deve considerar o sentido estrito de chave (como objeto de metal) e deve-se
analisar os novos tipos de chaves - cartões magnéticos, aparatos tecnológicos mais recentes.

IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas.


× Contam-se os inimputáveis. Exemplo: um maior de idade e um menor de idade. O maior responde na modalidade
qualificada, enquanto o menor responde pelo ECA.

§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato
análogo que cause perigo comum.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior.
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda
que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
× Preocupação na zona rural (roubo de gado).

§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.

Sobre o momento de consumação do furto: a jurisprudência dominante diz que ele se consuma no momento em que a
coisa subtraída sai da esfera de disponibilidade da vítima e entra na esfera da disponibilidade do autor, ainda que
momentânea ou rapidamente. Alguns autores consideram enquanto furto consumado (jurisprudência majoritária) a
situação em que uma pessoa furta algo da outra, mas não consegue fugir e fica escondido nas proximidades. Outros
autores afirmam que tal exemplo é tentativa de furto. Furto de coisa comum

Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa
comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.

ROUBO
× É crime complexo - é um furto com outro crime (ameaça e violência/lesões): fusão de um ou mais tipos.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois
de havêla, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
× “Reduzido à impossibilidade de resistência”: dopar/embriagar/narcótico/hipnotizar.
× Crime doloso - não há previsão de culpabilidade.
× O caput é “Roubo Próprio”.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave
ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
× §1º é Roubo Impróprio.

Roubo Impróprio x Próprio: no roubo próprio a violência será anterior ou concomitante à subtração, ao passo que no
impróprio, a violência é posterior à subtração.

§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:


I – (revogado);
II -Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V - Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI - Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;

× §2º: Roubo Qualificado/Roubo com Aumento de Pena6 : + Inciso III: pensou-se no roubo de carros-fortes (era mais
comum do que é hoje). Hoje pode ser aplicado a motoboys. +
Inciso V: diferente de sequestro. Exemplo: roubar o carro com a pessoa dentro; roubo de casa quando os proprietários
estão presentes. §

2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):


I - Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; É chamado, incorretamente, de roubo
qualificado. A diferença entre qualificadora e aumento de pena é que na qualificadora há uma pena fixa, enquanto no
aumento de pena só mostra o tanto que a pena pode ser aumentada.
II - Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause
perigo comum.

Arma Branca x Arma de Fogo: Arma Branca: faca, chaves de fenda - tem potencial lesivo. Arma de Fogo: antigamente,
podia-se fabricar arma de brinquedo que era idêntica à verdadeira. Discutia-se, então, se era arma ou não, o que fazia
com que a doutrina e a jurisprudência discordassem. No entendimento da jurisprudência, se a pessoa usou uma arma de
brinquedo para roubar, considerava-se que brinquedo era arma, uma vez que foi capaz de provocar medo na vítima, que
não poderia saber se era verdadeira ou não (o brinquedo era considerado como arma). A doutrina argumentava que não
era arma, uma vez que não se discutia o temor da vítima, mas sim o potencial lesivo (o brinquedo não era considerado
como arma). A discussão perdeu o sentido porque a súmula foi revogada e a jurisprudência começou a caminhar pelo
entendimento da doutrina.
× Inciso II: Exemplo: explodir caixa eletrônico.

§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se
em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
I - Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II - Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. Latrocínio:
× Inciso II: Latrocínio (Roubo seguido de Morte). É a segunda pena mais alta do Código Penal.
× Se a pessoa assassina alguém e depois subtrai o dinheiro do morto, não é latrocínio, mas sim concurso de crimes - é
considerado furto, pois não há grave ameaça.
× A lei não diz se a morte é dolosa ou culposa. Alguns autores acreditam que deveria haver uma diferenciação - a
reprovabilidade deveria ser levada em consideração.
× Tentativa: Latrocínio é um crime que afeta dois bens jurídicos: patrimônio e a vida. Assim, tem-se dois cenários: A.
Morte é consumada e a subtração é tentada. Exemplo: atira-se numa pessoa, pega as coisas para si, mas antes de
conseguir fugir, é capturado (súmula 610). Latrocínio consumado. B. Morte tentada e a subtração consumada. Exemplo:
atira-se numa pessoa que não morre, mas consegue-se fugir com os bens (latrocínio tentado). Latrocínio tentado. + Há
divergências sobre a resolução da questão, mas o entendimento foi pacificado por súmula do STF. Súmula não é lei
(exceto em caso de súmulas vinculantes), mas significa um consenso. 610. Há crime de latrocínio, quando o homicídio
se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.

EXTORSÃO
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem
indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a
dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até
metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. § 3º Se o crime é cometido
mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a
pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.

Roubo x Extorsão:
× A literatura aponta duas distinções, porém todas as distinções deixam margem para debate. Não há uma resposta
clara ao tema. Distinção Clássica: o que difere é o verbo; o roubo é subtrair. Exemplo: se o próprio agente pega o bem
da vítima, é roubo. Se faz com que a vítima entregue o bem, seria extorsão.
+ Problema: na prática, essa distinção não é muito clara. Segunda Distinção: no roubo, a vantagem seria mediata,
enquanto na extorsão, é futura. Extorsão é chamada, comumente, de chantagem. Exemplo: uma pessoa fala com a
outra que, caso não a pague uma quantia X, assassinará a família da vítima - a vantagem é futura. No roubo, a
vantagem é mediata.
+ Problema: às vezes, a vantagem é mediata. Exemplo: sequestro relâmpago - vítima na boca do caixa que é obrigada a
sacar dinheiro e entregar ao agente. Qual o momento consumativo da extorsão? Não é preciso que haja a obtenção da
vantagem econômica indevida para que o crime se consuma. O crime se consome com o constrangimento. Mesmo se o
agente não receber a vantagem econômica, não se diz que é extorsão tentada, mas sim consumada (entendimento
majoritário).

Extorsão mediante sequestro


Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate: Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60
(sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
× Questiona-se se a vantagem no caput do artigo deve ser econômica, havendo duas correntes que respondem essa
questão: uma afirma que a vantagem precisa ser econômica e outra afirma que não.
× O crime de sequestro está incluso na Lei nº 8.072/90 - Lei de Crimes Hediondos. Essa lei é um exemplo de legislações
feitas de acordo com o calor do momento e da comoção social. × Não é preciso que haja a obtenção da vantagem para
que o crime seja consumado.
× §4º: Delação Premiada “modesta” (modesta porque restringe e faz exigências).

Extorsão indireta
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa
a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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