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DIREITO CIVIL II - CONTRATOS

Prof. Fábio Queiroz (fabio.queiroz@gmail.com)


Estagiária docente: Giuliana (giulianaafrezende@hotmail.com)

AULA 1: INTRODUÇÃO
1. ESQUEMA DE PROVAS
1.1. Prova 1: 27/04 (30 pontos - teste)
1.2. Prova 2: 01/06 (30 pontos - teste)
1.3. Prova 3: 04/07 (40 pontos - dissertativa)
1.4. Segunda Chamada: 06/07 (dissertativa)
1.5. Exame Especial: 11/07
2. BIBLIOGRAFIA
2.1. Caio Mário - Volume III
2.2. Carlos Roberto Gonçalves - Volume III
2.3. Rosenvald/Chaves - atualização jurisprudencial
3. CAMPO DE ESTUDO
3.1. Os contratos são a principal fonte das relações obrigacionais
3.1.1. Vícios, imprevisão

AULA 2: CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA


1. ORIGEM
1.1. Sociedade: contrato não é um conceito perene, ele evolui de acordo com a sociedade na qual
ele está inserido
1.1.1. O surgimento dos contratos está associado ao surgimento das sociedades
1.2. Espécies Contratuais Rudimentares: formação de vínculos obrigacionais em sociedades
rudimentares, principalmente no campo da Oceania. Surgiam a partir da troca de mercadorias,
doações -> plano dos fatos
1.3. Contrato: fato x dogmática
1.3.1. Fato: já existia nas sociedades rudimentares
1.3.2. Dogmática: estabelecer regra de funcionamento -> tardio (direito romano e
modernidade - período revolucionário, iluminismo)
1.4. Negócio Jurídico: contrato é a principal modalidade de negócio jurídico
1.4.1. Pode ser bilateral ou plurilateral: sempre vai envolver um acordo de vontades
1.4.1.1. Casamento também é um tipo de negócio jurídico bilateral

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1.4.2. os contratos possuem efeito patrimonial
1.5. Fonte de Obrigações: a estrutura contratual gera uma relação de credor/devedor entre os
indivíduos envolvidos no mesmo -> gera vínculos obrigacionais
1.5.1. A responsabilidade civil e enriquecimento sem causa também geram vínculo
obrigacional
1.6. Circulação de Riqueza: contratos de compra e venda, empréstimo, geram circulação de
riqueza.
1.6.1. Não necessariamente será um instrumento escrito, pode haver contratos que são
formalizados verbalmente
1.6.2. Empréstimo e doação são modalidades de contratos em que há circulação de riqueza
2. CONCEITO
2.1. Vilella
2.1.1. Atos Operacionais: de realizar contratação -> assinatura, verbalização, manifestação
de vontade
2.1.2. Instrumento: contrato escrito/documento contratual -> imóvel, empréstimo,
2.1.3. Relações Jurídicas: plano dos efeitos -> atos operacionais foram feitos através de um
instrumento, que gerarão relações jurídicas (ex. direito de usar e direito de receber)
2.2. Unidade Abstrata: preenchimento de acordo com o contexto em que está inserido
2.3. Conceito amplo: acordo -> aproximação com a ideia de acordo de vontades (ex. tratados
internacionais: acordo de vontade de duas nações representados pelos chefes de estado;
acórdão: manifestação de pelo menos 3 vontades)
2.4. Conceito estrito: “contrato é um acordo de vontades (valorização da vontade e da autonomia
de dois ou mais indivíduos), na conformidade da lei (depende da localidade), com a finalidade
de constituir, modificar ou extinguir relação jurídica”
3. ELEMENTOS
3.1. Estrutural: negócio -> acordo de vontade polarizado na produção de efeitos jurídicos (bilateral
ou plurilateral)
3.2. Funcional: efeitos/interesses -> produção de efeitos de acordo com os interesses das
vontades das partes envolvidas no contrato (correlação de vontades produz efeitos e coordena
interesses que, em tese, seriam opostos) -> gera efeitos em conformidade com os interesses
das partes
4. EVOLUÇÃO HISTÓRICA -> Ausência de linearidade: variação em relação ao tempo e espaço
4.1. Direito Romano: momento inicial de reflexão sobre o Direito devido a sua complexidade
dogmática, principalmente em relação ao direito Civil e Contratual
4.1.1. Não há um único direito romano: vários direitos romanos devido ao longo período de
ascensão do império romano
4.1.2. Base estrutural: forma -> processo fórmula

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4.1.3. Fórmula: excesso de formalidade -> tipicidade (só há um contrato se ele for tipificado,
oralidade que deveria ser afirmada)
4.1.3.1. Começa a ser combatido ainda dentro do direito romano (Pactum)
4.1.4. Contractum x Pactum
4.1.4.1. Contractum: vinculação/contrair vínculo - modo formal
4.1.4.2. Pactum: atipicidade, não eram previstos nas fórmulas -> contrato torna-se
informal
4.1.5. Responsabilidade: passa de responsabilidade pessoal (direito romano arcaico -> paga
com o seu próprio corpo - escrevidão por dívida) para, em 326 a.C, com a Lex Portelia
Papiria, em responsabilidade patrimonial (devedor vai responder com todo seu
patrimônio -> perdura até hoje)
4.2. Modernidade
4.2.1. Influências
4.2.1.1. Canonistas: Corpus Iuris Civilis -> ideia de Fé Jurada (palavra dada é palavra
cumprida -> o juramento com base em sua palavra é uma ideia de vínculo e
cumprimento)
4.2.1.2. Jus racionalismo: construção da autonomia (contrato é um fruto da
autonomia que não está mais estrita a Igreja, mas sim a uma ideia racional)
4.2.1.3. Formalismo: advento do comércio marítimo franco europeu -> transações
comerciais entre espaços e necessidade de quebra de formalismos da
estrutura romana das relações dos negócios -> novas figuras que quebram o
formalismo das trocas comerciais (forma obrigatória somente quando a lei
impõe para a segurança jurídica)
4.3. Liberalismo
4.3.1. Interface com paradigmas de Estado: análise de contratos a partir de diferentes
paradigmas de Estado
4.3.2. Liberalismo
4.3.2.1. Indivíduo x Estado: Estado é não intervencionista nas relações particulares
4.3.2.2. Público x Privado: direito público (relações que envolvem o Estado) e direito
privado (relações privadas) sem intersecção entre os direitos
4.3.2.3. Autonomia e Liberdade Econômica: valorização da autonomia e da liberdade
econômica ligado a teoria de Adam Smith de mão invisível, no qual o
mercado se autoregularia
4.3.2.4. Concepções formais de Liberdade/Igualdade: pessoas são tomadas como
iguais do ponto de vista formal (não há diferenciação entre os indivíduos)
4.3.2.5. Code Civil (1804): código de Napoleão consagra todos esses valores liberais
em seu código

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4.3.2.5.1. Art. 1134: Lei entre as partes (contrato faz lei entre as parte e não
pode ser revogado, a não ser que haja acordo entre as partes)
4.3.2.6. Distorções no plano dos fatos: contratos de trabalho -> superexploração de
determinadas camadas sociais (ausência de direitos trabalhistas, abusos
laborais), desatualização monetária, consumo (consumidor pode ser lesado
em diversas transações)
4.4. Solidarismo
4.4.1. Estado de bem estar social: conter as distorções causadas pelo liberalismo
4.4.1.1. Situação vista principalmente pós guerra
4.4.2. Direitos econômicos e sociais: campo contratual (direito do trabalho) -> direitos
fundamentais de 2ª e 3ª geração
4.4.3. Igualdade/Liberdade: material -> trata o igual como igual e o diferente como diferente
-> equilibrar as distorções vistas no liberalismo (férias, hora extra, 13º)
4.4.4. Dirigismo contratual
4.4.5. Intervenções
4.4.5.1. Legislativo: lei regula determinadas relações contratuais -> apoio ao campo
do trabalho e do consumo (mais presente nos países de Civil Law, que
sofreram uma grande distorção com o liberalismo)
4.4.5.2. Judiciário: equilibra contratos que se mostravam distorcidos
5. CRISE DO CONTRATO
5.1. Intervenção acentuada: intervenção judiciária acentuada -> período mais liberal de
estruturas contratuais (Lei de Liberdade Econômica)
5.1.1. Preocupação da intervenção acentuada leva a uma maior necessidade de diminuir a
intervenção
5.2. Massificação: consumo em massa demanda celeridade, que faz com que a nossa vontade seja
levada a prova em diversos momentos, com um grande espaço de liberdade, no entanto, a
massificação leva celebração de contratos pela simples adesão, sem nem mesmo chegar a ler
contratos de adesão postos (Li e concordo com os termos)
5.3. Vontade: a ideia de vontade antes posta, que levava a celebração de contratos, hoje foi
corrompida pela ideia de imediata adesão a serviços e contatos, que pela massificação, não são
lidos ou apreciados da forma que deveriam
5.4. Ausência de liberdade: fenômeno que não tem como mais voltar atrás, não há mais
discussão e negociação em contratos de adesão, devido a celeridade dos contratos
5.5. Fragmentação do direito contratual: microssistemas -> CDC, Sistema Trabalhista, Lei nº
9245 (Lei de locação) -> especialização em relação a determinados temas contratuais

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5.6. Renovação: estrutura complexa -> adaptação ao contexto em que está inserido, tornando-se
uma estrutura complexa e com intervenção considerada como demasiada (manifestação de
vontade conformada com outras realidades jurídicas)

AULA 3: PRINCÍPIOS CONTRATUAIS


1. PRINCÍPIOS CLÁSSICOS
1.1. Normas gerais fundantes: decisões judiciais não se baseiam mais hoje somente em regras,
utilizando-se de princípios também
1.2. Paradigma liberal: contrato surge a partir do iluminismo, que consagra valores liberais
1.3. Autonomia da vontade
1.3.1. Etimologia: direito privado está centrado no espaço da autonomia do indivíduo
1.3.1.1. Estabelecer normas para si próprio -> espaço de consagração da autonomia
da vontade, valorizando essa vontade racional e da liberdade associada a ela
1.3.2. Liberdade e não intervenção
1.3.3. Fonte do direito: autonomia como fonte do direito e, por consequência, de obrigações
-> o contrato gera uma série de direitos, criando uma força jurídica
1.3.4. Planos: exercício dessa autonomia em planos distintos
1.3.4.1. Contratar: quer ou não quer contratar X -> decisão de autonomia
1.3.4.2. Com quem contratar: de qual X deseja-se contratar
1.3.4.3. Qual conteúdo: cláusulas do contrato estabelecidas e acordadas entre as
partes -> ponto auge do exercício da liberdade e da autonomia
1.3.4.4. Acionar o judiciário: levar ou não levar ao poder judiciário algum problema
acontecido em algum plano da contratação (ação e início de processo
judicial)
1.3.4.4.1. Admite exceções: pode-se questionar o exercício real da
possibilidade de se contratar (venda em mercado); contratação de
seguro obrigatório (não tem a opção de não realizar)
1.3.5. Autonomia privada: releitura -> o termo “Autonomia da Vontade” é visto como um
termo inadequado, como se a verdade sempre fosse prevalecer, preferindo utilizar o
termo autonomia privada
1.3.5.1. Liberdade situada em determinada situação, não podendo ser aplicada a
todas situações -> não é uma autonomia ampla como ela foi,
primordialmente, idealizada
1.4. Consensualismo
1.4.1. Liberdade de forma: contrato se faz por livre consenso, não demanda forma associada
a ele -> plena liberdade de escolha da forma, podendo ser realizado verbalmente

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1.4.2. Art. 107: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir
1.4.2.1. Só há forma imposta, quando expressamente prevista em lei, as partes,
portanto, tem a liberdade de determinar qual será a forma estabelecida para
a formação de contrato
1.4.3. Exceções:
1.4.3.1. Segurança jurídica - > Ex. Art. 108: Não dispondo a lei em contrário, a
escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre
imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no
País
1.4.3.1.1. Imposições trazidas pela lei em busca de auferir maior segurança
jurídica para os contratos estabelecidos (Ex. fiança [Art. 819: A
fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva],
compra e venda de imóveis,
1.4.4. Forma e prova: a forma serve para se fazer, no futuro, prova da coisa de maneira
facilitada
1.4.5. Permanência: há um consenso sobre a permanência desse princípio contratual
1.5. Obrigatoriedade: força obrigatória dos contratos
1.5.1. “Pacta sunt servanda”: o pacto faz se você servo, ou seja, lhe atribui o dever de
cumprir -> contrato é lei entre as partes
1.5.2. Força obrigatória: qualquer mudança no contrato deve ser acordado entre as partes
1.5.2.1. Intangibilidade: não pode ser modificado
1.5.2.2. Irretratabilidade: não há possibilidade de voltar atrás
1.5.3. Segurança no tráfego negocial: não raro no direito do consumidor, a segurança
jurídica é perdida devido a necessidade da celeridade dos contratos realizados
1.5.3.1. Intervenção estatal
1.5.4. Exceções
1.5.4.1. Força maior: afasta a obrigatoriedade de um contrato -> imprevisível e
inevitável
1.5.4.1.1. Ex. obrigação de dar coisa certa que pereceu sem culpa -> extingue
a obrigação contratual
1.5.4.2. Onerosidade excessiva (Art. 478: Nos contratos de execução continuada ou
diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente
onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da

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citação.): evento extraordinário e imprevisível que altera as situações
contratuais
1.5.5. Permanência: permanente e importante nos dias atuais, pois denota segurança
jurídica no tráfego negocial
1.6. Relatividade: no sentido de relação
1.6.1. Partes ou terceiros: quem toma parte em uma relação contratual é quem pode sofrer
efeitos com a mesma, ou seja, manifestou sua vontade em realizar o contrato em
questão
1.6.1.1. Parte é quem se vincula por vontade própria
1.6.1.2. Terceiro é quem não se vincula no contato
1.6.2. Fases: formação ou execução
1.6.2.1. Quem está na formação, pode estar na execução (ex. fiador -> está na
formação, logo pode estar na execução)
1.6.3. Os efeitos estão restritos às partes vinculadas no contrato
1.6.4. Permanência
1.6.5. Exceções
1.6.5.1. Estipulação em favor de terceiro: beneficiado por contrato é um terceiro, não
gera obrigação, mas sim uma benesse (ex. seguro de vida em nome de uma
terceira pessoa)
1.6.5.2. CDC
1.6.5.2.1. Fornecedor: responsabilidade solidária de quem está na cadeia de
fornecimento devido à vícios em produtos -> responsabilidade
conjunta e solidária
1.6.5.2.2. Consumidor: acidente de consumo leva a pessoa que não é um
consumidor a pleitear os seus direitos -> consumidor por
equiparação
1.6.5.3. Lei de Locação (nº 8245/90): Art. 11 -> em benefício da família (morrendo o
locatário, os herdeiros assumem o contrato estabelecido, podendo
permanecer no imóvel devido a extensão desse contrato realizado com o
falecido)
2. PRINCÍPIOS CONTEMPORÂNEOS -> aspectos do solidarismo
2.1. Quebra do paradigma liberal: perspectiva mais intervencionista vinculada a ideia de justiça
(participação do Estado, principalmente do legislativo)
2.2. Sistema aberto: cláusulas gerais (normativa/contratual) -> ordenamento jurídico tem a
Constituição como vértice de todo ele -> abre-se para outras influências que não se restringem
ao ordenamento jurídico em si, por meio de cláusulas gerais que devem ser preenchidas de

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acordo com cada caso concreto (margem de atuação para o juiz “preencher” a norma) -> prevê
mais espaços de cláusulas gerais e princípios, que demandam uma interpretação do juiz
2.2.1. Sistema fechado: lógica de subsunção -> encaixa a norma no fato -> perspectiva
liberal se assenta nesse modelo de sistema
2.3. Autonomia privada: autonomia situada -> a partir do solidarismo, contexto de maior
intervenção, não é uma autonomia plena, mas sim situada em cada situação
2.4. Boa-fé objetiva -> grande força na contemporaneidade, principalmente no âmbito dos
contratos
2.4.1. Origem: “fides” (divindade responsável pelos pactos, relações de confiança entre
patrões e servos, flexibilização de forma no direito romano)-> remonta a questões
envolvendo o Direito Romano (se aproxima do conceito de boa-fé subjetiva)
2.4.1.1. Reverbera no Brasil a partir do CDC e consagra-se no Código de 2002
2.4.2. Boa-fé subjetiva: estado de consciência do agente de estar atuando em conformidade
com o Direito -> o contrário é a má-fé (sabe que está agindo contra o direito) -> não
tem caráter principiológico
2.4.2.1. Pagamento putativo (pagamento feito de boa-fé, acredita que é a pessoa
correta)
2.4.2.2. Casamento putativo (dois irmãos não podem se casar, leva a nulidade do
casamento -> casa de boa-fé sem saber que está casando com um irmão) ->
preserva-se o efeito do casamento pois ele foi realizado em consonância da
boa-fé
2.4.2.3. Posse de boa-fé (art. 1242): possui algo e acredita que está em consonância
com o Direito
2.4.3. Boa-fé objetiva: tem caráter principiológico
2.4.3.1. Princípio: imposição de determinado padrão ético de comportamento ->
agir de maneira proba, honesta, leal em relação às partes envolvidas em
relações contratuais
2.4.3.2. Origem germânica: nasce a partir da ideia de pacto de cavalheiros, na ideia
de palavra e na noção de comportamento exigido
2.4.3.3. Funções: levantados por Judith Martins Costa
2.4.3.3.1. Interpretativa: art. 113 Os negócios jurídicos devem ser
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração -> interpreta o contrato de acordo com a boa-fé,
analisa-se a situação a partir do padrão ético que deve ser
materializado pelas partes em qualquer tipo de situação, deve ser
sempre contextualizada, levando em consideração da manutenção
do comportamento padrão ético entre as partes

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2.4.3.3.2. Integrativa: integra no contrato deveres laterais (lealdade,
cooperação, informação) e os acessórios (art. 422: Os contratantes
são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. ) -> leva a uma
imposição de determinados comportamentos entre as partes -> o
contrato não se encerra em si mesmo, ele cria outros direitos
2.4.3.3.3. Limitativa: abuso de direito (art. 187: Também comete ato ilícito o
titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.) -> válvula de controle do abuso do direito
(construção teórica francesa -> relativiza direitos para poder
exercer o controle do abuso)
2.4.3.3.3.1. Ex. situação de juros abusivos (contrário a um padrão ético
exigido -> boa-fé é o principal vetor de controle dos abusos
do direito)
2.4.3.4. Obrigação complexa/como processo: a obrigação tem dinamicidade e envolve
os deveres laterais associados à ela -> nasce e vai caminhando por meio de
situações que envolvem a boa-fé objetivo até o seu inadimplemento
2.4.3.5. Boa-fé e confiança: para alguns teóricos a confiança seria um princípio
autônomo, mas não é essa a teoria que vingou. A confiança é adquirida por
meio da boa-fé -> protege a confiança da pessoa envolvida nessa relação
2.5. Função social do contrato
2.5.1. Solidariedade: art. 3º, I CF -> influência do solidarismo, previsão de uma sociedade
justa e solidária, que influencia as relações de contratos sociais
2.5.2. Reale: socialidade -> precisa ter uma conversa com o social, a função social seria uma
forma de consagrar a conversa do código com o social, garantindo os direitos sociais,
não havendo sobreposição para com os direitos individuais
2.5.2.1. Ex. função social da propriedade é citada na CF
2.5.3. Previsto no CC 2002: art. 421 A liberdade contratual será exercida nos limites da
função social do contrato -> limitadora da liberdade de contratar
2.5.4. Controvérsias sobre o alcance
2.5.4.1. Instrumento de circulação de riqueza: a função do contrato é a circularização
de riquezas
2.5.4.1.1. Nega o solidarismo: afasta a ideia de que os contratos são
realizados para a consagração de justiça

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2.5.4.1.2. Função típica de cada contrato: cada contrato previsto no CC exerce
uma função relacionada à sua gênese -> não pode desvirtuar a
função típica do contrato
2.5.4.2. Afirmativistas: defende a função social do contrato
2.5.4.2.1. Eficácia interna: ponto mais problemático
2.5.4.2.1.1. Aproxima da justiça nos casos concretos
2.5.4.2.1.2. Vulneráveis como algo a justificar a função social ->
poderia quebrar a obrigatoriedade do contrato
2.5.4.2.1.3. Interesses supraindividuais -> contrato pode ultrapassar a
relação individual
2.5.4.2.1.4. Críticas:
2.5.4.2.1.4.1. Intervencionismo demasiado -> utiliza-se dela
para justificar o intervencionismo do judiciário
2.5.4.2.1.4.2. Boa-fé já é suficiente, não se faz necessário o
princípio da função social
2.5.4.2.1.4.3. Retórica -> não densifica a especificidade do uso
da função social como justificativa para tomada
de decisões
2.5.4.2.2. Eficácia externa: defendida pela maior parte da doutrina, mesmo
dizendo que não seria necessária
2.5.4.2.2.1. Tutela externa de crédito: contrato opera somente entre as
partes -> contrato está socialmente localizado, não
podendo sofrer pressão externa a fim de prejudicar algum
envolvido no contrato
2.5.4.2.2.2. Terceiro cúmplice
2.5.4.2.2.3. Ex. Zeca Pagodinho/prestação de serviços (art. 608:
Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a
prestar serviço a outrem pagará a este a importância que
ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de
caber durante dois anos.) -> desvirtuação da antiga peça
contratual ia além da multa estabelecida pela quebra de
contrato -> Brahma é chamada a responder por todos os
danos envolvidos, mesmo ela não estando vinculada
anteriormente, devido a necessidade de se respeitar o
contrato alheio inclusive por terceiros

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2.5.4.2.2.4. Quebra de relatividade: quebra a relatividade contratual
para trazer um terceiro que atuou como cúmplice para
responder a danos realizados com a quebra do contrato
2.6. Equilíbrio Contratual/Justiça contratual -> se um contrato é bom, ele é bom para ambas
as partes (relação jurídica equilibrada)
2.6.1. Contrato dinâmico: contrato pode nascer desequilibrado ou pode vir a se tornar
desequilibrado com o tempo
2.6.2. Sinalagma: ideia de equilíbrio -> obrigação para ambas as partes
2.6.2.1. Genético: afetado em sua origem -> desequilíbrio já na formação do contrato
-> consequência é a anulabilidade (negócio é anulável de acordo com os
artigos citados)
2.6.2.1.1. Lesão (art. 157: desproporção manifesta) e estado de perigo (Art.
156: negócio excessivamente oneroso com dolo de aproveitamento -
vida em risco ou familiar com vida em risco) -> defeitos que nascem
a partir de um desequilíbrio contratual
2.6.2.2. Funcional: desequilíbrio a posteriori (ex. contratos durante o período
pandêmico)
2.6.2.2.1. Alternação de circunstâncias: art. 317 (imprevisibilidade e
extraordinariedade) e art. 478 (resolução por onerosidade
excessiva)
2.6.2.2.1.1. Renegociação: salvaguardar o contrato ao invés de
anulá-lo (entre as partes - exercício de autonomia)
2.6.2.2.1.2. Revisão: revê o conteúdo contratual - admite a alteração
mais ampla de obrigações (audiência de conciliação)
2.6.2.2.1.3. Resolução: extinção do contrato
2.6.2.2.2. Imprevisão
2.6.3. Princípio? Parte da doutrina questiona se equilíbrio contratual é um princípio
2.6.3.1. Os contratos não tendem ao equilíbrio, sempre devem tender a um dos lados,
havendo desequilíbrio -> há desequilíbrios que são aceitáveis
2.6.4. Soluções pontuais/boa-fé: com problemas de desequilíbrio o ordenamento brasileiro
aponta soluções pontuais com base na própria estrutura normativa. Existem
problemas que podem ser solucionados pela resolução contratual baseado na boa-fé
(boa-fé já é suficiente, sem que seja necessário recorrer a tal princípio contratual)

AULA 4: PRESSUPOSTOS E REQUISITOS CONTRATUAIS


1. INTRODUÇÃO
1.1. Planos do mundo jurídico: existência -> validade -> eficácia

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1.1.1. Pode existir e ser inválido, possuindo efeitos enquanto não for declarado a ineficácia
do negócio (ex. casamento entre irmãos) -> nulo produz efeitos até que a declaração
de nulidade seja expedida e seus efeitos tendem a tentar ser apagados
1.2. Art. 104 - Validade
1.2.1. A validade do negócio jurídico requer:
1.2.1.1. I - agente capaz;
1.2.1.2. II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
1.2.1.3. III - forma prescrita ou não defesa em lei.
2. SUBJETIVOS -> capacidade
2.1. Duas ou mais pessoas são necessárias para a existência de um contrato -> contrato consigo
mesmo não é efetivamente com sigo mesmo (assina duas vezes)
2.2. Personalidade jurídica
2.2.1. Capacidade de direito: sujeito está apto a realizar direitos e obrigações -> pode
realizar contratos (crianças podem, pois tem capacidade de direito, através de um
procurador que irá representá-la)
2.2.2. Entes despersonalizados: condomínio, massa falida (apesar de não ter personalidade
jurídica, podem figurar em relações contratuais)
2.2.3. Existência: entes que não detém personalidade jurídica vão cair na inexistência de um
contrato (ex. contrato de compra e venda com animais, cachorro assinou procuração)
2.3. Capacidade genérica: se o ente não tem capacidade de fato, ele pode figurar como parte, e
deverá ser representado ou assistido
2.3.1. De fato
2.3.1.1. Absoluta: consequência é a nulidade absoluta -> menor de 16 anos
2.3.1.2. Relativa: leva a anulabilidade (plano da validade) -> todas as outras
hipóteses de capacidade relativa
2.3.2. Pessoa Jurídica -> representação da pessoa jurídica através de seus atos constitutivos
2.3.2.1. Representação imprópria leva ao campo da nulidade
2.4. Legitimidade
2.4.1. Subjetivo - objetivo: ligado ao poder de disposição sobre objeto
2.4.2. Poder de disposição: preenche os requisitos de existência de um contrato, não há
nenhuma imposição de invalidade
2.4.3. Eficácia: problema de eficácia pois não produz efeitos sem a participação de terceiro
-> ex. venda de quem não é dono (venda ad non domino)
2.5. Aptidão específica
2.5.1. Situacional: posição específica para que um negócio jurídico possa existir (instruções
extras fora os planos de validade)

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2.5.2. Ex. outorga marital/uxória (art. 1647) -> necessita de autorização do outro cônjuge
para realizar determinadas ações
2.5.2.1. Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode,
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
2.5.2.1.1. I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
2.5.2.1.2. II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
2.5.2.1.3. III - prestar fiança ou aval;
2.5.2.1.4. IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos
que possam integrar futura meação.
2.5.2.1.5. Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos
quando casarem ou estabelecerem economia separada
2.5.2.2. Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária
(art. 1.647), tornará anulável o ato praticado,podendo o outro cônjuge
pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal.
2.5.3. Art. 496: É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido ->
controlar adiantamento e fraude de herança
2.6. Consentimento: problema enfrentado é em relação aos vícios de consentimento -> viciado por
erro, por dolo ou por coação, isso afeta o contrato e implica em anulabilidade
3. OBJETIVOS
3.1. Lícito: preenche os requisitos legais -> objeto ilícito é aquele contrário diretamente a lei leva a
nulidade
3.1.1. Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem
pública ou aos bons costumes; entre as condições defensivas se incluem as que
privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitaram ao puro arbítrio de uma
das partes.
3.2. Possível:
3.2.1. Física: contrariam as ideias da física - ex. comprar lugar no céu
3.2.2. Jurídica: objeto poderia ser negociado, mas o contexto afirma que não
3.2.2.1. Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
3.3. Determinação
3.4. Economicidade: patrimonialidade (deve haver valor patrimonial nos contratos)
4. FORMA
4.1. Livre: Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,
4.2. senão quando a lei expressamente a exigir.
4.2.1. Oralmente, por escrito, por escritura pública e forma eletrônica

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4.3. Imposição de forma: normalmente para forma escrita ou pública
4.3.1. Maior segurança para o negócio jurídico -> maior tempo e maior reflexão
4.3.2. Publicidade: qualquer pessoa pode consultar em cartório
4.3.3. Prova: advém da lei e dá maior segurança ao NJ

AULA 5: CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS


1. INTRODUÇÃO
1.1. Orientação em categorias: consequências jurídicas que nascem da criação de normas
específicas através dessas criações
1.2. Regime jurídico
1.3. Prática
1.4. Ausência de uniformidade
2. QUANTO À TIPIFICAÇÃO
2.1. Típicos: previsão legal para esse contrato (em lei, não necessariamente no Código Civil)
2.1.1. Ex. art. 481 (qualifica o contrato de compra e venda)
2.1.2. Ex. art 538 (contrato de doação)
2.2. Atípicos: não previsto no âmbito jurídico, mas sim no âmbito dos fatos
2.2.1. Ex. art. 425 (É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas
gerais fixadas neste Código.)
2.3. Mistos: misturam dois tipos contratuais -> ex. leasing (paga o valor referente ao aluguel e
adquire o bem - mistura contrato de locação com contrato de compra e venda)
2.3.1. Leasing é um contrato típico -> mesmo com a mistura dos tipos contratuais, ele é
típico pois é previsto em lei
2.3.2. Sempre será um tipo típico ou atípico, não soluciona nenhum problema. Se for típico,
aplica-se às normas, se for atípico, aplicam-se os costumes
3. QUANTO À DENOMINAÇÃO -> direito romano
3.1. Nominados: no direito romano determinava o contrato típico pois tinham nome
3.2. Inominados: no direito romano determinava os contratos atípicos, pois não tinham nome do
ponto de vista prático
3.2.1. Crítica: não se sustenta mais pois há contratos típicos sem nome
3.2.2. Contratos inominados sempre são atípicos pois não se encontram expressos em lei
4. QUANTO À FORMA -> efeitos práticos importantes
4.1. Consensuais: se moldam por simples consenso -> não há imposição trazida em lei, podendo ser
escrito ou verbal
4.1.1. Art. 107: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão
quando a lei expressamente a exigir.
4.2. Formais ou solenes: imposição de forma a fim de estabelecer segurança jurídica

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4.2.1. Art. 108: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário mínimo vigente no País.
4.2.2. Forma escrita: art. 541 (doação -> A doação far-se-á por escritura pública ou
instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando
sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.) e art.
819 (fiança -> A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.)
4.3. Reais: só se forma com a tradição (entrega do bem/transferência incontinente do bem), só
haverá contrato com a entrega da coisa, contrato se forma no momento da entrega, tradição é
requisito de formação do contrato
4.3.1. Comodato (Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis.
Perfaz-se com a tradição do objeto. -> empréstimo gratuito de coisa infungível, só se
forma se houver entrega, não existe promessa de comodato)
4.3.2. Depósito (entrega determinada coisa para ficar na guarda de alguém, com a promessa
de devolução no futuro)
4.3.3. Críticas: sempre vai cair nos contratos consensuais ou formais, mas como existem
categorias de formação de contratos em que a tradição os forma, essa modalidade se
faz necessária e permanece
5. QUANTO À RECIPROCIDADE
5.1. Onerosos: contratos sinalagmáticos (gera obrigações para os dois lados do contrato)
5.1.1. Ex. compra e venda, locação
5.2. Gratuitos ou benéficos: geram obrigações para apenas uma das partes, trazem agravamento
para a pessoa que está realizando ação
5.2.1. Ex. doação (entrega algo à alguém sem receber nada em troca), comodato
(empréstimo gratuito), fiança (em regra, não se recebe nada em troca)
5.2.2. Art. 114: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. ->
não pode ampliar os termos contratuais
5.2.3. Art. 392: Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o
contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos,
responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
6. QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES
6.1. Unilaterais: gera obrigação para somente uma das partes
6.2. Bilaterais: obrigações para ambas as partes (ex. compra e venda, locação)
6.2.1. Exceção de contrato não cumprido (art. 476: nos contratos bilaterais, nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento dado
outro.)

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6.3. Plurilaterais: geram obrigações para várias partes (ex. contrato de sociedade
6.3.1. Partes x pessoas: uma parte pode ser composta por mais de uma pessoa
6.4. Em regra: contratos onerosos são bilaterais e contratos gratuitos são unilaterais
6.4.1. Exceção:
6.4.1.1. Bilateral gratuito: mandato (não tem ônus para ambas as partes)
6.4.1.2. Unilateral onerosos: mútuo (empréstimo de coisa fungível) com juros (juros
faz com que seja oneroso para a contra parte)
7. QUANTO À PREVISIBILIDADE
7.1. Comutativo: sabe desde o momento de formação quais são as obrigações que vão existir para
ambas as partes
7.2. Aleatórios: risco está na essência do negócio -> evento que não se sabe se irá acontecer ou não
-> assume o risco na formação do negócio
7.2.1. Por natureza (ex. Jogo (art. 814), seguro (art. 757)
7.2.2. Por elemento acidental: contratos se tornam de risco devido a um elemento acidental,
comumente esse elemento é a condição (ex. compra uma colheita sem saber a
quantidade, compra a produção se ela for maior que X)
8. QUANTO AO TEMPO DA EXECUÇÃO
8.1. Execução
8.1.1. Instantânea: negócio nasce e já é cumprido instantaneamente (contratos verbais
normalmente são instantâneos) -> não atrai aplicação de regime de circunstância (não
pode pedir revisão contratual, enquanto as outras três são consideradas como de
execução futura, podendo haver questionamento em relação ao contrato)
8.1.2. Diferida: obrigação a ser executada em momento único e no futuro (prestação única)
8.1.3. Periódica: contrato que periodicamente é executado (ex. locação - pagamentos
periódicos, compra parcelada)
8.1.4. Continuado (trato sucessivo): cumprimento permanente de contratos (ex. obrigações
de não fazer são cumpridas continuadamente)
8.1.5. Reflexos: imprevisão
9. QUANTO À PESSOA DO CONTRATANTE
9.1. Impessoais: não estão ligados as características da pessoa que configura como parte (ex.
compra e venda, locação) -> em caso de morte, se prolonga sobre os herdeiros
9.2. “Intuitu personae”: marcados pela ligação intrinsseca a pessoa do contratante (ex. contratação
de cantor para festa, médico para cirurgia -> contrata em razão da pessoa)
9.2.1. Fim -> contrato/erro -> morte do contratante ressolve o contrato
10. QUANTO À INTERDEPENDÊNCIA
10.1. Principais:

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10.2. Acessórios -> gravitação (acessório segue o principal -> seguem o destino do contrato
principal, ou seja, se o contrato principal acabar, o acessório irá acabar)
10.2.1. Art. 184/ fiança e locação -> obrigações acessórias e principais e invalidade dos
contratos
10.3. Coligados: relação de interdependência (ex. CDC art. 54F)
10.3.1. Contratos coligados/envolvidos um no outro -> atrai que um regime implique no outro
11. QUANTO À NEGOCIABILIDADE
11.1. Paritários
11.2. De Adesão (maior impacto no direito do consumidor, mesmo podendo ser de natureza civil ou
empresarial)
11.2.1. Sociedade de massa e consumo: consumo constante e não há como realizar contratos
para todas as compras, sendo necessário recorrer aos contratos de adesão
11.2.2. Conceito: art. 54 CDC (cláusulas aprovadas pela autoridade competente ou
estabelecida unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo)
11.2.3. Atributos
11.2.3.1. Pré-disposição: previamente elaborado e aderido pelo consumidor ->
conteúdo é pré-disposto
11.2.3.2. Unilateralidade: feita somente por uma das partes
11.2.3.3. Rigidez: não se pode modificar substancialmente os contratos
11.2.4. “Take it or leave it”: caso não seja aceito, não será realizado
11.2.5. Prática não abusiva “per se”: não é uma prática ruim, deve ser analisado
11.2.6. Cláusulas contratuais gerais: origem na Alemanha, para além de um contrato de
adesão, tem mais dois atributos -> entendido pela doutrina brasileira como uma
modalidade de um contrato de adesão
11.2.6.1. Generalidade: voltado para um coletivo abstrato
11.2.6.2. Abstração: não sabe quais pessoas vão aderir ao contrato
11.2.7. Código Civil: não conceitua contrato de adesão
11.2.7.1. Interpretação: art. 423 (Quando houver no contrato de adesão cláusulas
ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação maisfavorável
ao aderente.)
11.2.7.1.1. RESP 1.133.338 -> seguro saúde (cobertura do filho da segurada ->
segurada também é a dependente)
11.2.7.2. Nulidade: art. 424 (Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que
estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza
do negócio) -> renuncia algo por meio de uma imposição da outra parte

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AULA 6: REGIMES JURÍDICOS
1. CLASSIFICAÇÃO
1.1. Civil: contrato entre dois privados, sem natureza empresarial ou de consumo
1.2. Empresariais: contratos entre empresas ou entre sócios e empresa -> regulados pelo CC e por
leis apartadas
1.3. Consumo: vinculado ao CDC
2. EMPRESARIAIS
2.1. Entre empresas/sócios: marca subjetiva, é um contrato travado entre empresas ou entre sócio
e empresas -> relação paritária
2.2. Busca do lucro: menor preço possível para ter o maior lucro possível
2.3. Análise de custos benefício
2.4. Menor intervenção pelo poder judiciário devido a maior margem de negociabilidade entre os
sujeitos
2.4.1. Enunciado 21/CJF: contratos empresariais devem ser sua intervenção jurídica
mitigada devido a busca pela simetria natural -> dirigismo mais ameno
2.5. Boa-fé: aplicada de maneira diferente em contratos empresariais -> existe um certo egoísmo
do agente que é necessário da dinâmica empresarial -> menor intervenção com base na boa-fé
2.6. Tipos de contrato: mitigação do dirigismo, da boa-fé e da intervenção do poder judicial
2.6.1. Intercâmbio: envolve comércio e prestação de serviço entre empresas (ex. empresa
contrata outra para prestar consultoria)
2.6.2. Intermediação: alguém no meio da cadeia como intermediador (ex. agência de
representação, corretagem)
2.6.3. Organização: formação da empresa no contrato de sociedade, contrato de fusão e
aquisição
3. CONTRATOS DE CONSUMO
3.1. Standartização: avanço do consumo, fenômeno mais ligado ao século XX, padronização das
práticas mercadológicas, que necessitam ser reguladas a fim de gerar uma maior igualdade
entre os mercados
3.1.1. Preocupação maior na década de 80
3.2. Vulnerabilidade
3.3. CF88: art. 5º, XXXII (direito do consumidor é uma garantia fundamental); art. 170 V
(estruturação econômica e proteção do consumidor -> controle de estruturas e práticas para
regular a ordem econômica); ADCT art. 48 (CN elaborará CDC)
3.4. CDC: Lei 8078/90 -> coexistência com o CC e com outras normas -> aplicação conjunta e
priorizando a maior benesse do consumidor
3.5. Relação jurídica de consumo:
3.5.1. Sujeitos: fornecedor e consumidor (é relacional, um só existe se o outros existir)

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3.5.2. Objeto: produto e serviço
3.5.3. Finalidade: consumidor tem que adquirir a coisa como destinatário final -> vai
consumir efetivamente a coisa
3.6. Definição de consumidor
3.6.1. Destinatário final: art. 2º (toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final)
3.6.2. Coletividade: art. 2º (intervindo as relações de consumo)
3.6.3. Vítima: art. 17 (equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento -> ex.
empregada que utiliza de eletrodoméstico da casa em que trabalha e se machuca)
3.6.4. Expostos a práticas: art. 29 (equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas) -> expostos a ofertar
3.7. Teorias da qualificação do destinatário final
3.7.1. Maximalistas: ao adquirir algo no mercado de consumo você se torna consumidor,
sendo PJ ou PF
3.7.2. Finalistas: necessariamente devia haver o caráter de adquirir para si e esgotar em si o
produto, não passando-o para frente e nem utilizado como suprimento para o trabalho
-> prevalência
3.8. STJ: mudança na mudança do entendimento do finalismo, nascendo a compreensão do finalismo
mitigado devido a uma marcada vulnerabilidade do sujeito -> vulnerabilidade marcada pode
utilizar o CDC
3.8.1. Vulnerabilidade e finalismo mitigado
3.8.1.1. Ex. RESP 717677 - caminhoneiro (entra como consumidor no finalismo
mitigado pois ele é considerado como vulnerável)
3.8.1.2. Ex. RESP 1016834 - costureira
3.8.1.3. Ex. RESP 914284 - produto de soja (não marcada a vulnerabilidade, afasta-se
o CDC)
3.9. Definição de fornecedor
3.9.1. Art. 3º: toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição
ou comercialização de produtos ou prestação de serviço. Produto é qualquer bem,
móvel ou imóvel, material ou imaterial. Serviço é qualquer atividade fornecida no
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista
3.9.1.1. Atividades profissionais: objeto da atuação
3.9.1.2. AgRg 150829

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3.9.2. Produtos: gratuitos ou onerosos -> gratuidade não afasta a aplicação do CDC
3.9.3. Serviços: remunerados (diretamente ou indiretamente - fornecimento de dados,
anúncio, publicidade direcionada) ou gratuitos (não existe nenhuma outra
contraprestação)
3.9.4. Atrai a cadeia de fornecimento: pessoas envolvidas na rede de fornecimento são
responsáveis solidariamente
3.9.4.1. Art. 7º: tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente
pela reparação dos danos
3.9.4.2. Art. 18
AULA 7: FORMAÇÃO DE CONTRATOS
1. MANIFESTAÇÃO DE VONTADE -> acordo de vontades como ponto principal da formação de um
contrato (pressuposto de existência do contrato, sem o qual não existe um contrato)
1.1. Formação x manifestação
1.1.1. Formação é um momento/elemento subjetivo, que acontece no interior do sujeito, no
qual o indivíduo decide se quer ou não realizar o contrato
1.1.2. Manifestação da vontade está posto no CC art. 110, no qual o importante é o que o
indivíduo manifesta (A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja
feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário
tinha conhecimento.)
1.1.2.1. Expressa (falar, escrever, sinais) x tácita (depreendido de um conjunto de
comportamentos do sujeitos -> comportamento concludente - conjunto de
circunstâncias de ações da parte)
1.1.2.1.1. Ex. Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por
declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de
atos próprios da qualidade de herdeiro -> lei determinou qual é a
forma de declaração expressa, quando não é indicado, a
manifestação é livre
1.1.2.2. Receptícia (fala ou se comporta de forma que declara um consentimento e
precisa que a outra parte também declare a vontade -> precisa de duas
declarações de vontade, levando a uma bilateralidade - contratos bilaterais)
x não receptícia (basta um indivíduo dizer que os efeitos serão reproduzidos -
ex. testamento - vontade sozinha forma o testamento)
1.1.2.2.1. Testamento não é um contrato, ele é um ato unilateral
2. PONTOS INTERESSANTES
2.1. Silêncio: problema jurídico pois ele chega perto da declaração tácita
2.1.1. Silêncio é o nada jurídico (completa ausência de qualquer manifestação de vontade ->
sujeito não diz nem faz nada em relação ao contrato)

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2.1.2. O silêncio só é juridicamente relevante quando o sujeito tem o dever de falar
2.1.3. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem (lei ou contrato), e não for necessária a declaração de vontade expressa.
2.1.3.1. Silêncio vai importar anuência quando lei ou contato autorizarem
2.1.3.2. Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou
não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro
dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a
encargo. -> o silêncio não leva a nenhum benefício para o indivíduo
2.2. Comportamento social típico: uma proposta fática e uma aceitação fática (ambas partes
assumem obrigações) -> não é um contrato, é uma fonte de obrigação que decorre de um
comportamento social típico
2.2.1. Ex. transporte público, máquinas express de compras
3. FASES DA FORMAÇÃO -> é um processo, uma sequência de etapas, articuladas entre si, para alcançar
o objetivo de formar um contrato
3.1. Fase pré contratual
3.1.1. Negociações preliminares: conversas sobre o contrato, estabelecimento de limites
3.1.1.1. Conceito: contato inicial das partes para obtenção de informações que vão
subsidiar sua decisão final -> dever de informação muito concreto (preza
pela lealdade)
3.1.1.2. Extensão: primeiro contato até a apresentação ou não de uma proposta
3.1.1.3. Responsabilidade: os deveres das partes são os deveres gerais de não causar
danos (quando não há vínculo prévio nenhum) -> com a aproximação na fase
negocial da formação de contratos as relações mudam e os deveres
associados se dividem em duas concepções
3.1.1.3.1. Paradigma liberal: partes não tem nenhum vínculo com as pessoas,
não havendo direitos ou deveres envolvidos
3.1.1.3.2. Paradigma solidarista: boa-fé se aplica à fase pré-contratual,
criando deveres associados às partes (Art. 422. Os contratantes são
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.) -> para a doutrina, a
conclusão do contrato inclui todas as etapas da fase pré-contratual
3.1.1.3.2.1. Desistência injustificada
3.1.1.3.2.2. Confiança na outra parte -> quebra de expectativa
3.1.1.3.2.3. Despesa que vira dano -> incorre em gastos e não há
contratação futura (dano)
3.1.1.3.2.3.1. A reversão do dano é medida através do interesse
negativo (reverter o dano causado -> quanto

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gastou no processo de negociação do contrato) e
do interesse positivo (posição que a parte estaria
caso o contrato tivesse sido realizado -> quanto
teria ganho caso o contrato tivesse sido efetivado
-> já estava contando com tal lucro pois tinha
confiança em tal realização contratual)
3.1.2. Proposta: concretização de uma proposta do contrato ->
3.1.2.1. Conceito: declaração receptícia de vontade, dirigida a uma pessoa
determinada ou determinável, por meio da qual o declarante manifesta sua
intenção de se vincular aos termos, caso a outra parte também aceite
declarando a sua vontade de contratar
3.1.2.2. Partes: proponente/policitante (quem faz a proposta) e aceitante/oblato
(quem aceita a proposta -> pode ser determinado, que leva a uma proposta
ou determinável, que leva a uma proposta do tipo oferta pública)
3.1.2.3. Forma: pode ser expressa ou tácita (ex. compra de roupa em uma loja -> olha
a etiqueta)
3.1.2.4. Elementos: subjetivo (proposta precisa ser séria, não pode ser feita em
contexto jocoso) e objetivo (proposta contenha todos os elementos
essenciais para a configuração do NJ -> deve-se pensar em qual tipo
contratual está sendo realizado para saber quais são os elementos
vinculados à ele)
3.1.2.5. Efeitos: proposta vincula o proponente nos termos que ela é feita, mesmo não
vinculando o aceitante, que só será vinculado na fase de aceitação. Caso o
aceitante responsa a proposta fora do prazo, com uma contraproposta, as
posições serão invertidas.
3.1.2.5.1. Exceções:
3.1.2.5.1.1. Proposta diz que o proponente não é vinculante
3.1.2.5.1.2. Natureza do NJ indica que a proposta não é vinculante
3.1.2.5.1.3. Circunstâncias do caso afastam o vínculo do proponente
3.1.2.5.1.3.1. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
3.1.2.5.1.3.1.1. I - se, feita sem prazo a pessoa presente,
não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa
que contrata por telefone ou por meio de
comunicação semelhante; -> pessoa
presente e sem prazo

22
3.1.2.5.1.3.1.2. II - se, feita sem prazo a pessoa ausente,
tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do
proponente; -> comunicação assíncrona
(pessoa ausente) e sem prazo (deve
esperar um tempo suficiente para que
possa existir resposta)
3.1.2.5.1.3.1.3. III - se, feita a pessoa ausente, não tiver
sido expedida a resposta dentro do prazo
dado; -> com prazo e não importa a
ausência ou não da pessoa (resposta
deve ser expedida dentro do prazo)
3.1.2.5.1.3.1.4. IV - se, antes dela, ou simultaneamente,
chegar ao conhecimento da outra parte
a retratação do proponente. ->
raramente acontece
3.1.2.6. Proposta no direito do consumidor: caráter ainda mais vinculativo do que no
direito civil
3.1.2.6.1. Oferta: proposta ganha a nomenclatura de oferta, no sentido de
estar sendo ofertado ao público
3.1.2.6.2. Art. 30: a oferta causa vinculação (Toda informação ou
publicidade suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma
ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular
ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado) ->
elementos mínimos de densificação dos elementos que compõem a
proposta
3.1.2.6.3. Art. 31: características (garantir um potencial informativo e preciso
para que o consumidor faça sua escolha deliberadamente ->
controle por meio do MP por meio do Procon) (A oferta e
apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações
corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre
suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem
como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores)
3.1.2.6.4. Art. 35: consequências de uma oferta para o consumidor

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3.1.2.6.4.1. Cumprimento forçado: consumidor tem o direito à exigir o
cumprimento forçado da oferta
3.1.2.6.4.2. Outro produto/serviço equivalente: não tem mais o
produto, caso o consumidor aceite, ele pode receber outro
em troca
3.1.2.6.4.3. Restituição e perdas e danos: pagamento antecipado e não
recebido ou oferta diferente do que foi passado no caixa
3.1.2.6.5. Erro e oferta: anúncio de algo com valor diverso do “normal”, por
erro de impressão, cabe aplicação do princípio da razoabilidade,
pode ou não haver vinculação de fato da oferta, havendo, portanto,
uma análise do caso concreto -> a não vinculação da oferta pode ser
associada à:
3.1.2.6.5.1. Má-fé do consumidor
3.1.2.6.5.2. Nulidade pois se configura em um caso de erro
3.1.2.6.5.3. Ex. caso de passagens aéreas anunciadas em valores muito
baixos -> há uma prática comum de ofertas exorbitantes
nesse caso, logo, a vinculação pode ocorrer
3.1.3. Aceitação: fase final de aceitação do contrato -> aceitou, o contrato está formado
3.1.3.1. A proposta, depois de apresentada, pode sofrer:
3.1.3.1.1. Aceitação: aceita a proposta e o contrato está formado
3.1.3.1.2. Recusa: recusa e finalização do caminho contratual
3.1.3.1.3. Contraproposta: é uma nova proposta, aceitação modificativa
3.1.3.2. Manifestação de vontade expressa ou tácita (doação) dentro do prazo
3.1.3.3. Requisitos
3.1.3.3.1. Não exigência de forma: deve ser comprovada, caso seja necessária
3.1.3.3.2. Oportuna: dentro do prazo dado (inoportuna é a proposta fora do
prazo)
3.1.3.3.3. Adesão integral: relação contratual conforme ela foi proposta, sem
modificações
3.1.3.3.4. Conclusa e coerente
3.1.3.4. Aceitação entre presentes:
3.1.3.4.1. Com prazo: obedece o prazo
3.1.3.4.2. Sem prazo: deve ser instantânea para se vincular
3.1.3.5. Aceita entre ausentes:
3.1.3.5.1. Com prazo: boa-fé (art. 430: Se a aceitação, por circunstância
imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este
comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder

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por perdas e danos -> a aceitação atemporal deve ser avisada.) ->
segue o prazo, oportuna em relação à proposta
3.1.3.5.2. Sem prazo: tempo suficiente para chegar a resposta (correios)
3.1.3.6. Nova proposta: art. 431 (A aceitação fora do prazo, com adições, restrições,
ou modificações, importará nova proposta) -> inversão de posicionamentos
entre proponente e oblato
3.1.3.7. Retratação: art. 433 (Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou
com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante) -> arrependimento
de proposta deve chegar antes da proposta para o oblato para ser
considerada ineficaz (existe, é válida, mas não tem mais a capacidade de
gerar efeitos) a aceitação
3.1.4. Momento de formação do contrato: define quando o contrato passa a produzir efeitos
(deveres e obrigações)
3.1.4.1. Teoria da informação ou cognição: momento em que o proponente recebe
informação de que o contrato foi aceito -> subjetivismo (como provar qual foi
o momento da aceitação?)
3.1.4.2. Teoria da recepção: contrato se forma no momento em que a aceitação
chega ao proponente
3.1.4.3. Teoria da declaração ou agnição: hora em que a pessoa declarou a sua
aceitação o contrato está formado -> subjetividade (como provar qual foi o
momento em que a pessoa aceitou o contrato ?)
3.1.4.4. Teoria da expedição: momento de envio da correspondência de aceite do
contrato -> teoria adotada pelo Código Civil: art. 434 (Os contratos entre
ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida)
3.1.4.4.1. Expedição mitigado devido as exceções previstas:
3.1.4.4.1.1. I - no caso do artigo antecedente; -> proposta ineficaz
3.1.4.4.1.2. II - se o proponente se houver comprometido a esperar
resposta;
3.1.4.4.1.3. III - se ela não chegar no prazo convencionado.
3.1.5. Lugar de conclusão: impacto no foro (juízo que vai resolver a questão)
3.1.5.1. Lugar em que for proposto como o reputável a estabelecer o foro: mudança
de local interfere na definição do foro do local -> aplicado pelo CC
3.1.5.2. Art. 435: Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. ->
norma dispositiva (maioria dos contratos tem o seu foro expresso da maneira
que se achar melhor
3.1.5.3. Contratos internacionais são aplicados a partir da LINDB: art. 9º, inciso 2º ->
residência do proponente como o definidor do foro (norma supletiva)

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3.1.6. Formação pela via eletrônica:
3.1.6.1. Temas novos com relação a contratação x direito arcaico em relação a
contratação eletrônica
3.1.6.2. CC 2002 não cita nenhum dispositivo que verse sobre a contratação
eletrônica -> questões são resolvidas casuisticamente
3.1.6.3. CDC: projetos sobre o comércio eletrônico
3.1.6.4. Principais formas:
3.1.6.4.1. Troca de e-mails: forma corriqueira com proposta e aceite
3.1.6.4.2. Click-wrap: clicar no “Aceito os termos do contrato”
3.1.6.4.3. Browse-wrap: simples navegação, mesmo sem clicar, leva ao aceite
dos termos da plataforma (ex. uso do twitter sem ter uma conta)
3.1.6.4.4. Smart contracts: contratos que se formam automaticamente sem
intervenção humana, através de uma inteligência artificial ou
algorítmica (ex. mercado de ações e compra associada a um
algoritmo, a partir de comandos previamente acordados) -> contrato
formado sem a manifestação clara de vontade, mas que foi
previamente acordado, então a doutrina considera como válida
3.1.6.5. Formação: ausentes ou presentes? Doutrina considera a realização de
contrato por e-mails como uma formação de contrato entre ausentes -> a
partir da expedição o contrato está formado
3.1.6.6. Enunciado 173/CJF: não se aplica o CC (expedição) e sim a recepção.
Baseado na Uncitral (comissão para direito de comércio internacional da
ONU): art. 15 -> recepção como mecanismo de recebimento e momento de
formação do contrato
3.1.6.7. Contratação eletrônica e incapacidade
4. CONTRATO PRELIMINAR
4.1. Conceito
4.1.1. Fase pré-contratual x contrato preliminar
4.1.1.1. Fase pré-contratual: contrato ainda não foi fechado -> não é a mesma coisa
que contrato preliminar
4.1.1.2. Contrato preliminar: já tem contrato pronto e efetivado, o que muda é a sua
obrigação associada
4.1.2. “Pactum de contrahendo”: pacto para contrair um novo contrato no futuro -> tem por
objetivo a efetivação de um contrato definitivo
4.1.3. “Contract to make a contract”
4.1.4. Obrigação: celebrar contrato futuro -> necessariamente se vincula a realizar a
promessa feita

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4.1.5. Uso habitual: promessa de compra e venda de imóvel
4.1.5.1. Partes optam por, primeiro, fazer um contrato de promessa (modelo
particular, que te vincula a assinar a escritura definitiva) de compra e venda
-> compra e venda de bem imóvel tem que ser realizado por escritura pública
(NJ formal, que demanda tempo, em cartório de notas)
4.1.5.2. Registro do imóvel: com a escritura, registra o imóvel no cartório de imóveis
-> efetiva tradição formal, que faz a efetiva transferência de propriedade
4.1.5.3. Contrato preliminar que te vincula a um contrato definitivo
4.1.6. CC 1916/ CC 2002
4.2. Característica
4.2.1. Acessório: só faz sentido diante de contrato definitivo e futuro
4.2.2. Obrigação de fazer: emissão de declaração de vontade no sentido de realizar uma
contratação definitiva e futura
4.2.3. Não celebração: gera inadimplemento
4.2.4. Requisitos do contrato definitivo
4.2.4.1. Exceto forma: não precisa ser a mesma do contrato definitivo
4.2.4.2. Art. 462: O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
4.2.5. Arrependimento: para que o contrato de promessa tenha força vinculativa ele não
pode ter direito de arrependimento -> exige o cumprimento do contrato definitivo em
juízo (direito potestativo de uma das partes)
4.2.5.1. Questão das arras (sinal - importância normalmente paga em dinheiro): se a
parte não quiser vender, haverá resolução nas arras (fica com o sinal
fornecido) -> pode desistir do contrato, mas o vendedor fica com as aras
pagas
4.2.5.2. Art. 463: Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no
artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento,
qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo,
assinando prazo à outra para que o efetive.
4.3. Inexecução: inadimplemento na lavratura
4.3.1. Recusa de realização do cumprimento das obrigações contratuais
4.3.1.1. Suprimento judicial: ação em juízo requerendo um fazer fungível (substitui a
declaração de vontade das partes por uma sentença judicial)
4.3.1.2. Sentença equivale ao contrato: efeitos definitivos da promessa -> equivale ao
contrato original, operando os efeitos previstos no contrato de promessa

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4.3.1.3. Execução específica: primazia no CC (pega exatamente o que o credor tem
direito de acordo com o acordo que foi realizado, não havendo conversão em
pecúnia)
4.3.1.4. Art. 464: Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a
vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato
preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
4.3.1.5. Art. 501 CPC: produz todos os efeitos que eram previstos no contrato
4.3.2. Opção subsidiária : desfazimento + perdas e danos -> pode optar por desfazer o
contrato e exigir perdas e danos
4.3.2.1. Art. 465: Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a
outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.
4.4. Promessa unilateral
4.4.1. Duas partes: uma das partes faz o contrato e a outra decide se quer ou não aceitar a
promessa
4.4.2. Obrigatório x facultativo: uma das partes tem a obrigação de realizar o contrato de
promessa e a outra tem a faculdade de aceitá-lo ou não -> unilateral pois só uma das
partes é obrigada a aceitar o contrato
4.4.3. Contrato de opção:
4.4.4. Manifestação no prazo: prazo dado para a manifestação da vontade
4.4.4.1. Na ausência de prazo determinado deve haver razoabilidade no prazo para
decisão
4.4.4.2. Art. 466: Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de
ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou,
inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
4.5. Eficácia real: direito sobre uma coisa que está sendo negociada (comprador tem direito ao que
está posto no contrato de compra e venda) -> pode exigir que faça o registro definitivo
4.5.1. Efeitos reais: art. 1417 Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou
arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à
aquisição doimóvel.
4.5.1.1. Registro ? Tem que estar registrado para ter direito real de aquisição ao
imóvel
4.5.2. Direito à adjudicação: art. 1418 O promitente comprador, titular de direito real, pode
exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem
cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no
instrumento preliminar;e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.

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-> transferência do imóvel para o seu nome (condicionado ao registro, só que isso não
é a prática, no qual o contrato de promessa de compra e venda não é registrado)
4.5.3. Registro do contrato preliminar: art. 463, § único O contrato preliminar deverá ser
levado ao registro competente
4.5.4. Enunciado 30/CTJ:
4.5.5. Sùmula 239/STJ: para adjudicar um imóvel não é necessário o registro dele em
cartório de imóveis
4.5.5.1. A função do registro é fazer efeitos contra terceiros, dando publicidade ao
ato -> operar efeitos da promessa contra terceiros e não só contra as partes
4.5.6. Súmula 621 STF: vai em contradição a do STJ

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AULA 8: VÍCIOS REDIBITÓRIOS
1. CONCEITO E FUNDAMENTO
1.1. Defeito oculto, não identificado no momento da compra -> presente em contratos onerosos
1.2. Art. 441
1.3. Redibitio: rescisão unilateral em razão de um defeito da coisa (possibilidade de rescisão
contratual)
1.4. Fundamento: princípio da garantia -> adquire algo e há um mínimo de garantia que deve ser
repassado ao adquirente (qualidade do que foi comprado
2. REQUISITOS
2.1. Contrato comutativo: não assume o risco de um defeito -> oposto ao contrato aleatório
2.2. Defeito oculto: não sabe que o defeito existe, abrindo possibilidade de se reclamar (não
consegue ver de cara o defeito)
2.3. Defeito desconhecido: não houve negociação em função da existência de defeito
2.4. Defeito existente na alienação: não pode surgir posteriormente à compra
2.5. Prejudica a utilidade ou reduz valor:
3. AÇÕES EDILÍCIAS
3.1. Alternativas: ações alternativas que a pessoa atinge quando em contato com vícios redibitórios
3.1.1. Ação redibitória (art. 441): romper com o negócio jurídico -> devolve a coisa e volta ao
estado original
3.1.2. Ação estimatória (quanti mimoris) (art. 442): pede um desconto em razão da
desvalorização do bem -> não rompe com o negócio, somente reduz o valor pago nele
(abatimento do preço)
4. EFEITOS
4.1. Alienante de boa-fé: não se exime quanto à redimição (responde do mesmo modo, mesmo sem
saber do problema previamente)
4.2. Alienante de má-fé: sabe do problema e omite a informação (age eticamente ao contrário do
esperado). Além da ação redibitória, recorre em perdas e danos -> art. 443
4.2.1. Ex. TJRS - Ap. 70030417497 (questão da prova de que a pessoa estava de má-fé)
4.2.2. Responsabilidade mesmo se parecer a coisa (art. 444)
4.2.3. Coisa vendida conjuntamente: apreciada casuisticamente
4.2.3.1. Rejeição de todas
4.2.3.2. Rejeição de uma
4.2.3.3. Ex. RESP 991317
5. PRAZO DECADENCIAL
5.1. Enunciado 28/CTF
5.1.1. Fácil constatação
5.1.1.1. Móveis: 30 dias

30
5.1.1.2. Imóveis: 1 ano
5.1.1.3. Art. 445
5.1.1.4. Termo inicial: tradição
5.1.1.5. Tá na posse: prazo pela metade
5.1.2. Difícil constatação
5.1.2.1. Mesmos prazos
5.1.2.2. Termo inicial: constatação
5.1.2.3. Prazo máximo:
5.1.2.3.1. 180 dias móveis
5.1.2.3.2. 1 ano imóveis
5.1.2.3.3. Art. 445, parágrafo 1º
5.1.2.3.4. RESP 1095882
5.1.3. Venda de animais
5.1.3.1. Lei especial: prazos estabelecidos em lei especial
5.1.3.2. Usos: depende do contexto da situação contratual
5.1.3.3. Art. 445, parágrafo 2º
5.1.3.4. Garantia convencional: ambas partes colocam em contrato qual a garantia
5.1.3.4.1. Prazo somado com o estabelecido no Código Civil
5.1.3.4.2. Art. 446
6. VÍCIOS NO CDC
6.1. Alcance: ente com maior vulnerabilidade (posição mais paternalista)
6.1.1. Produtos e serviços: bens e serviços -> vício de serviço no âmbito do CDC (ex. no
direito civil seria aplicado inadimplemento, relacionado à obrigações de fazer)
6.1.2. Ocultos e aparentes: mesmo os vícios aparentes são passíveis de recurso, em nome
da defesa do consumidor
6.1.3. Qualidade e quantidade: coisa que vem com quantidade menor do que a estabelecida
6.2. Fundamentos: teoria de qualidade garantida ao consumidor e a segurança alimentar
6.3. Regras cogentes: art. 24/25 CDC (fornecedor não pode se isentar de responder pelos vícios
6.4. Solidariedade: responsabilidade é solidária entre a cadeia de fornecedores -> art. 18
6.4.1. Ex. RESP 611872
6.5. Consequências: vícios de qualidade do bem
6.5.1. Conserto: O fornecedor tem 30 dias para sanar o problema (evitar abusos por parte
do consumidor) -> caso não haja conserto, o consumidor está sujeito à Art. 18 CDC :
6.5.1.1. Substituição do bem: com as mesmas qualidades ou por outro produto
similar, com preço semelhante
6.5.1.2. Restituição do pagamento: devolve o produto e pede seu dinheiro de volta
6.5.1.3. Abatimento do preço do produto com defeito

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6.5.2. Perdas e danos/mesmo com boa-fé (conhecendo ou não conhecendo os riscos a
responsabilidade será aplicada ao fornecedor) -> art. 23 pode acontecer mesmo sendo
solicitadas as consequências citadas anteriormente
6.5.3. Em casos da essencialidade de produtos, há margem para requerimento das
possibilidades acima, sem espera dos 30 dias citados -> eletrodoméstico, celular
6.6. TIPOS DE VÍCIO
6.6.1. Vícios de quantidade: envolve medida de peso ou extensão
6.6.1.1. Abatimento: no preço pago pelo consumidor
6.6.1.2. Complementação: entrega do que ficou faltando no produto
6.6.1.3. Substituição: substitui por produto da mesma espécie, qualidade e marca,
sem vícios de quantidade
6.6.1.4. Restituição: coloca fim a negociação, retorno ao estado inicial
6.6.1.5. Art. 19: fornecedores respondem aos vícios de quantidade
6.6.1.6. Redução de quantidade (RESP 1364915): diminuição da embalagem sem
mudança de preço (diminuição maquiada) -> deve haver indicação expressa
da redução da quantidade (problema informativo nas práticas consumerícias)
6.6.2. Vìcios de serviço: obrigação de fazer (inadimplemento no CC)
6.6.2.1. Reexecução: pedir que haja reexecução do serviço
6.6.2.2. Restituição: devolução do dinheiro
6.6.2.3. Abatimento: não realiza o serviço por completo, logo pode levar ao
abatimento
6.6.2.4. Art. 20
6.6.3. Prazos decadenciais: produto e serviço (não importa se é móvel ou imóvel)
6.6.3.1. Vícios aparentes: consumidor pode não perceber na hora da compra o vício
que terá direito a recorrer
6.6.3.1.1. Não duráveis (se esgota no consumo - arroz, leite) -> 30 dias
6.6.3.1.2. Duráveis (não se esgota com o uso - microondas, liquidificador) ->
90 dias
6.6.3.1.3. Termo inicial: entrega/execução do produto ou serviço
6.6.3.2. Vícios ocultos: vícios que não são permitidos no momento da compra ou da
execução do serviço
6.6.3.2.1. Não duráveis (se esgota no consumo - arroz, leite) -> 30 dias
6.6.3.2.2. Duráveis (não se esgota com o uso - microondas, liquidificador) ->
90 dias
6.6.3.2.3. Teatro inicial: ciência do vício (momento no qual o vício foi
identificado) -> não informa quanto tempo pode decorrer da compra
ou execução do serviço até o aparecimento do vício

32
6.6.3.2.3.1. Depende do critério de vida útil do produto -> quanto
tempo de “vida” ele tem em comparação ao aparecimento
do vício
6.6.3.2.4. Art. 26
6.6.3.2.5. CC x CDC -> diálogos das fontes
6.6.3.2.5.1. Prazos do CC podem ser melhores do que os prazos do CDC
-> contradição normativa
6.6.3.2.5.2. Em tese, o CDC prevalece sobre o CC, pois ele é lei
especial e o CC é lei geral -> é entendimento de que não
deve haver essa prevalência, pois o que se preza é a defesa
dos direitos fundamentais, e a defesa do consumidor é um
direito fundamental, logo a norma mais benéfica ao
consumidor deve ser a aplicada -> aplica-se o prazo que
for mais favorável ao consumidor, sanando uma
vulnerabilidade existente nas relações de consumo
AULA 9: CONTRATO ALEATÓRIO
1. CONCEITO
1.1. Álea - sorte - risco: contrato que envolve um risco para um ou para ambas as partes
1.1.1. Ex. contrato de seguro (seguradora sabe que tem o risco de ter que pagar, caso venha
a ocorrer um acidente)
1.2. Se opõem aos contratos comutativos: desde o primeiro momento sabe-se quais são as
obrigações que compõem o contrato -> não existe elemento de risco associado ao contrato
1.3. Tipos de contratos aleatórios: divisão doutrinária
1.3.1. Absolutamente aleatórios: soma zero, ou fica com nada ou com tudo (um ganha e um
perde -> ex. contrato de apostas) -> aleatório para ambos que estão envolvidos na
obrigação
1.3.2. Relativamente aleatórios: envolve, para uma das partes, a aleatoriedade, enquanto
para outra, sabe-se quais são as obrigações vinculadas (ex. contratos de seguros)
2. RISCO
2.1. Lesão e onerosidade excessiva/imprevisão: não pode alegar questões de equilíbrio contratual,
sendo a lesão uma delas -> risco do contrato é a sua essência, dentro da contratação o risco já
existia e era assumido. Não pode haver revisão contratual em razão de evento imprevisível ou
extraordinário pois esses eventos estão associados a premissa básica do contrato
2.1.1. RESP 866414: compra de safra de soja -> paga o preço atual para compra futura
(assume o risco do preço variar no percurso do tempo, inclusive associado a
possibilidade da safra ser perdida em função de pregar -> dentro da área normal do
contrato)

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2.2. CC2002 -> alienação aleatória (compras e venda como maior exemplo)
2.2.1. “Emptio spei”: venda de esperança de algo -> negocia algo que não existe e se
compromete a pagar o preço mesmo que ela não venha a existir
2.2.1.1. Coisas futuras: paga o total mesmo que a coisa não venha a existir
2.2.1.2. Risco de nada existir (art. 458): não pode haver dolo ou culpa para que a
coisa não venha a existir
2.2.1.3. Preço devido
2.2.2. “Emptio rei speratae”: venda de coisa esperada -> assume risco quantitativo, coisa
pode vir a existir em qualquer quantidade
2.2.2.1. Relativo à quantidade: se não houver coisa o preço não é devido, o que se
assume como risco é a quantidade e não a existência
2.2.2.2. Nada vier a existir -> preço restituído (art. 459)
2.2.3. Coisa exposta a risco: assume risco de deterioração ou de perecimento da coisa ->
preço é devido da mesma maneira, mesmo se o bem for perdido ou deteriorado (paga
um valor mais baixo pela situação de risco, conhecida pelo comprador)
2.2.3.1. Transferência do risco
2.2.3.2. Preço devido mesmo na perda ou deterioração
2.2.3.3. Art. 460
2.2.3.4. Atuação dolosa (art. 461): sabe da deterioração -> anulação baseada no dolo
AULA 10: EVICÇÃO
1. CONCEITO
1.1. “Evictare”: salvaguarda contra a perda de um bem em detrimento da decisão de outra pessoa
-> direito a receber o valor e indenizações pela perda da coisa em detrimento de decisão
judicial (quem vende não tinha legitimidade
1.2. Garantia -> fundamento
1.3. Perda da coisa, por decisão que a reconhece a outrem, fundada em fato anterior
1.4. Art. 447: Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia
ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública
1.5. Oponibilidade erga omnes de direito real -> não havia legitimidade de opor o direito de
propriedade (responde por eventual vício de legitimidade -> garantia de reaver o dinheiro pago)
2. PARTES
2.1. Alienante: quem está vendendo o bem
2.2. Evicto (adquirente): quem adquire o bem e perde a titularidade dele
2.3. Evictor (terceiro): quem exige o cumprimento do direito real -> quem vai retirar o bem da
titularidade do outro
3. REQUISITOS
3.1. Relativização

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3.1.1. Onerosidade na aquisição (art. 447: Nos contratos onerosos, o alienante responde pela
evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta
pública): adquire o bem onerosamente, vem a perdê-lo, e pode pedir o dinheiro de
volta pelo que foi pago
3.1.2. Perda total ou parcial da coisa
3.1.3. Decisão judicial ? Em regra geral a evicção vai se dar a partir de uma decisão judicial
transitada em julgado
3.1.3.1. RESP 69.946 e RESP 1.332.112 -> desnecessidade do trânsito em julgado
para que o evicto receba as consequências da evicção
3.1.4. Anterioridade do direito do evictor: fato tem que ser anterior à aquisição
3.1.4.1. Res perit domino: transferência de riscos -> com a transferência da coisa,
transferem-se os riscos
3.1.5. Boa-fé do evicto: só pode usar da evicção quem agiu de boa-fé
3.1.5.1. Art. 457: Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa
era alheia ou litigiosa
3.1.5.2. RESP 1293147 -> má-fé reconhecida por arrematante
4. DIREITOS DO EVICTO
4.1. Demandar: pede para reaver o preço que foi pago pelo bem
4.2. Restituição do preço: preço à época em que evenceu -> não é o valor pago e sim o valor que
vale no tempo que se perdeu (pode haver uma valorização com o decurso do tempo)
4.2.1. Art. 450
4.3. Indenização:
4.3.1. dos frutos: devolve as coisas com frutos pendentes, haverá a indenização dos frutos
igualmente
4.3.2. despesas: escritura, advogado -> âmbito da negociação
4.3.3. custas/honorários (Art. 450: Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto,
além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos
frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos
contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III - às custas
judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.)
4.4. Benfeitorias
4.4.1. Art. 453: As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção,
serão pagas pelo alienante -> em regra quem paga é o proprietário
4.4.2. Art. 454: Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo
alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
4.5. Vantagens da deterioração

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4.5.1. Art. 452: Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido
condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe
houver de dar o alienante -> pode ter deteriorado o bem e ganhando com essa
deterioração (ex. desmonte) -> o enriquecimento deve ser abatido pois se enriqueceu
em detrimento do proprietário
4.6. Evicção parcial: perde apenas uma parte do bem
4.6.1. Rescisão: requerer o dinheiro de volta (tudo)
4.6.2. Restituição de parte do preço: apenas a parte que perdeu e fica com o restante
4.6.3. Art. 455: Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a
rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque
sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização
5. REFORÇO, REDUÇÃO E EXCLUSÃO
5.1. Norma dispositiva: não é imperativo, pode abrir mão do que está posto
5.2. Art. 448: Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção -> pode modular de acordo com o intúito das parte
5.3. Ignorância do risco (art. 449: Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção,
se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube
do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.) -> limitação do art. 448 caso a pessoa
não sabia do risco da evicção
6. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
6.1. Revogação do art. 456 pelo CPC 2015: era um requisito expresso para evicção, mas que já era
relativizado pela doutrina e pela jurisprudência
6.2. Enunciado 434/CTF: ausência de lide não impede o processo de ocorrer
6.3. Novo CPC: art. 125, I -> é admissível a denunciação da lide promovida por qualquer uma das
partes por … (não é mais obrigatória a denunciação da lide)
AULA 11: CONTRATOS EM RELAÇÃO À TERCEIROS
1. RELATIVIDADE
1.1. Partes -> efeitos
1.2. Autonomia: quem manifestou vontade foi determinado sujeito, ele está vinculado ao contrato ->
não opera efeito em terceiros
1.3. Tutela externa do crédito: hipótese de terceiro interveniente na relação contratual que passa a
intervir na relação, respondendo pelos seus prejuízos
1.4. Estrutura contratual: colocam em xeque o princípio da relatividade ↴
2. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO -> relação contratual triangular
2.1. Estipulante - promitente - beneficiário
2.1.1. Moldada inicialmente pelo estipulante e pelo promitente

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2.1.2. Beneficiário é o terceiro -> efeitos jurídicos ocorrem na esfera de terceiro (passa a
exigir do promitente o cumprimento de determinada obrigação, assim como o
estipulante também pode exigir)
2.1.3. Ex seguro de vida
2.1.3.1. Estipulante: segurado
2.1.3.2. Promitente: seguradora
2.1.3.3. Beneficiário: quem recebe o estipulado pelo seguro
2.2. Formação x execução -> inserção de terceiro
2.2.1. Pessoas distintas na formação (estipulante e promitente) e na execução (entra o
terceiro beneficiário)
2.3. Requisitos
2.3.1. Subjetivos
2.3.1.1. Capacidade: beneficiário não precisa ser capaz (não participa do momento
de formação do contrato)
2.3.1.2. Determinação: pode ter um sujeito aberto, para ser determinado a frente
quem vai ser o sujeito beneficiado
2.3.1.3. Legitimidade: o CC veda algumas liberalidades
2.3.1.3.1. Art. 550: A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser
anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até
dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal -> não pode
haver doação para amante (prevalece a relação conjugal frente a
relações paralelas)
2.3.2. Objetivos
2.3.2.1. Gerais: lícito, possível, determinado ou determinável
2.3.2.2. Gratuidade: não pode estipular algo que seja contrário ao terceiro, ou seja,
deve ser um benefício gratuito
2.3.3. Formais: NJ é informal (não previsto em lei) -> em regra é escrito mas não é
estipulado em lei
2.4. Efeitos
2.4.1. Exigibilidade: estipulante e beneficiário tem a exigibilidade de requerer o
cumprimento do estipulado no contrato
2.4.1.1. Art. 436: O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da
obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a
obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às
condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar
nos termos do art. 438.

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2.4.2. Substituição do terceiro: o estipulante escolhe quem é o terceiro, podendo até mesmo
substituí-lo, sem que a vontade do promitente seja levada em consideração. Deve-se,
apenas, informá-los
2.4.2.1. Art. 438: O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro
designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro
contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre
vivos ou por disposição de última vontade.
2.5. Exoneração do promitente: vai precisar de uma manifestação de vontade conjunta -> se não
estiver expresso no contrato pode-se exonerar o devedor
2.5.1. Art. 437: Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de
reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor
3. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO
3.1. Obrigação do promitente: obter manifestação de vontade de outra pessoa -> resultado
3.1.1. Promessa de um fato de terceiro que envolve a realização de um resultado (vontade
deve ser concretizada, se não entra no âmbito do inadimplemento)
3.2. CC1916 x CC2002: estava no âmbito geral das obrigações e passou para a parte de contratos
3.3. Relatividade: não quebra a relatividade
3.4. Fases: presença de devedores sucessivos e não simultâneos
3.4.1. Formação: Fábio e primo da Ivete
3.4.2. Execução: Fábio e Ivete -> manifestação da vontade do terceiro não deixa que a
relatividade de quebre (não é um benefício gratuito -> terá que cumprir uma
obrigação)
3.5. Caso não haja manifestação de vontade do terceiro, o que prometeu responde por perdas e
danos -> art. 439: Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos,
quando este não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o
cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo
regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens
3.5.1. Ex. RESP 1259210
3.5.2. Ex. RESP 249008
3.5.3. Exceção: promessa de fato de cônjuge
3.6. Terceiro se obriga: isenção do promitente
3.6.1. Art. 440: Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este,
depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
4. CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR
4.1. CC2002
4.2. Terceiro que não quer se revelar: negocia com sujeito laranja, que esconde alguém que não
quer se revelar (ex. pessoas com alto poder aquisitivo, problemas de richa entre indivíduos

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4.3. Evita dupla venda e dupla tributação ->
4.4. “Electio amici” (ainda vai escolher quem vai ser indicado) /”Pro amico electo” (já tem quem
indicar, já é escolhido)
4.5. Art. 467: No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade
de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes ->
outra parte concorda
4.6. Prazo
4.6.1. Estipulado, em regra geral, em quanto tempo será indicado o sujeito
4.6.2. 5 dias
4.6.2.1. Art. 468: Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de
cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado.
4.7. Efeito retrooperante: a partir da indicação, o indicado assume as obrigações pretéritas
adquirida, efeito ex nunc, ele retroagem -> a partir do momento da celebração
4.7.1. Art. 469: A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire
os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em
que este foi celebrado
4.8. Forma: indicação deve ser feita na mesma forma do contrato -> vão se tornar uma única coisa,
haverá uma conjunção, uma atração de forma entre os contratos
4.8.1. Art. 468: Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se
revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.
4.9. Eficácia entre contratantes originários: caso não haja manifestação do terceiro, os efeitos
serão aplicados na titularidade original de quem realizou o contrato em nome de outro
4.9.1. Art. 470: O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: I - se não
houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; II - se a pessoa
nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
4.9.2. Art. 471: Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o
contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
AULA 12: CESSÃO DE CONTRATO
1. CONCEITO
1.1. Transferência da inteira posição contratual: perde posição contratual
1.2. Execução em curso -> momento -> execução prolongada no tempo
1.2.1. Ex: financiamento/franquia/seguro
1.3. Contrato base/contrato cessão: é um contrato autônomo (cessão) que tem como contrato base
outro
1.4. Função: circulação
1.5. Partes
1.5.1. Cedente: cede a posição

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1.5.1.1. Ex. antigo proprietário
1.5.2. Cessionário: novo adquirente
1.5.2.1. Ex. novo proprietário
1.5.3. Cedido: deve fornecer autorização
1.6. C2002: não há tipificação no CC, mas é um mecanismo de presença corriqueira devido a seu
mecanismo de circulação de riquezas
1.7. Regras?: ligado às regras gerais de contratos
1.8. Subcontrato: contratante não se desvincula ->na cessão sai o cedente e entra o cessionário
1.8.1. Subcontrato: sublocação -> locatário original continua respondendo pela locação
2. ELEMENTOS SUBJETIVOS
2.1. Consentimento: art. 299 (assunção de dívida -> obrigações - transmissão de obrigação de
dívida)
2.1.1. Cessão de posição contratual envolve tanto crédito quanto débito -> deve haver
consentimento do credor (cedido)
2.2. Recusa: abusividade -> recusa da instituição financeira de alterar a transmissão do débito seria
uma recusa injusta
3. ELEMENTOS OBJETIVOS
3.1. Unidade orgânica: créditos/débitos (como bloco) -> transferência de crédito, débito, ônus,
bônus
3.1.1. Unidade entre o contrato de cessão e o contrato base -> atração de formas entre os
contratos (vistos como uma só coisa)
3.2. Impossibilidade
3.2.1. Personalíssimos: contrato se baseia em uma pessoa, não pode haver cessão (fazer
infungível)
3.2.2. Vontade: cláusula contratual que vincula a cessão à manifestação de vontade prévia
3.2.3. Vedação legal: dispositivos de lei que vão impedir a transferência de certa estrutura
contratual
3.2.3.1. Ex. não pode ceder crédito alimentar -> estrutura contratual não há exemplos
4. ELEMENTO FORMAL
4.1. Forma: segue a forma do contrato base (passa a ser uma unidade - ex. contrato base é
escritura pública, o contrato de cessão também será)
5. CESSÃO IMPRÓPRIA
5.1. Legal: imposta pela lei
5.2. Aquisição de estabelecimento (art. 1146): cessão de estabelecimento
5.2.1. Exceção: locação (Art. 13/Lei 82450) -> novo envolvido deve ser consentido pelo
locador
5.2.1.1. RESP 1202077

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6. EFEITOS -> cessão de crédito
6.1. Responsabilidade pela existência do crédito (Art. 295): existência do contrato do que está
sendo cedido (crédito tenha lastro - não pode ser declarado como nulo)
6.1.1. No contrato gratuito só vai haver responsabilidade se houver má-fé
6.2. Responsabilidade pela solvência: pessoa que está cedendo o financiamento, em regra, responde
subsidiariamente
6.2.1. Cessão pro soluto: resolve quanto ao cedente (sai da obrigação, que será entre
cessionário e cedido)
6.2.2. Pro solvendo: ainda vai solver (cedente continua participando da obrigação)
6.2.3. Art. 296
6.3. Invalidação
6.3.1. Contrato base: se for inválido, o de cessão também é
6.3.2. Contrato cessão: se for inválido, retorna-se ao contrato base
6.4. Cessão de financiamento imobiliário
6.4.1. Legitimidade para revisão/contrato de gaveta: quem pode pedir legitimidade é quem
tem parte no contrato
6.4.2. RESP 1150429
AULA 13: INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
1. NOÇÃO
1.1. Exercício de determinação de conteúdo: recorrente nas questões de contrato (fundamento em
texto -> significado do texto é o exercício da interpretação)
1.2. Significante (o que está inserido no contrato) -> significado (o que é depreendido do contrato)
1.3. “In claris cessat interpretatio” -> do claro a interpretação cessa
1.3.1. Contraditória em si: exercício interpretativo é levado em consideração em até mesmo
para se analisar o que é ou não é claro
1.3.2. Era utilizado para levar as questões em sua literalidade -> Período Napoleônico
2. FUNÇÃO
2.1. Determinação de efeitos: o significado leva a alguma consequência no campo dos efeitos -> a
carga interpretativa de um contrato pode levar a consequências em seus efeitos
2.2. Solução para problemas ligados a questão interpretativa: produção de determinados efeitos
jurídicos
2.2.1. Lacunas: pode haver lacunas em contratos, que deixam de ser descritas, e deve-se
utilizar instrumentos interpretativos para solucioná-las
2.2.2. Ambiguidades: possibilidade de termo com duas acepções semânticas diversas que
levam a uma ambiguidade no entendimento do contrato -> pode levar a contradições
2.2.3. Obscuridades: sem significado (cópia de cláusula contratual que não faz menção no
novo contrato) -> não há explicação plausível para existir

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2.3. Interpretação
2.3.1. Extensiva: se abre para o circunstancialismo do caso, interpretação mais aberta
2.3.2. Restitutiva: se atém mais ao texto literal -> Negócios Jurídicos gratuitos (doação,
comodato)
3. TEORIAS NEGOCIAIS
3.1. Teoria da Vontade: vontade que tem força jurídica, ela que gera direito -> impactos no âmbito
da interpretação
3.1.1. Subjetivista: restabelecer a vontade real do indivíduo no momento de formação do
contrato
3.1.2. Individualista: o que o indivíduo desejava durante a contratação
3.1.3. Vontade real
3.1.4. Vìcios da vontade: erro, dolo, coação -> vontade tem que ser rígida, limpa, perfeita,
não pode ter nenhum vício associado à ela, senão ela se encontra inquinada
3.1.5. Insegurança: saber o que é a vontade real de um indivíduo é impossível
3.2. Teoria da declinação:
3.2.1. Objetivista: o que deve prevalecer é o que foi exteriorizado, o que foi dito/escrito, e
que deve ter cuidado, pois será o que vai ser levado em consideração
3.2.2. Social: prevalência sobre o individual
3.2.3. Declaração apenas: não se atem as circunstâncias e as vontades
3.2.4. Sentido normal: mais próximo à normalidade, aos termos ditos
3.2.5. Segurança: toda declaração vincula
3.3. Art. 112: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do
que ao sentido literal da linguagem -> não é a vontade como dogma, declaração substanciada
com a interpretação, a partir de vetores objetivos
4. MEIOS INTERPRETATIVOS
4.1. Sentidos
4.1.1. Literal: retira o significado a partir do usual para aquela palavra
4.1.2. Textual: depende do contrato como um todo, a partir de toda estrutura contratual
4.1.2.1. RESP 1133338: segurada dependente no plano de saúde -> “segurada”
alcança o dependente
4.1.3. Situacional: extravasa o contrato, vai para além do texto -> usos, práticas, extraídos a
partir das circunstâncias no qual o NJ está envolvido
4.2. Objetivos
4.2.1. Exteriorização: mais comum -> interpreta a partir do significante, o que foi declarado
4.2.2. Vontades reais: a partir do que a parte vê como verdade
4.2.3. Circunstancialismo: de acordo com o contexto, usos e comportamentos
5. REGRAS DE INTERPRETAÇÃO

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5.1. Norma x lógica: CC e CDC como base normativa para exercício hermenêutico
5.1.1. Interpretação é questão de norma ou de lógica? -> regras básicas de interpretação,
normatizadas
5.2. Regras gerais
5.2.1. Art. 112: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem -> valoriza a declaração sobre
o sentido literal do texto
5.2.2. Art. 113: alterado pela lei de liberdade econômica (não tinha os parágrafos)
5.2.2.1. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração.
5.2.2.1.1. § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido
que:
5.2.2.1.1.1. I - for confirmado pelo comportamento das partes
posterior à celebração do negócio;
5.2.2.1.1.2. II - corresponder aos usos, costumes e práticas do
mercado relativas ao tipo de negócio -> está no caput
5.2.2.1.1.3. III - corresponder à boa-fé -> está no caput
5.2.2.1.1.4. IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o
dispositivo, se identificável -> contradição com relação a
norma em relação a maior liberdade e menor intervenção
-> ônus para quem redigiu o contrato - paritário -
5.2.2.1.1.5. V - corresponder a qual seria a razoável negociação das
partes sobre a questão discutida, inferida das demais
disposições do negócio e da racionalidade econômica das
partes, consideradas as informações disponíveis no
momento de sua celebração -> incluído no âmbito da
boa-fé objetiva
5.2.2.1.2. § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação,
de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos
diversas daquelas previstas em lei -> interpretação também é
dispositiva
5.2.3. Art. 114: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente
-> negócios gratuitos não tem nenhum benefício, não precisam ser interpretados em
seu sentido literal
5.2.3.1. RESP 1327625 (igreja)
5.3. Contratos de adesão: comum no âmbito do consumo

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5.3.1. Art. 423: Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente -> interpretação mais
favorável ao aderente
5.3.2. Art. 47, CDC: mais favorável ao consumidor
5.3.2.1. RESP 1378707 (home care: contrato não fazia menção ao HC, mas fazia
menção à internação hospitalar -> incluido o Home Care)
5.4. Contratos específicos: estabelecer interpretação restritiva
5.4.1. Fiança (art. 819: A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva):
NJ é oneroso em extensivo para o fiador e deve ser interpretada restritivamente
5.4.2. Transação (art; 843: A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se
transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos): negócio de acordo sobre
determinados direitos cedidos
6. PRINCÍPIOS
6.1. Boa-fé: art.113 -> em consonância com deveres laterais (cooperação e lealdade entre as
partes)
6.2. Conservação: sentido mais útil de produção de efeitos (utilidade para a contrato, levando-o a
possuir algum efeito) -> não é um princípio positivado, preservar efeitos da contratação quando
é possível, para não se anular o NJ
7. INTEGRAÇÃO
7.1. Lacunas: interpretação e integração de direito e deveres a uma estrutura contratual (dever que
não existia originariamente) -> ocorre quando não há nada normatizado, preencher a lacuna
existente, integrar o contrato
7.2. Normas supletivas/boa-fé/usos -> recurso aos princípios, usos,
7.3. CC. Frances: art. 1135 É facultado ao Poder Executivo, para conceder a autorização, estabelecer
condições convenientes à defesa dos interesses nacionais. Parágrafo único. Aceitas as
condições, expedirá o Poder Executivo decreto de autorização, do qual constará o montante de
capital destinado às operações no País, cabendo à sociedade promover a publicação dos atos
referidos no art. 1.131 e no § 1 o do art. 1.134.
7.4. Contratos em espécie e regimes supletivos
7.4.1. Ex. art. 488 Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua
determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se
sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor. Parágrafo único. Na
falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio.
7.5. Abrangida pela interpretação
AULA 14: ADIMPLEMENTO E INADIMPLEMENTO
1. RESPONSABILIDADE: contratual x extracontratual

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1.1. Teoria monista: juntar os regimes, não é a forma como o código lida com a matéria (trabalha
com a lógica dualista
1.2. Contratual: contrato gera vínculo obrigacional
1.2.1. Descumprimento de obrigação contratual: prevista no termo contratual
1.2.1.1. Ex. não paga parcela da compra e venda, quebra item de locação
1.2.2. Vínculo pré-existente entre as partes
1.2.3. Responsabilidade se dá quando há inadimplemento ou mora: não cumpre a obrigação
no tempo, modo ou lugar correto -> obrigação em aberto que precisa ser quitada
1.2.4. Consequências dispostas nos art. 389 (inadimplemento absoluto) e 395 (mora) ->
perdas e danos, juros, correção e honorários
1.2.4.1. 389 não tem como pedir a obrigação, somente perdas e danos ->
inadimplemento
1.2.4.2. 395 pode pedir a obrigação mais perdas e danos -> mora
1.2.5. Prova: inadimplemento e suas consequências -> precisa ser provada eventuais perdas
e danos
1.3. Extracontratual: dano fora de contrato pré-estabelecido -> delitual
1.3.1. Aquiliana: lei do direito romano (lex aquilia)
1.3.2. Dever genérico de não lesar: não causar dano a ninguém
1.3.3. Ausência de vínculo prévio -> bate no carro de alguém na rua -> nasce uma obrigação
a partir de um ato ilícito
1.3.4. Art. 186 e 187 (qualificação do ilícito)
1.3.5. Consequência: Art. 927 (reparação dos danos causados a outrem)
1.3.6. Prova: dano, culpa e nexo (relação entre conduta e dano)
1.4. STJ caminhava em direção à teoria monista, principalmente em relação a prescrição (prazo
geral de 10 anos, art. 205) -> dúvida por parte da jurisprudência (art. 206, parágrafo 3º, inciso
5º -> responsabilidade extrajudicial a prescrição é de 3 anos -> prazo era aplicado a
responsabilidade contratual também) -> entendimento foi alterado: extracontratual 3 anos e
contratual 10 anos
2. CONSEQUÊNCIAS
2.1. Perdas e danos, juros, correção, honorários
2.1.1. Art. 389 e 395
2.2. Responsabilidade patrimonial: art. 391 -> bens do devedor que respondem pela obrigação
2.3. Resolução: art. 475 -> extinção do contrato em razão do inadimplemento
2.4. Perdas e danos
2.4.1. Dano: desvantagem em bem jurídico
2.4.1.1. Material: dano patrimonial (pode ser calculada)
2.4.1.2. Moral: abalo a algum direito de personalidade

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2.4.1.2.1. Integridade física, imagem, privacidade
2.4.2. Indenização: extensão do dano (art. 944) ->
2.4.3. Dano emergente e lucros cessantes: art. 402
2.4.3.1. Efetivamente perdeu -> dano emergente
2.4.3.2. Razoavelmente deixou de lucrar -> lucro cessante
2.4.4. Perda de chance: não é previsto em legislação mas é abarcado por princípios
2.5. Juros
2.5.1. Mora ex re (opera automaticamente -> deixar de pagar o aluguel)/ ex persona (precisa
notificar para a pessoa saber que está em mora)
2.5.2. Juros começam a contar a partir da citação: art. 405
2.5.3. RESP 1264820
3. REVISITANDO O INADIMPLEMENTO
3.1. Princípios: boa-fé objetiva influencia o processo de inadimplemento
3.2. Processo: vai se formulando no decurso temporal
3.3. Inadimplemento antecipado: vem do common law -> antecipa o inadimplemento pois percebe
que a obrigação não vai ser cumprida
3.3.1. Vencimento: regra geral é cumprir com a obrigação no vencimento e somente após o
vencimento que a pessoa entra em inadimplemento
3.3.2. Inequívoco inadimplemento futuro: dá evidências de que vai entrar em
inadimplemento mesmo antes do vencimento da obrigação
3.3.3. Ex. TJRS AP 582000378: entrega de hospital não estava nem perto de ser executada
com a chegada do vencimento -> já se sabia que haveria inadimplemento antes
mesmo dele ocorrer (margem para requerer resolução)
3.3.4. Analogia: art. 477 (tipo específico de inadimplemento antecipado -> situação de
insolvência que não será quitada)
3.3.5. Consequências:
3.3.5.1. Recusa à contraprestação (não paga os valores associados)
3.3.5.2. Resolução da obrigação -> enunciado 437/CJF
3.4. Violação positiva do contrato:
3.4.1. Deveres acessórios: quebra do repasse de informações vinculadas ->
3.4.2. Boa-fé
3.4.3. Consequências do inadimplemento: perdas e danos, juros, correção e honorários e
possibilidade de resolução do contrato
3.4.4. Enunciado 24/CJF: violação dos deveres anexos constitui inadimplemento,
independentemente da culpa
3.4.5. Ampliação do conceito de inadimplemento: mora - não cumpriu no tempo, lugar ou
modo - boa-fé objetiva entra dentro desse modo

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3.5. Adimplemento substancial
3.5.1. Resolução
3.5.1.1. Art. 475: resolver o contrato caso ocorra o inadimplemento
3.5.2. Função limitativa da boa-fé: se o sujeito cumpriu substancialmente a sua obrigação,
não se pode resolver o contrato, tendo que agir apenas em função de perdas e danos
-> evitar o abuso em excesso da boa-fé objetiva (age em contrário a cooperação)
3.5.2.1. Princípios da conservação: mantém o contrato e resolve a questão em
termos de prejuízo
3.5.3. Parâmetros: não são quantitativos, deve haver uma análise qualitativo do quanto foi
realizado da obrigação (doutrina leva para o lado do quantitativo e jurisprudência para
o lado do qualitativo)
3.5.4. Ex. RESP 1051270
3.6. Responsabilidade pós-contratual
3.6.1. Boa-fé
3.6.2. Art. 422: interpretação estendida -> obrigação vai para depois do cumprimento do fim
da obrigação
3.6.2.1. Ex. entrega de desenhos de modistas a segunda pessoa, vista definitiva de
apartamento
AULA 15: REVISÃO E EXTINÇÃO DO CONTRATO
1. EXTINÇÃO -> contato tem o objetivo de ser transitório, a não perdurar no tempo
1.1. Execução: extingue a relação contratual pré-existente
1.2. Transitoriedade
1.3. Quitação é a prova ou recibo da execução do contrato -> prova de que a relação foi executada
pelo cumprimento da obrigação
2. RESILIÇÃO BILATERAL / DISTRAÇÃO
2.1. Resilição: extinção baseada na vontade de uma ou de ambas as partes em extinguir a relação
contratual (fundamento -> distrato - desconstituição do contrato pré-existente)
2.2. Acordo -> natureza negocial (comum acordo entre as partes)
2.3. Mútuo dissenso: nova manifestação de vontade que põe fim à relação contratual, vontade em
comum acordo entre as partes -> novo contrato que põe fim à relação contratual pré-existente
2.4. Atração da forma -> art. 472: mesma forma exigida para o contrato deve ser a utilizada no
contrato de distração
2.5. Efeitos ex nunc: não retroage
3. RESILIÇÃO UNILATERAL
3.1. Vontade é de apenas uma das partes -> previsto no próprio contrato
3.2. Direito potestativo de extinguir a obrigação contratual

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3.3. Lei / contrato de mandato: sela uma representação -> contrato personalíssimo de confiança,
quem outorga a procuração pode rompê-la a qualquer momento, caso venha a ocorrer quebra
de confiança entre as partes -> possibilidade de romper com a obrigação unilateralmente
3.3.1. Efeitos ex nunc: paga os honorários até o momento em que o contrato vigorou
3.3.2. Outra parte não precisa concordar com o fim da relação contratual
3.4. Denúncia notificada: imotivada -> a partir de 12 meses pode rescindir o contrato
3.4.1. Envia notificação para outra parte anunciando a resilição
3.4.2. Art. 473
3.5. Boa-fé -> art. 473 parágrafo único (investimentos consideráveis para sua contratação ->
3.6. Revogação: confiança
3.7. Direito de arrependimento
3.7.1. CC: arras -> sinal (contrato de promessa de compra e venda e direito de se arrepender
-> quem desiste perde as arras ou devolve as arras mais o seu equivalente)
3.7.2. CDC: art. 49: compra fora do estabelecimento físico -> âmbito virtual (7 dias para
devolução -> custos da devolução são da loja)
3.7.3. RJET - Regime jurídico especial transitório: veio a partir da COVID -> produtos
perecíveis, principalmente por delivery (preocupação em garantir as relações
presentes) -> questionamento de razoabilidade
4. RESOLUÇÃO
4.1. Consequência de fato superveniente: ocorre um fato que leva a extinção do contrato
4.2. Justo equilíbrio é alterado devido ao fato superveniente (ex. morte de indivíduo e contrato de
fazer -> deve resolver a obrigação)
4.3. Fortuito ou culposo: mais típico é o inadimplemento, que, em regra, é culposo
4.4. Impossibilidade/onerosidade excessiva/inadimplemento/cláusula contratual: deve resolver a
obrigação -> ocorrência de evento superveniente que altera a obrigação e faz com que haja
resolução
4.5. Tipos de cláusula de resolução
4.5.1. Cláusula resolutiva: Art. 474
4.5.1.1. Tácita
4.5.1.1.1. Inadimplemento: contrato não cita a possibilidade de haver
inadimplemento, se ocorrer inadimplemento haverá resolução, que
deve ser realizada através de interpelação judicial
4.5.1.1.2. Depende de interpelação judicial
4.5.1.1.3. Art. 475: parte lesada pode pedir a resolução do contrato a partir do
inadimplemento
4.5.1.1.4. Perdas e danos pode ser pedido
4.5.1.1.5. Adimplemento substancial: não é absoluto

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4.5.1.2. Expressa
4.5.1.2.1. Pleno direito -> sem interpelação (notificação da outra parte - o
simples fato faz com que haja resolução)
4.5.1.2.2. Ex. condição resolutiva
4.5.2. Efeitos
4.5.2.1. Ex tunc: retroativos em estabelecer a situação original -> resolução da
obrigação
4.5.2.1.1. Ex. art. 1458, código italiano -> salvo nos casos de exceção
continuada ou periódica, no qual os efeitos não se estendem as
prestações já cumpridas
4.5.2.2. Culposa: perdas e danos -> cabe em qualquer situação que se consegue
materializar culpa
4.5.2.3. Outros efeitos: cláusula penal (multa - por inadimplemento), juros, correção
e arras
5. RESCISÃO
5.1. Uso indiscriminado: usado para falar em resolução e resilição
5.2. Origem: invalidade / vícios e evicção (o termo só aparece na parte de evicção)
5.2.1. Situações com previsão legal de restabelecer a originalidade pré-contratual
5.2.2. Invalidade é o único motivo de fato que leva a rescisão, tecnicamente
6. EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO CUMPRIDO
6.1. CC 2002: não estava no CC anterior, mas já era doutrinariamente aceito
6.2. Reciprocidade: contratos sinalagmáticos (obrigações para ambas as partes)
6.3. Exceção: defesa -> forma de se defender, baseada no não cumprimento contratual da outra
parte -> se uma parte não cumpre, a outra não é obrigada a cumprir
6.4. Exceptio non adimpleti contractus
6.5. Art. 476: antes de cumprida a sua obrigação, a obrigação do outro não pode ser exigida (marca
do sinalagma contratual)
6.5.1. Jurisprudência -> relativizado pelo STJ em situações que causam prejuízo a saúde de
outra parte, incolumidade pública, questões pertinentes à vida e a preservação da
mesma
7. EXCEÇÃO DE INSEGURIDADE
7.1. Alteração de condições econômicas de uma das partes, que coloca em risco o crédito -> pode
requerer uma garantia de que vai ser realizada a obrigação, a fim de não resolver o contrato
7.2. Garantia -> defesa baseada na ideia de que o sujeito apresenta um risco de inadimplemento
7.3. Art. 477: ou a pessoa paga ou ela dá uma garantia de que vai pagar, a fim de não resolver o
contrato

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8. RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA -> modelo adotado pelo CC para resolver problemas
que geram desequilíbrios na relação contratual pré-existente (pode ser cumprida, mas é
demasiadamente onerosa)
8.1. Premissas
8.1.1. Equilíbrio: evento que tira o equilíbrio das relações pré-existentes, leva a ideia de que
pode-se aplicar mecanismos de adequação e tentativa de restabelecer o equilíbrio
8.1.2. Boa-fé: dever de cooperação em razão do evento que vem a interferir na relação
contratual (ex. uso do IGPM em contratos de locação, que teve um grave aumento
devido a pandemia -> aplicar esse aumento não se mostra adequado, uso do IPCA)
8.2. Rebus sic stantibus (estão as coisas assim)
8.2.1. Pró-glosadores (comentadores): base moral cristã que se reflita sobre eventos que
vem a alterar a economia contratual
8.2.2. Canonismo -> moral cristã
8.2.3. Cláusula presumida -> cumpre o contrato se as coisas permanecerem assim, caso haja
alteração, deve-se alterar o contrato (revisão porque as coisas mudaram, porque elas
não permaneceram da mesma maneira)
8.2.4. Liberalismo/codificação: modelo não foi bem recebido no liberalismo, que se funda no
princípio da autonomia e no princípio que o contrato faz lei entre as partes (pacta
sunt servanda) -> influência nas codificações do século XVIII e XIX
8.3. Teoria da imprevisão
8.3.1. Séc. XX: 1ª Guerra Mundial, crise de 1929 e 2ª Guerra Mundial -> contamina a
economia como um todo (readequação de contratos)
8.3.2. França: marcado pela reticência na interpretação da literalidade do código
napoleônico -> tribunais franceses não aplicavam juízes revisionais (contrato faz lei
entre as partes segue em vigor)
8.3.2.1. Jurisprudência do conselho de estados faz aplicar o contrato a partir das
novas noções situações contratuais
8.3.3. Evento pontual -> determinados instrumentos normativos que tentam readequar a
teoria contratual
8.3.3.1. Caso Bordeaux (1916): energia elétrica por uma empresa privada para a
prefeitura de Bordeaux -> base energética eram as termelétricas e a queima
do carvão mineral -> contrato a preço físico -> 1GM teve sua base energética
o carvão mineral, fazendo com que o seu preço subisse exponencialmente ->
o que a prefeitura pagava pelo carvão passou a ser muito pouco com essa
alta -> modificação revisional sob contrato administrativo pois o advento da
guerra era algo inesperado que modificou o valor do carvão -> primeiras de
juízo revisional em âmbito administrativo

50
8.3.3.2. Lei Failliot (1918): 1GM -> lei que estabelece a possibilidade de revisão
contratual pelos contratos afetados pela ocorrência da guerra -> evento
imprevisível e pontual guerra (lei de revisão para questões afetadas pela
guerra, não era uma lei geral)
8.4. Onerosidade excessiva: para além da imprevisão, exige que uma das partes sofra uma
onerosidade excessiva (não é qualquer ônus que justifica o desequilíbrio contratual)
8.4.1. Itália:
8.4.2. Codice (1942): art. 1467 prevê que diante de eventos imprevisíveis e que levem a
onerosidade excessiva cabe-se a revisão contratual
8.4.3. Prejuízo desmesurado
8.4.4. Elemento objetivo -> maior segurança jurídica (juízo revisional só em casos de
onerosidade excessiva)
8.5. Teoria da base do negócio: circunstâncias necessárias para que o negócio tenha um sentido
posterior -> justifica uma intervenção
8.5.1. Alemanha: instrumentos para a revisão de um contrato
8.5.2. Conjunto de circunstâncias/estado geral de coisas
8.5.3. Boa-fé como vetor de cooperação para a alteração de circunstâncias -> ponderada a
partir da boa-fé objetiva
8.5.4. Imprevisibilidade/?
8.5.5. CC português: art. 437
8.5.6. BGB (2002) 313
8.5.7. Brasil: compreensão -> CDC, art. 6º, V ?
8.5.7.1. RESP 1321614
8.6. CC2002
8.6.1. Onerosidade
8.6.2. Art. 478
8.6.3. Requisitos
8.6.3.1. Evento imprevisível e extraordinário
8.6.3.2. Execução futura
8.6.3.3. Onerosidade excessiva
8.6.3.4. Extrema vantagem para contratante ?
8.6.4. Resolução
8.6.4.1. Regra: art. 479
8.6.4.2. Enunciado: art. 176/CJF
8.6.5. Obrigações unilaterais: art. 480
8.6.6. Art. 478 x art. 480
8.6.7. Aplicações:

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8.6.7.1. Leasing
8.6.7.2. Soja (RESP 679086/RESP 866414)
9. REGIME JURÍDICO EMERGENCIAL TRANSITÓRIO
9.1. Lei 14.010/2020
9.1.1. Voltada especificamente para a questão da pandemia, tentando salvaguardar relações
de direito privado que foram afetadas pela pandemia
9.2. Art. 6º e 7º
9.2.1. 2 dispositivos inconsistentes que foram vetados inicialmente pelo PR mas Congresso
derrubou o veto
9.2.2. Art. 6º
9.2.2.1. A norma não retroage -> não faz sentido
9.2.2.2. 393 trata de força maior e caso fortuito
9.2.3. Art. 7º
9.2.3.1. Isso engessa
9.2.3.2. Tentou pegar algumas decisões do STJ que estavam caminhando nesse
sentido
9.2.3.3. Deviam ter deixado margem pro juiz porque pode ser que em razão de
inflação ou variação cambial, seja necessária a intervenção do juiz
9.2.3.4. Parágrafo 1 menciona diversos dispositivos do CC no caput e traz CDC nesse
parágrafo
9.2.3.5. Parágrafo 2º todo mundo sabe !
9.3. Inconsistência
9.3.1. Alguns apontam como Lei Faillot brasileira
10. HARDSHIP CLAUSES
10.1. Cláusula inserida em contrato: de revisão contratual previstas no próprio contrato
10.2. Dever de negociar
10.3. Normas dispositivas: abrem a possibilidade do contratante de decidir se elas vão ser aplicadas
10.4. Condições para revisão e procedimento para revisão do contrato: acordo entre as partes
10.5. Fórmula geral x pontual
10.6. Arbitragem para solucionar eventuais problemas
10.7. Efeitos positivos
10.7.1. Retorno à autonomia: readequação do conteúdo
10.7.2. Maiores conhecedores
10.7.3. Descarga do judiciário

AULA 16: COMPRA E VENDA


1. CONCEITO E EFEITOS

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1.1. Art. 481-> entrega de algo e a contraprestação é em dinheiro, necessariamente
1.1.1. Envolve, necessariamente, transferência de propriedade
1.1.2. Mediante quantia em dinheiro (valoração em pecúnio - preço)
1.1.3. Opção legislativa quanto a transferência de propriedade no contrato de compra e
venda
1.2. Efeitos obrigacionais -> sistema romano-germânico -> não gera efeito real (não é através da
assinatura de contrato)
1.3. Tradição e registro: é necessário para que haja transferência de propriedade no contrato de
compra e venda (só ocorre a partir do registro em cartório)
1.4. Ex. ClV de automóvel -> RESP 1683017 -> não tem caráter de transferência do registro de
propriedade -> a simples entrega da chave já se configura como transferência de propriedade
(ocorre com a tradição)
1.5. Típico (previsto no CC) / nominado (reconhecido pelo nome) / consensual ou formal (art. 108 -
formal) / oneroso / bilateral / comutativo ou aleatório / execução imediata ou futura
2. ELEMENTOS
2.1. Consentimento: art. 482 -> partes devem acordar no objeto e no preço
2.1.1. Elemento subjetivo: manifestação da vontade das partes
2.2. Objeto: tem que ser um bem
2.2.1. Bem imóvel ou móvel: veículo, celular, terreno, casa, apartamento
2.2.2. Corpóreo ou incorpóreo: software, casa
2.3. Preço: valor em pecúnia (dinheiro) -> se troca algo por outro algo que não dinheiro não se
configura a compra e venda
3. REQUISITOS SUBJETIVOS
3.1. Capacidade: pode se configurar o incapaz, desde que representado ou assistido
3.2. Legitimidade:
3.2.1. Art. 496: venda de ascendente para descendente, é necessário o consentimento dos
outros descendentes e do cônjuge -> controle de fraude
3.2.2. Art. 1647: outorga marital (qualquer regime de comunhão precisa de autorização para
vender)
3.3. Impedimentos subjetivos -> art. 497
3.3.1. Ex. RESP 1399916
3.4. Preferência de condomínio: art. 504
3.5. Preferência de locatário: lei 8245/90
3.5.1. Art. 27
3.5.2. Art. 34
3.6. Entre cônjuges: art. 499
4. REQUISITOS OBJETIVOS

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4.1. Bem economicamente apreciável
4.2. Bens fora do comércio
4.2.1. Por sua própria natureza: ar, mar
4.2.2. Por determinação legal: de uso comum do povo - previstos em cf e leis
administrativos
4.2.3. Cláusulas por meio da vontade da parte. Podem ser de:
4.2.3.1. Impenhorabilidade
4.2.3.2. Incomunicabilidade (mesmo num regime de comunhão diz que não entra)
4.2.3.3. Inalienabilidade
4.3. Coisa litigiosa -> risco
4.3.1. Pode vender, mas tem risco nisso
4.3.2. Se souber do litígio assume risco
4.3.3. Se não souber é protegida na evicção
4.4. Coisa atual ou futura: art. 483
4.4.1. Posso vender coisa atual ou futura
4.4.2. Fica sem efeito se não vier a existir
4.4.3. Ex: vacina que estava sendo pesquisada e não foi desenvolvida. 483 determina que
esse contrato não se tornará perfeito. Contudo, se as partes assumem o risco, o
contrato aleatório foi assumido
4.5. Protótipos, amostras ou modelos → art. 484
4.5.1. Recebe algo antes
4.5.2. O que receberá depois deve ter as mesmas características do
protótipo/amostra/modelo. Do contrário, o negócio jurídico não se aperfeiçoa, não
havendo que se falar em contraprestação.
4.5.3. Se houver divergência, o que prevalece é o protótipo/amostra/modelo
4.6. Ex.: TJMG
4.6.1. Compra e venda de mercadoria, por amostra
4.6.2. Deve-se provar a dissonância
4.7. Venda ad corpus x ad mensuram
4.7.1. Ad corpus
4.7.1.1. Compra e venda de bem imóvel
4.7.1.2. Vendo corpo individualizado cujas dimensões têm natureza secundária.
4.7.1.2.1. Ex: Estou vendendo minha casa localizada no Bairro Cidade Jardim
4.7.1.2.2. Vendendo Fazenda Santa Casa
4.7.1.3. Não gera necessidade de complemento, porque a dimensão era
completamente secundária. Abatimento de preço ou complemento de área
não é permitido

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4.7.1.4. Corpo individualizado
4.7.1.5. Dimensão secundária
4.7.1.5.1. Está comprando apartamento pelo apartamento em si, não pelo
tamanho da área
4.7.1.6. Não há complemento de área nem abatimento de preço
4.7.1.7. Art. 500, §3º § 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de
excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido
apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de
modo expresso, ter sido a venda ad corpus
4.7.2. Ad mensuram
4.7.2.1. Dimensões essenciais
4.7.2.1.1. Venda de terreno por metro quadrado, por hectare
4.7.2.1.2. Mais comum é dimensionamento por hectare
4.7.2.2. Complemento
4.7.2.2.1. Comprador terá direito de exigir: complemento da área, reclamar a
resolução do contrato, extinguindo a contratação e abatimento do
preço
4.7.2.3. Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de
extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em
qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir
o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução
do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
4.7.2.4. Presunção: art. 500, §1º
4.7.2.4.1. Presunção ad corpus
4.7.2.4.2. Exemplo: vende imóvel de 200m2. Se tiver até, 190 presume ad
corpus. Mas se provar que precisa de uma área de 200 e 190 não
serve, consegue os direitos acima (complemento de área /
resolução / abatimento do preço)
4.7.2.4.3. § 1 o Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente
enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um
vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito
de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.
4.7.2.5. Decadência → um ano → art. 501
4.7.2.5.1. Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo
antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de
um ano, a contar do registro do título. Parágrafo único. Se houver

55
atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a
partir dela fluirá o prazo de decadência.
4.7.2.5.2. Atraso culpável ao alienante → conta a partir do momento que a
posse foi dada
4.7.2.5.3. Caso de excesso
4.7.2.5.3.1. Quem tem direito é o vendedor, de acréscimo de valor
4.7.2.5.3.2. Ou então resolve-se contrato
4.7.2.5.3.3. § 2 o Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor
provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da
área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, 16.1.
Compra e Venda 12 completar o valor correspondente ao
preço ou devolver o excesso.
4.8. Observações
4.8.1. Art. 318: moeda nacional. Quando a lei abre exceções, pode-se trabalhar com moeda
estrangeira. Há casos de compra e venda em que se pode pagar em dólar.
4.8.2. Quando não tem o prazo, qual é o prazo?
4.8.2.1. Decadência
4.8.2.2. 179 do CC (Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável,
sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato)
5. REQUISITOS FORMAIS
5.1. Forma livre
5.1.1. Não há imposição de forma imposta pela lei como regra geral
5.2. Escritura → art. 108
5.2.1. Só se vende imóvel por meio de contrato reduzido à sua forma pública (escritura)
6. TRADIÇÃO E EFEITOS
6.1. Despesa
6.1.1. Despesa ligada à tradição (no sentido de entrega do bem imóvel). Quem deve arcar?
6.1.1.1. Regra geral, do vendedor. Quem está vendendo arca com custos da entrega.
6.1.2. Por outro lado, as despesas de escritura e registro são do comprador
6.1.3. Escritura / Registro → art. 490
6.1.4. Tradição
6.2. Exceção → art. 491
6.2.1. Há pagamento do preço e depois a entrega da coisa Se a pessoa não te entregou o
preço você não é obrigado a entregar a coisa
6.2.2. É uma tipologia e contrato não cumprido

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6.2.3. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de
receber o preço
6.3. Riscos/coisa
6.3.1. Res perit domino (a coisa perece para o dono)
6.3.2. Antes da tradição, o risco da coisa perecer é do vendedor. Depois da tradição, o risco
da coisa perecer passa a ser do comprador.
6.3.3. Art. 491
6.4. Tradição: lugar da coisa → art. 493
6.4.1. Se não tiver nada disposto no contrato o bem vai ser entregue no lugar onde ele se
encontra no momento da venda
6.4.2. Regra geral dispositiva. Partes não raro estabelecem onde a coisa deve ser entregue
6.5. Exceção de inseguridade → art. 495
6.5.1. Situação que põe em risco o crédito, credor pode pedir garantia.
6.5.2. Ex.: pessoa que comprou entra em situação de insolvência
6.6. Débitos → tradição → art. 502
6.6.1. O antigo proprietário tem direito de reaver débitos junto ao novo proprietário por
força do art. 502
7. PREÇO -> Código trabalha aqui com tipologias de fixação de preço
7.1. Fixado
7.1.1. Por terceiro → art. 485
7.1.1.1. não usual
7.1.1.2. indicar terceiro para falar qual é o preço
7.1.1.3. situação muito rara
7.1.1.4. pode ser um avaliador por exemplo
7.1.1.5. ainda assim é um risco pro vendedor e pro comprador, pois não chegaram a
acordo para definição do preço, e sim a um acordo para que alguém defina o
preço
7.1.2. Por taxa/bolsa -> art. 486
7.1.2.1. Comum no mercado de commodities
7.1.3. Com índices → art. 487
7.1.3.1. Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros,
desde que suscetíveis de objetiva determinação.
7.2. Sem preço → preço habitual → art. 488
7.2.1. Se contrato não tem indicação de preço não preencheria requisito de existência, mas
código permite que se aplique o preço habitual
7.2.1.1. Só se aplica para situações de coisas que são habitualmente vendidas
7.3. Ao árbitro de uma das partes
7.3.1. Nulidade

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7.3.1.1. Crítica apontada ao dispositivo: Não deveria ser nulo, mas sim anulável
7.3.1.1.1. Nulo não convalesce ao longo do tempo
7.3.2. Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo
de uma das partes a fixação do preço.

AULA 17: NOÇÕES COMPLEMENTARES COMPRA E VENDA


1. CLÁUSULAS ESPECIAIS DA COMPRA E VENDA
1.1. Retrovenda
1.1.1. Instituto antigo, já existia no Dir. Romano e foi incorporado em nossa legislação
1.1.2. Voltar atrás com uma venda que foi realizada
1.1.3. Quando isso faz sentido?
1.1.3.1. Vendedor vende mas quer tem a frente a opção de reaver o bem
1.1.3.2. Não precisa pagar ITBI novamente
1.1.4. Direito de reaver um imóvel alienado, restituindo preço e despesas
1.1.4.1. Cláusula dá esse direito ao vendedor
1.1.5. Prazo decadencial máximo: 3 anos
1.1.5.1. Não posso estabelecer no contrato mais de 3 anos
1.1.5.2. Pode ser menos de 3
1.1.6. Condição resolutiva
1.1.7. Direito potestativo
1.1.7.1. Comprador não pode se negar, já que concordou com a cláusula de
retrovenda lá no início
1.1.7.2. Independe da vontade do comprador depois de celebrado o contrato com tal
cláusula
1.1.8. Art. 505
1.1.9. Ação de resgate: Depósito -> Art. 506
1.1.10. Bem pode ser vendido: oponível a terceiros (art. 507)
1.1.10.1. Esse direito potestativo é oponível a terceiros, inclusive a pessoa que vier a
adquirir. Fica registrado na escritura
1.1.10.2. Só se aplica em imóvel então necessariamente está materializado em
registro público
1.1.11. Simulação em empréstimo: vedação do pacto compromissório
1.1.11.1. Uso deturpado da retrovenda para gerar questão que é proibida pela lei:
questão do pacto promissório
1.1.11.2. No direito brasileiro, não pode ter pacto promissório (art. 1.428)
1.1.11.2.1. O bem que foi dado como garantia, credor não pode ficar com ele

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1.1.11.2.2. Credor não pode ficar com bem que foi dado em garantia. Há óbice
legislativo pra isso. Lógica: não gerar interesse direto na coisa
frente ao pagamento do débito. Deve prevalecer sempre o
pagamento do débito.
1.1.11.2.3. Bem tem que ser leiloado, apurado valor e daí o dinheiro fica com o
credor
1.1.11.3. Uso da retrovenda para burlar isso:
1.1.11.3.1. Uso da retrovenda para garantir dívida
1.1.11.3.2. É uma garantia forte
1.1.11.3.3. Se sujeito não pagou, não tenho que executar a casa, ela já é minha
1.1.11.3.4. Maquiar empréstimo
1.1.11.4. REsp 1.076.571 É nulo o compromisso de compra e venda que, em realidade,
traduz-se como instrumento para o credor ficar com o bem dado em garantia
em relação a obrigações decorrentes de contrato de mútuo usurário, se estas
não forem adimplidas. Isso porque, neste caso, a simulação, ainda que sob o
regime do Código Civil de 1916 e, portanto, concebida como defeito do
negócio jurídico, visa encobrir a existência de verdadeiro pacto comissório,
expressamente vedado pelo artigo 765 do Código Civil anterior (1916).

2. VENDA SUJEITA A CONTENTO


2.1. Definição: condição suspensiva (art. 121 CC: evento futuro e incerto -> subordina a eficácia do
contrato -> até que as condições se realizem, as prerrogativas do contrato estão suspensas)
2.1.1. Parte que compra o bem tem que dar uma declaração quando recebe o bem de que
ele satisfaz sua expectativa perante o contrato -> cunho subjetivo
2.2. Aplicação: compra e venda e direito do consumidor (use por 100 dias e receba seu dinheiro de
volta caso não goste)
2.3. Reflexão: simplesmente (combinam um fato que decorre de um ato das partes x puramente
potestativa (condicionam ao arbítrio de uma das partes são ilícitas no CC -> exclusiva
arbitrariedade das partes)
3. VENDA SUJEITA À PROVA
3.1. Definição: declaração de natureza objetiva sobre a coisa adquiridas ter as qualidades indicadas
pelo vendedor e se são idôneas aos fins da contratação
3.2. Aplicação:
3.3. Pontos em comum
3.3.1. Deveres de comodatário
3.3.2. Forma e efeito
3.3.3. Prazo

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4. PREEMPÇÃO
4.1. Contexto/definição: art. 313 CC -> relação de compra e venda inicial, que pode ser estabelecida
uma cláusula de preferência, na qual o comprador da relação inicial queira vender a coisa
adquirida para um terceiro, ele vai precisar informar antes ao vendedor original, que terá
preferência
4.2. Deveres do comprador e direitos do vendedor
4.2.1. Comprador tem o dever de intimar o vendedor da sua intenção de alienar o bem
novamente, informando as condições firmadas com o terceiro
4.2.2. Comprador responde por perdas e danos caso não realize o comunicado ao vendedor
original, podendo o terceiro atuar como solidário caso soubesse da situação
4.3. Prazos: são decadenciais -> varia de acordo com móvel ou imóvel
4.3.1. Móvel: não se pode exercer o direito de preferência após 180 dias após a tradição ->
notificação aconteça e a partir dela tem 3 meses para indicar o direito de venda
4.4. Comparação
4.4.1. Locação
4.4.1.1. Alugo imóvel e o dono decide revendê-lo para outra pessoa. Tenho
preferência
4.4.1.2. Posso:
4.4.1.2.1. Depositar o valor do bem e tê-los pra mim -> Efeitos reais -> Posso
pedir a adjudicação do bem
4.4.1.2.2. Pedir as perdas e danos decorrente do fato de que o apartamento
em que eu estava residindo foi vendido para outra pessoa
4.4.1.3. Art. 33 da Lei de Locações
4.4.2. Retrovenda
4.4.2.1. Se é desconsiderada e bem é alienado pra outra pessoa, posso depositar o
valor da venda e pedir a adjudicação do bem
4.4.2.2. Se não, único remédio é perdas e danos
4.5. Retrocessão
4.5.1. Regra voltada à administração pública
4.5.2. A ideia é que existe a possibilidade de a AP expropriar propriedades de particulares.
Ela faz isso quando há interesse público, objetivo maior a ser perseguido.
4.5.2.1. Ex: desapropriar propriedades. Todos os proprietários serão indenizados, e
construirei rodovia. Parte do bem precisará ser destinada a uma finalidade
pública
4.5.3. Se Parte do bem não é ser destinada a uma finalidade público não é feito
4.5.4. Destinação direta: cumprir o objetivo iniciado (ex: construir a rodovia)

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4.5.5. Tredestinação lícita: AP muda finalidade social mas ainda é finalidade social (não
construirá rodovia, e sim metrô)
4.5.5.1. Não se discute preferência
4.5.6. Tredestinação ilícita: não mantém interesse público. Ex: ão construirá a rodovia e não
fará nada
5. VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO
5.1. Definição: art. 521 e seguintes
5.2. Requisitos:
5.2.1. Compra e venda
5.2.2. De bem móvel
5.2.3. De caracterização perfeita
5.3. Efeitos
5.3.1. Vendedor permanece com a propriedade do bem enquanto não ocorra o pagamento
integral
5.3.2. Quando ocorre o pagamento integral ocorre a transferência da sociedade
5.3.3. Pagamento deve ser a crédito, e não simultâneo a entrega do bem (se não se
perfectibiliza sem nenhuma questão)
5.3.3.1. Para garantir a propriedade enquanto o pagamento não foi integralizado
5.3.3.2. Fenômeno do desdobramento da posse e da propriedade
5.3.3.2.1. Tratamos de posse com elementos mais fáticos: ter um bem sob sua
guarda e poder exercer direitos sobre ele
5.3.3.2.2. Propriedade é aspecto mais jurídico, um pouco mais abstrato
5.4. Risco
5.4.1. Comprador responde aos riscos da coisa, uma exceção à regra da coisa que a coisa
perece para o dono
5.4.2. Pois é o comprador que está com a posse
5.5. Execução
5.5.1. Se o comprador não paga a integralidade das parcelas, portanto nåo cumpre os
requisitos para que a propriedade lhe seja transferida, precisa intimar o comprador
constituindo-o em mora (mora não é automática)
5.5.1.1. Mora deve ser precedida de protesto ou interpelação judicial
5.5.2. Posso:
5.5.2.1. Ajuizar ação de cobrança com parcelas vencidas e vincendas
5.5.2.2. Recuperar a posse da coisa vendida
5.5.2.2.1. Resguardar valores com multas etc
5.6. Instituição financeira
5.6.1. Ex: se compra é feita no cartão de crédito

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5.6.1.1. Instituição financeira paga ao vendedor e comprador paga depois a
instituição financeira
5.6.1.2. Como é a IF que faz o pagamento final pode se subrogar na condição do
vendedor e cobrar do comprador se ele eventualmente não pagar
5.6.2. Requisito formal
5.6.2.1. Validade: Precisa estar estipulada por escrito
5.6.2.2. Eficácia: para que tenha efeitos perante terceiros deve estar registrada no
domicílio do comprador
6. VENDA SOBRE DOCUMENTOS
6.1. Definição
6.1.1. Forma de tradição simbólica
6.1.2. Documento é entregue à contraparte e assim se considera feita a tradução
6.2. Aplicação
6.2.1. Ex.: Venda internacional de bens móveis
6.3. Deveres do comprador
6.3.1. Eu que comprei carregamento de roupas do exterior tenho deve de conferir toda a
documentação e verificar sua legalidade
6.3.1.1. Se documentação estiver correta se presume que objetos a ela pendentes
também estarão legalizados
6.3.2. Se os vícios se encontram comprovados antes do recebimento da documentação eu
posso recusar o pagamento
6.3.3. Distinção em relação aos vícios do transporte: em regra o comprador responde até a
entrega da coisa, não só até a entrega dos documentos. Se houver apólice de seguro
os riscos são do comprador que pagará por ele e receberá os benefícios caso
efetivamente ocorra risco no transporte.
6.4. Riscos
6.5. Instituição financeira
6.5.1. Intermediar pagamento
6.5.2. Contrato de crédito como pacto acessório ao de compra e venda
6.5.3. IF só confere regularidade do documento. Não responde pela integralidade dos bens
que estão sendo comercializados e muito menos sob a qualidade da mercadoria
AULA 18: CONTRATO DE TROCA -> contrato em espécie
1. CONCEITO
1.1. Permuta: contrato mais antigo que temos, surge com uma organização social mínima em
sociedades rudimentares
1.2. Obrigação de transferir coisa por outra, diferente de dinheiro: necessariamente envolve um
bem quanto categoria de coisa -> dinheiro envolve compra e venda

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1.3. Permutantes: partes do contrato de troca
2. OBJETO
2.1. Bens suscetíveis de venda: regime da compra e venda -> bens de uso comum, praça, rua, ar,
não são suscetíveis de venda
2.2. Móveis/imóveis: veículo, casas
2.2.1. Forma: escritura pública (art. 108)
2.3. Não há preço: não há dinheiro ou valores envolvidos na troca, valoração apenas para saber o
quanto deve ser trocado
2.4. Serviços -> fazer? -> existe, mas é um contrato atípico
2.4.1. Não há troca de bem por serviço, obrigação de fazer não é troca no sentido estrito
3. NORMAS COMPRA E VENDA
3.1. Aplicação do regime da compra e venda aos contratos de troca
3.2. Art. 533: compra e venda com as seguintes modificações -> recebe outro bem como contra
prestação
3.3. Exceções
3.3.1. Despesa de instrumento (escritura pública) -> rateadas as despesas da realização de
escritura pública entre as partes envolvidas na troca (rateio das despesas) -> salvo
disposição em contrário (partes podem estabelecer que uma das partes irá arcar com
os custos exclusivamente)
3.3.2. Troca desigual precisa da autorização dos demais descendentes, caso a troca seja
igual, não há essa necessidade de autorização -> inciso 2º
4. NATUREZA
4.1. Diferença de valores: paga uma parte em dinheiro -> doutrina questiona se é compra e venda
ou troca ? na compra e venda, quem arca com as despesas de instrumento é o comprador, e na
troca elas são rateadas
4.1.1. Subjetivista -> intenção das partes (âmbito psicológico -> não prevalece)
4.1.2. Objetivista -> valor do saldo (valor do bem e valor do que está sendo acrescido)
4.1.2.1. Se a parte do bem for maior do que o valor do saldo -> troca (bem ultrapassa
o saldo)
4.1.2.2. Se a parte do bem for menor do que o valor do saldo -> compra e venda
(saldo ultrapassa o bem)

AULA 19: CONTRATO ESTIMATÓRIO


1. CONCEITO
1.1. Venda em consignação: só paga o que foi efetivamente vendido, o que não foi vendido, é
devolvido e o contrato é resolvido -> bem fica depositado com o consignatário para que ele
realize a venda do bem

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1.1.1. Deixa o bem no local de venda, e o vendedor que realiza a venda -> não fica com bem
estocado
1.2. Preço pré-estimado: se você não devolver o bem, deve pagar o preço pré-estimado ->
estabelece o preço previamente
1.3. CC2002: influências do direito italiano e alemão
1.4. Art. 534: ou paga o preço pré-estimado ou devolve a coisa
1.5. Poder de alienação é transferido: pessoa que não é dona pode alienar o bem
1.6. Tradição não transfere a propriedade: transferência apenas da posse, a propriedade continua
sendo do vendedor
1.7. Interesse: devolução do que não vender
2. ELEMENTOS
2.1. Coisa móvel: fungível (regra geral: jornal, revista, chope) ou infungível
2.1.1. Imóvel não é fácil de transferir propriedade
2.2. Entrega do bem
2.3. Preço estimado: vai ser pago se a coisa for vendida
2.4. Prazo: entrega do valor ou da coisa que não foi vendida
3. EFEITOS
3.1. Consignante
3.1.1. Não perde a propriedade: propriedade permanece com o consignante
3.1.2. Não pode dispor da coisa -> art. 537 (não pode vender a terceiro sem a comunicação)
3.2. Consignatário
3.2.1. Bens não respondem por suas dívidas -> art. 536 (dívidas não pertencem ao
consignatário e sim ao consignante)
3.2.2. Despesas de custódia: quem cuida do bem é o consignatário, logo, ele atua com as
despesas de cuidar do bem
3.3. Exceção ao “res perit domino” -> art. 535
3.3.1. Coisa perece para o dono -> consignante é dono até que a venda seja efetivada -> caso
fortuito -> coisa irá perecer para o consignatário, pois ele tem o dever de arcar com
sua preservação, mesmo que ela se perda em culpa -> risco de responder por eventual
perda do bem
AULA 20: DOAÇÃO -> presente desde as sociedades arcaicas
1. CONCEITO
1.1. Contrato de liberalidade
1.2. Transferência gratuita de patrimônio: não há recebimento de nenhum benefício ou
contraprestação
1.3. Art. 538 -> definição de doação (liberalidade e transferência de patrimônio, bens ou vantagens)

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1.4. Contrato real ou obrigacional -> pela redação do artigo, a doação seria um contrato real
(transferência real), não há obrigação associada a essa transferência
1.4.1. Só se efetiva com a transferência da coisa
1.5. Natureza jurídica
1.5.1. Modo de aquisição de propriedade
1.5.2. Contrato unilateral
2. ELEMENTOS
2.1. Subjetivos
2.1.1. Consentimento: intenção efetiva de receber algo
2.1.2. Animus donandi: intenção efetiva de dar algo sem receber nada em troca
2.2. Objetivos
2.2.1. Transferência de patrimônio: vantagem transferida -> essência do contrato
3. REQUISITOS SUBJETIVOS
3.1. Doador
3.1.1. Capacidade
3.1.2. Outorga em imóveis (doar sem autorização do cônjuge leva a invalidade do contrato)
-> art. 1647, I e IV (móveis ou imóveis)
3.1.3. Doação: ascendente / descendente -> art. 544 (não precisa da autorização dos
demais, mas é considerado como antecipação de herança -> colação: bens doados em
vida levados ao inventário)
3.1.4. Cônjuge adúltero -> anulabilidade -> art. 550 (prazo decadencial é de 2 anos)
3.2. Donatário
3.2.1. Personalidade: PF ou PJ
3.2.2. Capacidade: não há demanda de capacidade (pode ser feita ou recebida por criança)
3.2.3. Nascituro -> art. 542 (pode ser realizada doação para nascituro -> está sob condição
suspensiva, nascituro deve nascer com vida para receber a doação)
3.2.4. Incapacidade absoluta -> art. 543 (perda de importância com o estatuto da pessoa
com deficiência -> doação não precisava ser aceita por pessoa absolutamente incapaz,
desde que doação pura, ou seja, sem encargo -> agora aplica-se somente ao menor de
16 anos, único incapaz absoluto do CC, para por exemplo uma pessoa em coma deve
haver aceitação pelo seu representante)
3.2.5. Entidades futuras -> art. 554 (associação em fase de constituição -> PJ tem que surgir
no prazo dado pelo artigo, ou seja, de 2 anos)
3.3. Aceitação
3.3.1. Expressa ou tácita: imóvel tem que ser expressa, o silêncio é considerado uma
aceitação tácita

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3.3.1.1. Presunção do art. 539 -> pura e simples, não submetida a encargo, é
considerada tácita
3.3.2. Morte antes da aceitação:
3.3.2.1. do doador -> não interfere no contrato (a manifestação da vontade já foi
apresentada anteriormente)
3.3.2.2. do donatário (extingue o contrato -> não manifestou sua vontade de
aceitação)
4. REQUISITOS OBJETIVOS
4.1. Bem passível de alienação: valor patrimonial, pode ser efetivamente alienado
4.2. Doações universais -> art. 548
4.2.1. Impossibilidade de doar todo seu patrimônio -> teoria do patrimônio mínimo (deve
haver um mínimo de renda ou bens que mantenham a vida econômica do doador)
4.3. Doação inoficiosa -> art. 549
4.3.1. Doação que ultrapassa a legítima é considerada nula -> 50% do seu patrimônio
5. REQUISITOS FORMAIS
5.1. Consensual ou formal
5.1.1. Art. 541 -> em regra geral é formal (forma escrita ou pública)
5.2. Doação verbal -> art. 541, PU
5.2.1. Móveis e de pequeno valor, se seguirem a tradição
6. CLASSIFICAÇÃO
6.1. Elementos acidentais
6.1.1. Pura e simples
6.1.2. Condicional
6.1.3. Modal
6.1.3.1. Encargo: algo a ser cumprido pela parte em detrimento da doação
6.1.3.2. Prazo: MP pode exigir o cumprimento do encargo
6.1.3.3. Art. 553
7. PROMESSA DE DOAÇÃO
7.1. Controvérsia: maior parte da doutrina afirma que promessa de doação não vincula -> não pode
haver promessa de doação devido a sua gratuidade, não pode criar vinculação, pois passaria a
ser uma obrigação
7.2. Ausência de “animus donandi”: forçada a doar algo que não quer mais doar
7.3. Transação e acordos: exceção a regra -> pode haver promessa de doação (divócio -> não é uma
mera liberalidade, entra em um contexto de vantagens)
7.3.1. RESP 1355007 ->. pacto antenupcial (em qualquer regime que não seja o de
comunhão parcial de bens -> pacto afirma as vantagens recíprocas -> compromisso de

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doação de determinado bem, promessa de um fato acordado, perde o caráter de
liberalidade, gera vínculo efetivo)
7.3.2. Enunciado 539/CJF -> promessa de doação no âmbito de acordo perde o caráter de
liberalidade
8. EFEITOS
8.1. Regra: irrevogável -> não pode revogar uma doação efetivada (empecilho legal)
8.2. Mais de um donatário -> art. 551
8.2.1. Partes iguais: presunção é a de divisão em partes iguais caso não haja definição
prévia em contrato
8.2.2. Doação conjuntiva (doação para um casal) -> direito de acrescer (casal recebeu de
alguém um apartamento em doação, o homem veio a falecer, a quota parte do falecido
é acrescida pela mulher -> a doação foi em função do casal > o que sobreviveu acresce
o bem)
8.3. Doações meritórias (em razão do mérito de uma pessoa) / remuneratórias (remunerar alguém
por determinado serviço, que não possa receber por outras vias)-> não retira o caráter de
liberalidade
8.4. Cláusula de reversão: doar algo para alguém, com uma cláusula que determina que, caso a
pessoa morra, o bem retornará ao doador -> pacto de corvina
8.4.1. Para si: aceito e liberado pela lei
8.4.2. Para terceiro: bem não pode ir a terceiro caso a pessoa venha a falecer -> vedado
8.4.3. Art. 547 -> bens podem voltar ao seu patrimônio, mas não podem ser estabelecidos
em favor de terceiros
8.5. Usufruto: doação com reserva de usufruto, no que concerne bens imóveis
8.5.1. Transfere a propriedade do bem ainda em vida, com cláusula de usufruto, que
estabelece quem de fato pode utilizar do imóvel
8.5.1.1. Proprietário x usufrutuário (recebe o aluguel)
8.5.1.2. Utilizado nos casos de antecipação de herança em vida
8.6. Cláusulas: gravar doações como cláusulas
8.6.1. Inalienabilidade (impede a pessoa de vender os bens)
8.6.2. Impenhorabilidade (impede que os bem seja penhorado para servir como pagamento
de dívida do donatário -> proteção do bem, não ser executado judicialmente)
8.6.3. Incomunicabilidade (não vai comunicar os bens do marido/esposa em nenhum regime
de bens -> só tem sentido no regime de comunhão universal de bens)
8.7. Subvenção periódica -> morte -> art. 545
8.7.1. Doações renovadas por período
8.7.2. Comuns em situações familiares de doação

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8.7.3. Em caso de morte do doador -> extingue-se (a não ser que tenha sido manifestado em
sentido contrário)
8.7.4. Em caso de morte do donatário -> não poderá ultrapassar a vida do donatário -> perda
de animus donandi
9. REVOGAÇÃO -> não é regra, a regra geral é que ela não é permitida
9.1. Villela: define doação como um contrato oneroso (enquanto vivo for, o donatário estará
vinculado a se comportar de uma maneira não ingrata para com o doador)
9.1.1. Descumprimento do encargo -> art. 562
9.1.1.1. Doação modal não cumprida, há possibilidade de revogação da doação
realizada (não cumprimento do prazo, ou, casa não haja prazo, realização de
notificação para que se realize o encargo e, se mesmo assim não for
realizado, será revogada a doação)
9.1.2. Ingratidão: donatário teve comportamento ingrato com o doador
9.1.2.1. Art. 557 -> atentado contra a vida do doador ou crime de homicídio doloso;
ofensa física; injúria ou calúnia; recusa de alimentos que o doador
necessitava
9.1.2.2. “Numerus clausus” -> RESP 791154
9.1.2.3. Prazo: 1 ano -> para revogar a partir da realização da ingratidão
9.1.2.3.1. Pode ocorrer em qualquer momento da vida, o prazo é para a
realização da revogação
9.1.2.3.2. Art. 559
9.1.2.4. Não transmissão: revogar é algo personalíssimo, somente quem pode revogar
é o doador original, a não ser na hipótese do homicídio consumado (doador
não está mais presente para entrar com o processo de revogação)
9.1.2.4.1. Art. 560
9.1.2.4.2. Art. 561 -> lapso temporal entre o momento da tentativa de
homicídio e a morte de fato do indivíduo
9.1.2.5. Efeitos: art. 563 -> não prejudica os direitos adquiridos por terceiros; não
obriga o donatário a restituir os frutos; indenização pelo meio termo de seu
valor
9.1.2.6. Impossibilidade de revogação -> art. 564
9.1.2.6.1. Não é possível revogar, mesmo que ocorra ingratidão: doações
puramente remuneratórias; oneradas com encargo já cumprido;
cumprimento de obrigação natural (obrigação moral - socialmente
exigível -> não há débito, e dívida de jogo - débito mas não
exigibilidade - e dívida prescrita - não pode pedir o dinheiro de
volta); aceitas por casamento

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